25 de abril de 2011

" O Tuga"

Hoje vou falar-vos duma espécie: Homo Sapiens Portuguesus. Nasci no país de Camões e D. Afonso Henriques, e orgulho-me da minha bandeira, do meu hino, do meu Benfica e de tanta gente que Portugal forma. Quem me inspira, quem admiro, quem respeito e sem quem não vivo. No entanto, há uma grande maioria de portugueses que pensa e age exactamente da mesma forma. Hoje faço-vos a caracterização psico-social dum português normal – o tuga.
Fonte: Henricartoon - SAPO
                O tuga é invejoso. Se eu não tenho, o outro também não pode ter. Este facto leva a tudo menos à evolução. O tuga é cusco. A sua vida não lhe basta, tem que conhecer tudo da vida dos outros. Porque é bom criticar aquilo que não conhecemos bem, e fazer juízos de valor sem grande fundamento e conhecimento. Pelo menos, é assim que pensa o tuga. O tuga não gosta de trabalhar. Mas gosta de receber. Gosta de estar no emprego a falar, e gosta de atirar o trabalho para o outro e de fazer tudo à última da hora. O tuga não é, geralmente, disciplinado e, como tal, não gosta de obedecer. O tuga é comodista, não gosta de mudanças. Não é ambicioso nem aventureiro. Prefere estar mal, do que mudar para algo que não sabe no que resultará. O tuga adora confusão. Se há muita gente aglomerada, o tuga não consegue aguentar-se e tem que ir ver o que se passa. O tuga gosta de desgraças. Se há um acidente, todos os tugas param para ver como está o estado do veículo, os tripulantes e sobretudo para tentar adivinhar como se deu o acidente. O tuga é muito influenciável. Não costuma ter uma posição definida e acredita em tudo o que lhe dizem. Muitas vezes não tem opinião porque não procura ter. No entanto discute sem razão. Rafael Bordalo Pinheiro, criador do “Zé Povinho” definiu-o da seguinte forma: “O Zé Povinho olha para um lado e para o outro… e fica como sempre… na mesma”. O tuga é um contador nato de histórias. Conta o que viveu e não viveu, e acrescenta sempre algo, apimentando a versão original. O tuga é um vidente permanente e supostamente muito consciente de tudo. Quando algo acontece, o tuga relembra que já tinha avisado que já imaginava que aquilo fosse acontecer. Obviamente não tinha nunca feito tal aviso. O tuga não é um grande economista. Prefere endividar-se desde que consiga ter coisas boas. No entanto, o tuga adora o que é grátis ou que está em promoção. Mas sobretudo o grátis. Quando é de borla, o tuga tem que ter. Mesmo que seja algo perfeitamente inútil ou supérfluo.
O tuga não vota porque os políticos são todos iguais. O tuga é um fora-de-lei que se julga um herói que não paga os impostos. O tuga acha que sabe tudo, mas não sabe nada, e como tal nunca lê qualquer manual de instruções, porque tudo é intuitivo. O tuga conhece muito bem a Europa, mas associa uma coisa a cada país: os espanhóis não gostam de nós e têm bom chouriço, a França é onde vivem os nossos emigrantes, a Ucrânia é o país dos trabalhadores da construção civil, a Rússia donde vem a vodka, a Suécia onde há loiras boas, a Noruega donde vem o bacalhau, a Grécia um país pobre como nós mas que merece a pobreza porque nos roubou o Euro 2004, na Holanda há droga e nas ilhas britânicas bebe-se cerveja.
                O tuga é um chico-esperto e todos os tugas adoram a esperteza. Quem rouba e não é apanhado, é um herói para os tugas. O tuga gosta de passar à frente na filas para os autocarros, e quando o Metro chega não compreende que as pessoas têm primeiro que sair para que os outros possam depois entrar.
                “Portugal é um país de heróis e vilões. Cada um de nós vê-se a si próprio como um herói. Quando olhamos para o outro, classificamo-lo como herói ou vilão. Gostamos sempre de ver cair os heróis. Elegemo-los e gostamos de os ver cair. Somos um país de homens cinzentos e quando esse cinzento é beliscado por um toque de cor mais viva, todo aquele cinzento se agita e a tentação em vez de se tentarem tornar todos naquela cor viva, é absorver aquela cor para que se transforme em cinzento também.” – Carlos Cruz (seja ou não pedófilo, esteve muito bem nesta definição)
MP

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