Súmula do que voa pelos jornais

Passando os olhos pelo Expresso, Público, Correio da Manhã etc., aumentam as minhas preocupações sobre a sociedade actual. Acompanhem-me então nesta curta viagem a episódios do séc. XXI:

“Septuagenário que regou com gasolina e queimou a mulher alega que bebera “uns copitos””

           Um homem de 74 anos admitiu já que regou a mulher, de 68 anos, com combustível e ateou-lhe fogo, após uma perseguição automóvel. Não, não é um guião de um filme de drama/ acção que vos estou a mostrar. É um acontecimento real. As queimaduras sofridas pela vítima acabaram por lhe provocar a morte. Ah, acrescento nesta altura do relato deste infeliz conto que toda a narrativa se passou em Portugal. 

           A história até aqui é “apenas” infeliz e macabra. Agora, vêm os pormenores sádicos e de humor negro: o arguido, que se casara 3 meses antes do crime com a vítima (durante os quais já teriam existido várias discussões e ameaças), admitiu que “tinha bebido uns copitos ao meio-dia”… Ahh! Então está tudo explicado, não foi por mal, foi tudo uma brincadeirazinha inocente motivada pelo álcool, o homem bebeu uns copitos e como era fininho e uma gota ou duas deixam-no logo “bezano” desatou a brincar a uma brincadeira muito própria dos incendiários, o chamado “Quem quer ser a Joana D’Arc?”; depois, pensando que isto também iria servir de atenuante, argumentou que trazia sempre consigo um bidão de gasolina e fósforos. Realmente, são coisas para se ter sempre à mão, sempre no bolso. Eu próprio nunca saio de casa sem um bidão e fósforos. Verifico sempre: telemóvel.. chaves.. bidão.. fósforos.

           No entanto, houve uma testemunha, Miguel Ângelo Sousa, que assistiu a tudo e tentou impedir o homem de atear fogo à mulher. No entanto, teve receio e temeu pela sua integridade física e pela da mulher e dos filhos (que estavam no seu carro), pensando que o homem de 74 anos pudesse ter algo mais nos bolsos. Ainda tentou impedir a fuga do criminoso, roubando-lhe a chave do carro, mas o senhor era um homem precavido e tinha sempre consigo uma chave suplente. Pela quantidade de coisas que o homem conseguia ter nos bolsos julgo-o um Doraemon.

           Por fim, uma justificação. O criminoso disse, sobre a vítima, que “gostava dela” e que tudo não passou duma vingança graças ao facto da mulher ter dito em discussões anteriores “olha que eu também te queimo”. A minha imaginação faz-me pensar que a mulher anteriormente dissera algo do género “Tu não me queimes!” no sentido de “Tu não me lixes!”, só que este homem levava as coisas à letra…

            As alegações finais e a leitura do acórdão serão no dia 30. Este caso mostra que toda a sociedade está doente. Depois de vários episódios com adolescentes delinquentes, o Sr. Tocha Humana achou que não podia deixar os mais idosos ficarem mal representados. A pior piada que se poderia fazer penso que era dizer que a senhora de 68 anos era uma mulher fogosa.

“Escola de magistrados dá nota 10 a cábulas”

            Na escola primária, na tropa, nas equipas promove-se o sentimento de grupo. Muitas vezes acontece o “Ninguém se acusa? Então por ele(s), pagam todos!”. Se isto é justo? À partida não totalmente. 

            Mas o que me interessa aqui é precisamente a palavra “justiça” pois foi detectado um “copianço generalizado” no teste da cadeira de Investigação Criminal e Gestão do Inquérito do CEJ (Centro dos Estudos Jurídicos). Ora, os futuros homens e mulheres responsáveis pela manutenção da ética e justiça no nosso país são, afinal de contas, uns cábulas. É muito à portuguesa não penalizar quem agiu mal, mas sim quem agiu bem. Quem copiou garante ali uma nota 10, quem fez o exame (bem) por si só, e poderia aspirar a uma boa nota e a um futuro ético, baixa para 10 e baixa certamente a sua crença na Justiça em Portugal. Esperemos que não se revoltem e queimem alguém, como no texto de cima. Eu pessoalmente nunca fui de copiar na minha vida académica, no entanto parece que entre magistrados é corriqueiro cabular – Luís Eloy, director-adjunto do CEJ disse: “Quem nunca prevaricou na faculdade que atire a primeira pedra”.

            E a minha pedra lá foi atirada (dependendo da acepção dada à palavra “prevaricou” claro, não considerando um universo mais amplo). Não deixa de ser curioso que não haja Justiça na colmeia que irá produzir os futuros favos responsáveis pela Justiça em Portugal. Parece que o mel já está em parte, à partida, fora do prazo.

“Nasceu coelho sem orelhas próximo da central nuclear de Fukushima

            Um coelho nasceu sem orelhas em Namie Tsushima, uma localidade japonesa a apenas 30 quilómetros da central nuclear de Fukushima, que colapsou depois do terramoto e tsunami de 11 de Março, escreve o El Mundo. O nascimento do mamífero potenciou os receios de que os bebés humanos venham a sofrer consequências pela exposição à radiação.

             Alguns especialistas já confirmaram que a deformação do coelho se deve à fuga radioactiva de há três meses na central. Apesar destas primeiras análises, ainda faltam estudos mais aprofundados para determinar a relação de causa-efeito.  

             Cerca de 5 mil pessoas que viviam nos arredores da central já abandonaram as suas casas.”

             Em relação a isto apenas digo, não gostava de nascer agora em Fukushima. Sabe-se lá o que não nascia em mim. Já ouvi dizer “Nunca segure um coelho pelas orelhas”, neste caso… não me parece problema. 

             Uma questão: o coelho é… surdo? Link para ver o Coelho

“Futebolista Forlán trai a noiva com um homem”

              Que grande Mundial 2010 que Diego Forlán fez pelo Uruguai. Que grande estupidez que Diego Forlán fez em 2011. Distinguido como melhor jogador do último mundial, o futebolista do Atlético Madrid é neste momento acusado de ter enganado a noiva, a modelo Zaira Nara, com quem? Com um homem.

              Não sou homófobo. Mas faz-me confusão alguém trair Zaira Nara, seja com uma mulher ou com um homem. A modelo argentina disse no seu Twitter “Apenas posso dizer que ainda bem que não me casei”. A modelo terá descoberto o caso de Forlán depois de ter visto uma atitude estranha do namorado com outro homem, tendo acabado por confirmar que o namorado tinha um namorado (que coisa estranha de eu escrever e de vocês lerem) lendo os seus mails.

Homo sapiens, ganha juízo. Se faz favor. MP