19 de abril de 2011

Fernando Nobre - episódio II


               Hoje falo-vos, novamente, de Fernando José de la Vieter Ribeiro Nobre. Fernando é como a antiga personagem Anita: “Anita vai à escola” enquanto “Fernando vai às Presidenciais”, “Anita dona de casa” e “Fernando dono da assembleia”. Há um paralelismo intrigante que se pode identificar. A conclusão é fácil: Fernando vai a todas. Mas sobre isso vou-me alongar lá mais para baixo neste texto.
                Fernando de la Vieter Nobre (um nome invulgar merece destaque) voltou do Sri Lanka. O país da Ásia caiu “que nem ginjas”, funcionando como um involuntário exílio político do possível futuro líder da assembleia da república. Fernando voltou, sem página do Facebook, mas com muitas perguntas para responder. Com o avançar dos dias, a gravidade da questão passou de Nobre ter sofrido a sua metamorfose de independente para social-democrata, para “E vejam bem que o homem é esquisito! Só aceita ser presidente da AR. Abaixo disso, um simples deputado, já não lhe serve”. Assim sendo, a voz dos portugueses foi, no canal do estado, Fátima Campos Ferreira.
                Analisando os pontos de interesse da entrevista pudemos concluir que Fernando Nobre, que já dissera em nada se identificar com qualquer tipo de cargo político ou governativo, é afinal de contas o perfeito político. Atenção que a expressão é o “perfeito político” e não o “político perfeito”. Parecendo que não, faz diferença. Fernando Nobre afirmou que aquilo que procura é servir Portugal, em nome da cidadania (a palavra mais usada em toda a entrevista), procurar a verdade, evoluindo, sendo sempre capaz de assumir os seus erros. Ora, a partir de agora qualquer político pode dizer isto. Quando tiver nas mãos o destino de todos os portugueses e cometer um erro, o político pode pedir desculpa, desde que assuma o erro, alegando que estaria em busca da verdade, para evoluir. Interessante teoria Fernando, escapas a tudo com essa. Depois, sempre a lengalenga do “Eu sou livre, portanto faço o que quero”. Dá a ideia de que estamos a jogar às apanhadas com o Fernando e ele está sempre no coito.
                Mas há coisas melhores a destacar. Fernando Nobre referiu-se a Passos Coelho como “um ser humano” que lhe fez uma proposta ousada, que se mostrou interessado em ouvir a cidadania e que mostrou duas características que o tranquilizavam: serenidade e preocupação com Portugal. Sobre a proposta ousada… não me vou pronunciar. Quanto a Passos Coelho ser um ser humano, penso que todos já o sabíamos, mas Nobre com os seus elevados conhecimentos de Medicina quis-nos elucidar que um dos candidatos a primeiro-ministro é, na realidade, um ser humano. Depois, sempre o “ouvir a cidadania”… Dá a ideia de que Fernando Nobre tem uma dupla personalidade, do género Sméagol/ Gollum em “O Senhor dos Anéis”, sendo um deles Nobre e o outro a Cidadania. Por fim, eu considero-me sereno e preocupo-me com o meu país. Isso faz de mim alguém a quem Nobre se juntaria numa lista?
Nobre não esclareceu se renunciaria imediatamente a um mandato como deputado caso não fosse eleito presidente da AR. Agora reparem: "Se eu for eleito e por alguma circunstância eu não venha a ser nomeado presidente da Assembleia da República, na altura certa ajuizarei qual é o lugar mais adequado para mim para servir Portugal" – a chamada tanga Fernando – o que "Demonstra o meu desapego completo a qualquer cargo político de poder. Só iria para presidente da Assembleia da República porque é um lugar que permite exercer uma influência" – o que demonstra desapego a um cargo político mas demonstra tudo menos desapego a poder e a humildade. Portanto, Fernando, eras daqueles que em pequenino, quando largavas o coito, que só brincava se fosse para mandar em todas as outras crianças de Luanda. Nobre afirmou ainda querer “transformar a casa da democracia na casa da cidadania” – o que acho que mostra já uma adoração excessiva pelo termo “cidadania”.
                Mas um dos meus objectivos neste texto era explicar-lhes que Fernando Nobre, que na entrevista admitiu ter “um posicionamento mais à esquerda” (portanto acho que te enganaste na casa-de-banho Fernando), sempre gostou de pular dum lado para o outro, mantendo todas as portas abertas:
(2002) – Fernandinho participa na Convenção do PSD como orador independente;
(2003) – Fernandinho participa na apresentação pública dum livro de Francisco Louçã;
(2006) – Fernandinho integra a Comissão de Honra e Comissão Política de Mário Soares (apoiado pelo PS) na corrida à presidência da República.
                Fernando de la Vieter Nobre é como que um polvo, que mantém todos os seus tentáculos activos, esperando para ver qual deles consegue melhor servi-lo… Perdão. Reformulo. Servir a cidadania. MP

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