29 de dezembro de 2015

Crítica: Carol

A CAMINHO DOS ÓSCARES 2016
Realizador: Todd Haynes
Argumento: Phyllis Nagy, Patricia Highsmith
Elenco: Rooney Mara, Cate Blanchett, Kyle Chandler, Sarah Paulson
Classificação IMDb: 7.2 | Metascore: 95 | RottenTomatoes: 94%
Classificação Barba Por Fazer: 74

    Nomeado para 5 Golden Globes (Melhor Drama, Realizador, Banda Sonora Original e duas nomeações para Melhor Actriz), 'Carol' está na rota dos próximos Óscares, apoiado pelos desempenhos das protagonistas Rooney Mara e Cate Blanchett. Esta adaptação para argumento de Phyllis Nagy, inspirada na obra literária de Patricia Highsmith "The Price of Salt", tem sido incrivelmente bem recebida pela Crítica, embora seja mais um exemplo - tal como 'The Danish Girl' ou 'Joy', esses mais fracos - de um filme a que faltam alguns elementos e mais sumo, embora conte com um par de interpretações que merece os elogios recentes.
    'Carol' conta uma história de amor fugaz e instintiva entre duas mulheres. Nos anos 50, Therese Belivet (Rooney Mara) é uma aspirante a fotógrafa que trabalha no departamento de brinquedos de uma loja em Manhattan, enquanto que Carol Aird (Cate Blanchett) é uma mulher mais madura, a atravessar um divórcio enquanto luta pela custódia da sua filha com o marido Harge (Kyle Chandler). Ao longo de praticamente duas horas, acompanhamos as etapas da relação de Therese e Carol, a fuga de ambas para longe de tudo, e o regresso à realidade.
    De certa forma, o fascínio de Therese por Carol parece reproduzir a admiração de Rooney Mara pelo trabalho e carreira de Blanchett como actriz, e o melhor de 'Carol' acabam por ser os silêncios preenchidos pela elegância e sedução de presa (Therese) e predadora (Carol).
    É um filme de época, onde de certa forma tudo parece acontecer rápido demais, e que fica representado da melhor maneira no primeiro olhar que as protagonistas trocam no meio de uma multidão. 'Carol' é um romance - que há alguns anos atrás seria considerado tão ousado como 'Brokeback Mountain' -, elegante na forma (a Fotografia de Edward Lachman e a banda sonora de Carter Burwell contribuem para isso), que segue em ritmo lento enquanto as duas personagens se estudam mutuamente.
    A escolha de Cate Blanchett como Carol Aird faz o filme, pela classe que a actriz australiana emana, difícil de igualar nos dias de hoje, servindo a dominante Carol da melhor forma. No entanto, o desempenho de Rooney Mara (substituiu Mia Wasikowska como Therese) é tão bom ou melhor que o de Blanchett. É curioso que a The Weinstein Company tenha procurado fazer campanha colocando Blanchett como actriz principal e Rooney Mara como actriz secundária, uma vez que este é um daqueles casos em que há declaradamente duas protagonistas, e no qual é inconcebível Mara ser considerada coadjuvante.
    Com os nomeados dos Óscares a serem anunciados no dia 14 de Janeiro, 'Carol' pode ser um papa-nomeações. Embora não deva figurar nas nossas preferências do ano, é a cara da Academia, e se coleccionar um conjunto de sensivelmente 8 nomeações não será surpresa. Melhor Filme, Actriz (uma delas há-de lá estar, podem estar ambas, ou Rooney Mara ser considerada secundária como já o foi em alguns prémios), Argumento Adaptado, Banda Sonora, Fotografia, Guarda-Roupa, Design de Produção e eventualmente Realizador são algumas das categorias em que 'Carol' pode acalentar ambições.

    O melhor de 'Carol' é a comunicação não-verbal de Blanchett e Mara, num ano em que actores como Leonardo DiCaprio e Eddie Redmayne (este último, novamente) se serviram muitas das vezes mais do corpo, do olhar, dos gestos para nos dizer e fazer sentir algo. 'Carol' não é incrível mas consegue transmitir no último sorriso e no último olhar a sensação de duas personagens que não sabem o que vem depois, mas nunca esquecerão o que já viveram, que sabem o que ficou por dizer, e revisitam tudo o que já disseram.

0 comentários:

Enviar um comentário