6 de outubro de 2015

Crítica: Black Mass

Realizador: Scott Cooper
Argumento: Mark Mallouk, Jez Butterworth, Dick Lehr, Gerard O'Neill
Elenco: Johnny Depp, Joel Edgerton, Benedict Cumberbatch, Jesse Plemons, Rory Cochrane, Julianne Nicholson, Dakota Johnson
Classificação IMDb: 6.9 | Metascore: 68 | RottenTomatoes: 75%
Classificação Barba Por Fazer: 71

Senhoras e senhores, este é o Johnny Depp que o mundo do Cinema merece.
    'Black Mass' estreia esta quinta-feira nas salas de cinema em Portugal, e vive do que o actor que já foi Jack Sparrow, Eduardo Mãos-de-Tesoura,  o Chapeleiro Louco, Willy Wonka, Rango ou John Dillinger dá, numa faceta diferente para o actor camaleão mas que lhe assenta na perfeição.
    Johnny Depp é James "Whitey" Bulger. O filme, contado em retrospectiva através dos testemunhos dos vários associados de Bulger, baseia-se numa obra publicada em 2011 (Black Mass: The True Story of an Unholy Alliance Between the FBI and the Irish Mob) e pisa os terrenos de gangters e do Sul de Boston que 'The Departed' já percorreu.
    Em 1975, "Whitey" Bulger era um gangster americano de raízes irlandesas, cujo controlo do crime organizado no Sul de Boston estava apenas ameaçado pela máfia italiana local, encabeçada pelos irmãos Angiulo. "Whitey" era também irmão do senador de Massachusetts, William "Billy" Bulger (Benedict Cumberbatch). O regresso a Boston de um amigo de infância dos Bulger, John Connolly (Joel Edgerton), membro do FBI, torna-se o ponto-chave do filme e da história quando Connolly, com o objectivo de apanhar os Angiulo, promove uma aliança entre o FBI e "Whitey" Bulger, servindo este como informador numa suposta relação win-win.
    Quando o filme caminha para o seu final, a ideia com que se fica é que 'Black Mass' tinha condições para ser um grande filme neste género (crime/ máfia), mas acaba por ficar aquém do seu potencial. Em diversos momentos o filme transpira 'The Departed' ou 'Goodfellas' mas, se é mérito de Scott Cooper conseguir pelo menos provocar essa sensação, desilude a forma como fica tão longe desses dois clássicos, parecendo, verdade seja dita, forçar algumas semelhanças.
    A história por si só é suficientemente boa, mas algumas coisas parecem estar a mais, e o próprio ritmo do filme acaba por soar estranho. Não obstante, o casting foi competente ao atrair para o universo da máfia actores como Jesse Plemons, Peter Sarsgaard, W. Earl Brown ou Corey Stoll, mesmo com as suas pequenas contribuições. Cumberbatch ajuda a promover o filme mas o seu papel poderia muito bem ficar entregue a um actor em que não se sentisse que estava a ser um desperdício de talento, e Joel Edgerton - que se estreou recentemente a realizar com 'The Gift' - é perfeitamente adequado para dar corpo a John Connolly, uma personagem semelhante à de Matt Damon em 'The Departed'.
    Posto isto, o coração do filme é Johnny Depp. A caracterização ajuda naturalmente a demarcar "Whitey" Bulger de tantos outros papéis do actor, desta vez com um fino cabelo loiro penteado religiosamente para trás, uma dentição descuidada e uns olhos (exageradamente) azuis. É um dos melhores papéis da carreira de Depp, permitindo ao actor dar uso ao seu carisma e imprevisibilidade, tornando Bulger um monstro capaz de alternar serenidade com uma crueldade atroz.
    Analisando como um todo, havia potencial para mais; mas podem incluir Johnny Depp no conjunto de actores com aspirações a uma nomeação para Óscar em 2016.

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