Balanço Final - Liga NOS 18/ 19

A análise detalhada ao campeonato em que houve um antes e um depois de Bruno Lage. Em 2018/ 2019 houve Reconquista.

Prémios BPF Liga NOS 2018/ 19

Portugal viu um médio carregar sozinho o Sporting, assistiu ao nascer de um prodígio, ao renascer de um suiço, sagrando-se campeão quem teve um maestro e um velocista.

Balanço Final - Premier League 18/ 19

Na melhor Liga do mundo, foram 98 contra 97 pontos. Entre citizens e reds, entre Bernardo Silva e van Dijk, ninguém merecia perder.

Os Filmes mais Aguardados de 2019

Em 2019, Scorsese reúne a velha guarda toda, Brad Pitt será duplo de Leonardo DiCaprio, Greta Gerwig comanda um elenco feminino de luxo, Waititi será Hitler, e Joaquin Phoenix enlouquecerá debaixo da maquilhagem já usada por Nicholson ou Ledger.

21 Novas Séries a Não Perder em 2019

Renasce The Twilight Zone, Ryan Murphy muda-se para a Netflix, o Disney+ arranca com uma série Star Wars e há ainda projectos de topo na HBO e no FX.

19 de outubro de 2015

Portugal: Quem levar ao Euro 2016 e aos Jogos Olímpicos?

Há muito tempo que as Selecções de Portugal não viviam um período tão bom. A pragmática e tranquila qualificação para o Europeu de França, com Fernando Santos no comando das operações, traduz o estado actual do nosso futebol - finalmente pensado a médio, longo-prazo, com sangue novo e um futuro prometedor.
    Se puxarmos a cassete atrás, em 2000 tivemos uma Geração de Ouro, em 2004 um cruzamento de gerações que - conjugado com a espinha dorsal dum Porto campeão europeu - nos deixou pertíssimo da conquista de uma grande competição internacional, mas nunca como agora se viu os vários escalões da Selecção pensados de forma sustentada e sustentável.
    Neste Verão, os nossos Sub-21 perderam uma final nas grandes penalidades, e os Sub-20 (com obrigação e potencial para fazer mais) fizeram boa figura na Nova Zelândia. Fernando Santos, castigado, pegou na nossa Selecção a 24 de Setembro de 2014 e, daí para cá, é o que se sabe - 7 vitórias consecutivas em jogos oficiais e um bilhete garantido com sete pontos de avanço sobre o 2.º classificado, podendo agora assistir ao play-off na televisão. Contrariamente ao seu antecessor, Fernando Santos teve a capacidade de não excluir ninguém à partida (recuperou Tiago ou Ricardo Carvalho, por exemplo) e passou a convocar premiando o rendimento nos clubes, rejuvenescendo a Selecção (estreou Bernardo Silva, Raphael Guerreiro, André André, João Mário, Cédric, Nélson Semedo, Adrien, entre outros), conciliando essa meritocracia com a edificação de uma estrutura-base. O melhor exemplo para se perceber as diferenças entre Bento e Santos é olhar para a zona nuclear do campo - se com Paulo Bento o trio era impreterivelmente constituído por Veloso, Meireles e Moutinho, com Fernando Santos opções não faltam - Tiago, William Carvalho, Danilo Pereira, Moutinho, João Mário, André Gomes, André André, Adrien, e podíamos continuar..

    Posto isto, Portugal começa em Junho a sua prestação no Euro-2016, competição alargada, resultando daí mais uma eliminatória (oitavos-de-final), num país com elevada representação de emigrantes. Dois meses depois, começam os Jogos Olímpicos num país irmão de Portugal, o Brasil, e os nossos Sub-23 terão uma palavra a dizer na luta pelas medalhas de ouro.
    O calendário competitivo de Euro e JO é compatível, o que pode levar a que alguns jogadores até participem em ambas as provas. No entanto, e para reforçar as difíceis escolhas que Fernando Santos e Rui Jorge têm pela frente, o exercício que abaixo propomos é: reflectir sobre os 23 convocados para cada competição, sem repetir elementos. 

Euro 2016

Tendo em conta as convocatórias de Fernando Santos, os 23 que nos irão representar em França não andarão muito longe da solução apresentada abaixo.


    Na baliza, Rui Patrício é absolutamente indiscutível. Embora Beto pareça ser o nosso nº 2, a verdade é que Anthony Lopes até tem a presença na convocatória final mais segura porque fará toda a época a titular no Lyon, enquanto que Beto terá que roubar a baliza a Rico no Sevilha. O antigo guarda-redes do Porto e do Leixões é um elemento importante no balneário, mas caso esteja lesionado ou com pouca rotação, poderá acontecer o seleccionador optar por alguém entre Eduardo, Ventura ou Marafona.

    Na defesa, as dúvidas começam a ser maiores. Comecemos por onde há mais certezas - o centro. Pepe e Ricardo Carvalho vão ser a dupla titular de Portugal, acompanhados na convocatória por José Fonte e Bruno Alves. Curiosamente, o central do Southampton até parece ser o 4.º central, embora se apresente actualmente num patamar bem acima de Bruno Alves. Paulo Oliveira ou Daniel Carriço são dois exemplos de centrais que podem criar dúvidas ao seleccionador, que até poderá só levar 3 centrais contando que nomeadamente Danilo Pereira seja capaz de desempenhar a função, ganhando assim mais uma vaga no meio-campo/ ataque.
    Nas laterais a conversa é outra. Fábio Coentrão é o único jogador 100% certo. A lógica diz que para o lado direito serão chamados Cédric e Vieirinha, e para o lado esquerdo Coentrão e Eliseu. Mas pode não ser bem assim. Do lado esquerdo há Raphael Guerreiro, e importa manter um olhar atento em relação às exibições de Ricardo Pereira adaptado ao lugar no Nice. Com Raphael, à imagem do que Vieirinha oferece do lado oposto, Fernando Santos ganharia maior versatilidade táctica, e teria 3 dos 4 laterais capazes de fazer mais do que uma posição. Isto porque Coentrão pode ser extremo, pode ser interior, pode ser quase tudo.
    No lado direito a situação é bastante curiosa. Há pouco tempo atrás, fruto do conservadorismo de Paulo Bento, parecia que só existia a opção João Pereira. Hoje, vemos a posição de lateral-direito muitíssimo disputada: entre Cédric, Vieirinha, Nélson Semedo, Bosingwa e João Cancelo, só 2 irão ao Euro. Neste momento arriscamos que Cédric e Vieirinha seriam os convocados, mas caso Nélson Semedo exiba em 2016 o nível que estava a apresentar até se lesionar, poderá muito bem ser ele um dos escolhidos. Algo que fica reforçado pela necessidade de, no esquema de Fernando Santos, os laterais criarem desequilíbrios.

    O meio-campo é a (boa) dor de cabeça do seleccionador. As opções são muitas, e muito boas. E por isso mesmo imaginamos que será o rendimento apresentado ao longo da época nos clubes a fazer a diferença no dia do anúncio dos 23 eleitos. Uma coisa é certa, João Moutinho e Tiago são aqueles que podem estar mais tranquilos, porque só uma lesão os pode tirar de França. Fernando Santos deve convocar 6 ou 7 médios. Como tal, para além de Moutinho e Tiago, os nomes mais consensuais parecem ser neste momento os de William Carvalho, Danilo Pereira, André André, André Gomes e Bernardo Silva. É improvável que entre William e Danilo, embora tendo algumas semelhanças, algum fique de fora; se André André continuar a carregar o Porto acabará por relegar João Mário para os Sub-23; o facto de Bernardo poder contar como um dos extremos pode abrir vaga para mais um médio (Rúben Neves?). E na Selecção ninguém irá ignorar a qualidade que André Gomes tende a apresentar sempre nos grandes jogos e nos grandes momentos.

    Por fim, o ataque. Cristiano Ronaldo é Cristiano Ronaldo (agora com uma ideia de jogo bem construída à sua volta e que não se desequilibra para o poupar/ fazer render), Nani será sempre chamado, e parece-nos que Ricardo Quaresma acaba por ser nesta fase o 3.º mais indiscutível considerando a importância que teve na qualificação. Com Fernando Santos, Quaresma é um joker para lançar no decorrer dos jogos, e o extremo do Besiktas convive actualmente bem com essa função. Assim, e embora Bernardo Silva possa também ser incluído nas contas como "avançado" e não no lote de médios, as vagas à partida destinadas a Danny e Éder são aquelas que merecerão maior discussão e reflexão. Nenhum aproveitou propriamente as oportunidades concedidas (Danny jogou bem na Sérvia, mas fez muito pouco nas várias chances a titular que teve com FS), o que poderá permitir a elementos mais jovens serem uma cartada imprevisível de Fernando Santos. Cremos que se o Porto emprestar André Silva em Janeiro, o avançado do Porto não teria dificuldades em obrigar Fernando Santos a chamá-lo em vez de Éder, e veremos se Gonçalo Guedes não atira Danny para fora do Euro 2016.

    Basicamente, para além daqueles 23 acima apresentados, que seriam possivelmente as actuais escolhas do seleccionador, mas que não achamos que será o conjunto final, pode haver uma certa injecção de juventude. Chamar Nélson Semedo em vez de um dos laterais, fazer de Rúben Neves o benjamin da Selecção, preferir Raphael Guerreiro a Eliseu, optar pelas características diferenciadoras de João Mário, e arriscar em Guedes e André Silva são algumas opções que não serão de todo descabidas.
    
    Perto do Euro 2016 faremos, como fizemos na antevisão do Mundial 2014, um artigo com os nossos convocados de Portugal. Neste momento passariam por: Rui Patrício, Beto, Anthony Lopes; Nélson Semedo, Vieirinha; Pepe, José Fonte, Ricardo Carvalho, Bruno Alves; Fábio Coentrão, Raphael Guerreiro; Tiago, William Carvalho, Danilo Pereira, André André, João Moutinho, Rúben Neves, André Gomes; Bernardo Silva, Nani, Cristiano Ronaldo, Ricardo Quaresma, André Silva.


Jogos Olímpicos

Prever os convocados de Rui Jorge para os JO é bastante mais difícil. Primeiro, porque dependerão de certa forma dos convocados para o Euro 2016 - alguns jogadores que fiquem "à porta" da convocatória final, acabarão por ter no Brasil o seu prémio de época. Depois, Rui Jorge enfrentará uma dúvida: privilegiar a estrutura da geração de Sub-21 actual, que trabalhará pontualmente em conjunto até lá, ou premiar a geração de Sub-21 que chegou à final do Europeu e que garantiu o acesso ao certame do Brasil. O resultado final será, provavelmente, uma mistura das duas teses, uma vez que Portugal não trabalhará uma equipa como por exemplo o Brasil até ao começo da competição.


A solução apresentada acima é ainda mais hipotética, e visa apenas demonstrar a capacidade que Portugal terá de - sem repetir elementos - apresentar duas Selecções fortes e com elevadas ambições tanto no Euro 2016 como nos Jogos Olímpicos.
    Embora jogadores como Nélson Semedo, Raphael Guerreiro, João Mário, Rúben Neves e Gonçalo Guedes (principalmente esses) tenham legítimas aspirações de ir a França, os que não forem convocados certamente acabarão sob a asa de Rui Jorge. Nestes 23, vemos 15 jogadores que estiveram presentes na República Checa no Europeu de Sub-21. As oito diferenças prendem-se com André Moreira, Nélson Semedo, Rúben Vezo, Bruno Fernandes, Adrien, Bruma, Gonçalo Guedes e Gelson Martins nos lugares de Daniel Fernandes, João Cancelo, Frederico Venâncio, William Carvalho, Bernardo Silva, Tozé, Iuri Medeiros e Carlos Mané.
    
    Como muitos saberão, Portugal pode levar 3 jogadores acima de 23 anos. Sinceramente, não é assim tão certo que Rui Jorge irá usufruir desse suposto "trunfo". Jogadores como Éder ou, principalmente, Adrien Silva, teriam a capacidade e a mentalidade para integrar de forma profissional e dedicada esta geração, mas muito dependerá dos jogadores que "morrerem" nos pré-convocados de Fernando Santos. Por exemplo: se FS chamar Nélson Semedo e Vieirinha, Cédric será provavelmente um dos +23 nos Jogos Olímpicos, mesmo havendo ainda Esgaio e Cancelo.
    
    Estamos numa fase ainda muito precoce, mas com uma boa dose de futurologia e seguindo o raciocínio daqueles que seriam os nossos 23 convocados para o Euro, e não o cenário aparentemente mais provável neste momento, chamaríamos com os indicadores actuais aos Jogos Olímpicos: José Sá, André Moreira, Bruno Varela; Cédric, Pedro Pereira, Paulo Oliveira, Tiago Ilori, Tobias Figueiredo, Rúben Vezo, João Cancelo, Ricardo Pereira; Sérgio Oliveira, Bruno Fernandes, João Mário, Rony Lopes, Adrien, Rafa; Ricardo Horta, Bruma, Gonçalo Guedes, Gelson Martins, Ivan Cavaleiro, Éder.


Poucas dúvidas restam. Portugal tem tudo para sonhar e marcar tanto o Euro 2016 como os Jogos Olímpicos com uma prestação positiva!

18 de outubro de 2015

Crítica: Beasts of No Nation

Realizador: Cary Joji Fukunaga
Argumento: Cary Joji Fukunaga, Uzodinma Iweala
Elenco: Idris Elba, Abraham Attah, Ama K. Abebrese, Emmanuel Nii Adom Quaye
Classificação IMDb: 7.8 | Metascore: 79 | RottenTomatoes: 92%
Classificação Barba Por Fazer: 84

Aquele que era um dos filmes para o qual tínhamos maiores expectativas na recta final de 2015, é tudo o que se podia esperar e desejar. Cary Fukunaga a dar o passo certo depois de 'True Detective', Idris Elba a elevar o filme para um patamar de excelência e o jovem Abraham Attah a ser uma verdadeira revelação. Mas vamos por partes.
    Quando a Netflix comprou os direitos de distribuição de 'Beasts of No Nation' deu o passo que faltava para se tornar uma referência em termos de oferta cultural e promoção dos melhores projectos. Tendo já várias séries originais, era isto que faltava - um filme Netflix, capaz de agitar as águas e a própria mecânica do consumo cinematográfico. A "ousadia" da Netflix originou polémica, e um boicote por parte de algumas distribuidoras, desagradadas com o facto da Netflix também integrar o filme na sua grelha de subscrição de video-on-demand.
    'Beasts of No Nation' é um grande filme. Dito de forma simples. Um daqueles que merece tudo de bom.
   O projecto realizado e escrito para o cinema por Cary Joji Fukunaga, a adaptar a obra que Uzodinma Iweala escreveu acabadinho de sair de Harvard, é extremamente completo, explora uma terrível realidade sob a perspectiva certa, tudo com uma dimensão visual impressionante. Mérito de Fukunaga, a conciliar ele próprio a Realização e Fotografia.
    Num país africano não identificado, a guerra civil e as confusões entre rebeldes e a força armada governamental tira a família ao jovem Agu (Abraham Attah), que consegue fugir. Sozinho, Agu acaba capturado pelos rebeldes mercenários da NDF, liderados pelo Commandant (Idris Elba), e é treinado como criança-soldado. Um dos pontos fortes de 'Beasts' é o facto de Fukunaga conseguir que a guerra seja sempre percepcionada e oferecida aos espectadores através do olhar - progressivamente menos inocente - de uma criança, visão de Agu e do seu amigo que nunca fala, Strika (Emmanuel Nii Adom Quaye).
    Há muitos pormenores que impressionam, que tornam 'Beasts of No Nation' uma obra-prima graças ao seu resultado conjunto. Tem a capacidade de abordar a realidade trágica sem medo e tabus como, por exemplo, 'Cidade de Deus', e carrega uma aura semelhante à de 'Blood Diamond' na paisagem e em parte no tema, embora transmita (e ainda bem, neste caso e para o efeito) uma menor mensagem de esperança. Despindo 'Beasts' nas suas várias camadas, comecemos por Fukunaga. Aos 38 anos já é indiscutível que o realizador norte-americano de raízes nipónicas é um dos mais promissores e talentosos jovens realizadores da actualidade, uma certeza para os próximos anos. Realizou 'Sin Nombre' e 'Jane Eyre', explodiu em termos de notoriedade ao realizar a 1.ª temporada de 'True Detective', e agora dá o passo seguinte certo ao confirmar o seu valor numa aposta pessoal e na qual volta a deixar a sua forte impressão e assinatura: novamente algumas cenas longas sem parar de filmar e cheias de adrenalina, homenageando o património natural de África e eternizando o filme através da simplicidade de uma adulteração cromática em tons de magenta.
    Mas, a reforçar o trabalho do realizador, há um elenco fantástico. De uma honestidade e autenticidade no ecrã que nos faz duvidar se estamos a ver um filme ou filmagens de um cenário de guerra verdadeiro, algo a destacar por tratar-se da estreia para muitos dos actores. Idris Elba, que apenas conhecemos por Commandant, um líder carismático, egoísta e ganancioso, manipulador (These are the ones that killed your father), corrosivo, falsa figura paternal, consegue uma interpretação poderosa como nunca antes tinha tido no Cinema, mas sim ao nível dos seus melhores trabalhos num par de séries televisivas. Em condições normais, pelo menos a nomeação para Melhor Actor Secundário deve estar garantida nos Óscares 2016.
    No entanto, embora Elba seja uma das bandeiras do filme com a sua pronúncia mudada, quem vê 'Beasts of No Nation' tem uma verdadeira revelação: Abraham Attah. Em 2013 muito se falou em Barkhad Abdi (inclusive nomeado para óscar por 'Captain Phillips'), mas Attah sim merece todo o reconhecimento porque é um case study muito mais acentuado - o casting de 'Beasts of No Nation' descobriu potencial num rapaz que estava a jogar à bola nas ruas do Gana e Abraham Attah, na pele de Agu, é "só" um dos melhores desempenhos de uma criança nos últimos anos largos de Cinema. Extraordinário olhar para ele no começo do filme, de sorriso aberto e a tentar vender as Imagination TV, e vê-lo nos últimos segundos de filme - 2 horas e 17 minutos (duração adequada, porque neste caso nada é acessório, e o tempo joga a favor da metamorfose) depois - retraído, a dizer-nos que não quer ser julgado como uma besta, um diabo, e a recordar-nos que em tempos já teve uma mãe, um pai, uma família.
 
    Confiem, 'Beasts of No Nation' pertence à nata de grandes filmes em clima de guerra. Oxalá a Academia seja capaz de avaliar 'Beasts' pelo que o filme é, pondo de parte polémicas e o facto de fugir à dinâmica normal de consumo cinéfilo. Fukunaga, Elba, Attah - três excelentes razões para verem a inocência desaparecer à frente dos vossos olhos num filme, numa palavra, poderoso.

16 de outubro de 2015

Dicas Fantasy Premier League - Jornada 9

Aí vem a Premier League. Depois de 2 semanas de interrupção para se jogarem os jogos internacionais das Selecções, uma espécie de Survivor tendo em conta as inúmeras vítimas provocadas, o principal escalão do futebol inglês retoma a normalidade. Este intervalo trouxe más notícias para o Manchester City, e boas notícias para o Liverpool. Os citizens perderam a dupla David Silva e Kun Agüero (um azar tremendo, logo depois da sua mítica jornada 8), enquanto que o Liverpool rescindiu com Brendan Rodgers, tendo agora o entusiasmante Jürgen Klopp a comandar a equipa de Anfield.
    A estreia do treinador alemão, um dos nossos preferidos da actualidade, abre a jornada num Tottenham-Liverpool ao qual os spurs chegam em melhor momento, embora apenas com mais 1 ponto que o seu adversário, podendo no entanto haver efeito da Vitamina K. O jogo das 12:45 de Sábado é o principal destaque desta 9.ª jornada, mas o Everton-Manchester United, o Crystal Palace-West Ham e o Southampton-Leicester reúnem todos ingredientes suficientemente fortes para entreterem os espectadores.
    Há duas semanas a jornada 8 acabou por ser uma jornada "fácil", na medida em que os jogadores mais cotados pontuaram (e bem). Sergio Agüero estabeleceu um novo máximo individual com os seus 25 pontos contra o Newcastle - 5 golos em 20 minutos. Melhor, só Lewandowski. Alexis Sánchez, uma semana depois de fazer 20 pontos contra o Leicester, chegou aos 16 pts na recepção ao Manchester United, um 3-0 relativamente surpreendente no qual Alexis, Özil (13 pts) e Walcott semearam o terror. Com 15 pontos, De Bruyne e Eriksen foram destaques, tal como Pellè e Cabaye, com 14.
(Podem-se juntar à Liga Barba Por Fazer: Código - 114493-481221)

Não incluímos abaixo Alexis Sánchez, mantendo a regra de não recomendar um jogador duas jornadas consecutivas, tal como não indicamos Mané ou Diego Costa para manter a abordagem de apenas um jogador por equipa nos 5 destaques. Assim, olhando para a 9.ª jornada, atenção a:

Graziano Pellè - Southampton - 8.2
    Ao fim de oito jornadas, o matador italiano do Southampton é o avançado com mais pontos do Fantasy e o 4.º jogador com melhores números, apenas suplantado por Mahrez, Payet e Alexis Sánchez. Depois de marcar 12 golos e fazer 6 assistências em 2014/ 15 (época de estreia em Inglaterra), o titular da selecção italiana contabiliza já 5 golos e 5 assistências, números bastante prometedores tendo em conta a sequência de jogos positiva que o Southampton tem pela frente. Para se ter uma ideia, o Southampton leva neste momento 13 golos, com Pellè a participar activamente (golo ou assistência) em 10 desses 13.
    A lesão de Agüero, especialmente frustrante por acontecer depois de um jogo em que o craque argentino marcou 5 golos, terá naturais consequências em muitos plantéis de Fantasy. Quem o tinha, terá que o substituir. Quem o colocou logo depois de o ver disparar 5 tiros certeiros, terá infelizmente gasto uma transferência em vão. Custando Agüero 13.3, qualquer substituto será mais barato e os candidatos imediatos são - Pellè, Diego Costa, Bony (substituto directo), Sturridge, Lukaku e Kane. Entre estes, Pellè parece-nos a melhor opção. O Southampton tem, entre as jornadas 9 e 15, apenas dois jogos complicados; e por isso mesmo o trio Pellè, Tadic e Sadio Mané (7.9) tem tudo para pontuar bem. Esta jornada há Southampton-Leicester, sendo que as raposas azuis atacam bem mas defendem mal, o que poderá levar Mané e Pellè (habitualmente mais forte em casa) a explorarem as fraquezas de um adversário no qual já se sabe que Vardy e Mahrez são peças-chave.


Kevin De Bruyne - Manchester City - 10.4
    Agüero fora de combate aproximadamente 1 mês, David Silva fora de combate por um período à partida mais curto. No City, é tempo de Bony se assumir como o goleador que era no Swansea e Vitesse, a não ser que Pellegrini prefira jogar com Sterling como falso 9, o que é menos provável. Certo é que, apesar de Agüero ser Agüero, o impacto de não ter Silva é abismal - quando o espanhol jogou esta época, o City ganhou sempre; nos 3 jogos em que Silva não jogou o City perdeu dois, marcando apenas 3 golos, enquanto que com Silva o ataque facturou por 16 vezes em 5 jogos.
    Todo este raciocínio faz de Kevin De Bruyne o elemento mais importante do Manchester City no período vindouro. O craque belga, que se adaptou às mil maravilhas, mostrou na Alemanha que gosta de ter uma equipa para levar às costas, e tendo o City um calendário acessível a médio-prazo (o United esfregará as mãos de contente caso Silva, tal como Agüero, não jogue de facto o derby) De Bruyne é uma obrigação. Quando foi titular marcou sempre, vem de uma sequência de 10-7-15, tendo no último jogo contra o Newcastle feito 1 golo (o melhor da tarde) e 2 assistências, e ao serviço da selecção manteve a pontaria afinada, marcando nos dois jogos. Curiosamente, em ambos de livre directo.


Willian - Chelsea - 6.8
    Neste momento os adversários de Chelsea e Tottenham pensarão duas vezes antes de cometerem faltas à entrada da sua grande área. Porquê? Willian e Eriksen estão letais na conversão de livres directos.
    A época do Chelsea tem sido miserável, como todos sabemos, mas se há um único jogador ao qual não se pode apontar o dedo, esse jogador é Willian. O brasileiro, sempre em alta rotação e total compromisso com a equipa, recupera bolas, transporta jogo, desequilibra, e nos últimos dois jogos pelo clube (3, caso contemos com a deslocação ao Estádio do Dragão) marcou. Junta-se a isso o seu bis no segundo jogo do Brasil nesta paragem para ser evidente o seu bom momento.
    O jogo com o Aston Villa, depois de uma pausa de 2 semanas para respirar fundo, é uma excelente oportunidade para o Chelsea se recompor. A equipa precisa que Hazard, Fàbregas, Diego Costa e Matic apresentem o nível de 14/ 15, sendo que Mourinho terá contra a equipa de Sherwood duas dúvidas: entre Oscar, Willian e Pedro 1 deverá ficar no banco (poderá até ser Willian, que recomendamos, mas seria um disparate) e com a lesão de Ivanovic ao serviço da Sérvia, ou Baba se estreia, puxando Azpilicueta para lateral-direito, ou Zouma é adaptado a lateral, mantendo-se Terry-Cahill no centro, uma dupla que voltou a não correr bem contra o Southampton.


Georginio Wijnaldum - Newcastle - 6.8
    O último classificado da Premier League tem sido uma desilusão de todo o tamanho, perdendo apenas para o Chelsea, por se tratar do campeão em título. Enquanto o rival Sunderland já usou a sua cartada habitual e anual de trocar de treinador (saiu Advocaat, entrou Sam Allardyce), o Newcastle continua com McClaren. Veremos por quanto tempo mais. Olhando para as próximas 5 jornadas, se o Newcastle tiver força para se levantar e dar um pontapé na crise, este é o momento certo.
    O Newcastle-Norwich coloca frente-a-frente uma equipa a surpreender pela negativa e outra a surpreender em sentido inverso, mas em holandês se deve decidir o jogo. Depois da Holanda não se conseguir apurar para o Euro-2016, nem garantir um lugar no Play-Off, Wijnaldum sabe que não viajará até França no próximo Verão. Por isso mesmo, e sem um certame internacional para se mostrar, o camisola 5 dos magpies terá que fazer pela vida nesta Premier League. Pela sua carreira, e pelo sucesso do Newcastle. Certo é que Wijnaldum tem qualidade mais do que suficiente para fazer a diferença no jogo deste fim-de-semana, mas seria importante que Ayoze e o até-agora-flop Mitrovic o ajudassem. Mas atenção, porque o jogo também se pode decidir em holandês mas por omissão: Tim Krul deve falhar o resto da temporada. Será que Rob Elliot consegue estar à altura?


Daniel Sturridge - Liverpool - 10.6
    "All you need is Klopp" - o espectacular, carismático, revolucionário e louco Jürgen Klopp, metendo os Beatles à mistura, deu o mote para a nova Era que se iniciou em Anfield. Um período que aguardamos com muita expectativa.
    O treinador alemão parece estar em sintonia perfeita com aquilo que é o Liverpool, com o ADN do clube, e a lógica - olhando para o futebol do Dortmund - diz que jogadores como Coutinho, Sturridge, Firmino, Milner e Emre Can podem crescer muito com o novo treinador. Benteke e Henderson serão "reforços" a médio-prazo, e jogadores como Lallana e Ibe têm agora uma boa oportunidade de complicar positivamente a vida do recém-chegado Klopp.
    Depois de Rodgers muito insistir (teimosamente) num sistema com 3 centrais, a chegada de Klopp deverá fazer com que o Liverpool opte por um 4-2-3-1 ou 4-3-3. Contra o Tottenham, uma equipa que se tem apresentado estável do ponto de vista defensivo, e que cresceu com o regresso de Eriksen, a vitamina K(lopp) será fundamental para que os jogadores se transcendam e definam um ponto de partida para algo novo, algo melhor. Ainda é preciso que Sturridge se mantenha fresco e saudável mais alguns jogos para confiarmos na sua condição física, depois de uma lesão tão longa, mas pode estar aqui o novo Aubameyang do alemão.



Outras Opções:
- Guarda-Redes: Embora esta jornada 9 seja pautada por algum equilíbrio, e vários jogos que deverão ter golos dos dois lados, há 3 guarda-redes que se destacam como boas opções. Primeiro, Boaz Myhill (4.7). O guardião do WBA já somou 4 clean sheets e tem à sua frente uma defesa sólida, embora vá defrontar um Sunderland que quererá mostrar serviço ao novo treinador.
    Joe Hart (5.7) e Asmir Begovic (5.0) são os outros dois favoritos entre os postes, embora o City tenha que demonstrar que há vida sem Silva e Agüero, e o Chelsea esteja longe de dar garantias em termos defensivos. A ausência de Ivanovic, porventura o pior jogador dos blues neste começo de época, pode ser positiva.

- Defesas: Na defesa a tendência é seguir o mesmo caminho. O super-capitão Ashley Williams (5.0), uma autêntica força da natureza, levará para o jogo com o Stoke City a motivação de ter levado o seu País de Gales ao Euro-2016. Porque os galeses são Bale e Ramsey, mas têm um grande capitão no coração da sua defesa. Para além de Williams, e de acordo com o que dissemos no sector dos guarda-redes, César Azpilicueta (6.0) e Nicolás Otamendi (6.5) são aparentemente boas opções, o primeiro porque será garantidamente titular e pode envolver-se na dinâmica ofensiva, e o segundo porque mesmo que Kompany regresse ao 11, deve manter-se. Num segundo plano, Craig Dawson (5.1), bem como o holandês Virgil van Dijk (5.5). E veremos como se dão os defesas do Arsenal com Ighalo e Deeney, e se Wenger irá ou não "rodar" em algum sector olhando para o jogo da Champions com o Bayern.

- Médios: Já mencionámos De Bruyne, Willian, Wijnaldum e Sadio Mané, pelo que jogadores como Alexis Sánchez (11.3) e Dimitri Payet (8.1) têm que ser referidos, mesmo que comecem a ser escolhas demasiado recorrentes. Os livres de Christian Eriksen (8.3), o melhor jogador de 2015 Eden Hazard (11.3), a classe de Wes Hoolahan (5.2) e Yohan Cabaye (6.5) e um senhor que ainda não caiu no esquecimento chamado Mahrez completam o lote de médios. Mas tirem notas dos médios do Liverpool, dos principais elementos do meio-campo do Swansea e dos restantes médios que farão companhia a Alexis diante do Watford. 

- Avançados: No pós-Agüero falámos acima de Pellè e Sturridge, mas importa ainda acrescentar os restantes bons candidatos a substituir Agüero -  Diego Costa (10.9), que procura apresentar o nível da época passada, e Wilfried Bony (8.2), o herdeiro directo do argentino. Se Berahino estiver apto para defrontar o Sunderland poderá ser determinante, caso contrário Steven Fletcher, depois de uma boa jornada internacional, pode ajudar a equipa agora comandada por Sam Allardyce a sorrir finalmente.
    Vardy é o melhor marcador do campeonato, Kane quer estragar a estreia a Klopp, Lukaku e Martial prometem medir forças no estádio que viu Rooney estrear-se para o futebol, e não nos chocaria que Ighalo ou Deeney complicassem a tarefa do Arsenal.


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11 (3-5-2): Myhill; Williams, Azpilicueta, Otamendi; De Bruyne, Wijnaldum, Sánchez, Mané, Willian; Pellè, Costa

Atenção a (Clássico; Diferencial):
Tottenham v Liverpool - Christian Eriksen; Daniel Sturridge
Chelsea v Aston Villa - Diego Costa; Willian
Crystal Palace v West Ham - Dimitri Payet; Yohan Cabaye
Everton v Manchester United - Romelu Lukaku; David De Gea
Manchester City v Bournemouth - Kevin De Bruyne; Wilfried Bony
Southampton v Leicester City - Graziano Pellè; Sadio Mané
West Brom v Sunderland - Saido Berahino; Steven Fletcher
Watford v Arsenal - Alexis Sánchez; Troy Deeney
Newcastle v Norwich - Georginio Wijnaldum; Wes Hoolahan
Swansea v Stoke - André Ayew; Gylfi Sigurdsson

10 de outubro de 2015

Garganta Afinada. Top 20 ( nº 110 )

    Eih, que dia chuvoso... Como o frio também já bateu aí à porta, temos um plano para este vosso fim-de-semana: munam-se de mantas e fiquem na ronha a ouvir o nosso GA de hoje! Han? Que tal? A nós parece-nos uma excelente ideia.
    Hoje temos uma grande contribuição de Sons of Anarchy no nosso top. Embora hajam imensas músicas de qualidade para figurarem no nosso GA, não quisemos fazer um all-in neste top. Temos presentes quatro músicas desta grande série norte-americana, nas quais constam a forte "Goodbye, Dear Friend" de Deer Tick, a "Lay Me Down" de Cold Specks, "We Don't Need No Love Songs" de
Fitz and the Tantrums e ainda a "All Of This Could Have Been Yours" de Shooter Jennings. Os momentos mais marcantes da série são sempre carimbados por música de grande qualidade, embora todas as outras cenas - ditas não tão relevantes - também sejam acompanhas com boa música que elevam o nível da série. Para além da significativa e brutal contribuição de Sons of Anarchy para este GA, há ainda mais séries a alimentar este Top: Siouxsie Sioux e Brian Reitzell construíram o adeus de Hannibal, Mr. Robot despediu-se - antes da cena pós-créditos - ao som de Alabama Shakes, e em Suits o soul de Leon Bridges tornou-se parte de uma banda sonora com impressão digital própria. Das séries partimos para as longas-metragens cinematográficas com o instrumental “Remember Me as a Time of Day” dos Explosions in the Sky a intensificar um dos momentos altos de Me and Earl and the Dying Girl. Mais lá para cima temos o repetente, mas sempre bem vindo City and Colour com "If I Should Go Before You" e ainda uma cover excepcional tocada por Chet Faker que ousou pegar na "I Want Someone Badly" de Jeff Buckley - um dos melhores músicos de sempre - e o selo de qualidade ficou lá. Pegar numa grande música, de um grande músico é sempre um risco. Chet arriscou e saiu-se muito bem. Este GA 110 marca ainda uma viagem no tempo. Há 15 anos os Coldplay lançaram o seu álbum de estreia (Parachutes) no qual “Don’t Panic” era a primeira faixa. Dois minutos e 17 dos britânicos que nunca tínhamos partilhado num Garganta Afinada. Para além desta viagem no tempo há ainda uma estreia, AURORA, cuja “Runaway” tem acompanhado a publicidade do TVCine e Séries; e o regresso dos Bear’s Den, a reinterpretarem um original de Drake. Ao contrário do que temos vindo a habituar-vos hoje a trupe nacional não é assim tão grande quanto isso. Mas a bandeira está muito bem representada por Isaura com a música "Change it". A artista portuguesa é uma das mais promissoras cantoras nacionais da actualidade e irá actuar no dia 15 de Outubro com Francis Dale, no Lux. Uma reunião perfeita que ainda contará com a presença de Fred (artista dos mil e um projectos) e Ben Monteiro (D'alva e Mount Keeper). Tom Cruise ajudou os The Weeknd a figurarem aqui graças à sua contagiante performance no Lip Sync Battle com Jimmy Fallon, e para os fãs de Game of Thrones que desesperam pela chegada da 6.ª temporada, podem matar saudades de Maisie Williams (Arya Stark) numa boa música e videoclip dos Seafret, banda com potencial. E sim, a combinação Macklemore / Ed Sheeran ocupa um dos primeiros lugares. Uma dedicatória à filha recém-nascida, Sloane, por parte daquele que é um dos rappers mais talentosos e influentes da actual geração. Mais lá para baixo surge ainda Jay-Z que também ele quis dedicar uma música à sua filha.
    Assim vos deixamos, caros leitores. Agasalhem-se bem e não se constipem neste fim-de-semana!






1. Chet Faker - I Want Someone Badly (Jeff Buckley Cover)
2. Macklemore & Ryan Lewis ft. Ed Sheeran - Growing Up (Sloane’s Song)


7 de outubro de 2015

Previsões Óscares 2016 (Actualizado a 07/10/15)

Um mês depois de olharmos para os Óscares 2016 pela primeira vez, está na altura de actualizar tendências e perceber que filmes, realizadores, actores e actrizes têm ganho cotação e visto as suas hipóteses de terem uma noite dourada a 28 de Fevereiro aumentarem.
    Mantemos o foco nas categorias de Melhor Filme, Melhor Actor, Melhor Actriz, Melhor Actor Secundário, Melhor Actriz Secundária e Melhor Realizador.
    Passado um mês e depois de vários filmes terem estreado nos EUA, em festivais ou já no Cinema, 'Spotlight' e 'Room' terão sido quem viu a sua reputação crescer de forma galopante. Em consequência disso, Michael Keaton poderá ser nomeado novamente, agora como secundário, e Brie Larson, que aos 26 anos já se destacara principalmente em 'Short Term 12' começa a construir um buzz suficiente para ter a sua estreia entre as candidatas a Melhor Actriz.
    Os meses de Novembro e Dezembro são aqueles em que, habitualmente, tudo começa a ganhar forma e as dúvidas passam a certezas, daí que só devamos voltar a actualizar as nossas Previsões no final de Novembro/ início de Dezembro. A grande noite do Cinema acontece a 28 de Fevereiro, e recordamos que os nomeados serão anunciados dia 14 de Janeiro.


Melhor Filme

    Ainda ninguém pôs os olhos em The Revenant, The Hateful Eight e Joy, um trio com muita força e potencial, e por isso mesmo para já Spotlight - o filme que aborda um escândalo de pedofilia relacionado com o clero em Boston, denunciado pelos jornalistas locais - teve um crescendo brutalmente significativo entre os críticos, parecendo já certo que Tom McCarthy, outrora actor de 'The Wire', poderá ambicionar ver o seu filme nomeado para a categoria principal, bem como em termos de realização, actor secundário e argumento original. É curioso verificar que McCarthy realizou em 2014 o flop 'The Cobbler' e a prova do seu ecletismo é que colaborou na adaptação do argumento, ele que teve uma nomeação da Academia pelo argumento de 'Up' em 2010.
    Numa fase tão precoce, 'Spotlight' faz-se acompanhar por Steve Jobs e Carol como verdadeiros produtos cinematográficos de acordo com o gosto habitual da Academia. Em relação a The Danish Girl (só comentaremos quando o virmos) não há consenso - há quem aclame, há quem aponte Redmayne à vitória, há quem diga que Vikander se destaca mais do que o seu co-protagonista, e há quem ache o filme mau. A colaboração entre Steven Spielberg e Tom Hanks, Bridge of Spies, continua bem cotada, mas estes Óscares 2016 parecem mais difíceis de prever à priori do que os últimos.
    É uma certeza que Inside Out pode continuar a ter alguma esperança de surgir entre os nomeados para Melhor Filme, parecendo ter uma mão e meia na estatueta de Melhor Filme de Animação (mas vamos ver se 'O Principezinho' não baralha as contas), e depois há várias coisas como Beasts of No Nation, Sicario, Son of Saul, Me and Earl and the Dying Girl para os quais a coisa ainda pode correr bem. Importa ainda referir The Big Short, Miles Ahead e Concussion, o primeiro pelo valor conjunto e pelo extraordinário elenco (Christian Bale, Brad Pitt, Ryan Gosling e Steve Carell), e os dois últimos porque também poderão colocar Don Cheadle e Will Smith noutras corridas.
    Room, tal como 'Spotlight' foi quem mais beneficiou em termos mediáticos no decorrer de Setembro. O conceito é interessante: uma mãe (Brie Larson) e o seu filho são enclausurados vivendo num compartimento fechado, acabando ela por tentar levar o seu filho de 5 anos a acreditar que aquele quarto é tudo o que existe no mundo, até ao dia em que conseguem fugir. O filme poderá até não ser nomeado mas Brie Larson está bem colocada entre as possibilidades para Melhor Actriz, e veremos o que o pequeno Jacob Tremblay consegue.


Melhor Actor Principal

    Uma vez que o consenso à volta da interpretação de Eddie Redmayne em 'The Danish Girl' não tem sido o esperado - embora continue muito bem colocado para, um ano depois de vencer, voltar a ser nomeado - poderá ser desta que Leonardo DiCaprio respira fundo finalmente. O actor que já foi 5 vezes nomeado colabora em 'The Revenant' com o realizador Alejandro González Iñárritu e reservamos elevadas expectativas para o seu papel.
    Para além de DiCaprio e Redmayne, Michael Fassbender também é quase uma garantia. Depois de ser nomeado em 2014 pelo seu desempenho secundário em '12 Years a Slave', 2016 poderá marcar a sua primeira nomeação como actor principal, graças ao seu Steve Jobs.
    Abaixo deste trio, há um amplo universo de possibilidades. Desde a veterania de Michael Kaine e Tom Hanks ao irreconhecível Johnny Depp em 'Black Mass', passando ainda por Bryan Cranston, Don Cheadle e Will Smith. E visto que Bradley Cooper é um dos meninos bonitos da Academia, veremos o que faz com 'Brunt', embora o seu papel secundário em 'Joy' também seja uma janela de oportunidade para alcançar o 4.º ano consecutivo a ser nomeado.


Melhor Actriz Principal

    Tudo estava encaminhado para Cate Blanchett voltar a subir ao palco, mas de repente estreou 'Room' e o word-of-mouth em relação a Brie Larson não pára em Hollywood. Até ver, Larson e Blanchett, donas de estatutos bem diferentes no cinema contemporâneo, partem na frente mas todos queremos ver o que Jennifer Lawrence faz em 'Joy' dirigida pelo seu realizador preferido, David O. Russell.
    Entre Carey Mulligan, em 'Suffragette', e Saoirse Ronan ('Brooklyn') é possível que a Academia só opte por uma, isto porque esta temporada de 2015/ 16 inclui vários destaques de actrizes conceituadas como Charlotte Rampling, Lily Tomlin, Maggie Smith e Blythe Danner.
    Há outsiders, certamente, como Emily Blunt em 'Sicario', Sarah Silverman num registo bem diferente do habitual em 'I Smile Back' e a jovem revelação Bel Powley. A própria Charlize Theron, em 'Mad Max: Fury Road' apresenta uma candidatura furiosa, embora tanto possa ser principal como considerada secundária. Na mesma condição estará Alicia Vikander, a actriz que parece ser omnipresente nos tempos recentes, mas em relação a Vikander tudo parece levar a crer que concorrerá como secundária em 'The Danish Girl', até porque assim terá maiores hipóteses de ganhar.


Melhor Actor Secundário

    E se o sucessor de J.K. Simmons for um actor que durante largo período do ano passado foi apontado à vitória na categoria de Melhor Actor? Pois bem, Michael Keaton perdeu (justamente) para Eddie Redmayne, mas aparentemente pode regressar à mesa de possibilidades da Academia graças a 'Spotlight'. Numa categoria sempre interessante, e que se espera bastante lotada este ano, Idris Elba ('Beasts of No Nation') e Benicio del Toro ('Sicario') mantêm-se bem colocados, ao contrário de Paul Dano, Harvey Keitel e Jason Segel. Caso Samuel L. Jackson seja o actor principal de 'The Hateful Eight', os seus companheiros de set serão evidentes candidatos nesta categoria, ou não fossem personagens de Tarantino.. e como se isto tudo não bastasse há ainda que juntar Tom Hardy em 'The Revenant', Robert DeNiro e Bradley Cooper em 'Joy', Mark Rylance em 'Bridge of Spies', Mark Ruffalo também em 'Spotlight', e depois de tudo isto aquele trio - Christian Bale, Brad Pitt e Ryan Gosling - em 'The Big Short'.


Melhor Actriz Secundária

    Mantemos alta confiança que Jennifer Jason Leigh, nas mãos de Tarantino, vai fazer parte do quinteto final. No entanto, precisa certamente de companhia. E neste momento, Rooney Mara e Alicia Vikander parecem ser as actrizes capazes de guerrear pela estatueta, querendo suceder a Patricia Arquette, uma mãe que aturou o seu filho durante 12 anos. À partida, parece que estaremos perante uma categoria forte nas nomeadas mas com pouca e mais fraca concorrência fora do lote principal. Depois do trio Jason Leigh, Mara e Vikander, há algumas actrizes mas muitas dúvidas: Kate Winslet em 'Steve Jobs' é certamente merecedora de um voto de confiança pelo que costuma pôr de si nos papéis, 'Youth' conta com Jane Fonda e Rachel Weisz, Julie Walters e Joan Allen são nomes para incluir, bem como Rachel McAdams.


Melhor Realizador

    Não é impossível Alejandro González Iñárritu arrecadar 2 óscares de Melhor Realizador consecutivos. O facto de 'The Revenant' contar com DiCaprio e Tom Hardy certamente será uma boa ajuda. Tom McCarthy ('Spotlight') intrometeu-se entre os favoritos à nomeação, embora David O. Russell e Tom Hooper sejam nomes que a Academia considera sempre, mesmo que a Crítica não se deixe impressionar pelos seus trabalhos.
    Quentin Tarantino ambiciona ser nomeado pela terceira vez como Realizador, tendo apenas ganho por 2 Argumentos; Steven Spielberg (ainda) é Steven Spielberg, Danny Boyle realizou a versão de 'Steve Jobs' que contará em definitivo para o Cinema, isto sem esquecer outsiders que têm que ser tidos em consideração como Cary Fukunaga, Lenny Abrahamson, Adam McKay, Laszlo Nemes e Alfonso Gomez-Rejon.



MELHOR FILME
The Revenant, Spotlight, Joy, The Hateful Eight, Steve Jobs, Bridge of Spies, The Danish Girl, Carol, Room, Beasts of No Nation, The Big Short, Brookyln, Inside Out, Me and Earl and the Dying Girl, Sicario, Son of Saul, Genius, Trumbo, Miles Ahead, Mad Max: Fury Road, Youth, The Martian, MacBeth, By the Sea, The Lobster


MELHOR ACTOR
Leonardo DiCaprio (The Revenant), Eddie Redmayne (The Danish Girl), Michael Fassbender (Steve Jobs), Michael Caine (Youth), Johnny Depp (Black Mass), Don Cheadle (Miles Ahead), Tom Hanks (Bridge of Spies), Colin Firth (Genius), Bryan Cranston (Trumbo), Géza Röhrig (Son of Saul), Jake Gyllenhaal (Southpaw), Will Smith (Concussion), Samuel L. Jackson (The Hateful Eight), Bradley Cooper (Burnt), Matt Damon (The Martian), Tom Hardy (Legend), Ian McKellen (Mr. Holmes), Jack O'Connell (Money Monster), Tom Hiddleston (I Saw the Light), Ben Foster (Icon), Joseph Gordon-Levitt (The Walk; Snowden), Brad Pitt (By the Sea)

MELHOR ACTRIZ
Brie Larson (Room), Cate Blanchett (Carol), Jennifer Lawrence (Joy), Carey Mulligan (Sufragette), Charlotte Rampling (45 Years), Saoirse Ronan (Brooklyn), Lily Tomlin (Grandma), Blythe Danner (I'll See You in My Dreams), Maggie Smith (The Lady in the Van), Emily Blunt (Sicario), Marion Cotillard (MacBeth), Charlize Theron (Mad Max: Fury Road), Sandra Bullock (Our Brand is Crisis), Julianne Moore (Freeheld), Sarah Silverman (I Smile Back), Angela Jolie (By the Sea), Cate Blanchett (Truth), Bel Powley (The Diary of a Teenage Girl)

MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO
Michael Keaton (Spotlight), Idris Elba (Beasts of No Nation), Benicio del Toro (Sicario), Tom Hardy (The Revenant), Mark Rylance (Bridge of Spies), Mark Ruffalo (Spotlight), Bradley Cooper (Joy), Harvey Keitel (Youth), Robert DeNiro (Joy), Kurt Russell (The Hateful Eight), Jason Segel (The End of the Tour), Paul Dano (Love and Mercy), Jacob Tremblay (Room), Christian Bale (The Big Short), Brad Pitt (The Big Short), Ryan Gosling (The Big Short), Bruce Dern (The Hateful Eight), Christoph Waltz (Spectre), Walton Goggins (The Hateful Eight), Joel Edgerton (Black Mass)


MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA
Alicia Vikander (The Danish Girl), Rooney Mara (Carol), Jennifer Jason Leigh (The Hateful Eight), Kate Winslet (Steve Jobs), Jane Fonda (Youth), Joan Allen (Room), Rachel Weisz (Youth), Julie Walters (Brooklyn), Rachel McAdams (Spotlight), Meryl Streep (Sufragette), Alicia Vikander (Ex Machina), Emayatzy Corinealdi (Miles Ahead), Ellen Page (Freeheld)


MELHOR REALIZADOR
Alejandro González Iñárritu (The Revenant), Tom McCarthy (Spotlight), David O. Russell (Joy), Quentin Tarantino (The Hateful Eight), Danny Boyle (Steve Jobs), Cary Fukunaga (Beasts of No Nation), Steven Spielberg (Bridge of Spies), Lenny Abrahamson (Room), Tom Hooper (The Danish Girl), Laszlo Nemes (Son of Saul), Denis Villeneuve (Sicario), George Miller (Mad Max: Fury Road), John Crowley (Brooklyn), Alfonso Gomez-Rejon (Me and Earl and the Dying Girl), Todd Haynes (Carol), Don Cheadle (Miles Ahead), Jodie Foster (Money Monster), Angelina Jolie (By the Sea), Michael Grandage (Genius), Pete Docter (Inside Out), Adam McKay (The Big Short)

6 de outubro de 2015

Crítica: Black Mass

Realizador: Scott Cooper
Argumento: Mark Mallouk, Jez Butterworth, Dick Lehr, Gerard O'Neill
Elenco: Johnny Depp, Joel Edgerton, Benedict Cumberbatch, Jesse Plemons, Rory Cochrane, Julianne Nicholson, Dakota Johnson
Classificação IMDb: 6.9 | Metascore: 68 | RottenTomatoes: 75%
Classificação Barba Por Fazer: 71

Senhoras e senhores, este é o Johnny Depp que o mundo do Cinema merece.
    'Black Mass' estreia esta quinta-feira nas salas de cinema em Portugal, e vive do que o actor que já foi Jack Sparrow, Eduardo Mãos-de-Tesoura,  o Chapeleiro Louco, Willy Wonka, Rango ou John Dillinger dá, numa faceta diferente para o actor camaleão mas que lhe assenta na perfeição.
    Johnny Depp é James "Whitey" Bulger. O filme, contado em retrospectiva através dos testemunhos dos vários associados de Bulger, baseia-se numa obra publicada em 2011 (Black Mass: The True Story of an Unholy Alliance Between the FBI and the Irish Mob) e pisa os terrenos de gangters e do Sul de Boston que 'The Departed' já percorreu.
    Em 1975, "Whitey" Bulger era um gangster americano de raízes irlandesas, cujo controlo do crime organizado no Sul de Boston estava apenas ameaçado pela máfia italiana local, encabeçada pelos irmãos Angiulo. "Whitey" era também irmão do senador de Massachusetts, William "Billy" Bulger (Benedict Cumberbatch). O regresso a Boston de um amigo de infância dos Bulger, John Connolly (Joel Edgerton), membro do FBI, torna-se o ponto-chave do filme e da história quando Connolly, com o objectivo de apanhar os Angiulo, promove uma aliança entre o FBI e "Whitey" Bulger, servindo este como informador numa suposta relação win-win.
    Quando o filme caminha para o seu final, a ideia com que se fica é que 'Black Mass' tinha condições para ser um grande filme neste género (crime/ máfia), mas acaba por ficar aquém do seu potencial. Em diversos momentos o filme transpira 'The Departed' ou 'Goodfellas' mas, se é mérito de Scott Cooper conseguir pelo menos provocar essa sensação, desilude a forma como fica tão longe desses dois clássicos, parecendo, verdade seja dita, forçar algumas semelhanças.
    A história por si só é suficientemente boa, mas algumas coisas parecem estar a mais, e o próprio ritmo do filme acaba por soar estranho. Não obstante, o casting foi competente ao atrair para o universo da máfia actores como Jesse Plemons, Peter Sarsgaard, W. Earl Brown ou Corey Stoll, mesmo com as suas pequenas contribuições. Cumberbatch ajuda a promover o filme mas o seu papel poderia muito bem ficar entregue a um actor em que não se sentisse que estava a ser um desperdício de talento, e Joel Edgerton - que se estreou recentemente a realizar com 'The Gift' - é perfeitamente adequado para dar corpo a John Connolly, uma personagem semelhante à de Matt Damon em 'The Departed'.
    Posto isto, o coração do filme é Johnny Depp. A caracterização ajuda naturalmente a demarcar "Whitey" Bulger de tantos outros papéis do actor, desta vez com um fino cabelo loiro penteado religiosamente para trás, uma dentição descuidada e uns olhos (exageradamente) azuis. É um dos melhores papéis da carreira de Depp, permitindo ao actor dar uso ao seu carisma e imprevisibilidade, tornando Bulger um monstro capaz de alternar serenidade com uma crueldade atroz.
    Analisando como um todo, havia potencial para mais; mas podem incluir Johnny Depp no conjunto de actores com aspirações a uma nomeação para Óscar em 2016.

5 de outubro de 2015

Crítica: Everest

Realizador: Baltasar Kormákur
Argumento: William Nicholson, Simon Beaufoy
Elenco: Jason Clarke, Josh Brolin, John Hawkes, Jake Gyllenhaal, Emily Watson, Michael Kelly, Keira Knightley, Robin Wright
Classificação IMDb: 7.1 | Metascore: 64 | RottenTomatoes: 73%
Classificação Barba Por Fazer: 73

Em 2007, o alpinista português João Garcia publicou "A Mais Alta Solidão". 'Everest' confere ao título desse livro, com prefácio de Miguel Sousa Tavares, uma dimensão e significado especiais.
    Actualmente nas salas de cinema portuguesas, o filme do realizador islandês Baltasar Kormákur baseia-se em factos verídicos. Em 1996 duas expedições, uma liderada por Rob Hall (Jason Clarke), guia da Adventure Consultants, e a outra por Scott Fischer (Jake Gyllenhaal), da Mountain Madness, procuraram levar os seus clientes ao topo do Evereste, a montanha mais alta da Terra. A "maior tragédia do alpinismo mundial" teve na sua base uma forte tempestade, mas também um conjunto de más decisões que custaram várias vidas.
    Filmado em Itália, na Islândia e, logicamente, no Nepal, 'Everest' é uma boa surpresa. Kormákur e o seu elenco tornam o filme numa experiência contagiante, agarrando por completo o espectador, especialmente quem desconhecia a história até aqui. De forma a compreendermos o que fez e faz várias pessoas arriscarem a sua vida em busca de um momento de êxtase e realização pessoal, o argumento foi construído dando-nos a conhecer vários dos membros da expedição de Rob Hall: entre outros, Beck Weathers (Josh Brolin), um alpinista experiente, Doug Hansen (John Hawkes), um carteiro que se multiplica em empregos para poder pagar a expedição e que nos dá uma boa explicação sobre a motivação de escalar o Evereste, e Jon Krakauer (Michael Kelly), um fotojornalista que mais tarde veio a publicar um livro sobre o desastre e com o qual poderão estar familiarizados já que recriou também os passos de Christopher McCandless escrevendo 'Into the Wild'.
    Baltasar Kormákur, um realizador para ficarmos atentos, torna-nos parte da expedição, num verdadeiro teste à condição humana, desafiando probabilidades e possibilidades. Algumas pessoas não têm noção, mas o "código" alpinista diz que só se pode afirmar que alguém escalou uma montanha não apenas quando atinge o cume, mas quando regressa são e salvo cá abaixo.
    'Everest' explora bem vários subplots: o modo como, a 8.000m de altitude a ambição de chegar primeiro e de sobreviver pode cegar e tornar alguns incrivelmente calculistas e outros pouco racionais; a pressão involuntária que Krakauer acabou por ter ao fazer parte da expedição, porque os guias não queriam falhar a levar as pessoas ao cume, quando teriam depois uma reportagem a cobrir a experiência e a poder funcionar como publicidade; as várias falhas que, conjugadas com a forte tempestade que se abateu na montanha, foram fatais, como o não afixar de certas cordas ou o desrespeito pela hora limite (14 horas) de fazer os clientes chegarem ao pico. Clientes esses que, em alguns casos, não eram alpinistas verdadeiramente experimentados, e para os quais o oxigénio artificial acabou por "mascarar" isso, não chegando o período de aclimatação e as viagens de adaptação pelos sucessivos acampamentos.
    Não é um filme de actor, embora o elenco seja coeso e apelativo, valendo realmente pelo todo e pela progressivamente intensidade e adrenalina à medida que a altitude aumenta. 'Everest' é sim uma lição sobre a montanha nomeada em homenagem a George Everest, primeiramente escalada por Edmund Hillary e Tenzing Norgay, é uma lição sobre alpinismo e é, em última instância, uma lição sobre o Homem.

1 de outubro de 2015

Dicas Fantasy Premier League - Jornada 8

Aproveitem este fim-de-semana, porque depois de Domingo a Premier League só regressa no dia 17. E que belo cartaz temos nesta jornada 8! Jogam-se sete jogos no Sábado, com especial destaque para o Chelsea-Southampton, mas é no Domingo que as coisas aquecem com o Swansea-Tottenham a estar acompanhado por 2 embates entre rivais: o derby de Merseyside entre Everton e Liverpool, e o choque entre Arsenal e Manchester United, que chega na melhor altura possível. Cech contra De Gea, o United como líder (e a iniciar uma sequência de jogos complicada, ao contrário do rival City) e Alexis Sánchez a acordar são alguns dos bons ingredientes para o jogo que acontece às 16 horas de dia 4. Enquanto cá se decide o destino legislativo do país, em Inglaterra decide-se a liderança do campeonato.
    Como sempre, olhamos para a jornada anterior de forma resumida. Na 7.ª jornada Alexis Sánchez pontuou mais do que qualquer outro jogador. O chileno do Arsenal fez o Leicester-Arsenal cair para o lado dos gunners (qualquer jogo em casa do Leicester tem sempre muitos golos, podendo funcionar a favor de Vardy e Mahrez ou contra) com um hat-trick, conquistando um total de 20 pontos. Lukaku (16 pts) não ficou muito atrás ao brilhar no relvado do West Brom, clube que já representou, enquanto que Mata deu sequência ao seu excelente momento de forma. Gestede e Sturridge (bem-vindo de volta campeão) bisaram, Tadic passou os 10 pontos pela segunda vez e Lamela foi uma agradável surpresa. Entre os defesas, o holandês van Dijk marcou e é um jogador para manterem nas vossas watchlists.
(Podem-se juntar à Liga Barba Por Fazer: Código - 114493-481221)

Olhando para a 8.ª jornada, atenção a:

Kun Agüero - Manchester City - 13.2
    Não é certamente o momento de forma que aqui traz Sergio Agüero. O avançado do Manchester City ainda só marcou 1 golo na Premier League, ao Chelsea, e noutras competições quando marcou (Sunderland e Gladbach) fê-lo de grande penalidade. Portanto, apostar em Agüero nesta altura parece ser um risco. Mas é também quase uma obrigação. Porquê? Simples, nas próximas 4 jornadas, o Manchester City recebe Newcastle, Bournemouth e Norwich, visitando pelo meio Old Trafford (Agüero até se costuma dar bem com o rival da cidade). Fica a ideia que Agüero só precisa que um jogo lhe corra bem, marcando uns 2 golos, para embalar para um registo que o torne um must no Fantasy. Na recepção ao Newcastle, Yaya e Kompany ainda estão em dúvida, mas David Silva (fez mais de 60 min no jogo a meio da semana na Champions) deverá jogar, e não há ninguém que entenda Agüero tão bem como o mago espanhol. Com Silva, De Bruyne (o citizen em melhor momento, recentemente) e Sterling (é hora de despertar) no apoio, Agüero tem que começar a facturar com regularidade. Tem 4 jornadas para mudar os seus números de forma significativa.


Jamie Vardy - Leicester City - 6.5
    O facto de Vardy ser o jogador mais comprado nesta semana explica-se de forma simples. O avançado inglês do Leicester, com o seu bis diante do Arsenal, tornou-se o melhor marcador da competição (6 golos em 7 jogos), ultrapassando o seu colega da equipa Riyad Mahrez e Callum Wilson, e é agora o avançado com mais pontos, +1 que Lukaku e +3 que Pellè. Como se isto não bastasse, o jogador que quer estar no Euro-2016, beneficia ainda da lesão de Wilson. Os "proprietários" do avançado do Bournemouth, vendo-o com uma lesão de longa duração, tenderão a virar-se para Ighalo e, principalmente, Vardy. Esta jornada o Norwich-Leicester deverá ser um jogo aberto, partido, e assim sairão beneficiados os elementos ofensivos. Prever o resultado é difícil, mas Vardy e Mahrez têm elevada probabilidade de voltar a fazer das suas.


Alexis Sánchez - Arsenal - 11.1
    Fez hat-trick na Serie A pela Udinese, fez hat-trick na La Liga pelo Barcelona, e voltou a marcar 3 golos num jogo também na Premier League, pelo Arsenal. Enquanto Hazard continua razoavelmente adormecido (embora tenha 10-5 nos últimos dois jogos), Alexis Sánchez acordou. E de que maneira! Na vitória por 5-2 do Arsenal no King Power Stadium, o chileno marcou 3 golos e totalizou 20 pontos (um máximo individual no Fantasy 15/ 16). Entretanto, Alexis voltou a ser o destaque da equipa de Wenger na Champions, com um golo e uma assistência, embora o Arsenal tenha sido derrotado em casa pelo Olympiakos de Marco Silva. Nesta jornada há Arsenal-Manchester United, um jogo de tripla! O United é líder com 16 pontos, o Arsenal mora no 4.º lugar com 13, e num jogo assim os craques terão que aparecer. De Gea e Cech vão ser chamados a intervir, o United costuma ter um certo ascendente sobre os gunners, mas às 16:00 de Domingo Alexis Sánchez, Cazorla, Walcott, Mata, Martial, Depay e Rooney vão escrever a história do capítulo mais importante da jornada 8.


Wes Hoolahan - Norwich - 5.1
    Todas as épocas no Fantasy há jogadores que vão pontuando silenciosamente. Explicando isto: acontece por vezes alguns jogadores menos mediáticos ou vistosos amealharem pontos com regularidade, mas nunca de forma espampanante. Hoolahan tem sido um desses casos em 2015/ 16. O pensador de jogo do Norwich chega à 8.ª jornada com 1 golo e 5 assistências, tem por exemplo apenas menos 1 ponto do que Alexis Sánchez e André Ayew, e nos 6 jogos que realizou (não jogou em Anfield) fez "algo" em quatro deles (5 pontos contra Crystal Palace e West Ham, 10 pontos contra o Sunderland e 13 na vitória caseira contra o Bournemouth). Prevendo-se o Norwich-Leicester um jogo aberto, é bastante provável que Hoolahan tenha a bola por várias vezes em zonas de decisão, onde pouco vacila. Que o diga Redmond, cujos 3 golos nesta edição da Premier League tiveram todos assistência de Hoolahan.


Romelu Lukaku - Everton - 8.2
    A temporada do Everton tem sido muito boa até agora. Os toffees estão em 5.º lugar com 12 pontos, a quatro do primeiro lugar, e já defrontaram equipas como Southampton, Manchester City, Tottenham e Chelsea, conseguindo 7 pontos nos 12 disponíveis nesta amostra. Sem Liga Europa, o Everton tem recuperado o seu nível de 2013/ 14, com Roberto Martínez (um dos melhores em Inglaterra, especialmente a preparar jogos grandes) a ver Barkley e Lukaku a dizerem presente, mesmo sem Coleman nas últimas 2 jornadas, e sem ter podido ainda contar com Baines. Segue-se uma nova sequência forte - Liverpool (casa), Manchester United (casa) e Arsenal (fora) - e o derby de Merseyside surge num momento em que o Rodgers está pressionado no Liverpool, embora Sturridge queira recuperar o tempo perdido, e na jornada seguinte a uma reviravolta fantástica do Everton. O West Brom esteve a ganhar 2-0 em casa mas os visitantes transformaram um jogo perdido num 2-3 capaz de embalar a confiança da equipa. Prever um derby de Liverpool é impossível, até porque é o derby com pior histórico disciplinar em Inglaterra, mas Lukaku pode criar vários problemas à defesa do Liverpool. 


Outras Opções:
- Guarda-Redes: É uma jornada complicada, mais uma, em termos defensivos. Uma consequência natural do elevado equilíbrio na liga, sendo difícil confiar em absoluto em qualquer defesa. O Chelsea já sofreu 14 golos em 7 jornadas, o Liverpool começou muito bem mas nas últimas quatro jornadas sofreu sempre entre 1 e 3 golos, e mesmo Arsenal e Manchester United têm vivido de contrastes. O Manchester City destruiu o seu olimpo defensivo (5 clean sheets seguidas) ao perder por 2-1 em casa com o West Ham e 4-1 em White Hart Lane, mas mesmo assim apostamos em Joe Hart (5.7) como a melhor opção da jornada. O guardião inglês regressou a meio da semana, revelando-se decisivo na vitória na Alemanha e, num dia normal, o City consegue derrotar o Newcastle tranquilamente. Adrián (5.0) é, porventura, o senhor que se segue, até pela boa forma do West Ham fora de portas. Jogos como o Bournemouth-Watford e Norwich-Leicester devem ter golos, no Crystal Palace não é garantido quem será o GR, mas muita atenção ao peso das exibições de Cech e De Gea no jogo grande.

- Defesas: Na defesa o raciocínio é idêntico, embora os defesas estejam sempre salvaguardados por poderem salvar a sua exibição junto à grande área contrária. Os carotes Aleksandar Kolarov (6.1) e Nicolás Otamendi (6.5) são as opções prioritárias, uma vez que na direita Zabaleta poderá ameaçar o lugar de Sagna. Jogue ou não Kompany, Otamendi parece indiscutível e é uma ameaça nas bolas paradas ofensivas. Noutros jogos, o Crystal Palace tem alguns jogadores em dúvida mas achamos que Scott Dann (5.0) é uma boa aposta, caso consiga conter Berahino e Rondón; e no Aston Villa há Jordan Amavi (5.0), que mesmo que sofra, pode beneficiar da forma como se envolve de forma positiva no ataque a partir do corredor esquerdo.

- Médios: Referidos Sánchez e Hoolahan, há naturalmente muitos mais médios merecedores de destaque. Desde logo, Riyad Mahrez (6.5). Porque tem que ser, e uma jornada em branco não descredibiliza o que fez até aqui. Depois, Kevin De Bruyne (10.2) é o citizen em melhor forma. Jogadores como Payet e Hazard (grande teste para Cédric) poderão fazer a diferença, mas preferimos focar-nos em nomes menos óbvios: no Crystal Palace, Bakary Sako (5.6) e Bolasie prometem agitar o jogo que inaugura a jornada, o Swansea-Tottenham pode ser um bom palco para o talento de André Ayew (7.2) e de Christian Eriksen (8.3), e atendendo ao momento defensivo do Chelsea e recordando o jogo da época passada, Sadio Mané (7.8) tem tudo para se sentir confiante. No jogo grande, para além dos holofotes recaírem sobre Alexis Sánchez, Depay terá um bom duelo com Bellerín, embora o red devil mais regular esteja a ser Juan Mata.

- Avançados: Agüero, Vardy e Lukaku são o nosso trio da jornada, mas cremos que também os avançados do Bournemouth, Troy Deeney (5.3) e Odion Ighalo (5.2) podem vingar-se do Bournemouth depois dos cherries terem ganho o Championship por 1 ponto. Rudy Gestede (5.8) e Daniel Sturridge (10.5) poderão dar sequência ao bom momento da última jornada. Diafra Sakho tentará voltar a marcar, Harry Kane será policiado por Ashley Williams, e veremos se Martial consegue soltar um bocadinho do seu ADN Henry no estádio do clube onde Thierry se tornou lenda.

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11 (3-4-3): Hart; Amavi, Cresswell, Dann; De Bruyne, Mahrez, Sánchez, Hoolahan; Agüero, Vardy, Lukaku

Atenção a (Clássico; Diferencial):
Crystal Palace v West Brom - Bakary Sako; Saido Berahino
Aston Villa v Stoke - Rudy Gestede; Mame Biram Diouf
Bournemouth v Watford - Odion Ighalo; Troy Deeney
Manchester City v Newcastle - Kun Agüero; Kevin De Bruyne
Norwich v Leicester City - Jamie Vardy; Wes Hoolahan
Sunderland v West Ham - Dimitri Payet; Aaron Cresswell
Chelsea v Southampton - Eden Hazard; Sadio Mané
Everton v Liverpool - Romelu Lukaku; Daniel Sturridge
Arsenal v Manchester United - Alexis Sánchez; Juan Mata
Swansea v Tottenham - André Ayew; Christian Eriksen