16 de junho de 2011

Garganta Cinéfila

Almost Famous (2000)

Realizador: Cameron Crowe
Elenco: Patrick Fugit, Billy Crudup, Kate Hudson, Frances McDormand, Jason Lee, Zooey Deschanel, Anna Paquin, Philip Seymour Hoffman, Jimmy Fallon
Classificação IMDb: 8.0 
             
            Estava já há algum tempo para ver este filme, sempre bem recomendado, quer por pessoas, quer pelos críticos, e na noite passada finalmente o vi. Falo-vos de mais um filme sobre, essencialmente, música. Viver da música, com música e para a música. Da forma mais resumida possível, Almost Famous mostra-nos o rock dos anos 70 e a jornada dum rapaz de 15 anos (William Miller - Patrick Fugit) que consegue um trabalho como jornalista da Rolling Stone e cabe-lhe acompanhar a banda Stillwater na sua primeira digressão pelos Estados Unidos.
             Estamos perante, na minha opinião, um filme que o tempo apagou de certa forma e ao qual não foi concedido o crédito devido - Almost Famous, nos óscares de 2001 venceu na categoria de melhor Argumento Original, e estavam nomeadas para melhor actriz coadjuvante (Kate Hudson e Frances McDormand); venceu o globo de ouro para melhor filme - comédia/musical. No entanto, este reconhecimento em devida altura não parece ter perdurado na memória do tempo, visto que é um filme que pouca gente conhece.
           Há alguns dados curiosos sobre este filme: pode ser considerado em certa medida semi-autobiográfico porque Cameron Crowe, o realizador, em adolescente, escreveu para a Rolling Stone, acompanhando os Led Zeppelin. A banda que está no âmago de todo o filme (Stillwater) são uma mistura de 3 bandas que Cameron Crowe venerava: Led Zeppelin, The Allman Brothers Band e Lynyrd Skynyrd. Julgo ainda merecer destaque o facto do filme ter sido produzido em 92 dias e da personagem de Kate Hudson (Penny Lane) ter existido mesmo, embora sob o nome de Bebe Buell (uma das primeiras paixões de Cameron Crowe na sua juventude, famosa groupie que namorou com vários cantores rock e é mãe de Liv Tyler). Numa banda sonora de rock puro, destaque para a cena na caravana de digressão ao som de "Tiny Dancer" de Elton John (não o melhor exemplo de rock puro claramente), contando com músicas de The Who, Simon & Garfunkel, The Beach Boys, Led Zeppelin, David Bowie, Jimi Hendrix e Lynyrd Skynyrd.
             A nível do elenco, destaque de facto para: o melhor papel da carreira de Kate Hudson e para o bom papel de Frances McDormand (justas nomeações para óscar), Patrick Fugit que, apesar do grande papel neste filme, não foi muito requisitado nos anos seguintes e para Billy Crudup, o guitarrista dos Stillwater de nome Russell Hammond, que em 2003 viria a entrar em Big Fish, e que tem também um excelente desempenho.
            O filme ganha muito com a convivência do triângulo William-Penny-Russell e mostra-nos os bastidores duma banda rock em ascensão, o que é amar a música, as discussões e conflitos dentro da banda e a forma deles lidarem com o seu "inimigo" jornalista William Miller, aquele em quem acabavam por confiar. William, que inicia a viagem como um mero observador e jornalista, acaba por se tornar parte integrante da dinâmica do grupo, acabando por conseguir contar uma história fiel e honesta à realidade. Um filme que nos mostra uma lição sobre a importância da família, a que herdamos e a que cada um cria para si. MP


Citações do filme:
"I'm telling secrets to the one guy you don't tell secrets to."

"William Miller: So Russell... what do you love about music?
  Russell Hammond: To begin with, everything."

"Look at this: an entire generation of Cinderellas and there's no glass slipper."

"Penny Lane: We are not Groupies. Groupies sleep with rockstars because they want to be near someone famous. We are here because of the music, we inspire the music. We are Band Aids."

"I didn't invent the rainy day, man. I just own the best umbrella."

Trailer Aqui

Eternal Sunshine of the Spotless Mind (2004)


Realizador: Michel Gondry
Elenco: Jim Carrey; Kate Winslet; Tom Wilkinson.
Classificação IMDb: 8.5

                Existem filmes muito bons que por causa da escassez de difusão não passam pelos olhos do público-alvo. Este é um deles. Até ao passado Sábado não conhecia este filme. Acabei por encontrá-lo no Youtube, completamente por acaso, no videoclip (não oficial) da música Plus 44 – Baby come on. A pequena introdução do vídeo foi suficiente para me despertar curiosidade. É também uma excelente oportunidade para ver um grande e raro papel de Jim Carrey num Drama/Romance e não numa comédia. Mas já que falamos de Jim, temos necessariamente que falar de Kate Winslet que também tem uma interpretação fantástica e esteve mesmo entre as nomeadas para melhor actriz nos Oscars de 2005. Porém, Eternal Sunshine of the Spotless Mind só venceu o Oscar de melhor argumento original.
                Prefiro não vos adiantar muito do filme, portanto vou tentar fazer um “resumo bastante resumido”.  Joel Barish (Jim Carrey) descobre que a sua namorada Clementine Kruczynski (Kate Winslet) recorreu a uma empresa especializada em apagar memórias para apagar a relação que tinha com ele porque a relação não estava a correr bem. Joel fica desesperado e decide fazer o mesmo para não sofrer mais. Grande parte do filme passa-se na cabeça de Joel, ou seja, nas suas memórias com Clementine. Porém, durante o apagamento, Barish arrepende-se e tenta cancelar o processo. O filme aborda o tema da memória, do passado e da relação entre os seres humanos.
                A maioria das pessoas, aquando do fim de uma relação, deseja a possibilidade de poder eliminar todas as memórias relativas ao relacionamento de modo a não sofrer. Apesar de parecer algo bom, não o é. O passado construiu-nos um presente e possibilita-nos pensar num futuro. Tudo o que fez parte do passado é importante para nós. Numa relação, possibilita-nos reparar o que correu mal ou até mesmo não voltar a ter uma relação com essa pessoa. Se apagássemos as memórias da relação, poderíamos recomeçar a relação com a mesma pessoa e voltar a cair no mesmo erro porque não nos lembraríamos de factos passados. Presumo que não seria muito benéfico. Na vida deparamo-nos com momentos bons e maus e isso define-nos. Se apenas fossem momentos bons, não amadurecíamos. Há que encarar a realidade que o mundo não é um “mar de rosas” e que existem dificuldades. São essas dificuldades que fazem a vida valer a pena. TM

Citações:
“Joel: Random thoughts for Valentine's day, 2004. Today is a holiday invented by greeting card companies to make people feel like crap.”

“Joel: If only I could meet someone new. I guess my chances of that happening are somewhat diminished, seeing that I'm incapable of making eye contact with a woman I don't know.”

“Clementine: I don't need nice. I don't need myself to be it, and I don't need anybody else to be it at me.”

Trailer Aqui

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