31 de maio de 2015

Benfica 2015/ 16: Manter Jesus, Viver sem Gaitán e ser Made in Seixal

Passaram por aqui dragões e depois leões, e hoje terminamos a visita ao futuro dos 3 "grandes" com um olhar especulativo para o campeão nacional Benfica. Mais uma vez referimos que esta projecção destes plantéis visa ser um ponto de equilíbrio entre o que é provável acontecer neste Verão e as medidas (ou contratações) que sugeríamos para tentarem ir de encontro aos seus objectivos. Os plantéis que encontrarem nestas rubricas são ficcionais, fruto da nossa imaginação, mas construídos com base nos anos de futebol que já levamos, conhecendo as equipas e os perfis de contratação/ prospecção tidos em conta na sua tomada de decisão.
    A primeira grande decisão do defeso encarnado chama-se Jorge Jesus. O treinador bicampeão é o grande responsável do sucesso benfiquista (3 campeonatos ganhos em 6 anos na Luz) e por isso mesmo a sua continuidade é uma prioridade, fazendo dele o 1.º reforço que o Benfica deve procurar garantir. Não renovando Jesus, Rui Vitória (com ele os miúdos não precisariam de nascer 10 vezes) parece ser a alternativa. A saída de Nico Gaitán - para nós o Jogador do Ano na Liga NOS 14/ 15 - é inevitável, e a lesão de Salvio terá à partida garantido a permanência do camisola 18. É provável ainda que também Ola John seja transferido, com Benito, Derley e Sulejmani a abandonarem também a Luz. O momento parece o indicado para alguma aposta progressiva e pensada nos jovens formados no clube, mas ainda assim o Benfica terá que ir ao mercado para colmatar a saída do seu 10, e pretendendo por certo chegar ao 35.º título, combinando-o com uma boa campanha europeia.. na Champions. Tal como em anos anteriores, o período de transferências está a iniciar-se com um pequeno camião de Djavan's, mas entre Ederson, Diego Lopes, Hassan, Marçal, Pelé e Dálcio, achamos que só Ederson faz sentido que integre o plantel; Dálcio tem qualidade mas permanecer emprestado ao Belenenses 1 época é uma solução acertada, e de todos Diego Lopes mesmo assim seria o único que com jeitinho se poderia incluir na pré-temporada. 

O Plantel


Guarda-Redes: Júlio César, Ederson (Rio Ave), Paulo Lopes
    Após Jan Oblak ter desertado durante o mercado de Verão passado, forçando uma transferência para o Atlético de Madrid, o Benfica tinha em mãos a difícil tarefa de encontrar um substituto à altura do esloveno. Tarefa bem-sucedida já que o veterano Júlio César foi uma aposta ganha. Numa altura em que se encontrava em fase descendente da carreira e com a moral totalmente em baixo, Júlio renasceu das cinzas no ninho da águia que nem uma Fénix e voltou a brilhar entre os postes. Deu sempre segurança à defesa, acumulou grandes defesas durante o campeonato e ainda manteve a sua baliza a zeros durante muitos jogos. Assim sendo, pelo que já foi aqui dito, Júlio tem toda a confiança para o ano vindouro. Com Paulo Lopes a ser outro elemento importante dentro do balneário, só Artur deve dizer «Adeus» ao Benfica neste mercado. Mostrou-se sempre emocionado na despedida ao Estádio da Luz onde deve ter sido mesmo o seu último jogo. Pelo que o Benfica deverá apostar em Ederson, do Rio Ave, fazendo com que o jogador regresse ao seu ponto de partida em Portugal. Apesar de ser a mais provável contratação, nós aconselharíamos antes o recém-despromovido Adriano Facchini. Para além de ter qualidade, tem mais experiência que Ederson e seria melhor solução numa eventual lesão do titular com nome de imperador. E a verdade é que não vemos em Ederson a qualidade necessária para ser o futuro nº 1 do Benfica. Em todo o caso, dependendo da longevidade de Júlio César o Benfica terá, tudo indica, que ir ao mercado contratar um guarda-redes para 2016/ 17 ou no máximo 2017/ 18. 

Defesas: Maxi Pereira, André Almeida; Luisão, Jardel, Lisandro López, César; Raphaël Guerreiro (Lorient), Eliseu
    Para nós é num lugar da defesa que o Benfica deveria priorizar o reforço do seu plantel, resolvendo uma posição problemática de forma crónica. Mas já lá vamos. Para a direita as águias têm Maxi Pereira (se não renovar sugeríamos a contratação de Thomas Meunier, do Club Brugge) e André Almeida, com o polivalente português capaz de fazer 3 posições neste plantel. Depois da excelente época da dupla Luisão-Jardel - com o ex-Olhanense a evoluir e muito - faz sentido manter os 4 centrais, e é na esquerda que o Benfica deve apostar forte. Eliseu serve para o nível da Liga NOS mas não para um clube que queira chegar aos quartos da Champions. Assim, e com Benito e Sílvio de parte, entendemos que Eliseu deveria permanecer como opção de recurso, contratando o Benfica o jovem Raphaël Guerreiro. É português, tem um futuro brilhante pela frente e valeria qualquer euro gasto. Não conseguindo contratá-lo, sugeríamos Jordan Amavi (Nice), em princípio mais barato e quiçá com maior potencial.

Médios: Samaris, Cristante, Fejsa, Rúben Amorim, Pizzi, Renato Sanches, Talisca
    Este sector é aquele em que a qualidade e a quantidade abunda mais. Depois do investimento feito no ano transacto, é completamente desnecessária a compra de qualquer activo para o centro do terreno. No entanto, ficando Jesus não afastamos a hipótese de ele exigir mais um médio-centro (8). Samaris e Pizzi, após terem lutado e mostrado que são mais-valias para o plantel, devem fazer a sua afirmação no próximo ano e se corresponderem em campo ao seu potencial, no fim da próxima época terão alguns clubes a tentar levá-los do ninho. Fejsa e Rúben serão sempre alternativas de grande calibre e Cristante terá mais minutos em campo porque valor o italiano já mostrou que tem. Ainda há a possibilidade de Mukhtar fazer algumas posições no centro do terreno, mas achamos que Renato Sanches deveria ter já algumas oportunidades na equipa principal, um pouco à imagem de Gonçalo Guedes nesta última época. Seria benéfico para a evolução de João Teixeira ter uma época inteira de Liga NOS, emprestado a outro clube, mas relativamente a Renato Sanches achamos que precisa de crescer já com o plantel principal, recebendo o estímulo e o acompanhamento certo para o seu gigante potencial. Talisca continuará a ser uma referência mais ofensiva nas posições centrais, sendo que também poderá ocupar a posição de segundo avançado.

Extremos: Salvio, Gonçalo Guedes, Ivan Cavaleiro, Andrija Živković (Patrizan), Pione Sisto (Midtjylland), Mukhtar
    Pensando num Benfica sem Gaitán, Ola John e Sulejmani, há que acrescentar ainda outro dado: Salvio, ficando e confirmando-se a gravidade da lesão, só deverá poder jogar em finais de Novembro, correndo o risco de não contribuir na totalidade da fase de grupos da Champions. Assim, e porque é mais fácil correr riscos e apostar na irreverência da juventude nos extremos do que em posições centrais, para nós 2014/ 15 deveria ser o ano de soltar Gonçalo Guedes, confiando ainda alguns minutos ao alemão Mukhtar. De resto, embora suspeitemos que Ivan Cavaleiro não voltará, à imagem de Bernardo Silva e Cancelo, julgamos que o extremo que esta época esteve no Deportivo merecia finalmente uma oportunidade. Para completar, e na impossibilidade de se contratar um jogador feito, capaz de substituir Gaitán no imediato, achamos que o Benfica deveria tentar fechar 2 jovens reforços: o sérvio Živković e o dinamarquês Pione Sisto, uma espécie de Sadio Mané. O uruguaio De Arrascaeta, craque do Cruzeiro e que estará na Copa América, era também alguém a considerar.

Avançados: Jonas, Lima, Jonathan Rodríguez, Rui Fonte
    Com um jackpot de seu nome Jonas, o Benfica não necessita de ir ao mercado procurar um avançado. Tanto Jonas como Lima devem renovar pelos encarnados e o facto é que são dois jogadores muito queridos por Jorge Jesus. Jonas é o goleador de serviço, enquanto que Lima marca e faz jogar. Tem que ser dada uma oportunidade ao jovem Rui Fonte pela época que fez quer ao serviço do Benfica B e, desta vez, parte à frente de Nélson Oliveira já que o jogador que esteve ao serviço do Swansea por empréstimo teima em adiar o seu valor e Rui Fonte tem facturado muito mais no passado recente. Por fim, e não menos importante, Jonathan Rodríguez poderá ser uma das revelações da próxima época. O uruguaio já deu cartas na equipa secundária das águias onde o poder de explosão, velocidade e bom remate são o que o mais caracteriza. Luis Suárez desfaz-se em elogios perante o compatriota e nós acreditamos que 2015/16 será o seu ano.

O que muda? Porque no futebol não há impossíveis, e uma vez que Jorge Mendes controla o mercado de jogadores e treinadores como ninguém, não podemos afirmar taxativamente que Jorge Jesus continuará como treinador. Continuando Jesus, a "estrutura" não será tão testada e manter-se-ão os métodos de treino e afins, trocando apenas algumas peças. Nico Gaitán deverá ser a grande perda deste defeso e, embora à 1.ª vista pareça irreparável, também de muitos outros jogadores se disse isso num passado recente.
    A nossa leitura é que o Benfica deve encarar 2015/ 16 como uma época na qual o tricampeonato é um dos objectivos, sendo o outro uma campanha na Champions que coloque como objectivo mínimo os quartos-de-final. Pode até o Benfica na próxima temporada dar um passo atrás, mas as exigências serão maiores, principalmente porque a prestação da equipa nos últimos anos na principal competição europeia de clubes tem deixado constantemente a desejar. E é na Champions que se fazem as grandes equipas. O Benfica 2015/ 16 deve manter a sua identidade, mas deve também ser perspicaz o suficiente para adaptar a sua ideia de jogo e o próprio sistema - o vertiginoso 4-4-2 actual destrói adversários em Portugal mas é permeável frente a boas equipas na Champions, pedindo-se que se trabalhe uma alternativa, um 4-1-2-3 (um 4-2-3-1 pedia outro tipo de reforços) que equilibre mais a equipa e que a faça ocupar melhor os espaços.


A Formação: É inconcebível e imaturo pensar num Benfica made in Seixal a curto-prazo, mas a temporada que aí vem tem tudo para ser aquela em que são dados os primeiros passos a sério nesse sentido. A Caixa Futebol Campus tem desenvolvido o futuro de Portugal, mas também o futuro do Benfica, se o clube quiser. Os encarnados não utilizaram como poderiam Bernardo Silva e João Cancelo, e importa olhar para alguns produtos da formação como futuros elementos do plantel principal e não como futuros encaixes de 15 milhões.
    Como acima puderam constatar, apenas colocámos no nosso plantel 3 jogadores - Gonçalo Guedes, Renato Sanches e Ivan Cavaleiro - num plantel que mesmo assim já teria 10 portugueses. Pede-se uma integração passo-a-passo das promessas que confirmem ter valor para a equipa principal, e é fundamental compreender o nível que cada um apresenta no presente, o nível competitivo que pedem e a melhor forma de os fazer crescer.
    No nosso entender, João Teixeira, Nuno Santos, João Carvalho, João Nunes, Pedro Rebocho e Guzzo deveriam ser "colocados" em equipas da Liga NOS, crescendo e tendo minutos num campeonato de acordo com aquilo que já mostraram; enquanto que o Benfica B deveria servir para Diogo Gonçalves, Hildeberto, Pedro Rodrigues, Nélson Semedo e Gonçalo Rodrigues continuarem a queimar etapas. A juntar a isto, os prodígios precoces João Filipe e José Gomes pedem um ano de juniores, mas com um ou outro teste na equipa B.

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