10 de abril de 2011

Crónica dum Vencedor Anunciado


Parabéns ao Porto. O mais difícil já está dito.
O dia 3 de Abril de 2011 foi dos dias mais tristes de que tenho memória. O Futebol Clube do Porto sagrou-se campeão nacional, e como se isso não fosse suficiente, conseguiu tal feito no Estádio da Luz. Felizmente, não vislumbrei grandes festejos pela falta de luz existente, mas confesso que nessa noite/ madrugada tive algum receio de ter a televisão ligada nos canais portugueses, não fosse o canal surpreender-me a qualquer momento com imagens da festa portista.
Fonte: Henricartoon - SAPO
                Quanto ao jogo de futebol em si, foi pobre. O Benfica jogou muito mal, e o Porto jogou menos mal. Duarte Gomes quase não acertou uma, dando um concerto de apito espantoso, mostrando de facto possuir pulmões e uma capacidade de sopro notáveis, mas um conhecimento dos regulamentos e dos critérios disciplinares deploráveis. Ainda referente ao jogo, importa ressalvar que o 1º golo do jogo foi do Roberto e não do Guarín, não só porque é essa a realidade mas também porque assim sempre se pode dizer que os jogadores do Benfica marcaram mais golos que os do Porto.
                Quanto à Luz, parece que faltou. A água não, como que água benta na consagração papal. Como benfiquista achei uma certa piada, mas no meu outro heterónimo de adepto de futebol isento consigo reconhecer que foi de muito mau gosto e que em nada honrou a História e a grandeza do clube. Já ouvi muitas piadas sobre isto, e portanto, deixo aqui as minhas farpas: “O Porto festejou o campeonato na obscuridade que tanto o caracteriza”.
                Tinha pensado para mim que só haveria uma maneira de, após tantos erros de arbitragem favoráveis ao Porto e penalizando o Benfica, o título parecer bem entregue ao dragão – o Porto ganhar na Luz de forma inequívoca. Infelizmente, foi o que aconteceu. E de repente, toda a gente esquece os jogos do Porto com Naval, Rio Ave, Guimarães, Beira-Mar e Vitória de Setúbal e os do Benfica com Académica, Guimarães e Braga, passando a circular entre o Zé Povinho a constatação de que o Porto passava a ser então oficialmente para o povo um justo campeão, porque para todos os efeitos ganhara os 2 jogos da Liga ZON Sagres contra o seu único concorrente directo.
                Analisando a prova no seu todo, o Porto apresentou sempre uma equipa sólida e equilibrada, sem deslumbrar de forma estonteante (excepção feita sobretudo aos jogos com Benfica e Braga no Estádio do Dragão), mantendo um guarda-redes seguro, uma defesa normal, um meio-campo rotinado e inteligente e um trio de ataque temível. Quanto a André Villas-Boas, não sei se terá assim tanto mérito, se é assim tão bom treinador. Tem muito a mostrar, e quando teve adversidades não se soube comportar. É um facto que, com aqueles jogadores e com a estrutura existente no Porto e à volta dele (retomo o termo obscuridade) um treinador arrisca-se a ganhar.
                O Benfica deste ano traduz-se não como se disse pela imagem do Estádio da Luz às escuras, mas sim através dum daqueles combates do Rocky, em que sempre que ele se levantava levava mais uma na cara, só que no fim, o Benfica não ganhou o combate. Foram muitos adversários. Começando no Roberto (em quem eu ainda acredito), passando pelo Cosme Machado, o Olegário ou pelo Jorge Sousa. Duas coisas são certas: o Benfica tem menos banco que o Porto e o Mantorras retirou-se mas depositou o seu talento dos minutos finais no Nuno Gomes.
                O 3º lugar, a 5 jornadas do fim parece-me que vai ficar para o Sporting. Para o Sporting de Braga, claro. Mas disso pode-se falar no término do campeonato. Para já, segue renhida a luta pela manutenção, e a luta pelo 3º lugar. Quanto ao Benfica, Porto e Braga, boa sorte na Liga Europa. Que haja um Benfica-Braga nas meias e um Benfica-Porto na final. É um velho sonho que tenho – um Benfica-Porto com um árbitro internacional.

Análise de citações pós-Porto campeão:

Ouvindo Jorge Nuno Pinto da Costa dizer que os jogadores do Porto só sairão pelas cláusulas de rescisão, concluo que Hulk deve ter assinado, como tal, um contrato vitalício com o Porto. Ouvindo Hulk dizer que conseguiu superar tudo, não o ponho em causa. Uns murros causam umas dorezitas nos punhos, a questão está em se os stewards conseguiram ou não superar o que ele lhes fez. Ouvindo André Villas-Boas dizer que o Benfica teve sorte de não ter sido goleado, consigo finalmente ver o “gentlemen” humilde de quem os portistas falam. Não, afinal não consigo. Ouvindo Jorge Jesus dizer que não é electricista, rio-me. Ouvindo João Moutinho e Varela dizerem que são portistas desde pequeninos, surge-me a imagem de Pinto da Costa deixando pequenos cestos com bebés ao cuidado da Academia de Alcochete. Ouvindo Jorge Nuno Pinto da Costa lançar “bocas” contra o Benfica, ponho no “mute” pois acho que a corrupção em pessoa não merece ter voz. MP

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