8 de junho de 2016

Euro 2016: Previsão Grupo D

Pior do que prever este Grupo D, só mesmo o Grupo B. Depois de uma prestação terrível no Mundial-2014, a Espanha apresentar-se-á em França ambiciosa e determinada a mostrar o porquê de ser a (bi)campeã em título.
    Pela frente, a equipa que melhor trata a bola no capítulo do passe e recepção, terá uma diversidade de estilos e culturas. Uma Croácia assente num meio-campo muito forte, uma Turquia com a mesma raça de sempre, e uma República Checa que se começa a renovar, embora tenha tido azar no sorteio.
    Temos sérias dúvidas relativamente ao segundo classificado do grupo (Croácia ou Turquia), acreditando que a Espanha não voltará a claudicar como há 2 anos atrás. O confronto directo entre turcos e croatas, e a capacidade que tenham ou não de retirar pontos à Espanha serão os dois principais factores na edificação do grupo. Recordamos que a Croácia, que permanece uma das selecções mais românticas do futebol actual, ficou em 2.º no apuramento atrás da Itália; e não deixa de ser curioso atirarmos a República Checa para o último lugar, quando ficou em primeiro lugar na qualificação, acima da Islândia, Turquia e Holanda. Nesse grupo, República Checa e Turquia ganharam cada qual na casa do adversário, mas apostamos na garra e na capacidade lutadora turca como factor decisivo na Hora H. Neste grupo ficaram de fora jogadores como Saúl Ñíguez, Fernando Torres, Dejan Lovren, Ömer Toprak e Gökhan Töre. Todos por opção técnica, os últimos dois para evitar tiroteios no balneário turco.
    O Euro está a dois dias de distância. Por agora, fiquem com a análise detalhada das equipas deste Grupo D:

1. ESPANHA  
(Previsão: Meias-finais)

  • Guarda-Redes: Iker Casillas (Porto), David De Gea (Manchester United), Sergio Rico (Seilha)
  • Defesas: César Azpilicueta (Chelsea), Juanfran (Atlético Madrid), Héctor Bellerín (Arsenal), Sergio Ramos (Real Madrid), Gerard Piqué (Barcelona), Mikel San José (Athletic Bilbao), Marc Bartra (Barcelona), Jordi Alba (Barcelona)
  • Médios: Sergio Busquets (Barcelona), Bruno Soriano (Villarreal), Andrés Iniesta (Barcelona), Koke (Atlético Madrid), Thiago Alcântara (Bayern Munique), Césc Fàbregas (Chelsea)
  • Extremos: David Silva (Manchester City), Nolito (Celta Vigo), Lucas Vásquez (Real Madrid), Pedro Rodríguez (Chelsea)
  • Avançados: Álvaro Morata (Juventus), Aritz Aduriz (Athletic Bilbao)
Seleccionador: Vicente Del Bosque;
Ausências: Saúl Ñíguez, Fernando Torres 

Equipa-Base (4-3-3): De Gea; Juanfran, Piqué, Ramos, Alba; Busquets, Iniesta, Fàbregas (Thiago); Silva, Nolito (Koke), Morata (Aduriz)
    Finalmente De Gea deve herdar as luvas de Casillas. Nesta Espanha, a defesa parece 100% definida (uma das melhores duplas de centrais em prova, a querer deixar uma imagem bem diferente de 2014, e só Bellerín pode roubar protagonismo a Juanfran, o que ainda assim é improvável), e no meio-campo há 3 jogadores à volta dos quais a equipa se monta - Busquets, Iniesta e David Silva. A referência ofensiva desta Espanha parece ser Morata, embora a lesão recentemente contraída possa dar a titularidade ao basco Aduriz. Falta perceber se Del Bosque irá pôr a equipa num 4-1-4-1 ou realmente num 4-3-3. Koke pode funcionar tanto num flanco como perto de Busquets e Iniesta, como interior, Fàbregas ou Thiago são jogadores que também andarão sempre envolvidos nos 14 jogadores utilizados por jogo, e o nível apresentado por Nolito nos jogos de preparação pode fazer o extremo ex-Benfica saltar para uma titularidade inesperada. As soluções são muitas e excelentes, mas havia espaço para Saúl e Torres. Dois erros de Del Bosque.

Destaques Individuais (Previsão):
    Depois de 2008 e 2012, a Espanha quer fazer História (La Roja tem 3 títulos europeus, tal como a Alemanha, e ambas têm mais 1 do que a França). Para que tal aconteça, garantir o primeiro lugar da fase de grupos - e atenção porque qualquer um destes 3 adversários tem capacidade para explorar o desleixo ou sobranceria espanhola - deve desbloquear um caminho razoavelmente acessível até às meias-finais.
    A magia de David Silva e Andrés Iniesta é um bom ponto de partida para uma Espanha que não deve fugir à sua identidade, mas procurará por certo ser mais incisiva (Nolito ajudará nisso). Um trabalhador incansável (parece redutor, porque é muito mais do que isso) como Koke, o goleador Álvaro Morata (pode até não fazer muitos golos, mas ajudará a ligar o jogo combinando com os apoios), o irrequieto e em forma Nolito e David De Gea, pronto para chamar a si as responsabilidades e mostrar que é um dos melhores do planeta entre os postes, serão várias peças essenciais neste caminho, sendo que entre os últimos 4, dois deles não integraram o grupo em 2014, De Gea não jogou qualquer minuto, e Koke só jogou 135 minutos em 270.
    Por serem jogo após jogo extremamente regulares, não somos capazes de imaginar esta Espanha a chegar a umas meias-finais (Portugal?) ou final, sem que o dorminhoco Jordi Alba (determinante, contribuindo na última fase de construção e criando vários problemas para os oponentes vindo de trás) e o tampão/ botija de oxigénio Sergio Busquets contribuam de forma decisiva.
    Claro está, há ainda Fàbregas, Thiago, os centrais e Juanfran. Veremos que onze Del Bosque privilegia, e que jogadores "obrigam" em campo o seleccionador a mantê-los no 11 ao longo da competição.


2. CROÁCIA  
(Previsão: Oitavos-de-Final)

  • Guarda-Redes: Daniel Subasic (Mónaco), Ivan Vargic (Rijeka), Lovre Kalinic (Hajduk Split)
  • Defesas: Darijo Srna (Shakhtar), Sime Vrsaljko (Sassuolo), Tin Jedvaj (Bayer Leverkusen), Vedran Corluka (Lokomotiv Moscovo), Gordon Schildenfeld (Dínamo Zagreb), Domadoj Vida (Dínamo Kiev), Ivan Strinic (Nápoles)
  • Médios: Marcelo Brozovic (Inter), Luka Modric (Real Madrid), Ivan Rakitic (Barcelona), Milan Badelj (Fiorentina), Mateo Kovacic (Real Madrid), Ante Coric (Dínamo Zagreb), Marko Rog (Dínamo Zagreb)
  • Avançados: Mario Mandzukic (Juventus), Duje Cop (Dínamo Zagreb), Andrej Kramaric (Hoffenheim), Nikola Kalinic (Fiorentina), Marko Pjaca (Dínamo Zagreb), Ivan Perisic (Inter)
Seleccionador: Ante Cacic;
Ausência: Dejan Lovren

Equipa-Base (4-3-3): Subasic; Srna, Corluka, Vida (Schildenfeld), Strinic (Vrsaljko); Brozovic (Kovacic, Badelj), Modric, Rakitic; Perisic, Pjaca, Mandzukic
    Poucas selecções se podem gabar de ter no meio-campo jogadores do gabarito de Modric e Rakitic. A equipa de Ante Cacic, que deixou Lovren a ver o Euro em casa, tem ainda algumas afinações a fazer na defesa, mas o ataque, com algumas boas dores de cabeça para o seleccionador, parece mais ou menos claro qual será. Modric e Rakitic terão junto de si um jogador entre Brozovic, Kovacic e Badelj, e no apoio a Mandzukic, jogador de boa agressividade, as escolhas devem recair em Perisic (melhor marcador croata na qualificação) e o jovem Pjaca.
    Tendo Kalinic, Kramaric e até os miúdos Coric e Rog, Cacic tem vários trunfos na manga.

Destaques Individuais (Previsão):
    A defesa croata não impressiona - laterais interessantes mas centrais abaixo da média do restante elenco - e por isso é na frente que a Croácia terá que decidir o seu futuro. Um pequeno génio refinado como Luka Modric, o goleador invisível Ivan Perisic e o tanque Mario Mandzukic devem potenciar o rendimento dos colegas, sendo que importa ainda perceber entre Ivan Rakitic e Modric qual dos dois terá mais liberdade, não havendo uma fórmula ou resposta certa para esta questão. Com vários talentos croatas emergentes, este parece-nos ser o momento de Marko Pjaca, um craque que foi associado ao Benfica e que promete agitar este Grupo D com a sua potência e capacidade de jogar em espaços curtos. Por favor, Cacic, deixa o rapaz jogar. 


3. TURQUIA  
(Previsão: Oitavos-de-Final)

  • Guarda-Redes: Volkan Babacan (M. Basaksehir), Onur Kivrak (Trabzonspor), Harun Tekin (Bursaspor)
  • Defesas: Gökhan Gönül (Fenerbahçe), Sener Ozbayrakli (Bursaspor), Semi Kaya (Galatasaray), Ahmet Calik (Gençlerbirligi), Hakan Balta (Galatasaray), Ismail Koybasi (Besiktas), Caner Erkin (Fenerbahçe)
  • Médios: Mehmet Topal (Fenerbahçe), Selçuk Inan (Galatasaray), Ozan Tufan (Fenerbahçe), Nuri Sahin (Dortmund), Arda Turan (Barcelona), Hakan Çalhanoglu (Bayer Leverkusen), Oguzhan Özyakup (Besiktas)
  • Extremos: Volkan Sen (Fenerbahçe), Emre Mor (Dortmund), Olcay Sahan (Besiktas), Yunus Malli (Mainz)
  • Avançados: Burak Yilmaz (Beijing Guoan), Cenk Tosun (Besiktas)
Seleccionador: Fatih Terim;
Ausências: Ömer Toprak, Gökhan Töre

Equipa-Base (4-2-3-1): Volkan Balaban; Gönül, Balta, Topal (Kaya), Erkin; Tufan, Inan; Çalhanoglu, Özyakup, Arda Turan; Yilmaz (Tosun)
    Quando os jogos são a doer, e há hipótese de fazer História, dá sempre gosto ver qualquer selecção turca. Esta, particularmente, tem mais fantasistas do que noutros anos, e bastante equilíbrio ao longo dos sectores - não deve ser difícil, até por uma questão cultural, o experiente Fatih Terim colocar estes jogadores todos com o mindset certo. Volkan Balabam, Gönül, Balta e Erkin não devem sair do onze, faltando perceber se Topal jogará no duplo pivot ou como central. Caso jogue atrás, é natural que Terim aposte na dupla Ozan Tufan-Selçuk Inan, na nossa óptica bastante interessante. Caberá ao tridente Arda Turan (capitão), Çalhanoglu e Özyakup criar e deleitar os adeptos, apoiando o avançado: ou será Yilmaz ou Tosun.

Destaques Individuais (Previsão):
    É com enorme expectativa que aguardamos o Croácia-Turquia, jogo da primeira jornada deste Grupo D. Quem o ganhar (SE alguém o ganhar) terá a qualificação na mão, e o embate entre os 5 jogadores que constituirão meio-campo/ extremos dos dois lados antevê-se épico.
    Nesta Turquia, o capitão Arda Turan é o exemplo do ADN turco: enorme raça e determinação, juntando a isso muita qualidade técnica. O homem dos livres, Hakan Çalhanolgu e ainda Oguzhan Özyakup (grande época no campeão Besiktas, pronto para surpreender muita gente) ajudarão a formar o trio de craques em que Terim mais confiará para construir, criar, desequilibrar.
    O facto de desconhecermos se será Yilmaz ou Tosun faz-nos não apostar em nenhum, mas podemos vincar o poder que a dupla Selçuk Inan e Ozan Tufan podem conferir ao futebol desta Turquia. Ambos muito completos, Tufan um projecto com muito para crescer, e Inan na plenitude dos seus predicados. Do banco turco poderá sair por várias vezes Yunus Malli, mas temos mais expectativas para ver se Emre Mor (18 anos), recentemente contratado pelo Borussia Dortmund, deixa marcas.


4. REP. CHECA  

  • Guarda-Redes: Petr Cech (Arsenal), Tomas Vaclik (Basel), Tomas Koubek (Slovan Bratislava)
  • Defesas: Gebre Selassie (Werder Bremen), Pavel Kaderabek (Hoffenheim), Michal Kadlec (Fenerbahçe), David Limbersky (Viktoria Plzen), Daniel Pudil (Sheffield Wednesday), Marek Suchy (Basel), Tomas Sivok (Bursaspor), Roman Hubnik (Viktoria Plzen)
  • Médios: David Pavelka (Kasimpasa), Vladimir Darida (Hertha Berlim), Daniel Kolar (Viktoria Plzen), Tomas Rosicky (Arsenal), Jaroslav Plasil (Bordéus)
  • Extremos: Borek Dockal (Sparta Praga), Ladislav Krejci (Sparta Praga), Josef Sural (Sparta Praga), Jiri Skalak (Brighton)
  • Avançados: Tomas Necid (Burkaspor), David Lafata (Sparta Praga), Milan Skoda (Slavia Praga)
Seleccionador: Pavel Vrba; 

Equipa-Base (4-2-3-1): Cech; Kaderabek, Sivok, M. Kadlec (Suchy), Selassie (Limbersky); Darida, Pavelka (Plasil); Dockal, Rosicky (Kolar), Krejci; Necid (Lafata)
    Com a veterania de figuras lendárias como Cech e Rosicky, esta República Checa chega a este Gupo D como a Eslováquia ao Grupo B: nenhuma tem obrigações, pressão, e isso pode ser altamente favorável. À frente de Cech, Vrba poderá ter algumas dúvidas entre os centrais, e Limbersky pode roubar a titularidade a Selassie, sendo que Kaderabek, o dínamo da equipa, dali não sai.
    No meio-campo Darida tem muito para dar, com Pavelka ou Plasil junto a si, seguindo-se depois o maestro Rosicky acompanhado pela química entre jogadores do Sparta Praga - Dockal e Krejci são intocáveis nos corredores, apostando sistematicamente em movimentos interiores, faltando só perceber se Vrba escolhe Lafata (34 anos) por estar habituado a jogar com Dockal e Krejci no clube, ou se escolhe Necid entendendo que o avançado do Bursaspor é superior.

Destaques Individuais (Previsão):
    Na fase de qualificação, Boreck Dockal (4 golos) fartou-se de jogar, e é credível que mantenha esse registo. O extremo do Sparta Praga tem a elegância e a experiência na medida exacta para passear a sua qualidade pelos palcos franceses, estando aos 27 anos no seu auge, embora deixando sempre a ideia de que poderia ter uma carreira bem melhor. Quem ainda vai bem a tempo de chegar aos grandes tubarões europeus é Pavel Kaderabek, que prevemos ser o grande dinamizador do ataque checo, aventurando-se vezes sem conta pelo corredor direito como tão bem sabe. Contratado pelo Hoffenheim antes do Euro Sub-21, no qual foi o melhor lateral-direito, Kaderabek tem muito para dar a esta República Checa, tal como Ladislav Krejci, um elemento menos regular e que vive de momentos. Se nos relvados de Saint-Étienne, Toulouse e Lens estiver em dia sim, o caminho da República Checa e a sua carreira em termos individuais pode seguir uma estrada inesperada.
    Se a Rep. Checa passar a fase de grupos será sinal que Petr Cech deixou muitos avançados frustrados. Como não acreditamos que tal aconteça, sugerimos ainda Vladimir Darida como um dos potenciais destaques, actuando como 8 desta selecção.




Posters ESPN - Euro 2016 - Grupo D

    Amanhã há diabos vermelhos, uma selecção orientada pelo futuro treinador do Chelsea, Zlatan Ibrahimovic, Lindelöf e uma das selecções com uma massa adepta mais fantástica. Fiquem atentos!

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