29 de janeiro de 2012

A Caminho dos Óscares

The Artist

Realizador: Michel Hazanavicius
Argumento: Michel Hazanvicius
Elenco: Jean Dujardin, Bérénice Bejo, John Goodman, James Cromwell
Classificação IMDb: 8.4

Ponto prévio: numa época em que tantos filmes são feitos em 3D só porque sim, é interessante a ideia de um homem que decide fazer um filme mudo a preto e branco. Ás vezes um passo atrás resulta em dois passos em frente.
Analisando historicamente, em 2009 venceu um óscar um filme de indianos (digno de apenas Melhor Fotografia) no qual um pequeno caía num monte de cocó e era referida a expressão “Pila Street”, em detrimento de um filme em que um homem nascia velho e morria bebé; em 2010, James Cameron fez uma pequena revolução no cinema ao realizar o primeiro filme com tecnologia 3D, um filme que não era mais do que a história da Pocahontas (mas com nativos longos e azuis) e que merecia ter suplantado (pelo marco na indústria do género, e porque era um filme que valia a “viagem” no cinema) The Hurt Locker, talvez vencedor por interesses políticos. No ano passado, o vencedor foi o rei gago. O antigo parceiro de Lúcia Moniz ou de Bridget Jones saltou para a ribalta e foi actor do ano no Discurso do Rei (DiCaprio este ano mostra também ter capacidade para fazer de gago), considerado melhor filme, deixando para trás a 1ª obra de Christopher Nolan nomeada para óscar (no passado teve melhores filmes), o psicológico Cisne Negro (ai Mila Kunis..) e A Rede Social, um quase documentário de Fincher. Não foi um grande ano. Este ano, a Academia, tudo indica, consagrará The Artist como o melhor filme do ano. Entre os 9 filmes nomeados, dos 6 que já vi, a questão seria sempre entre The Artist e Midnight in Paris.
       Falando do filme em si, a banda sonora acompanha-nos ao longo da jornada de George Valentin (Jean Dujardin), estrela do cinema mudo, que se vê sucumbido pelo emergir do cinema falado, com o qual surge Peppy Miller (Bérénice Bejo), que desenvolve uma afectividade especial e admiração pelo “ultrapassado” George Valentin. A realização e argumento de Hazanavicius usam precisamente a dicotomia entre o passado e o futuro. Cria um filme “antigo”, na actualidade, na qual um actor não aceita precisamente o evoluir da indústria cinematográfica, querendo manter o passado vivo, em silêncio, mas com toda a expressividade.    Como curiosidades, o facto de no poster do filme terem adoptado pelas cores preto, branco e uma pincelada de vermelho, como em O Padrinho e ainda há que dizer que o filme tem pormenores de realização que fazem a diferença. Em A Lista de Schindler, a rapariga de vermelho num filme a preto e branco marcou o cinema. Desta feita, Hazanavicius tem também os seus pormenores, mais humildes, como um pesadelo de George Valentin com som e ainda o facto de os últimos segundos do filme serem falados. É verdade, o filme é apenas 99,5% mudo. Mas isso depois vocês constatam. Conselho: ver o filme com paciência e conscientes de que vão ver um filme mudo.
       Entre as 10 nomeações que conseguiu, acredito que pelo menos as de Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Fotografia, Melhor Direcção Artística e Melhor Banda Sonora serão atribuídas a The Artist. Jean Dujardin é um dos 5 nomeados para melhor actor e, pela expressividade e brilhante comunicação não-verbal há que reconhecer que mesmo não ganhando o óscar, temos nele presente a ideia de um verdadeiro… Artista.


The Descendants

Realizador: Alexander Payne
Argumento: Alexander Payne, Nat Faxon, Jim Rash
Elenco: George Clooney, Shailene Woodley, Amara Miller, Robert Forster, Beau Bridges, Nick Krause, Matthew Lillard
Classificação IMDb: 7.8

Todos os anos há filmes sobrevalorizados. Honestamente, The Descendants é um desses. O filme do “papel da vida de Clooney” é um bom filme sim, mas não é filme de óscar a meu ver. Clooney faz de facto um bom papel. Porquê? Porque chora. E como ninguém tinha a certeza se ele possuía sentimentos, provavelmente vencerá o óscar de melhor actor. The Descendants passa-se no Havai e parte da ideia defendida por Clooney logo no início do filme que também no Havai (local paradisíaco e calmo) também há depressões, stress, problemas e vazio. Matt King (George Clooney) é um homem endinheirado, cuja mulher tem um acidente e fica num coma sem recuperação possível. Afastado emocionalmente de toda a família, Matt King procura num momento difícil estar com as suas duas filhas (Alexandra e Scottie) e reunir as pessoas mais importantes da vida da mulher, para se despedirem dela. Pelo meio, Matt descobre que a mulher tinha um caso e procura descobrir com que homem estava ela envolvida e percebe que se tratava dum homem com o qual ele se veria mais tarde ou mais cedo envolvido na compra e venda de importantes terrenos havaianos da família de Matt. Um filme, no fundo, sobre a importância da família, sobre o facto de às vezes as pessoas que vivem na mesma casa não se conhecerem minimamente e sobre a aprendizagem dum homem sobre o que é importante na sua vida. Alexander Payne faz um bom trabalho (Sideways e As Confissões de Schmidt foram obras anteriores dele) mas parece-me que o destaque (físico e como actriz) vai para Shailene Woodley (que faz de Alexandra King, filha mais velha de Clooney), uma das revelações do ano e que merecia a nomeação para melhor actriz secundária nos Óscares. 
       Um filme que mistura bem as vertentes em que se insere, Drama e Comédia, ficando a parte cómica bastante a cargo de Sid (Nick Krause), uma personagem invulgar e desbocada. Em suma, um filme Bom+, ao nível de The Kids Aren’t All Right (nomeado no ano passado) e que talvez seja distinguido como tendo o melhor actor (George Clooney) e o melhor argumento adaptado. Não será um filme que eu farei questão de mostrar à minha descendência… Estes trocadilhos da treta pá, não consigo não os fazer. MP

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