15 de maio de 2015

Crítica: Rudderless

Realizador: William H. Macy
Argumento: William H. Macy, Jeff Robison, Casey Twenter
Elenco: Billy Crudup, Anton Yelchin, Felicity Huffman, Laurence Fishburne
Classificação IMDb: 7.5 | Metascore: 52 | RottenTomatoes: 64%
Classificação Barba Por Fazer: 74

    Desde 'Almost Famous' no ano 2000 o Cinema tem contado pontualmente histórias em que a Música é mais do que um simples acompanhamento. Os exemplos são muitos, desde os levezinhos 'Once', 'August Rush' e 'Begin Again' a musicais como 'Moulin Rouge' e 'Les Misérables', passando ainda por outros filmes que estiveram na órbita dos Óscares como 'Inside Llewyn Davis', 'I'm Not There' e 'Crazy Heart'. A música e o cinema podem e devem dar as mãos em muitas ocasiões, sendo o caso mais recente 'Whiplash' - uma obra na qual a história se escreve nas pautas, com cada nota a enriquecer a verdadeira mensagem e core do filme.
    Este 'Rudderless', que fez parte da selecção do festival Sundance, tem uma coisa em comum com o 'Almost Famous' acima mencionado e escolhido para ponto de partida desta análise: o actor Billy Crudup. Tanto Crudup como o seu coadjuvante Anton Yelchin são actores subvalorizados, mas o mais velho parece condenado a destacar-se apenas em filmes que envolvam música. Melhor que nada. Depois de há 15 anos atrás ter sido o guitarrista dos Stillwater, desta vez corporaliza Sam, um pai que perde o seu filho e que a partir daí entra numa espiral recessiva, a tentar ignorar e esquecer/ não aceitar o que realmente aconteceu. As letras e gravações, que desconhecia, de músicas do filho levam-no a encontrar uma ligação, fechando-se em segredos ao mesmo tempo que forma uma banda com um jovem, Quentin (Anton Yelchin), no qual projecta e sente aquilo que não pode ter com o seu filho.
    'Rudderless' marca a estreia na realização de William H. Macy (actor de 'Fargo' e da versão americana de 'Shameless') e, embora tenha um ritmo que pode levar o espectador a desinteressar-se, acaba por prender ao ter mais camadas do que inicialmente parece. Um dos pontos essenciais fica por desvendar - embora não seja difícil suspeitar dele mais cedo - até mais de meio do filme, mudando a óptica com que olhamos para toda a acção até e a partir daí.
    Fica mais fácil gostar do filme se se gostar do género musical que a banda Rudderless acaba por tocar. É raro ver no Cinema várias músicas deste nível, e ainda para mais sendo as melhores aquelas que são realmente cantadas pelos actores Billy Crudup e Anton Yelchin. É sempre bom testemunhar a capacidade de alguns actores de também cantarem bem, ampliando a noção de "artista". Yelchin, de 26 anos, o Chekov de 'Star Trek' cujos melhores trabalhos até agora terão sido porventura 'Like Crazy' e 'Charlie Bartlett', continuará em busca do papel que o faça dar o salto; já Billy Crudup, mais conhecido por 'Almost Famous' e 'Big Fish' até aqui, integra ainda este ano o aguardado 'The Stanford Prison Experiment'. Nesta sua estreia na cadeira de realizador, William H. Macy joga bem com a alternância de estados emocionais, utilizando a música como alma do filme e como elo de ligação entre cá e , sabendo gerir e guardar as tais camadas que o filme tem, e por isso valerá a pena acompanhar futuros trabalhos (não tanto as comédias que tem agendadas).
    É acima de tudo um filme sobre o luto e a aceitação, embora nos iludam tal como o próprio protagonista se ilude que o foco não é esse. Culmina de forma perfeita com Billy Crudup a cantar uma "Sing Along" que nos faz encaixar o filme de uma maneira especial. Não só por ser um pai a completar a letra inacabada do filho, como por toda a contextualização que temos nessa altura do filme, e por ser quase um "Tears in Heaven" dos tempos modernos e cinematográfico.

0 comentários:

Enviar um comentário