23 de dezembro de 2015

Crítica: Steve Jobs

A CAMINHO DOS ÓSCARES 2016
Realizador: Danny Boyle
Argumento: Aaron Sorkin, Walter Isaacson
Elenco: Michael Fassbender, Kate Winslet, Seth Rogen, Jeff Daniels, Michael Stuhlbarg, Katherine Waterson
Classificação IMDb: 7.2 | Metascore: 82 | RottenTomatoes: 86%
Classificação Barba Por Fazer: 78

    Em 2013, a vida de Steve Jobs deu origem a um biopic com Ashton Kutcher como protagonista. O filme revelou-se um fiasco (não era bom, mas também não era tão mau como pintaram) e, dois anos volvidos, há novo filme sobre o visionário co-fundador da Apple. Este 'Steve Jobs', com argumento de Aaron Sorkin, esteve para ser realizado por David Fincher, e teve DiCaprio (optou por se comprometer com 'The Revenant') e Christian Bale sondados para o papel; acabou por ser o alemão Michael Fassbender o escolhido, com Danny Boyle (Slumdog Millionaire, Trainspotting, 127 Hours) na realização.
    Se o filme de 2013 era o clássico filme biográfico, esta versão é como o próprio Steve Jobs - perfeccionista e com manifesta preocupação numa abordagem inovadora. Aaron Sorkin, o argumentista de coisas como 'The Social Network', 'Moneyball' e das séries 'The West Wing' e 'The Newsroom' dividiu 'Steve Jobs' em três momentos diferentes - o lançamento do Macintosh (1984), do computador NeXT (1988) e do iMac (1998). O formato invulgar serve perfeitamente o propósito de nos fazer visitar os bastidores da vida de Jobs e da Apple. 'Steve Jobs' acaba por ser um documento mais pessoal e que nos faz intuir detalhes de carácter psicológico de Jobs, embora fuja a tradicionalismos e decorra a ritmo acelerado, num pingue-pongue de diálogos, deixando Steve Jobs subir ao palco apenas nos últimos instantes, porque tudo o resto é ensaio, é preparação, é cuidado com todo e qualquer detalhe.
 
    Uma das características boas de 'Steve Jobs' é o facto de não nos mostrar a persona mas sim o homem. A versão que Fassbender faz de Jobs não tem um arco-íris atrás, não é só um sorriso servido com carisma e com um produto apresentado como a última coca-cola do deserto. É sim o maestro a esgrimir argumentos com os seus instrumentos, porque até o homem que mudou o mundo era um homem com falhas e com arrependimentos.
    Michael Fassbender praticamente não sai do ecrã durante as duas horas de filme, sendo progressivamente visitado nestes 3 fragmentos/ lançamentos de produto por várias figuras determinantes na vida de Jobs - Joanna Hoffman (Kate Winslet), responsável do Marketing e um verdadeiro grilo falante de Jobs, Steve Wozniak (Seth Rogen) co-fundador da Apple, John Sculley (Jeff Daniels), CEO da marca da maçã durante uma década, e Andy Hertzfeld (Michael Stuhlbarg), um dos membros da equipa original do Mac. A mais-valia do filme é o modo como combina esta dimensão profissional com o Jobs pai. Uma paternidade e responsabilidade negada em relação a Lisa (interpretada ao longo do filme por três actrizes), a sua filha com Chrisann Brennan (Katherine Waterson).
    'Steve Jobs' tem aquele "som da inteligência" (excelente reflexão de Rogério Casanova) típico dos argumentos de Sorkin. Entre as 3 partes, a terceira (de jeans e camisola preta de gola alta) é a melhor, embora seja nos bastidores do lançamento do computador NeXT que Boyle nos dá um dos momentos graficamente mais fortes - Jobs e Joanna Hoffman numa conversa num longo corredor. Algo que mesmo assim não bate o final emotivo e bem ritmado.
    Antecipando a opinião da Academia, é expectável que 'Steve Jobs' consiga pelo menos duas nomeações (Michael Fassbender como Melhor Actor, e Kate Winslet como Melhor Actriz Secundária), podendo ainda o argumento de Sorkin ser um dos cinco escolhidos.
 
    Num apanhado geral, o filme é interessante, embora tenha estado pouco tempo nos Cinemas graças à baixa receptividade do público. Quando se tem Fassbender e Winslet no elenco, dificilmente a coisa dá mau resultado, e embora sejam eles os principais destaques, Seth Rogen (primeiro estranha-se, depois entranha-se) e Michael Stuhlbarg revelam-se apostas acertadas, mais até do que Jeff Daniels. Em relação a Katherine Waterson, no papel de ex-namorada de Jobs e mãe de Lisa, faz sentido referir apenas em jeito de curiosidade que a sua notoriedade irá aumentar exponencialmente ao aparecer no futuro em 'Fantastic Beasts and Where to Find Them' e no novo 'Alien'.
    Michael Fassbender memorizou o Argumento inteiro (particularmente notável ao tratar-se de escrita sorkiniana), não precisando sequer do script presente nas gravações da 3.ª fracção do filme, e não há melhor sintoma do bom trabalho do actor do que a ideia que temos ao longo do filme: no começo vemos Michael Fassbender, mas no fim já só vemos Steve Jobs.

1 comentários:

  1. Steve Jobs: 5*

    "Steve Jobs" é um excelente filme e tem um argumento bastante coerente e isso é uma mais-valia, recomendo que o vejam.

    Cumprimentos, Frederico Daniel.

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