4 de junho de 2024

Balanço Final - Premier League 23/ 24

 Premier League - Em Inglaterra, hoje em dia o futebol são 11 contra 11, e no fim ganha o Manchester City. Viciados em vitórias, os cityzens de Pep Guardiola (é sempre uma ajudinha ter o melhor treinador do mundo) fixaram um novo recorde desde que a bola rola na primeira divisão inglesa - 4 campeonatos conquistados de forma consecutiva.
    O 10º campeonato da História do emblema azul celeste de Manchester - 60% desses troféus foram com Pep ao leme - foi uma montanha russa de emoções, embora cada vez mais se suspeite como previsível e familiar o culminar do trajeto até então imprevisível. Incapaz de renovar a Champions e a FA Cup, o City soube superiorizar-se à concorrência, mesmo sem conseguir dominar nos jogos grandes e sem contar com o melhor jogador em Inglaterra (Kevin De Bruyne) durante quase meia época. Mais do que rotinados nestas andanças, especialistas em não vacilar (da jornada 15 à 38, foram 23 jogos consecutivos sem perder), de mãos dadas com a pressão, os tetracampeões tiveram em Foden e Rodri os seus principais craques e aproveitaram os deslizes dos rivais. O desafio deveria ser como renovar anualmente os índices de motivação, mas o que é certo é que em 2024/ 25 o farol já está traçado - ser penta e oferecer a Pep uma derradeira Premier naquela que deve ser a sua última época em Inglaterra.

    O vice-campeão Arsenal ficou a dois pontos (91 contra 89), amadurecendo e mostrando que o caminho a seguir é o atual. Os gunners têm feito tudo bem, têm uma base (Saliba, Rice, Odegaard, Saka) e um projeto para prosseguir, e o título que foge há 20 anos parece estar cada vez mais perto de se tornar uma realidade. Controlo, domínio e rigor defensivo (o campeão City não marcou qualquer golo ao Arsenal nos 180 minutos entre ambos no campeonato) foram termos que acompanharam toda a temporada dos pupilos de Mikel Arteta, que acabam a lamentar aquele fim-de-semana de 13 e 14 de Abril - quando Arsenal e Liverpool foram derrotados em casa por Aston Villa e Crystal Palace, e o City não perdoou - e aquele um-para-um entre Son Heung-Min e Ortega.
    2023/ 24 foi o final da bonita, sempre sorridente, descomplexada e enérgica, história de Jürgen Klopp em Liverpool. O alemão estava em Anfield desde 2015, foi protagonista de uma rivalidade genial com Guardiola, e sai por uma porta à medida do seu 1,91m, com um 3º lugar que durante algum tempo foi primeiro devido ao renascimento de um centralão chamado Virgil van Dijk.

    O Aston Villa de Unai Emery foi o overachiever (quarto lugar e acesso à fase de grupos da próxima Liga dos Campeões) da temporada, merecendo também elogios o Bournemouth, o Crystal Palace (um fenómeno desde que Glasner se estreou como treinador em Fevereiro) e o Everton, ao contrário de Manchester United (8º lugar e uma diferença de golos negativa pela 1ª vez na História do clube), Chelsea (muito dinheiro, muito desnorte), bem como Brighton e Brentford, emblemas até então em trajetórias ascendentes, mas desta vez muitíssimo irregulares. Para o Tottenham, o pós-Harry Kane teve altos e baixos, mas ninguém terá dúvidas que Ange Postecoglou é o homem certo no sítio certo, e o acertado perfil dos reforços mostra que há razões para ter esperança no futuro.
    Como nota pouco comum, o facto de ao longo da época apenas Crystal Palace, Nottingham Forest e Sheffield United terem optado por mudar de treinador. Estabilidade e paciência foram palavras de ordem.

    Os recém-chegados Luton Town, Burnley e Sheffield United vão já embora, com as vagas a serem preenchidas por Leicester City, Ipswich Town (muita expectativa) e Southampton. 

    Acompanhem-nos então numa análise à época das 20 equipas da Premier League, sistematizando ideias-chave, o que correu bem, o que correu mal, quem brilhou e quem desiludiu:



 MANCHESTER CITY (1)

    Quatro títulos consecutivos. Mortífero aproveitador de deslizes alheios, vencedor por natureza, especialista em não escorregar (23 jogos consecutivos sem perder até comemorar o título, em casa, frente ao West Ham), o Manchester City conseguiu o que nem Sir Alex Ferguson tinha alguma vez alcançado, um dificílimo tetra.
    Campeão do mundo de clubes, finalista derrotado na FA Cup e eliminado pelo Real Madrid nos quartos-de-final da Champions, uma eliminatória que terá sido uma espécie de final antecipada, o Man City não encheu o museu de taças mas manteve, orgulhoso, o estatuto de campeão em Inglaterra. Impressionantes 6 campeonatos nos últimos 7, "culpa" de Pep Guardiola que conseguiu banalizar a até então liga mais imprevisível do Velho Continente.
    Com infinita capacidade de renovar os índices de motivação e fome, o City voltou a passar os 90 pontos (Pep foi campeão com 100, 98, 86, 93 e 89 nas cinco vezes anteriores), perdendo apenas 3 jogos, consecutivamente contra Wolves e Arsenal, e mais tarde em casa do Aston Villa. Desta vez, ficou na retina a forma como o City não deslumbrou nos jogos grandes - empatou, perdulário, jogos que deveria ter ganho contra Liverpool, Tottenham ou Arsenal.
    Na época da qual recordaremos o 1 para 1 entre o suplente Ortega e Son como o instante em que toda a gente ficou em suspenso e sem respiração, Kevin De Bruyne (em condições normais, o melhor jogador a atuar em Inglaterra) esteve disponível apenas meia época e o robótico Erling Haaland voltou a sagrar-se melhor marcador (27 golos), mostrando no entanto maior humanidade em frente à baliza. Entre os reforços, Gvardiol e Doku acrescentaram mais do que Kovacic e Matheus Nunes, brilhando acima dos demais a dupla Rodri e Phil Foden. O espanhol recusou-se a perder qualquer jogo, e as derrotas do City surgiram precisamente em jogos em que não esteve na ficha de jogo, e Phil Foden foi o MVP desta edição, carregando a sua sniper em vários momentos decisivos (bis contra o Manchester United e West Ham, hat-tricks contra Aston Villa e Brentford).
    Quem é tetra quererá experimentar ser penta. E em 2024/ 25 poderá existir o bónus motivacional (eles inventam sempre algum) de vencer na que poderá ser a última dança de Pep em Inglaterra.

Destaques: Phil Foden, Rodri, Erling Haaland, Kevin De Bruyne, Nathan Aké

 ARSENAL (2)

   Custa fazer 89 pontos e mesmo assim ver o Manchester City festejar com dois pontinhos mais. Mas isto é o que Pep Guardiola faz, e Arteta, os seus jogadores e os adeptos dos gunners podem lembrar-se que o Liverpool de Jürgen Klopp chegou a ser segundo com 97 pontos (2018/ 19).
    A época do Arsenal merece todos os elogios possíveis e imaginários: o emblema mais forte de Londres pontuou mais do que na época passada, marcou mais golos, sofreu menos e, com exceção do deslize caseiro diante do Aston Villa, conseguiu não "desarmar" na perseguição final. Em 2024, na Premier League, o Arsenal venceu 16 dos 18 jogos que disputou. Empatou 0-0 em casa do Manchester City e teve a tal derrota contra Unai Emery, que o City aproveitou.
    No caminho certo para reconquistar algo que escapa há 20 anos, os gunners foram a equipa com melhor rendimento nos jogos entre os grandes, e impressionou-nos a forma como a equipa conseguiu quase sempre exercer total controlo, parecendo conseguir colocar em campo exatamente a estratégia planeada.
    Incapaz de bater Aston Villa e Fulham, os gunners foram a equipa com mais golos de bola parada (20) e ficaram rendidos a Declan Rice, com o ex-West Ham a mostrar ser tudo aquilo que se poderia esperar dele. Arteta retirou a baliza a Ramsdale, inventou no começo da temporada quando desfez a dupla Saliba-Gabriel (a melhor em Inglaterra) e viu Gabriel Martinelli baixar a sua forma, mas a confiança depositada em Kai Havertz rendeu com o passar do tempo. Bukayo Saka (16 golos e 9 assistências) voltou a brilhar, fazendo-nos esquecer por vezes que tem somente 22 anos, e o salto qualitativo de Martin Odegaard em 2024 motivou o atingir da perfeição futebolística dos londrinos.
    Com futebol de campeões, personalidade de campeões e uma base de luxo (Saka, Odegaard, Rice, Saliba e White) é tudo uma questão de esperar.

Destaques: Declan Rice, Bukayo Saka, Martin Odegaard, William Saliba, Gabriel

 LIVERPOOL (3)

    Obrigado, Jürgen Klopp. O inesperado adeus do técnico germânico, decidido e comunicado em Janeiro, apanhou o mundo do futebol de surpresa. Infelizmente, o agradecimento em campo ao sorridente gigante alemão (desde 2015 em Anfield) não foi o triunfo com que os jogadores sonharam a dado momento.
    Na última jornada, apenas Manchester City e Arsenal podiam sagrar-se campeões, mas durante quase toda a campanha a luta foi a três, e o Liverpool liderou durante muito tempo.
    Com apenas 4 derrotas (Tottenham, Arsenal, Everton e Crystal Palace, com os últimos a impedirem um registo 100% invicto em casa), os reds mostraram resiliência e fibra, inventando soluções ao ter que lidar com as várias lesões - Kelleher teve que fazer de Alisson durante 10 jornadas, a lesão de Trent permitiu a estreia de Conor Bradley, e Virgil Van Dijk (o elemento constante e inquebrável na linha defensiva) formou dupla com Konaté, Matip, Gomez e Quansah.
    Parece adequado que na última página escrita em Inglaterra da rivalidade Klopp versus Guardiola os dois jogos tenham terminado empatados (1-1), e se no ataque Darwin voltou a semear o caos (para o bem e para o mal) e Salah perdeu fulgor pós-CAN, no meio-campo o argentino Alexis Mac Allister assumiu as rédeas da equipa.
    Segue-se a dinastia de Arne Slot, e acreditamos que muita coisa mude na cidade dos Beatles durante a próxima janela de transferências.

Destaques: Virgil van Dijk, Alexis Mac Allister, Mohamed Salah, Trent Alexander-Arnold, Luis Díaz


 ASTON VILLA (4)

A equipa sensação desta temporada na Premier League. No começo da época apontámos o Aston Villa ao 6
º lugar, mas os villans conseguiram ainda melhor e garantiram o último bilhete disponível para a fase de grupos da próxima Champions League, batendo a concorrência de Tottenham, Chelsea, Newcastle e Manchester United.
    A ambição do projeto ficou evidenciada no tipo de contratações (jogadores como Diaby e Pau Torres) e a tendência será continuar. A luta pelo primeiro lugar foi entre Pep Guardiola e Mikel Arteta, mas Unai Emery foi o verdadeiro Treinador do Ano, impressionando na abordagem planeada para cada jogo e na capacidade de ler os acontecimentos.
    A equipa de Birmingham venceu o Arsenal por duas vezes (1-0 em casa e um 2-0 fora, com golos de Bailey e Watkins num espaço de 4 minutos, determinante na corrida ao título) e derrotou também o Manchester City no Villa Park. Exímios em colocar os adversários em fora de jogo, os villans fizeram-se heróis e tiveram em Ollie Watkins a sua principal figura. O melhor avançado desta edição, super completo, contabilizou uns impressionantes 19 golos e 13 assistências.
    Douglas Luiz deu o salto, Emi Martínez foi um dos dois melhores guarda-redes do campeonato, Pau Torres não acusou a mudança para um futebol mais físico, McGinn e Konsa estiveram irrepreensíveis, e o jovem Morgan Rogers mostrou que Emery está atento ao Championship, uma liga na qual cresceu bastante Jaden Philogene-Bidace, emprestado pelo Villa ao Hull City.

Destaques: Ollie Watkins, Douglas Luiz, Emiliano Martínez, John McGinn, Ezri Konsa

 TOTTENHAM (5)

    O Tottenham está no caminho certo. Quando Harry Kane decidiu rumar a Munique, onde acabou por prosseguir sem qualquer troféu conquistado, muitos pensaram que os spurs iriam cair, órfãos do seu capitão, goleador e melhor jogador.
    Ange Postecoglou não permitiu que isso acontecesse. O australiano, eleito treinador do mês na Premier League em Agosto, Setembro e Outubro de 2023, provou ser o homem adequado para o lugar, coisa que Mourinho, Conte ou NES nunca pareceram. E ao contrário dos célebres Magnificent 7 (os sete jogadores que o Tottenham comprou imediatamente depois de vender Gareth Bale, um leque pouco impressionante, sendo as exceções Lamela e, principalmente, Eriksen), desta vez a prospeção foi brilhante - Maddison, Van de Ven, Vicario, Dragusin e Brennan Johnson acrescentaram qualidade e são um excelente indicador que o futebol dos spurs está a ser pensado e projetado com bom gosto e inteligência.
    A Champions ficou a 2 pontos, o grande rival Arsenal está vários patamares acima em termos de sonhar com o título, mas no Norte de Londres os ingredientes estão reunidos para que aconteçam boas coisas. É preciso, claro, tempo, estabilidade e mais algumas contratações.
    Individualmente, James Maddison foi Top-3 no campeonato até se lesionar na azarada receção ao Chelsea, Son Heung-Min recebeu o testemunho do amigo Kane e contribuiu ora na esquerda ora como avançado, e na defesa aconteceu algo invulgar - Vicario, Van de Ven, Romero, Porro e Udogie conseguiram todos apresentar qualidade, 1 a 1, mas a defesa foi coletivamente permeável. 

Destaques: Son Heung-Min, Micky van de Ven, Guglielmo Vicario, Cristian Romero, James Maddison

 CHELSEA (6)

    Sem considerar o contexto na equação, o Chelsea conseguiu algo que mais nenhuma equipa atingiu nesta Premier League - uma subida de seis lugares na tabela classificativa, passando de 12º para 6º. Mas, com franqueza, o mal estava no chocante sub-rendimento de 2022/ 23.
    O norte-americano Todd Boehly continua a gerir o clube como um miúdo de 12 anos a jogar Football Manager, contratando tudo o que mexe (na época passada foram gastos 630 milhões com Enzo, Fofana, Mudryk, Cucurella, Sterling, Koulibaly, Badiashile, Gusto, Madueke, entre outros, e este ano foram 471 com Caicedo, Lavia, Nkunku, Cole Palmer, Disasi ou Nicolas Jackson).
    Para colocar um plantel pouco entrosado e muito jovem, salvo Thiago Silva e Sterling, a render, Boehly escolheu o argentino Mauricio Pochettino. E o ex-Tottenham e PSG fez um trabalho bastante satisfatório: desenvolveu jogadores, não se coibiu de fazer experiências devido às várias lesões que assolaram o grupo e viu a sua equipa fechar a época em grande (5 vitórias nas últimas cinco jornadas).
    Além da boa segunda volta, o rendimento superior dos blues nos jogos grandes também serviu como atestado do potencial deste elenco: o Chelsea empatou duas vezes (4-4 e 1-1) com o campeão Manchester City, e chegou aos 4 golos contra Tottenham e Manchester United.
    Boehly não quer e não sabe esperar, e deve preferir ter um yes man e não um treinador que pretenda uma comunicação vertical transparente no clube e um input na política de transferências, e por isso Pochettino foi injustamente afastado do cargo, tendo sido já apresentado Enzo Maresca, treinador do Leicester e ex-adjunto de Guardiola como substituto.
    Em todo o caso, desta época fica a permanente alta rotação de Conor Callagher, com as suas meias esburacadas, Gusto soube aproveitar as crónicas lesões de Reece James, e Nicolas Jackson fartou-se de falhar golos cantados mas 14 golos numa época de estreia em Inglaterra não é mau. A dupla Enzo-Caicedo esteve longe de ser o que todos sonhavam, algo que ainda ficou mais acentuado com as super-exibições do outro médio (Gallagher) e ninguém teria imaginado que Cole Palmer, uma boa oportunidade de mercado, chegaria do Manchester City para se afirmar como um dos principais jogadores desta Premier League. Cold Palmer, que nunca marcara no primeiro escalão inglês, embalou para 22 golos e 11 assistências, deixando a fasquia muito alta para a sua avaliação nas épocas vindouras.

Destaques: Cole Palmer. Conor Gallagher, Malo Gusto, Nicolas Jackson

 NEWCASTLE (7)

    Os quartos classificados de 2022/ 23 desapontaram: com um vendaval de lesões, quiçá "culpa" da presença na Liga dos Campeões, que revolucionou hábitos, gestão e os dias de recuperação.
    A diferença casa/ fora também pesou na prestação interna dos magpies. St James' Park foi um santuário de boas exibições, conseguindo a turma de Eddie Howe um registo caseiro de Top-4, mas fora viu-se o Mr. Hyde (11 derrotas em 19 partidas como visitante).
    Muito pior defensivamente (33 golos passaram a 62) mas, curiosamente, mais concretizador (evolução de 68 para 85), o Newcastle marcou 4 ou mais golos em 10 jornadas diferentes, merecendo especial sublinhado aquele 8-0 em casa do Sheffield United, com os oito golos a serem apontados por 8 jogadores diferentes.
    Pope (apenas 15 jogos), Trippier e Botman foram baixas em diferentes momentos, Bruno Guimarães voltou a mostrar que é um dos melhores médios em Inglaterra, e as duas grandes individualidades foram Alexander Isak e Anthony Gordon. O ponta de lança sueco explodiu e chegou aos 21 golos, enquanto que Gordon arrasou pela esquerda com 11 golos e 10 assistências. O internacional inglês está feito um senhor jogador.

Destaques: Alexander Isak, Anthony Gordon, Bruno Guimarães, Fabian Schär, Kieran Trippier

 MANCHESTER UNITED (8)

    Vergonhoso. Nunca antes o Manchester United tinha terminado uma Premier League em oitavo lugar, nunca antes o Manchester United tinha terminado um campeonato com uma diferença de golos negativa (-1), nunca antes o Manchester United tinha acumulado tantas derrotas (14) numa edição, nunca antes o Manchester United se tinha destacado tão regularmente como equipa que concede mais oportunidades ao adversário.
    Recordistas pela negativa, os red devils caíram 5 lugares na tabela em relação à temporada anterior, conseguiram o feito de terminar em último no seu acessível grupo da Champions (Copenhaga e Galatasaray ficaram acima) e no fim, quando poucos adeptos ousavam sonhar, acabaram por levar de vencida o rival da cidade (2-1, com golos dos diamantes Mainoo e Garnacho) em Wembley.
    Está ainda por perceber se este foi o fim de linha para Erik ten Hag no clube, tendo o neerlandês apenas a seu favor no reportório de argumentos a absurda quantidade de lesões (45) que atormentou o plantel. O quase retirado Jonny Evans foi obrigado a jogar quase o dobro dos minutos de Lisandro Martínez, tendo sido a defesa o setor mais fustigado (Casemiro realizou vários jogos a central adaptado).
    Analisando ao detalhe, os portugueses Bruno Fernandes (tanta oportunidade de golo criada para outros desperdiçarem) e Diogo Dalot foram dos melhores, Onana melhorou bastante em 2024 mas, no geral, adiou males maiores com múltiplas defesas em vários jogos para, aqui e ali, ter culpas diretas em alguns golos sofridos. Rashford caiu a pique, Hojlund deixou boas indicações mas acusou a responsabilidade de ser o avançado nº 1, Maguire ganhou confiança, Antony jogou incompreensivelmente mais jogos do que Amad Diallo, Garnacho marcou em Goodison Park o golo do ano (que bicicleta, ao nível de Rooney e do seu ídolo, CR7) e a melhor notícia de 2023/ 24 acabou por ser Kobbie Mainoo: o médio centro de 19 anos é um predestinado, com o tipo de personalidade que distingue os grandes jogadores, aqueles que dizem sempre presente nas horas mais difíceis.

Destaques: Bruno Fernandes, Diogo Dalot, Kobbie Mainoo, André Onana, Harry Maguire

 WEST HAM (9)

    O último de 6 anos do escocês David Moyes (será substituído por Julen Lopetegui) culminou numa classificação boa q.b., coadjuvada por uma caminhada europeia até aos quartos-de-final da Liga Europa. Pós-Declan Rice, os hammers subsistiram sem o seu líder e melhor jogador, e realizaram uma Premier League com dupla face - na primeira volta o West Ham foi sexto, a menos de 9 pontos dos então líderes Liverpool e Aston Villa, enquanto que na segunda volta foi 16º.
    A explicação para a progressiva quebra de rendimento não é simples, sendo certo que os londrinos mostraram-se sempre mais confortáveis quando puderam abdicar do esférico e apostar em transições: apenas 3 equipas ficaram abaixo da média de 40,5% de posse de bola do West Ham, tendo sido o contra-ataque a arma utilizada para vencer por exemplo Arsenal, Brighton, Manchester United ou Tottenham.
    A equipa que não foi capaz de impedir o Manchester City de se sagrar campeão na última jornada teve em Jarrod Bowen (umas vezes a extremo direito, outras a falso 9) o seu principal ativo, sem descurar os super reflexos de Areola, a preponderância de Lucas Paquetá (prevê-se uma gigantesca suspensão para o craque brasileiro, decorrente do escândalo de apostas em que está envolvido) e o quebra-cabeças constante Kudus, um jogador que tem muito para crescer na próxima época.

Destaques: Jarrod Bowen, Alphonse Areola, Mohammed Kudus, Lucas Paquetá

 CRYSTAL PALACE (10)

    Ao analisar a temporada do Crystal Palace, impõe-se a consideração de duas dicotomias. Houve um Palace com Roy Hodgson e outro com Oliver Glasner. Quando o técnico de 76 anos deixou o cargo, com alguns problemas de saúde pelo meio, os eagles estavam num perigoso 17º lugar a apenas 4 pontos da zona de descida. O efeito Glasner foi... impressionante. Sob o comando do austríaco, técnico com pedigree de Bundesliga onde orientou Eintracht Frankfurt e Wolfsburgo, os londrinos escalaram sete posições na tabela, conseguindo nesse período de 14 jornadas o estatuto de quarta (!) melhor equipa da Premier League, apenas atrás de Manchester City, Arsenal e Chelsea. Compreende-se portanto que Steve Parish endeuse Glasner e que por isso tenha, alegadamente, pedido 100 milhões de euros pelo seu treinador quando o Bayern tocou à porta de Selhurst Park.
    Além da dicotomia marcada pela mudança no corpo técnico, verificou-se ainda uma brutal diferença entre duas versões do Crystal Palace - aquele que encantou quando teve Olise e Eze livres de lesões, e aquele que se limitou a tentar sobreviver, quando privado dos seus craques.
    Com diversos motivos para acreditar e sonhar com um crescimento sustentado, o Palace teve sempre em Joachim Andersen um central seguro, encantando o futebol irreverente e tecnicista de Eze e a meia distância poderosa de Olise. Assistimos incrédulos à metamorfose de Mateta, e talvez tenha sido o Palace a equipa mais inteligente no mercado de Janeiro: o colombiano Daniel Muñoz trouxe outra capacidade como lateral/ ala direito, e Adam Wharton (que achado!) deixou água na boca, fazendo por merecer o esquerdino ex-Blackburn, uma espécie de Busquets inglês, a confiança de Southgate.
    É difícil acreditar que Olise, Wharton e Eze continuarão no clube, mas estamos entusiasmados para acompanhar a versão de 2024/ 25 deste Crystal Palace, com Glasner no clube desde a jornada 1.

Destaques: Michael Olise, Eberechi Eze, Joachim Andersen, Adam Wharton, Jean-Philippe Mateta

 BRIGHTON (11)

    Manchester United e Chelsea falharam o Top-4, mas não há como não incluir o Brighton entre as desilusões da temporada em Inglaterra. O clube favorito dos donos do Chelsea, máquina de descobrir jogadores em futebóis periféricos e exóticos, realizando super-vendas (Caicedo, Cucurella, Ben White, Mac Allister, Bissouma, Trossard), piorou em todos os parâmetros de avaliação.
    A época terminou com o adeus do genial Roberto De Zerbi, não estando o italiano isento de culpas no falhanço: os seagulls acabaram num 11º a apenas 2 pontos do 14º, quando na temporada transata tinham comemorado um extraordinário sexto lugar. A presença na Liga Europa (caíram nos oitavos diante da Roma) obrigou a uma maior gestão do plantel, as lesões foram várias (Mitoma, Solly March, Evan Ferguson ou Estupiñán foram baixas em diferentes momentos) e nunca seria fácil substituir a casa das máquinas, o cerne, depois de perder Mac Allister (um dos reforços do ano) para o Liverpool e Moisés Caicedo (semi-flop) para o Chelsea.
    O trintão germânico e multifunções Pascal Gross voltou a ser o elemento mais consistente, merecendo nota positiva a época de estreia de João Pedro (total de 20 golos distribuídos entre campeonato, Liga Europa e FA Cup), ao contrário de Ansu Fati, que passou por Inglaterra sem deixar a sua impressão digital.
    Temos curiosidade para saber quem será o herdeiro de De Zerbi, e lembramos também um dos registos curiosos do percurso desta época: o Brighton venceu 5 jogos nas primeiras 6 jornadas, e venceu 7 nas restantes 32. Terá doído assim tanto aquele 6-1 do Aston Villa com super-exibição de Ollie Watkins?

Destaques: Pascal Gross, João Pedro, Lewis Dunk Simon Adingra

 BOURNEMOUTH (12)
    Gerir bem um clube envolve sempre decisões difíceis e corajosas. Quando o Bournemouth optou por prescindir de Gary O'Neil, adeptos e analistas não demoraram a julgar o injusto sacrifício. E tinham a sua razão. Mas afinal havia outro: o clube nomeou Andoni Iraola, ex-Rayo Vallecano, decisão que se revelou um tiro certeiro. O basco está para ficar (renovou até 2026) e o clube seguramente irá crescer com ele, impressionando a identidade de jogo ambiciosa e a boa prospeção de mercado.
    Sempre com futebol de gente grande, os cherries tiveram o seu pico emocional quando viraram um 0-3 diante do Luton Town para 4-3 e o seu ponto alto performativo quando "varreram" o Manchester United em Old Trafford com 3 golos sem resposta.
    Entre os vários jogadores valorizados, Senesi (um central com 4 golos e 5 assistências) e Zabarnyi mostraram-se uma eficaz dupla no eixo, Semenyo foi uma seta difícil de travar e o escocês Ryan Christie emergiu como coração da equipa e placa giratória do futebol rendilhado.
    Mas, naturalmente, falar do Bournemouth 23/ 24 é falar de Dominic Solanke. Aos 26 anos, o avançado formado no Chelsea e com passagem pelo Liverpool provou finalmente ser mais do que um "avançado de Championship". Tremenda evolução ao passar de 6 para 19 golos!

Destaques: Dominic Solanke, Antoine Semenyo, Ryan Christie, Marcos Senesi, Illia Zabarnyi

 FULHAM (13)
    

    Marco Silva merece mais crédito. Depois da 10ª posição em 2023, os cottagers apresentaram-se esta época com uma baixa de peso: o goleador sérvio Aleksandar Mitrovic (14 golos na última Premier League e 43 no Championship) fez o contrato da sua vida no Al Hilal de Jorge Jesus, deixando um vazio na linha de ataque do esquema do técnico português, um híbrido entre 4-2-3-1 e 4-3-3.
    Em termos de chegadas, os nigerianos Iwobi e Bassey foram os únicos elementos pelos quais o clube londrino passou os 20 milhões, ficando a responsabilidade de colmatar os golos sérvios, à partida, a cargo de Jiménez ou Broja. No entanto, quem acabou por agarrar a oportunidade foi Rodrigo Muniz, avançado que chegou mesmo a ser eleito o Jogador do Mês de Março no campeonato.
    Numa temporada em que o norte-americano Antonee Robinson se fartou de jogar à bola, merece também nota o profissionalismo de João Palhinha: o médio defensivo luso foi obrigado a lidar com a frustração de uma transferência vetada para o Bayern Munique, por incapacidade do Fulham em encontrar um substituto à altura no fecho do mercado, mas o comportamento do jogador com mais desarmes da Premier foi exemplar.
    Melhor momento? Aquela fase em Novembro e Dezembro em que a equipa marcou uns notáveis 16 golos em quatro jogos, incluindo duas vitórias por 5-0 consecutivas.

Destaques: Antonee Robinson, João Palhinha, Rodrigo Muniz, Alex Iwobi, Andreas Pereira

 WOLVES (14)

    No Molineux, a saída de Lopetegui por "diferenças de opinião" em relação à Direção aconteceu poucos dias antes da época começar. Os lobos confiaram em Gary O'Neil, cujos serviços tinham sido dispensados pelo Bournemouth, e o matrimónio futebolístico foi produtivo.
    A forçada contenção financeira - o Wolves despendeu 88 milhões, 50 deles imputados ao acionar da opção de compra de Matheus Cunha, isto depois de encaixar quase 170 com as transferências de Rúben Neves, Matheus Nunes e Nathan Collins, mais uns negócios extra - poderia deixar antever uma época sufocante, mas não foi o caso.
    O 14º posto foi consequência de uma reta final bastante fraca (nas últimas 12 jornadas, o clube perdeu 8 partidas) mas a tranquilidade nunca esteve em causa graças ao bom período de Dezembro, Janeiro e Fevereiro.
    O Wolves venceu o Manchester City (2-1) em casa, conseguiu 12 pontos nos quatro jogos contra Chelsea e Tottenham, e fez suar o United num 3-4 emocionante. O nosso Pedro Neto somou 9 assistências apesar de apenas ter estado disponível 1500 minutos, Aït-Nouri chamou a atenção dos grandes, João Gomes adaptou-se em definitivo ao futebol europeu e, na cara do golo, foram quase sempre destaque o imparável Matheus Cunha e o mortífero Hwang-Hee Chan, dois avançados que chegaram aos 12 golos cada um.

Destaques: Matheus Cunha, Hwang Hee-Chan, Pedro Neto, João Gomes, Rayan Aït-Nouri

 EVERTON (15)

   Goodison Park voltou a ser um terreno desconfortável para os adversários. Parece estranho dizer que o histórico Everton (entre 2004 e 2019 era quase sempre Top-8) foi uma das equipas sensação do ano, ao ficar em 15º, mas tudo indica que os toffees não voltarão nas próximas temporadas a estar de calculadora na mão e corda no pescoço, suando para assegurar a continuidade entre os grandes ingleses.
    O tempo comprovou Sean Dyche como um excelente match para o clube, e o ex-Burnley conseguiu fazer dos azuis de Liverpool uma das melhores defesas em Inglaterra (apenas Arsenal, Manchester City e Liverpool sofreram menos golos). A incapacidade para marcar golos (apenas 40) é uma preocupação e algo a corrigir uma vez que nem Calvert-Lewin nem Beto nem Chermiti são a solução.
    Sem a penalização na secretaria, o Everton teria ficado em 12º, com os mesmos pontos de Brighton e Bournemouth, equipas sempre elogiadas graças aos seus treinadores visionários, De Zerbi e Iraola.
    A vitória (2-0) diante do rival Liverpool em Abril de 2024 foi o pico de felicidade na melhor época da carreira de Jordan Pickfrod, escudado por Tarkowski e Branthwaite (é natural que um grande inglês perca a cabeça por ele), uma das melhores duplas de centrais desta edição.

Destaques: Jordan Pickford, Jarrad Branthwaite, James Tarkowski, Vitaliy Myolenko, Amadou Onana

 BRENTFORD (16)

    Mal se soube que Ivan Toney iria ser banido dos relvados durante 8 meses depois de serem públicas as suas 232 infrações (apostas), ficou claro que o Brentford teria esta época um desafio acrescido.
    Equipa superdependente de Toney na sua manobra ofensiva, não só do ponto de vista anímico por ser o capitão e goleador mas também do ponto de vista tático por ser um jogador solicitado vezes sem conta para segurar jogo, deixar a equipa ganhar metros ou respirar, os bees falharam no teste, interrompendo a trajetória ascendente na classificação - 13º em 21/ 22 e 9º na Premier anterior.
    O dinamarquês Thomas Frank viu a sua equipa piorar principalmente no plano defensivo (foram marcados apenas menos 2 golos, mas os golos sofridos aumentaram em 19), ficando o neerlandês Flekken (grande jogo na receção ao City, quando realizou 12 defesas mas mesmo assim encaixou um hat-trick de Foden) aquém dos desempenhos de Raya. Na frente, fica a quase certeza de que a época teria sido muito diferente se Mbeumo não se tivesse lesionado - o camaronês arrancou a todo o gás, mas uma lesão impediu o seu contributo durante 13 jogos, num período em que o Brentford somou 10 derrotas.
    Com o dossier Toney (termina contrato em 2025 e por isso deve ser transferido neste Verão) por resolver, o Brentford fecha esta temporada consciente que foi sempre mais forte quando conjugou na frente Mbeumo e Wissa, e com a noção que terá que ser bem mais ativo nesta janela de transferências de forma a distanciar-se dos claustrofóbicos lugares da cauda da tabela. 

Destaques: Bryan Mbeumo, Yoan Wissa, Mathias Jensen, Ethan Pinnock

 NOTTINGHAM FOREST (17)


    Com toda a sinceridade, trocávamos sem hesitar o Forest pelo Luton nas contas da manutenção. Com o novo dono do Rio Ave no comando, o grego Evangelos Marinakis, o Forest voltou a abusar nas transferências - em 22/ 23 ficou célebre o batalhão de jogadores contratados, embora de forma mais equilibrada: depois de gastar 194 milhões na temporada anterior, Marinakis ficou-se pelos 131, com a diferença de que desta vez teve lucros de 82 milhões (55 dos quais resultantes da mudança de Brennan Johnson para o Tottenham).
    Castigados com a retirada de 4 pontos devido ao fair-play financeiro, os reds tiveram dois treinadores, com o português Nuno Espírito Santo a substituir Steve Cooper. É discutível se NES fez o suficiente para continuar no City Ground.
    Entre os jogadores, Morgan Gibbs-White (5 golos e 10 assistências) foi a estrela da companhia e Chris Wood chegou aos 14 golos, um registo interessante se pensarmos que mereceu a titularidade em não mais do que 20 ocasiões. Sangaré desiludiu, Vlachodimos durou 5 jogos até ser encostado, merecendo sim destaque o bom rendimento de jovens como Murillo, Elanga e Hudson-Odoi.

Destaques: Morgan Gibbs-White, Murillo, Callum Hudson-Odoi, Anthony Elanga

 LUTON TOWN (18)

    Burnley e Sheffield United fizeram pouco ou nada para merecer a continuidade na Premier League, mas o Luton Town, a equipa com menos recursos entre os três, lutou a sério. Condenado matematicamente apenas na última jornada, o Luton não conseguiu aproveitar as penalizações de pontos do Everton e do Nottingham Forest, e diz adeus com o técnico Rob Edwards valorizado e 2 ou 3 jogadores com mercado.
    Presença assídua em jogos emocionantes (Luton 3-4 Arsenal, Newcastle 4-4 Luton, Luton 2-3 Aston Villa ou Bournemouth 4-3 Luton), o conjunto de Kenilworth Road foi quase sempre sinónimo de competitividade. De equipamento laranja, Ross Barkley foi uma das histórias da temporada, renascendo aos 30 anos depois de assinar a custo zero, e Alfie Doughty mostrou-se uma máquina de cruzamentos, sendo fácil especular que terá interessados entre as 20 equipas da próxima edição. O gigante Adebayo fez um hat-trick ao Brighton e o capitão Tom Lockyer pregou um susto ao mundo do futebol diante do Bournemouth, recuperando entretanto com um desfibrilador implantado.

Destaques: Ross Barkley, Alfie Doughty, Carlton Morris, Thomas Kaminski, Elijah Adebayo

 BURNLEY (19)

    Entre as 3 equipas provenientes do Championship, um trio que subiu em conjunto e desce agora em conjunto, o Burnley era a equipa que não antecipámos que estaria nesta posição um ano mais tarde. Dominadores no Championship (101 pontos e um futebol dinâmico e apaixonante), os clarets falharam redondamente na transição de escalão.
    Vincent Kompany (apresentado como treinador do Bayern Munique) viu-se privado de grandes talentos como Ian Maatsen (permaneceu no Chelsea e acabou emprestado e titular no Dortmund, finalista da Champions) ou Nathan Tella (o Southampton acabou por vendê-lo ao invicto internamente Bayer Leverkusen, onde foi um suplente útil), o que não explica a forma como a base da equipa foi desvirtuada, sucedendo-se as experiências, quase sempre falhadas.
    Acreditamos que Kompany resulte em Munique, pelo seu perfil, sendo certo que os bávaros valorizaram bem mais o selo de aprovação de Guardiola e o percurso no Championship do que este acidente em toda a linha na Premier.
    12º na média de posse de bola e no acerto do passe, o Burnley acabou por passar por 2023/ 24 sem deixar marcas ou quaisquer memórias de relevo. Os jogos contra o Sheffield (vitórias em casa por 5-0 e fora por 4-1) serviram para esquecer a restante miséria, deixando boas indicações o sempre fiável Sander Berge, jogadores ousados no drible como Koleosho e Odobert, e Muric mostrou na reta final que provavelmente teria sido mais acertado nunca o retirar da baliza.

Destaques: Sander Berge, Wilson Odobert, Arijanet Muric, Josh Brownhill

 SHEFFIELD UNITED (20)

    Apontar o Sheffield United à descida e, concretamente ao último lugar, era um dos exercícios mais obrigatórios no começo da época. Os blades, habituados a saltitar entre a Premier League e o Championship, viveram uma pré-temporada tenebrosa, perdendo os seus 2 melhores jogadores (Sander Berge mudou-se para o concorrente direto Burnley, e a estrela Iliman Ndiaye rumou ao Marselha, clube do coração do senegalês).
    Heckingbottom somou 11 derrotas nas 14 jornadas em que orientou a equipa, tentando a direção que uma fórmula do passado resultasse numa quase impossível manutenção. O regresso de Chris Wilder (o homem que orientou o Sheffield em 19/ 20 quando a equipa terminou em 9º lugar e com a 4ª melhor defesa dessa edição) fez pouca diferença: contrariamente aos 54 e aos 23 pontos doutros anos, o "lanterna vermelha" ficou-se desta vez pelos 16 pontos, a apenas cinco do pior registo de sempre na competição (Derby County, em 07/ 08).
    A equipa que sofreu mais de cem golos (104) teve em casa as suas prestações mais humilhantes - o Newcastle venceu por 8-0 no Bramall Lane, e o Arsenal conseguiu um 6-0 que aos 39 minutos já era "chapa 5".
    Com poucos motivos para sorrir, os adeptos puderam constatar que Gustavo Hames e Vinicius Souza têm efetivamente qualidade para este patamar, e o empréstimo do chileno Ben Brereton no mercado de Janeiro ajudou a tornar a equipa mais vertical e inspirada no ataque.

Destaques: Gustavo Hamer, Ben Brereton, Vinicius Souza, Jayden Bogle


0 comentários:

Enviar um comentário