20 de janeiro de 2012

"Chô daqui! Quem falha sou eu!"

Para quem não acompanha com relativa frequência o "Barba Por Fazer", é importante dizer que tanto eu como o meu amigo de longa data TM somos benfiquistas e, como tal, está intrínseca a nós a vontade de "mandar umas alfinetadas" aos sportinguistas. É inevitável, "clubisticamente" falando. Mas verdade seja dita, o universo leonino põe-se sistematicamente a jeito.

Foco-me em dois pontos: a pintura do túnel de acesso aos balneários e o Sporting-Moreirense.

O jornal Público trouxe "a público" (que estupidez) as imagens que revestiam as paredes do túnel de acesso aos balneários do Sporting. Segundo se veio a saber, nas imagens constavam "adeptos das claques em poses agressivas, desafiando os seguranças. Outros de cara tapada e com tochas na mão, e ainda poses que sugerem uma saudação fascista ou tatuagens com a cruz de ferro, um símbolo que, não sendo exclusivo do nazismo, está muito associado a movimentos da extrema-direita". Pessoalmente, acho estúpido terem optado por estas imagens. É o chamado "pôr-se a jeito". Mas segundo consta, e sendo imparcial, essas mesmas imagens foram aprovadas e elogiadas pela UEFA e pela Liga de Clubes no início da época. Isto segundo comunicado do Sporting Clube de Portugal: "Cumpre dizer que no início da época, aquando das vistorias efectuadas, quer pela Liga de Clubes quer pela UEFA, não só foram aprovadas como foram elogiadas as novas imagens dos corredores dos balneários". Eu até acredito neles. O Sporting parece-me muita coisa, mas não me parece um clube mentiroso. O que faz com que a diferente postura da UEFA e da Liga de Clubes agora seja estranha. Verdade seja dita, as imagens não eram as melhores e a UEFA acabou por pedir que o clube leonino removesse ou tapasse as imagens "consideradas de carácter violento e relacionadas com a extrema-direita". Quando eu soube disto pensei: Bem, provavelmente agora vão pôr umas imagens do Peyroteo a festejar os 500.000 golos que marcou, jogadores históricos formados no clube como o Figo e o Cristiano Ronaldo, uma mistura de adeptos e jogadores. Algo que apaixone um jogador, que sinta que o jogador que veste a camisola do clube pode um dia figurar naquela parede e integrar a história do clube. Porém, o Sporting preferiu ir por outro caminho - girassóis e borboletas.

       Domingos disse recentemente "É muito fácil bater no Sporting". Eu digo agora: "O Sporting está sempre a pôr a cara a jeito e a dizer dá lá, dá lá agora vá, dá lá...". Eu percebo a ideia, a ironia é uma coisa que eu gosto. E do ponto de vista de "Eles armaram-se em florzinhas de estufa, agora têm um papel de parede condizente com eles e ficam todos felizes e na paz do senhor" é bem jogado. Mas para isso, essa jogada só faria sentido se passado uma semana ou menos até, as imagens forem trocadas por umas imagens como deve ser. O Sporting marcava a sua posição, e não se permitia ser alvo de chacota. Espero que venha a ser isso que acontece. Porquê? Porque a minha namorada é do Sporting. E, provavelmente... Sim, é só por isso.
         Quando jogava Sims (sim, eu jogava Sims e não sou homossexual) havia certos papéis de parede que uma pessoa achava sempre ser impossível alguém escolher para a sua casa. Basicamente, foi um desses papéis de parede que o Sporting escolheu. Do ponto de vista do jogador, se eu fosse o Pintassilgo (jogador do Moreirense) provavelmente primeiro que tudo sentir-me-ia em casa, um pintassilgo no meio do prado e das flores. Mas para além disso, sentiria que o clube contra o qual ia jogar não levava um jogo de futebol a sério e provavelmente ganhava motivação por não encarar aquela atitude como uma atitude de um clube grande (que o Sporting é, porque um clube é mais as pessoas que o formam do que os títulos que tem). Por outro lado, o Bojinov ao olhar para as flores provavelmente vê os seus índices de motivação a baixarem, ou  então imagina a sua Nikoleta deitada no prado, o que se faz mais sentido. Mourinho por exemplo motivava os jogadores do Porto contra o Benfica colocando toda a semana no balneário da equipa uma imagem dos jogadores encarnados e um título de jornal provocatório - há que saber motivar e criar "guerra", mas de forma saudável e inteligente.

        Passando ao Sporting-Moreirense, não vou falar do jogo porque só vi os últimos 10 minutos. Começa a ser hábito ir ao site d'abola e ver no separador do Sporting um resultado que não é a vitória. E eu fico sempre um bocado surpreendido, o que começa a não fazer grande sentido. Mas neste jogo o momento (dos 10min a que assisti) que me chamou a atenção foi de facto o penalty. Não a legalidade do penalty em si, indiscutível. Nem a (não) conversão dele. Foi o acontecimento intermédio. Sem Loboswinkel em campo, normalmente é Matías Fernández que tem a tarefa de marcar as grandes penalidades. Mas hoje, Bojinov decidiu ajudar a cavar o fosso. Corajoso, empurrou o pequeno e indefeso Mogli e decidiu sozinho que o penalty ficava a seu cargo. Um "Chô daqui! Quem falha sou eu!". E porque às vezes parece que o karma persegue as pessoas, Bojinov falhou o penalty.
O Sporting já lhe instaurou um processo - sinal de que ainda há coisas bem feitas pelos prados repletos de girassóis e borboletas.

PS: o Moreirense jogou com bastantes baixas e muitos dos jogadores em campo não eram os habituais titulares. O que poderia demonstrar que o Sporting é fraco, mas eu opto por defender que o plantel do Moreirense é vasto e repleto de qualidade. Ironia? Provavelmente. MP

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