4 de junho de 2016

Barba no Euro: Os Nossos 23 (Espanha)

Por fim, e depois de olhar para as restantes 6 selecções com os elencos mais ricos da Europa, chegamos à bicampeã europeia. É difícil esquecer a fraca prestação espanhola no Mundial-2014, humilhada pela Holanda (5-1) e derrotada pelo Chile (2-0), as duas equipas que deixaram a Espanha pela fase de grupos no Brasil. No entanto, para além desse acidente de percurso poder funcionar como motivação (algo que parecia faltar a uma Selecção que ganhara tudo em 2008, 2010 e 2012) é importante não ignorarmos que estamos perante a vencedora dos últimos 2 europeus de futebol e por isso a detentora do troféu.
    Na qualificação, nuestros hermanos dominaram o grupo C, ficando à frente da Eslováquia e da Ucrânia. Com 27 pontos (9 vitórias e uma derrota), só a visita à Eslováquia impediu o pleno, num jogo em que a Espanha sofreu dois do total de 3 golos sofridos com que terminou o percurso. Em França, o grupo é peculiar - os espanhóis medirão forças com Croácia, Turquia e República Checa, 3 selecções muito diferentes.
    Nos nossos 23 procurámos fazer justiça em relação a alguns elementos que Del Bosque deixou de fora. Ainda assim, a convocatória de Espanha seria sempre um exercício difícil, por ser uma das 3 selecções nas quais a base de recrutamento é mais rica, acabando o rendimento ao longo da época e o fulgor físico dos jogadores a terem um peso determinante na hora de escolher X ou Y. E sim, como poderão ver abaixo, connosco Iker Casillas não ia a França.


A Convocatória



  • Guarda-Redes: David De Gea (Manchester United), Sergio Rico (Sevilha), Pepe Reina (Nápoles)
  • Defesas: Juanfran (Atlético Madrid), Héctor Bellerín (Arsenal), Gerard Piqué (Barcelona), Sergio Ramos (Real Madrid), Mikel San José (Athletic Bilbao), Javi Martínez (Bayern Munique), Jordi Alba (Barcelona), César Azpilicueta (Chelsea)
  • Médios: Sergio Busquets (Barcelona), Thiago Alcântara (Bayern Munique), Saúl Ñíguez (Atlético Madrid), Andrés Iniesta (Barcelona), Cesc Fàbregas (Chelsea)
  • Extremos: Koke (Atlético Madrid), David Silva (Manchester City), Pedro Rodríguez (Chelsea), Nolito (Celta Vigo)
  • Avançados: Álvaro Morata (Juventus), Aritz Aduriz (Athletic Bilbao), Fernando Torres (Atlético Madrid)
Lista de Contenção: Adrián (West Ham), Mario Gaspar (Villarreal), Victor Ruiz (Villarreal), Bruno Soriano (Villarreal), Juan Mata (Manchester United), Isco (Real Madrid), Paco Alcácer (Valência)


    A Espanha pode não ter a resiliência mental dos alemães ou o poderio físico da França a meio-campo, mas não há na Europa outra equipa com tamanha qualidade a tratar a bola por tu, com inúmeros mestres no capítulo da recepção e do passe.
    Começando pela baliza, connosco Iker Casillas não viajaria para França. O guarda-redes do Porto, um histórico (167 jogos) para La Roja, parece-nos ter ultrapassado o seu prazo de validade: esta temporada foi incapaz de fazer a diferença pela positiva nos dragões, e dado o seu peso a sua presença no grupo poderia dificultar a passagem de testemunho para David De Gea. O nº 1 do Manchester United tem que ser o titular neste Euro 2016, por ser não só o melhor do seu país como um dos melhores do mundo, e podendo servir esta competição para dissipar quaisquer dúvidas sobre o seu valor num nível alto (Neuer, Buffon, Oblak e Cech já todos deram provas em grandes competições internacionais de clubes ou selecções, e De Gea não propriamente). O sevilhano Sergio Rico e Pepe Reina (será Reina o Paulo Lopes espanhol ou Paulo Lopes o Reina português?) completam o nosso trio de luvas calçadas.
    Na defesa, na direita a lesão de Carvajal levou Del Bosque a optar pelas nossas primeiras escolhas - Juanfran e o jovem Héctor Bellerín. Juanfran é um indiscutível, basta dizer que é um intocável no Atlético Madrid de Simeone, e Bellerín (21 anos) desequilibra constantemente no último terço. Na esquerda e embora fiquem inúmeros jogadores de fora (Marcos Alonso, Bernat, Gayà, Monreal e Moreno), Jordi Alba é a opção nº 1 e César Azpilicueta um lateral pouco exuberante mas muito competente a defender. No centro, Gerard Piqué (provavelmente o melhor central do mundo em 2015/ 16) e Sergio Ramos são escolhas automáticas, acompanhados por 2 elementos capazes de actuar como centrais ou médios defensivos - Mikel San José e Javi Martínez.
    Só numa grande selecção seríamos obrigados a deixar jogadores como Isco, Bruno Soriano e Juan Mata numa lista de contenção (a lesão prolongada de Cazorla deixa-o fora das contas, ele que noutras circunstâncias estaria impreterivelmente nos nossos 23). O meio-campo espanhol começa sempre em Sergio Busquets, e no restante conjunto de médios procurámos escolher jogadores com características diferentes, capazes de dar algo diferente ao jogo e sem os quais não conseguíamos ver esta Espanha. Andrés Iniesta é o nosso capitão, Thiago Alcântara uma das grandes baixas da Espanha em 2014 e um jogador duma classe e elegância ímpares, Saúl Ñíguez (um crime Del Bosque deixá-lo de fora) fez uma época incrível e não há nenhum outro médio como ele, e Cesc Fàbregas é um criador nato de oportunidades, embora connosco funcionasse como suplente sempre utilizado, entrando como fazia em 2008 quando os adversários estavam mental e fisicamente mais desgastados. Pensando em largura, Koke e David Silva têm lugar cativo, Pedro Rodríguez (é talvez a nossa excepção, porque não fez uma grande época, mas é sabida a sua eficácia nos momentos decisivos) faz sentido e Nolito oferece algo ao futebol espanhol que nenhum outro extremo é capaz.
    No ataque, Álvaro Morata é o nosso ponta de lança preferencial, uma aposta para o futuro, e com o perfil desejado atendendo ao nosso modelo de jogo e aos médios titulares. Pelos golos que se fartou marcar Aritz Aduriz tinha que aqui estar e, por fim, o renascido el niño Fernando Torres connosco iria a França. O avançado do Atlético Madrid acabou a época numa forma surreal, e a sua ausência foi uma das duas grandes falhas na lista de Del Bosque. Temos pena de Paco Álcacer, determinante na qualificação espanhola para o Euro, mas fica apenas pela lista de contenção.

O Onze

    Olhando para o 11 inicial, é possível que Del Bosque acabe por apostar numa estrutura e intervenientes semelhantes. A baliza fica naturalmente entregue a David De Gea, pronto para reforçar o seu brilhantismo em termos de reflexos e agilidade. À frente, o nosso quarteto é composto por Juanfran, Piqué, Sergio Ramos e Jordi Alba. E salvo alguma surpresa (Carvajal em vez de Juanfran é a única possibilidade), Del Bosque deve fazer o mesmo.
    No meio-campo, Busquets é o primeiro nome a surgir na lista, pela omnipresença e rigor táctico que oferece, conjugados com um acerto no passe e com uma simplicidade de processos que deixa a equipa sempre a respirar melhor e mais segura. À frente do jogador do Barcelona, temos Thiago Alcântara e Iniesta como interiores, deixando Koke e Silva mais abertos na direita e esquerda respectivamente. A dinâmica que envolve estes 4 craques seria o nosso plano A, embora o nosso banco nos permita um sem-número de variáveis: trocar Thiago por Fàbregas poderia tornar a Espanha mais próxima de um 4-2-3-1, a entrada de Saúl Ñíguez permitiria queimar mais linhas em progressão, e um elemento como Nolito daria maior objectividade, esticando mais o jogo do que Silva e Koke fazem.
    O nosso número 9 (embora seja dono da camisola 7) é Álvaro Morata, que não tendo ainda explodido como grande finalizador, é dos avançados o que mais combate. Merece que este seja o momento dele. A presença de Fernando Torres no banco, hoje em dia um jogador que lida bem com essa condição, faria do avançado do Atlético Madrid a primeira escolha para render o avançado da Juventus. Já Aduriz, seria aposta mais provável num plano B, ele que marcou esta temporada 32 golos divididos entre La Liga e Liga Europa. 


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