2 de junho de 2016

Barba no Euro: Os Nossos 23 (França)


A travessia do deserto parece ter terminado, e a anfitriã França está novamente preparada para lutar por troféus. Depois da geração de Zidane, Vieira, Thuram, Deschamps, Desailly, Blanc e Henry ter conquistado o Mundial'98 e o Euro 2000, os gauleses caíram substancialmente, e à excepção de 2006 (a despedida inglória de Zidane) alternaram entre ficar pelas fases de grupos ou pelos quartos-de-final das várias competições.
   Em 2014 foram dados os primeiros sinais do despertar da 3.ª nação com melhor histórico em Europeus, mas no espaço de 2 anos a "fornada" melhorou e de que maneira - Pogba e Griezmann amadureceram, surgiram promessas como Martial, Coman e Dembélé, Ben Arfa e Lass Diarra renasceram, tudo isto sem esquecer o ano incrível que Kanté e Payet tiveram em Inglaterra.
    Qualificados, por serem anfitriões, os franceses de Deschamps (competente, muito melhor que Domenech, mas esta geração merecia outro comandante) prepararam-se através de amigáveis, e chegarão a casa como uma das selecções favoritas à conquista do troféu a 10 de Julho - comparativamente com Alemanha e Espanha poderão ter mais "fome" por não terem conquistado nada recentemente, e o público local deve servir de 12.º jogador. No entanto, e embora os 23 de Deschamps sejam um elenco fortísimo, poderia ser um plantel ainda mais forte: Benzema foi afastado da equipa por problemas disciplinares, e as lesões afastaram não só o criativo Fekir (como Tiago, já recuperado, mas com pouco andamento) como vários defesas centrais - Varane, Zouma, Mathieu e Laporte, e Lass Diarra (baixa de última hora).
    Aqui vão os nossos 23 franceses, em que 6 jogadores diferem das escolhas do seleccionador gaulês.


A Convocatória



  • Guarda-Redes: Hugo Lloris (Tottenham), Steve Mandanda (Marselha), Alphonse Aréola (Villarreal)
  • Defesas: Bacary Sagna (Manchester City), Laurent Koscielny (Arsenal), Eliaquim Mangala (Manchester City), Loïc Perin (Saint-Étienne), Samuel Umtiti (Lyon), Patrice Evra (Juventus), Layvin Kurzawa (PSG)
  • Médios: N'Golo Kanté (Leicester City), Blaise Matuidi (PSG), Paul Pogba (Juventus), Yohan Cabaye (Crystal Palace), Moussa Sissoko (Newcastle)
  • Extremos: Dimitri Payet (West Ham), Hatem Ben Arfa (Nice), Ousmane Dembélé (Rennes), Kingsley Coman (Bayern Munique), Anthony Martial (Manchester United)
  • Avançados: Antoine Griezmann (Atlético Madrid), André-Pierre Gignac (Tigres), Alexandre Lacazette (Lyon)
Lista de Contenção: Stéphane Ruffier (Saint-Étienne), Sébastien Corchia (Lille), Adil Rami (Sevilha), Morgan Schneiderlin (Manchester United), Vincent Koziello (Nice), Olivier Giroud (Arsenal), Kevin Gameiro (Sevilha)


    Para se ganhar um Euro ter um bom guarda-redes é um bom primeiro passo. Hugo Lloris não está no patamar de Neuer, De Gea, Buffon, Cech e Courtois, mas surge logo numa 2.ª linha dos guardiões presentes nesta competição - juntamente com Sommer e Hart. O guarda-redes do Tottenham, capitão da França, é uma primeira escolha indiscutível, acompanhado na nossa convocatória por Steve Mandanda e Alphonse Aréola. Didier Deschamps optou por chamar Costil (Rennes) mas o jovem guarda-redes do Villarreal, emprestado pelo PSG, merecia pela época que fez.
    Sem lesões a nossa defesa seria bem diferente (Varane, Zouma e Laporte estariam todos entre os nossos 4 centrais), mas podemos começar pela direita. Deschamps leva Bacary Sagna e Jallet, nós levamos apenas o primeiro, não só porque a senhora Sagna é uma presença obrigatória para embelezar os estádios franceses, mas porque o lateral do Manchester City foi o melhor francês na sua posição em 2015/ 16. Porquê só um defesa direito? Porque não conseguimos deixar ninguém de fora mais à frente, e as características físicas e tácticas de alguns jogadores deixam antever que um ou outro poderia ser adaptado com sucesso caso fosse necessário. No centro, e sem poder contar com 5 jogadores (sim, porque há também o queima-calorias Sakho), levamos Laurent Koscielny, Eliaquim Mangala, Loïc Perrin e Samuel Umtiti. Deste lote, num mundo ideal, só iria o central do Arsenal, mas as circunstâncias levam-nos a chamar Mangala, central rápido e fisicamente fortíssimo, embora alterne entre o 8 e o 80; e nos casos de Perrin e Umtiti premiámos quem tem actuado com qualidade na Ligue 1. Do lado esquerdo, Patrice Evra continua a não acusar a idade, e embora Digne tenha jogado mais minutos, confiámos em Layvin Kurzawa, porque o achamos superior.
    No meio-campo, um trio que nos deixa babados - N'Golo Kanté, Blaise Matuidi e Paul Pogba. O que é que se pode querer mais? Três jogadores todo-o-terreno, altamente enérgicos, que sabem subir bem (sobretudo Matuidi e Pogba), garantindo equilíbrio constante. Se Deschamps optar por este trio, antevemos muitos problemas para qualquer selecção que tente ganhar meio-campo à França. Depois, há ainda Yohan Cabaye (a vaga seria de Lass Diarra, não fosse a lesão) e Moussa Sissoko, que pode também actuar no corredor.
    Chegamos então aos mágicos e aos miúdos. Dimitri Payet, um dos jogadores com mais classe na actualidade, exímio marcador de livres, teria connosco lugar cativo no 11. É um daqueles jogadores que pode mudar o jogo a qualquer momento, cruzando como poucos e estando a viver o melhor momento da carreira. Depois, Hatem Ben Arfa - um completo crime Deschamps deixar o craque do Nice em terra. Aos 29 anos, há poucas palavras para descrever a época de Ben Arfa - marcou 18 golos, apresentou uma regularidade como nunca antes e acumulou fintas e momentos deliciosos, parecendo impossível de travar. Depois de referir 2 craques em ponto de rebuçado, segue-se a juventude: Anthony Martial, Kingsley Coman e Ousmane Démbélé. Três prodígios, capazes de jogar em várias posições do ataque, e que seriam connosco 3 coelhos prontos a tirar da cartola para revolucionar qualquer jogo.
    Na frente, respeitando a decisão do seleccionador deixamos Benzema de fora, mas fazemos o mesmo com Giroud. Antoine Griezmann é um dos jogadores em relação ao qual temos maiores expectativas neste Euro-2016, e neste conjunto de 3 avançados com perfis distintos, escolhemos André-Pierre Gignac, agora a competir no México, e por fim Antoine Lacazette.


O Onze

Embora o nosso plantel seja mais ofensivo (mas também mais forte) do que o escolhido por Deschamps, o esquema táctico será o mesmo - é difícil imaginar esta França doutra maneira que não um 4-3-3.
    Lloris, com a braçadeira de capitão no braço, será peça-chave a comandar uma defesa órfã de Varane. Sagna e Evra são os nossos laterais, ambos experientes e menos aventureiros do que outrora, e na dupla de centrais a escolha de Koscielny é simples, mas ao seu lado vimo-nos obrigados a optar por Mangala. Sem Varane, Zouma ou Laporte, o central do City acaba por ganhar o lugar graças à sua velocidade (num dia bom enche o olho a qualquer adepto, num dia mau é expulso).
    No miolo, o coração desta equipa é absolutamente impressionante! Kanté, Matuidi e Pogba garantem tudo o que a França precisa - têm pulmão para dar e vender, estão habituados a encher o campo jogo após jogo (o mais importante seria cada um saber bem a sua função e respeitar mais a zona e menos a bola) e conjugam o carácter operário e recuperador, com um QI futebolístico muito acima da média. Pogba é Pogba, juntamente com Griezmann o principal candidato francês a jogador do torneio, e atenção a Matuidi, usualmente subvalorizado.
    Na frente, Griezmann é o nosso jogador mais adiantado, garantindo um ataque móvel, ele que está habituado a ser a referência no Atlético Madrid. Atrás do nosso camisola 7 estão Payet mais à esquerda e Ben Arfa mais à direita. Podem assim perceber quão gritante é para nós a ausência de Ben Arfa nos 23 de Deschamps, um jogador que para nós seria titular.
    Claro está que, com os nossos convocados (e Deschamps também tem essa flexibilidade ao seu dispor) poderíamos, caso o adversário o proporcionasse, dar a titularidade a Gignac, fazendo Griezmann descair para o flanco direito; poupar Payet, lançando Martial na ala, ou apostar na velocidade de Coman para desbloquear uma defesa nos minutos finais.




0 comentários:

Enviar um comentário