16 de abril de 2016

Revisão: '11.22.63'

Criado por
Bridget Carpenter

Elenco
James Franco, Sarah Gadon, George MacKay, Chris Cooper, Daniel Webber, Lucy Fry, T. R. Knight, Kevin J. O'Connor, Josh Duhamel

Canal: Hulu

Classificação IMDb: 8.3 | Metascore: 69 | RottenTomatoes: 79%
Classificação Barba Por Fazer: 63


- Abaixo podem encontrar Spoilers - 

A História: 

    Numa fase em que a Netflix está a elevar a fasquia, puxando pelos concorrentes indirectos, gigantes como a HBO e a AMC, outros serviços de streaming sentem-se incentivados para lançar os seus próprios conteúdos originais. É o caso do Hulu, lançado há dez anos e que conta actualmente com 9 milhões de subscritores. Tendo começado a surgir no mapa, em termos de originais, em 2010, pode-se dizer que 2016 está a ser o ano de afirmação do Hulu: estreou a sua primeira série com pernas para andar, 'The Path' (com Aaron Paul, Hugh Dancy e Michelle Monaghan), e apostou na mini-série '11.22.63', com nada mais nada menos do que J.J. Abrams e Stephen King como produtores executivos e James Franco como protagonista.
      A mini-série de 8 episódios baseia-se no livro "11/22/63" de Stephen King, publicado em 2011, e a premissa da mini-série, como do livro, é então a seguinte: é dada a Jake Epping (James Franco), um professor de Inglês do Maine, a hipótese/ missão de viajar no tempo até Outubro de 1960, podendo assim evitar o assassinato de John F. Kennedy a 22 de Novembro de 1963. O passado tenta permanecer inalterado, complicando de diversas formas o objectivo de Jake, sendo que tudo o que Jake muda tem repercussões no futuro, e se regressar ao presente, voltando depois novamente a '60 há um reset e começa tudo no mesmo ponto. O passado não se altera duas vezes. No passado, Jake assume nova identidade - James Amberson - e sabe que terá 3 anos para estudar Lee Harvey Oswald e várias teorias da conspiração criadas à volta do assassinato.
    Para além dos obstáculos que vão surgindo no caminho de Jake, a capacidade de '11.22.63' se estender ao longo de 8 episódios deve-se à forma como Jake se adapta ao passado e às pessoas que conhece, começando a desviar-se daquilo que o levou aos anos 60, aproximando-se e preocupando-se com várias pessoas que surgem na sua jornada. A mini-série acaba por ser uma aula de História, com a ficção científica como suporte, misturada com o romance que se desenvolve entre Jake e Sadie (Sarah Gadon), e a amizade com o seu "irmão" Bill Turcotte (George MacKay), que o ajuda na sua investigação, acreditando nele.
    De um modo geral, os 8 episódios vêem-se muito bem, com o "gancho" certo no final de cada episódio para levar o espectador para o seguinte. Por cá, a série estreou na FOX no passado dia 11 de Abril, mas é um daqueles casos de série que justifica ser vista de uma assentada. Aliás, nos extra-Netflix, só grandes séries como 'Mr. Robot', 'Game of Thrones', 'Better Call Saul' ou 'Fargo' é que ainda exigem ser vistas semana a semana.
    A recriação do período (anos 60) está excelente - para todos os efeitos é uma mini-série de época - mas um dos contras é o estilo de realização adoptado. Compreende-se e justifica-se a adaptação ao tom do livro de King e à época, mas a utilização exagerada de banda sonora, por exemplo, acaba por ser desgastante em alguns momentos, parecendo em certa medida um filme de Steven Spielberg (com tudo o que isto tem de bom e de mau).
    
    
A Personagem: Bill Turcotte (George MacKay).
    Seja Jake Epping ou James Amberson, James Franco é o rosto do projecto e é sempre ele quem segura a aventura do primeiro ao último instante. Já agora, deparar-se-ão com algo inacreditável se forem ao IMDb ver a omnipresença de Franco em 2016.
    No entanto, série que é série precisa de boas personagens secundárias. É o caso de Bill Turcotte. Bill (bastante mais velho no livro do que na série, uma curiosidade) é alguém que pouco tem, e que ao acreditar que Jake vem do futuro, acaba por largar o pouco a que está preso para o ajudar a evitar que JFK seja morto.
    É um underdog ao longo de toda a série, e um rapaz errático ao ponto de percebermos cedo que pode ser ele a comprometer tudo. Torna-se um irmão para Jake, e mantém-se leal a ele até ao fim. Pelo meio, apaixona-se pela mulher de Lee Harvey Oswald, e o fim da personagem (altamente trágico) acaba por não fazer jus à importância da personagem e ao trabalho do actor, parecendo demasiado acelerado e tratando-o quase como perfeitamente acessório.
    Bill é a surpresa de '11.22.63' - e George MacKay um actor a para continuarmos a acompanhar, tal como Sarah Gadon, que deve abrir muitas portas depois disto -, mas importa referir também Johnny Clayton, o ex-marido de Sadie. Interpretado por T.R. Knight (que foi George O'Malley na 'Anatomia de Grey') revela-se um antagonista fascinante, tem um dos momentos da série e consegue deixar a sua marca bem vincada, precisando para isso de pouco tempo de ecrã.   


O Episódio: 08 'The Day in Question'
    A finale é boa, mas também podíamos eleger como melhor um dos 2 primeiros episódios ('11.22.63' não mantém o nível do seu arranque) ou o quinto 'The Truth', realizado por James Franco e com o actor T.R. Knight a surpreender.
    O derradeiro episódio tem a vantagem de nos manter durante grande parte do tempo sem saber para onde estamos a ser guiados. É peculiar o tempo a mais que é dado a alguns pontos da história nos episódios anteriores, passando a correr o momento em que Jake regressa a 2016 e não chegamos a perceber exactamente a nova História do país pós-63.
    É o episódio que exige mais de James Franco (com tantos momentos com Sadie, é com o seu aluno Harry que atinge o pico emocional) e os 20 minutos finais são basicamente Jake e Sadie, a pedir aos espectadores que chorem baba e ranho.

    Normalmente analisamos o futuro das séries sobre as quais escrevemos, algo que não faz sentido em relação a '11.22.63' (ou '22.11.63' em Portugal) por tratar-se de uma mini-série. Fazemos votos que o Hulu continue a cozinhar originais deste nível ou acima.

0 comentários:

Enviar um comentário