10 de junho de 2016

Euro 2016: Previsão Grupo F

Por fim, nós. Mais logo começa o tão aguardado Euro-2016, mas antes está na altura de conhecerem a fundo o Grupo F, o de Portugal.
    Com uma defesa rigorosa e um ataque com pouca veia goleadora, Portugal chega a este Europeu ainda com muito para crescer, podendo (re)descobrir-se ao longo deste mês (oxalá que seja mesmo 1 mês) de competição. É já tradição Portugal crescer nas fases finais, e até nos parece que a Selecção das Quinas pode ter mais dificuldades e demorar a soltar o seu melhor futebol na fase de grupos - com o estatuto de favorito e a iniciativa de jogo, factores com os quais esta equipa de Fernando Santos parece sentir-se pouco confortável - do que na fase a eliminar, contra adversários de renome. Diz a lógica que, caso fiquemos em 1.º, e se surpreendermos tudo e todos, poderemos ter um trajecto com obstáculos significativos - Itália ou Bélgica, Inglaterra, Espanha, fugindo à partida a selecções como a França e Alemanha até ao eventual momento derradeiro.
    Acreditamos numa fase de grupos à Fernando Santos - grande registo defensivo, e 9 pontos amealhados, sem encantar os adeptos mas com eficácia. Feita a nossa análise, consideramos a Hungria a selecção mais frágil do grupo, pelo que o 2.º lugar (e representam os nossos maiores desafios) será entre Islândia e Áustria. A força do colectivo islandês pode ser a etapa mais complicada para nós nestes 3 confrontos, até por ser o primeiro jogo, embora num Islândia-Áustria, as várias individualidades dos austríacos, uma selecção num crescimento indiscutível, podem fazer a diferença. Por simpatizarmos com islandeses e austríacos, seria simpático que um dos 4 melhores terceiros fosse do nosso grupo.
    A Islândia de Sigurdsson, única selecção orientada por dois treinadores, chega a esta fase depois duma campanha brilhante, posicionada à frente da Turquia e deixando a Holanda a ver o Euro na televisão; a Hungria precisou do play-off depois de ficar atrás da Irlanda do Norte e da Roménia; enquanto que a Áustria fez 28 pts em 30, garantindo o 1.º lugar num grupo forte com Rússia e Suécia.
    Fiquem então com a análise mais aprofundada das últimas 4 selecções, inclusive a nossa:

1. PORTUGAL  
(Previsão: Finalista)

  • Guarda-Redes: Rui Patrício (Sporting), Anthony Lopes (Lyon), Eduardo (Dínamo Zagreb)
  • Defesas: Cédric Soares (Southampton), Vieirinha (Wolfsburgo), Pepe (Real Madrid), José Fonte (Southampton), Ricardo Carvalho (Mónaco), Bruno Alves (Fenerbahçe), Eliseu (Benfica), Raphaël Guerreiro (Lorient)
  • Médios: William Carvalho (Sporting), Danilo Pereira (Porto), João Moutinho (Mónaco), Adrien Silva (Sporting), André Gomes (Valência), Renato Sanches (Benfica), João Mário (Sporting)
  • Avançados: Cristiano Ronaldo (Real Madrid), Nani (Fenerbahçe), Rafa (Braga), Ricardo Quaresma (Besiktas), Éder (Lille)
Seleccionador: Fernando Santos;
Baixas: Bernardo Silva, Fábio Coentrão; Ausências: João Cancelo, Pizzi, Hugo Vieira, Tiago

Equipa-Base (4-4-2): Rui Patrício; Vieirinha, Pepe, Ricardo Carvalho, R. Guerreiro (Eliseu); Danilo, Moutinho (Renato Sanches, Adrien), João Mário, André Gomes (Rafa); Quaresma (Nani), Ronaldo
    Com uma equipa equilibrada, defensivamente forte e muito para crescer, não nos parece descabido que Portugal atinja as meias-finais (reedição contra Espanha) ou a final. O 4-4-2 que Fernando Santos decidiu importar dos sub-21, e bem, mantém Portugal coeso, liberta Cristiano Ronaldo sem que a sua inércia defensiva afecte os demais, embora falte à equipa lusitana encontrar o 11 certo.
    Rui Patrício, Pepe e Ricardo Carvalho são certezas absolutas, todos eles jogadores de confiança, impressionando a qualidade de Carvalho aos 38 anos e rezando nós para que Pepe não cometa nenhuma asneira. Nos laterais, Vieirinha parece partir na frente em relação a Cédric, mas do lado esquerdo, embora até acreditemos que Eliseu possa ser titular no jogo inaugural, antevemos a ascensão de Raphaël Guerreiro, nunca mais largando a titularidade depois de se destacar.
    Se na frente é Cristiano Ronaldo+1 - sendo que esse 1 pode ser Ricardo Quaresma e não Nani graças ao incrível momento de forma do extremo do Besiktas -, no meio-campo é onde Fernando Santos deve continuar a ter dúvidas. Danilo Pereira é cada dia mais o 6 desta equipa, mostrando mais em campo do que William, mas Moutinho (em teoria, um insubstituível) demonstra a cada jogo não estar no seu melhor. João Mário é intocável na meia-direita, e do outro lado FS deve decidir entre André Gomes e Rafa, com vantagem para o médio do Valência.
    No entanto, é natural que o 11 base de Portugal sofra algumas mutações ao longo da competição: caso o "estatuto" de Nani lhe dê a 1.ª titularidade, é provável que Quaresma pegue de estaca ao lado de CR7, Raphaël Guerreiro tem tudo para ganhar a corrida face à necessidade de termos laterais tecnicamente evoluídos e que dêem velocidade e irreverência ao jogo português, e no meio-campo só Danilo e João Mário nos parecem estar capazes de segurar as posições em França. A necessidade de acelerar jogo e conduzir a bola ao ataque pode fazer Fernando Santos optar por André Gomes e Renato Sanches/ Adrien numa fase mais adiantada da prova.

Destaques Individuais (Previsão):
    Felizmente para Portugal, somos cada vez menos Cristiano Ronaldo. Felizmente para Portugal, Ronaldo vem com a confiança nos píncaros depois de ganhar mais uma Champions. Felizmente para Portugal, a fase de preparação foi realizada sem o melhor jogador - os jogadores sentiram-se assim capazes de funcionar, percebendo as suas potencialidades como equipa, juntando-se depois o melhor jogador europeu. Infelizmente para Portugal, Ronaldo não parece estar na plenitude dos seus recursos físicos, mas acreditamos que se transcenda, quebre o recorde de Platini (basta-lhe marcar 4 golos) e seja em campo uma excelente solução e não um problema como em 2014. É bem possível que Ronaldo saia deste Europeu como jogador com mais jogos e com mais golos na História dos Europeus.
    Depois do candidato a Bola de Ouro, apostamos em João Mário e Danilo Pereira como 2 jogadores cuja cotação deve disparar: o médio do Sporting foi o melhor jogador português da Liga NOS, e é menino para brilhar com mais intensidade quando as exigências forem maiores, e o médio defensivo do Porto está num momento incrível, e pode ser um dos melhores trincos deste Euro-2016.
    A seguir a este trio, o domínio da futurologia é intenso - Ricardo Quaresma, mantenha-se como arma secreta ou ganhando a titularidade, deve ser um jogador-chave no nosso percurso, e o mesmo se pode dizer de André Gomes, o jogador dos grandes jogos. O talento do miúdo Raphaël Guerreiro e do benjamim Renato Sanches pode fazer a diferença, acreditando nós que Raphaël não demorará a mostrar que tem que ser titular, e podendo Renato dizer "eu estou aqui" quando faltar a Portugal o que faltava ao Benfica antes de apostar no 16 de Portugal: capacidade de transportar jogo, arriscando e queimando linhas, acelerando e aproximando a equipa da baliza adversária.
    Se chegarmos longe como acreditamos, Rui Patrício terá que dar sequência à época que realizou pelo Sporting, podendo inclusive ser decisivo se acontecer algum desempate nas grandes penalidades. A qualidade da nossa dupla de centrais, uma das melhores deste Euro, é inequívoca, Nani tem que fazer pela vida, Rafa ao contrário do que pensávamos há tempos pode não render nas duas posições da frente, rendendo sim na esquerda, esticando o que João Mário equilibra; seria irónico Éder saltar do banco para marcar golos fulcrais, e só esperamos que Fernando Santos saiba ler as necessidades da equipa (outra dinâmica haveria com Coentrão e Cancelo a laterais, um lesionado e o outro ignorado, e a tendência de acrescentar a energia de Renato Sanches pode ser uma solução face à ausência dum criativo com bola no pé como Bernardo Silva). Em relação a João Moutinho, veneramo-lo como médio, mas está longíssimo do nível habitual. Veremos como, e se, evolui.


2. ÁUSTRIA  
(Previsão: Quartos-de-Final)

  • Guarda-Redes: Robert Almer (Austria Viena), Heinz Lindner (Eintracht Frankfurt), Ramazan Ozcan (Ingolstadt)
  • Defesas: Florian Klein (Ingolstadt), Gyorgy Garics (Darmstadt), Aleksandar Dragovic (Dínamo Kiev), Martin Hinteregger (Gladbach), Kevin Wimmer (Tottenham), Sebastian Prödl (Watford), Markus Suttner (Ingolstadt), Christian Fuchs (Leicester City)
  • Médios: David Alaba (Bayern Munique), Julian Baumgartlinger (Mainz), Zlatko Junuzovic (Werder Bremen), Stefan Ilsanker (RB Leipzig), Marcel Sabitzer (RB Leipzig)
  • Extremos: Martin Harnik (Estugarda), Marko Arnautovic (Stoke), Alessandro Schöpf (Schalke 04), Jakob Jantscher (Lucerne)
  • Avançados: Marc Janko (Basel), Lukas Hinterseer (Ingolstadt), Rubin Okatie (1860 Munique)
Seleccionador: Marcel Koller;

Equipa-Base (4-2-3-1): Almer; Klein, Dragovic, Hinteregger, Fuchs; Baumgartlinger, Alaba; Harnik, Junozovic, Arnautovic; Janko
    Embora um onze 100% expectável permita melhor preparação por parte dos adversários, representa também estabilidade, confiança e garantia de que os jogadores se conhecessem e sabem trabalhar em conjunto. A Áustria não parece fugir a este 4-2-3-1, com Hinteregger a relegar Wimmer para o banco, garantindo-se como parceiro de Dragovic na defesa, e o trio Harnik, Junozovic e Arnautovic no apoio ao ex-portista Marc Janko. O jovem Marcel Sabitzer pode ser o Ás saído do banco em alguns jogos, mas ou muito nos enganamos ou então será mesmo este o 11 da Áustria.

Destaques Individuais (Previsão):
    David Alaba e Marko Arnautovic. Se a Áustria conseguir chegar aos quartos-de-final, como antevemos, muito peso terão tido até essa fase o melhor jogador da equipa e a vedeta. Alaba, que joga praticamente onde o treinador quiser, é o motor do jogo austríaco, passando todo o jogo por ele a meio-campo. Já em relação a Arnautovic, embora seja capaz do 8 e do 80, por ser um jogador de grandes palcos, pode muito bem resolver vários problemas que surjam no caminho da Áustria. Numa defesa que conta também com Dragovic e o jovem Hinteregger, Christian Fuchs pode dar sequência à sua grande temporada no Leicester: depois de integrar a surpresa na Premier, arrisca-se a integrar uma das surpresas deste Euro.
    Embora o criativo Zlatko Junuzovic tenha maior preponderância no jogo da selecção orientada por Marcel Koller, é do gigante Marc Janko, um velho conhecido dos portugueses, que se podem esperar alguns golos. Na fase de qualificação marcou 7, embora Arnautovic e Alaba possam ficar perto ou acima dos números do avançado de 1,96m. No flanco oposto ao de Arnautovic, Martin Harnik (3 golos e 4 assistências no apuramento) pode destacar-se especialmente se não for levado tão a sério, enquanto que a coqueluche da equipa, Marcel Sabitzer, pode entrar no 11 ao longo do Europeu - tem uma boa relação com o golo, e deve tornar-se facilmente o 12.º jogador mais utilizado.


3. ISLÂNDIA  
(Previsão: Oitavos-de-Final)

  • Guarda-Redes: Hannes Halldorsson (Bodo/Glimt), Ingvar Jonsson (Sandefjord), Ogmundur Kristinsson (Hammarby)
  • Defesas: Birkir Saevarsson (Hammarby), Haukur Hauksson (AIK), Ragnar Sigurdsson (Krasnodar), Hordur Magnusson (Cesena), Kari Arnason (Malmö), Hjortur Hermannsson (PSV), Ari Skulason (OB), Sverrir I. Ingason (Lokeren)
  • Médios: Aron Gunnarsson (Cardiff), Birkir Bjarnason (Basel), Emil Hallfredsson (Udinese), Theodor Bjarnason (AGF), Runar Sigurjonsson (Sundsvall), Gylfi Sigurdsson (Swansea)
  • Avançados: Alfred Finnbogason (Augsburgo), Kolbeinn Sigthorsson (Nantes), Jon Bodvarsson (Kaiserslautern), Eidur Gudjohnsen (Molde), Arnór Ingvi Traustason (Norrkoping), Johann Gudmundsson (Charlton)
Seleccionadores: Lars Lagerbäck e Heimir Hallgrímsson;
Equipa-Base (4-4-2): Halldorsson; Saevarsson, Arnason, R. Sigurdsson, Skulason; Gunnarsson, Bjarnason, Gudmundsson, G. Sigurdsson; Finnbogason, Sigthorsson
    Tal como a Áustria, quando tudo está bem, não se mexe. A Islândia deve manter-se fiel à fórmula que a trouxe até esta fase, magnificamente orientada por Lagerbäck e Hallgrímsson, com o técnico sueco a passar a pasta ao islandês depois desta competição. A defesa islandesa não é particularmente forte, mas esta Islândia vale pela coesão do colectivo, pelo compromisso e união, e pela consciência que todos os jogadores têm do seu papel em campo. O ponto forte é o meio-campo, como verão abaixo nos nossos destaques previstos, e resta ver como se apresentam Finnbogason e Sightorsson (contra Portugal é natural que a Islândia mantenha o 4-4-2, mas não é tão certo assim que o faça contra a Áustria por exemplo).

Destaques Individuais (Previsão):
    A figura é principalmente uma: Gylfi Sigurdsson. O médio ofensivo do Swansea já mostrou no clube do País de Gales que se dá bem e rende mais quando é a estrela, e a fase de qualificação comprovou-o - 6 golos e 3 assistências. O sucesso desta Islândia (tanto pode ficar em 3.º como em 2.º, e é difícil adivinhar se será ou não um dos melhores terceiros) passará essencialmente pela força do seu losango. Birkir Bjarnason costuma encher o campo na meia-direita, Johann Gudmundsson pode ser o wildcard da equipa, atraindo o olhar de potenciais interessados (recordamos que o Charlton, onde joga, foi relegado do Championship) e por fim o médio mais recuado, Aaron Gunnarsson é a formiga trabalhadora que andará sempre a "morder" os calcanhares a quem lhe aparecer pela frente.
    Nota apenas para a participação de Eidur Gudjohnsen, que aos 37 anos marca presença nesta equipa. Se houver uma surpresa nesta Islândia, apostamos em Arnór Traustason. 


4. HUNGRIA  

  • Guarda-Redes: Gabor Kiraly (Haladas), Denes Dibusz (Ferencvaros), Peter Gulacsi (RB Leipzig)
  • Defesas: Barnabas Bese (MTK Budapeste), Attila Fiola (Puskas Akadem.), Richard Guzmics (Wisla), Roland Juhász (Videoton), Tamás Kádár (Lech Poznan), Mihaly Korhut (Debrecen), Ádám Lang (Videoton)
  • Médios: Akos Elek (Diosgyori), Adám Nagy (Ferencvaros), Adam Pinter (Ferencvaros), Zoltan Gera (Ferencvaros), László Kleinheisler (Werder Bremen)
  • Extremos: Gergo Lovrencsics (Lech Poznan), Balazs Dzsudzsak (Bursaspor), Zoltan Stieber (Nürnberg)
  • Avançados: Adam Szalai (Hannover 96), Tamas Priskin (Slovan Bratislava), Nemanja Nikolic (Légia Varsóvia), Daniel Bode (Ferencvaros), Krisztián Németh (Al-Gharafa)
Seleccionador: Bernd Storck;

Equipa-Base (4-2-3-1): Kiraly; Fiola, Lang, Guzmics (Juhász), Kádár; Elek, Nagy; Dzsudzsak, Kleinheisler (Gera), Nemeth; Szalai (Priskin)
    Embora seja das 3 selecções que Portugal defrontará aquela que tem maior História e tradição no Velho Continente, a Hungria de Storck tem menos recursos que as restantes actualmente. Gabor Kiraly, aos 40 anos o jogador mais velho deste Euro-2016, terá à sua frente uma defesa competente, e no meio-campo Elek e Nagy deverão ser os escolhidos para recuperar o esférico e asfixiar os adversários, entregando as despesas do ataque a quem sabe ter bola em zonas adiantadas - a estrela Dzsudzsak, bem como um misto de veterania e juventude de Gera e Kleinheisler.
    Na frente, Szalai tem mais nome e CV, mas Priskin pode ser a opção do seleccionador.

Destaques Individuais (Previsão):
    Confiando tanto no nosso instinto como na nossa racionalidade, parece-nos que o mais provável é a Hungria ficar no último posto do grupo. Nos 3 jogos da fase de grupos, Balazs Dzsudzsak deve assumir a equipa, e este pode ser o momento de Adam Szalai aproveitar as oportunidades que lhe forem dadas. A meio-campo, Adám Nagy pode ficar na retina ao ser um médio da moda - sempre em alta rotação, com 20 anos e muito terreno para mapear - e o lateral/ central Tamás Kádár poderá destacar-se no apoio ao capitão Dzsudzsak.





Posters ESPN - Euro 2016 - Grupo F


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