28 de novembro de 2014

Crítica: The Theory of Everything

A CAMINHO DOS ÓSCARES 2015 
Realizador: James Marsh
Argumento: Anthony McCarten, Jane Hawking
Elenco: Eddie Redmayne, Felicity Jones, Charlie Cox, David Thewlis
Classificação IMDb: 7.7 | Metascore: 72 | RottenTomatoes: 79%
Classificação Barba Por Fazer: 79

    Quando Eddie Redmayne conseguiu o papel de Stephen Hawking sabia no que se estava a meter. Das duas uma: não tendo ainda nenhum papel de grande destaque ('My Week with Marilyn' e 'Les Misérables' foram os filmes onde se expôs mais), ao interpretar Hawking ou ficava na chamada cepa-torta mais uns anos ou então convencia e subia uns quantos degraus de uma vez só. Claro está que ao dar corpo e alma a Stephen Hawking de forma convincente, era fácil de prever que o actor se conseguiria colocar automaticamente no roteiro dos maiores prémios.
    'The Theory of Everything' (realizado por James Marsh e com Anthony McCarten a adaptar a obra de Jane Wilde Hawking, intitulada Travelling to Infinity - My Life with Stephen) dá-nos, numa abordagem à la A Beautiful Mind, a história de Stephen Hawking e de Jane, acompanhando o evoluir da esclerose lateral amiotrófica - doença diagnosticada ao génio da Física quando tinha 21 anos, e que progressivamente lhe paralisou os músculos do corpo sem no entanto afectar as suas funções e capacidades cerebrais.
    Embora sintamos, pelo preponderante papel de mulher forte desempenhado pela jovem Felicity Jones, algumas semelhanças com o que Jennifer Connelly deu ao lado de Russell Crowe em 2001, a história de Stephen Hawking era uma história que merecia ser contada e, por isso mesmo, vista. Cai no habitual "atrás de um grande homem está sempre uma grande mulher" mas vale pelo desempenho dos dois jovens actores: Eddie Redmayne e Felicity Jones. Com 32 e 31 anos respectivamente, embora se pudesse apostar que teriam ambos menos, são os dois claros candidatos a figurar entre os nomeados de Melhor Actor e Melhor Actriz nos Óscares 2015. Se em Felicity Jones já se tinha visto nos últimos anos potencial para atingir o quanto antes este nível, no caso de Redmayne é um elevado salto qualitativo, catalisado naturalmente por tudo o que é Stephen Hawking. Na corrida às estatuetas douradas 'The Theory of Everything' junta a estas prováveis 2 nomeações, fortes hipóteses de surgir nas categorias de Melhor Filme, Melhor Argumento Adaptado e, eventualmente, Melhor Fotografia.
    Não é uma odisseia como 'Interstellar' (alguns conceitos abordados nesse filme são referidos neste durante estas 2 horas, embora a perspectiva aqui - tal como em Interstellar - seja mais humana do que científica), não tem a visão de 'Boyhood' nem nos prende à cadeira como 'Gone Girl', mas é um filme que vale a pena ser visto. É sobre um génio, e tem pormenores de génio: Eddie e Felicity a rodarem no sentido inverso aos ponteiros do relógio numa alusão à reversão do tempo e, acima de qualquer outro momento, o take final - banda sonora envolvente, certa, e uma viagem até ao primeiro olhar. O filme é menor do que a cena final, mas a cena final é fazer cinema bem feito. Com o equilíbrio perfeito para arrepiar.

    Enriquece a nível cultural, emocional, e reserva o seu espaço na biblioteca dos filmes biográficos. Dificilmente será o filme da vida de alguém, até porque já é o filme da vida de Stephen Hawking, e um marco nas carreiras de Eddie Redmayne e Felicity Jones. Quando o verdadeiro Stephen Hawking acabou de visualizar o filme, uma enfermeira limpou-lhe as lágrimas. Se isso não é o suficiente para os actores, para Marsh e McCarten, nada o será.  

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