31 de maio de 2024

Prémios BPF Premier League 2023/ 24

  Os anos prosseguem e o Manchester City de Pep Guardiola continua a fixar novos recordes. Numa luta a três, que na reta final se tornou a dois, o desfecho foi o 4º campeonato consecutivo para os cityzens, uma marca que nunca ninguém (nem mesmo Sir Alex!) conseguira em Inglaterra. São 4 em 4 e 6 em 7, reforçando a hegemonia e previsibilidade que Pep normalizou na até então liga mais imprevisível da elite do futebol europeu.

    Os caminhos de Manchester City, Arsenal e Liverpool foram distintos. No adeus de Jürgen Klopp, os reds acumularam lesões, reconstruíram o meio-campo, viram o seu faraó prolongar custosa ausência com uma lesão na CAN, e mesmo assim aguentaram algum tempo o 1º posto, numa temporada de renascimento para Virgil van Dijk. Cada vez mais perto do título, que foge aos londrinos há 20 anos, o Arsenal fez o City suar até à última jornada - os gunners tiveram o bónus de, entre os três candidatos, terem podido apresentar bastantes mais vezes o seu melhor 11, e ficar-se-ão a queixar de uma derrota caseira frente ao Aston Villa, do não forcing por algo mais no 0-0 em casa do City e, claro, daquele momento de Son Heung-Min cara a cara com Ortega, qual Kolo Muani vs Emi Martínez. Quanto aos tetracampeões, Pep conseguiu novamente alimentar a competitividade e o apetite de ganhar de um conjunto que acabara de ganhar o triplete: mesmo muito tempo sem o melhor jogador do campeonato (Kevin De Bruyne falhou basicamente toda a 1ª volta) e privado do seu goleador Haaland na viragem do calendário, emergiu o animal competitivo e consistente que é Rodri e, sobretudo, a primeira grande época de Phil Foden como máxima figura da equipa.

    Na luta pelo Top-4, foi o extraordinário Aston Villa de Unai Emery a garantir o último bilhete para a Liga dos Campeões, deixando de fora o Tottenham (boa época de estreia de Postecoglou no pós-Kane), Chelsea (471 milhões gastos em transferências), o Newcastle e o Manchester United, com os red devils a ficarem pela primeira vez na sua História com uma diferença de golos negativa (-1).
    Brighton e Brentford, com treinadores da moda como De Zerbi e Thomas Frank, também desiludiram, ao contrário do Everton de Sean Dyche, que fez de Goodison Park novamente um estádio desconfortável e indesejável para qualquer rival. Sem a penalização de 8 pontos pela violação de regras do fair-play financeiro, os toffees teriam terminado três lugares acima. O Bournemouth de Iraola será uma equipa para continuarmos atentos, o Crystal Palace foi uma das 4 equipas a pontuar mais desde que o austríaco Oliver Glasner assumiu a equipa em Fevereiro, e na zona de despromoção, os 3 que tinham acabado de subir, descem novamente num trio de visitas de médico das quais só fica uma boa imagem de Luton Town.

    Individualmente, Phil Foden assumiu as rédeas do Manchester City e disse presente em variadíssimos momentos da época, ora na direita ora a atuar mais por dentro. E foi nessas mesmas zonas que Cole Palmer, transferido do City para o Chelsea, surpreendeu tudo e todos - o jovem inglês de 22 anos evoluiu de forma impensável, acumulou números surreais e provou ser simultaneamente o Reforço do Ano e o Most Improved Player desta edição.
    A fiabilidade de Rodri e Declan Rice, a tremenda consistência de Ollie Watkins (o melhor avançado da Premier League desta vez não foi Haaland) e Isak, as portentosas exibições dos centrais Van Dijk, Saliba e Gabriel, a verticalidade estonteante de Bukayo Saka e Anthony Gordon e a fantasia de Martin Odegaard foram pontos-chave de 23/ 24.

    Como todos os anos, é chegada a altura de indicarmos aqueles que foram para nós os melhores do ano: o nosso 11, o Jogador do Ano e o Jovem Jogador do Ano, o Treinador do Ano, e ainda algumas categorias complementares.



Guarda-Redes: Esta época não houve um destaque claro entre os postes em Inglaterra. Vários guarda-redes apresentaram um nível alto mas nenhum reclamou um lugar ao Sol de forma demarcada dos restantes. Raya recebeu as luvas de ouro ao manter por 16 ocasiões a baliza a zeros, mas o reforço do Arsenal foi beneficiado pelo irrepreensível comportamento da sua defesa, que o protegeu, possibilitando que apenas raras vezes fosse colocado à prova. Vicario deslumbrou Inglaterra com algumas das defesas por reflexo mais espetaculares do ano, mas viu ser explorada em particular na 2ª volta a sua relativa permeabilidade nas saídas a cruzamentos em bolas paradas. Leno esteve consistente, José Sá terá evitado 8,5 golos e Muric mostrou (tardiamente) a Kompany que a época do Burnley poderia ter sido diferente se a baliza tivesse continuado a ser sua e não de Trafford.
    O nosso Top-5 inclui, quiçá com alguma polémica, André Onana. O sucessor de De Gea em Old Trafford teve um ano atribulado, realizou uma Liga dos Campeões do pior que já vimos, mas na Premier League apresentou uma trajetória de rendimento ascendente, consolidando-se em 2024 como um guardião forte tanto no número de defesas (146, mais do que todos os outros) como na percentagem de remates defendidos (registo próximo de Alisson, Areola e Pickford).
    Alisson não esteve tão exuberante e colossal como noutras edições, falhando inclusive uma fatia da competição (Kelleher foi competente substituto nos 10 jogos em que foi a jogo), mas soube ser juntamente com van Dijk a constante numa defesa em permanente mutação e correção; Alphonse Areola realizou o maior volume de defesas "impossíveis" desta edição, e assim a decisão final deveria ficar entre Jordan Pickford e Emiliano Martínez. O britânico convenceu-nos de vez, realizando a melhor temporada da carreira num Everton que só ficou abaixo do Top-3 em golos sofridos, mas o argentino talvez mereça ligeira vantagem quando incluímos em equação o seu xGOT.


Lateral Direito: Ben White, o jogador de futebol que admite que não costuma ver futebol e que terá um beef com o atual adjunto da seleção nacional inglesa, merece todo o crédito que lhe possamos dar. Outrora visto como um lateral adaptado, nesta altura deve ser consensual a sua qualidade e naturalidade para desempenhar a posição - só um defesa (Romero) marcou mais do que os 4 golos com que Ben White fechou a época, juntando-lhes 4 assistências, uma cobertura exímia às ações de Saka e uma antecipação para estancar rapidamente e por dentro potenciais transições dos oponentes.
    Kyle Walker (continua a ser o melhor lateral do mundo em transição defensiva) realizou um primeiro terço de época incrível mas veio paulatinamente a cair, Trent Alexander-Arnold só foi titular em 25 jogos e teve números tímidos (3 golos e 4 assistências) para o seu standard, mas passeou qualidade e deu lições de distribuição e passe longo, permanecendo a dúvida se Arne Slot o vai utilizar como lateral ou, como Southgate deve fazer no Euro 2024, como médio.
    Pedro Porro participou ativamente em 10 golos e Ezri Konsa começou a central mas viajou com sucesso para a lateral direita quando Emery pôde promover Diego Carlos e Pau Torres como dupla preferencial.


Defesa Central: É bastante assustador pensar que William Saliba tem apenas 23 anos. Único jogador de campo que disputou todos os 3420 minutos possíveis desta edição, o central francês foi uma torre de controlo, sinónimo de segurança e tranquilidade. A parceria que forma com Gabriel é, aos dias de hoje, a melhor dupla de centrais do mundo.
    Nathan Aké foi o melhor central dos campeões, numa temporada em que Rúben Dias esteve muitos furos abaixo de outras épocas, podendo-se sim considerar Akanji para esta categoria. James Tarkowski, um central "duro" e à antiga, contribuiu para fazer do Everton uma defesa de topo, apadrinhando a evolução do colega Branthwaite. Joachim Andersen voltou a mostrar no Crystal Palace que tem qualidade suficiente para dar o salto para o Top-6, e Cristian Romero (defesa com mais golos apontados, 5) foi como sempre um osso duro de roer, numa estranha defesa dos spurs em que individualmente os jogadores pareceram bons sem formar um setor coeso.


Defesa Central: VVD está de volta. Numa temporada em que o Arsenal apresentou a melhor dupla de centrais da Premier League, o neerlandês Virgil van Dijk regressou ao patamar que o elevou há poucos anos a melhor central do planeta. Com tudo à sua volta a desmoronar (lesões motivaram que fizesse dupla com Konaté, Quansah, Matip e Gómez, com o guarda-redes suplente a ter que assumir a baliza em 10 jornadas e um meio-campo à sua frente em renovação), o capitão do Liverpool segurou a equipa e manteve-a viva na luta pelo título mais tempo do que seria expectável. Não fez parte da melhor defesa mas foi individualmente o melhor defesa.
    Gabriel Magalhães formou com Saliba uma parceria praticamente perfeita, Jarrad Branthwaite mostrou que tem tudo para se tornar num ápice o central da moda em Inglaterra, o filho de um espião Micky van de Ven impressionou com a sua velocidade e margem de crescimento, e Pau Torres não acusou a mudança para um campeonato mais físico, dotando o Aston Villa de uma peculiar capacidade de explorar as costas dos oponentes. 


Lateral Esquerdo: A posição mais débil das 11 em avaliação permite no final do artigo fazermos um sacrifício para conjugar no mesmo onze os médios ofensivos Cole Palmer e Martin Odegaard.
    A boa época de Diogo Dalot (eleito internamente jogador do ano do Manchester United pelos colegas) foi sobretudo no seu flanco de origem, mas a verdade é que o português ex-Porto também foi titular por 13 vezes a lateral esquerdo. Destiny Udogie começou melhor do que acabou, mas deixou no ar que poderá ser um dos laterais mais fascinantes dos próximos anos na Premier. Alfie Doughty viu o seu Luton Town descer, mas não deverão faltar interessados em garantir os seus serviços: foi o defesa que mais oportunidades de golo criou (70) e uma verdadeira máquina de executar cruzamentos (340).
    O norte-americano Antonee Robinson terá sido o lateral esquerdo mais regular nesta edição de 2023/ 24, pelo que não há grande contra-argumentação para quem o escolha. Porém, tem um peso diferenciado a importância da veia goleadora de Josko Gvardiol na caminhada final do Manchester City rumo ao primeiro lugar. O croata foi juntamente com Doku o reforço que mais acrescentou no conjunto de Pep, e os seus 4 golos nas derradeiras 10 jornadas tiveram um papel decisivo.


Médio Defensivo: O homem não perde. Rodri (entretanto derrotado no tempo regulamentar de um jogo contra o Manchester United na FA Cup, depois de 74 jogos sem conhecer o sabor da derrota) é o melhor médio defensivo do mundo, e o jogador mais imprescindível na equipa que pratica o melhor futebol da atualidade. Jogador com insaciável fome de vencer, o espanhol voltou a exibir-se num patamar estratosférico, desta vez inclusive com números (8 golos e 9 assistências) e foi um dos jogadores da temporada. Rodri falhou 4 jogos, o City perdeu três deles.
    Além de Rodrigo Hernández, há que mencionar a grande época de Alexis Mac Allister, o novo senhor do meio-campo dos redsDouglas Luiz deu um significativo salto, assumiu todas as bolas paradas e veremos que clubes poderão estar interessados no seu passe. Bruno Guimarães (jogador que sofreu mais faltas) continuou a puxar pelo Newcastle e nos magpies ficou somente atrás de Isak e Gordon em brilhantismo e contribuição para golos, e finalmente o nosso João Palhinha recompôs-se da transferência falhada para Munique e, com todo o seu profissionalismo, terminou a temporada como jogador com mais desarmes.


Médio Centro: Quando o Arsenal pagou 116 milhões de euros ao West Ham por Declan Rice era exatamente isto que os gunners podiam desejar. Declan Rice chegou ao Emirates e teve impacto instantâneo: um líder por natureza, profundamente conhecedor do campeonato, não acusou em momento algum o salto para um candidato ao título e foi inclusive o melhor jogador numa equipa que contou com performers brilhantes como Saka, Odegaard ou Saliba. O camisola 41 teimou em aparecer nas tardes e noites difíceis - recordamos os golos contra Manchester United, Chelsea, uma exibição de mão cheia contra o City na primeira volta, e aquele golo aos 90+6 no reduto do Luton.
    Sempre em alta rotação, Conor Gallagher emergiu como inquestionável capitão do Chelsea, recuperando a posse e asfixiando o adversário como Pochettino lhe pediu. Pascal Gross manteve a bitola elevada numa época bastante fraca do Brighton, John McGinn foi um faz-tudo no miolo solidário e resistente do Aston Villa, e Ross Barkley renasceu das cinzas em Kenilworth Road.


Médio Ofensivo: Jovem Jogador do Ano, reforço do ano e Most Improved Player. Um dos jogadores mais marcantes do ano. Quando o recheado de qualidade Manchester City libertou o produto da sua formação Cole Palmer por 47 milhões de euros para o super comprador Chelsea, ninguém poderia prever o que estava para acontecer.
    Depois de um excelente Euro Sub-21, "Cold Palmer" (jogador com mais pontos no Fantasy da Premier League) passou de jogador sem qualquer golo marcado no principal escalão inglês para alguém que está às portas da titularidade na seleção inglesa, carregando o Chelsea com 22 golos e 11 assistências.
    Martin Odegaard foi inferior a Cole Palmer mas também merece figurar no 11 do Ano. O norueguês não esteve tão forte como na temporada passada, mas o progresso do Arsenal em 2024 deu-se quando o seu maestro começou efetivamente a fazer jogar toda a equipa.
    Kevin De Bruyne jogou apenas 15 jogos a titular, quantidade suficiente para somar 10 assistências. E continuamos a achar que os seus 21 minutos em casa do Newcastle, quando depois de muitos meses afastado entrou para marcar e assistir, foram incrivelmente determinantes na conquista do título. Disponível, é o melhor jogador em Inglaterra.
    Quanto a Bruno Fernandes, foi uma vez mais um farol de criatividade num United cinzento que não soube aproveitar a sua produção: com 114 oportunidades, bateu todos os outros criativos.


Extremo Direito: Castigado jogo após jogo pelos adversários, escrutinado pela crítica como poucos jogadores atualmente em Inglaterra, Bukayo Saka é pelo segundo ano consecutivo o nosso extremo direito do ano na Premier League. Saka, que tem 22 anos mas parece ser avaliado como se tivesse 28, jogou mais do que na época anterior e marcou mais do que na época anterior. Foi o jogador ofensivo mais constante do Arsenal, e com o passar dos anos será natural que passe a completar épocas com 30-35 contribuições para golo. Protejam-no, vale ouro.
    Mohamed Salah começou muito bem a época mas caiu depois da sua lesão na CAN, Bernardo Silva voltou a ser imprescindível para Pep Guardiola ora mais na direita ora mais ao centro (e sim, fez um jogo praticamente a lateral esquerdo, ironia do destino), Michael Olise deixou-nos encantados e só podemos desejar que falhe menos jogos por lesão. E Jarrod Bowen, umas vezes no corredor direito umas vezes a principal referência ofensiva dos hammers, não realizou a sua melhor campanha (foi melhor em 21/ 22) mas foi efetivamente aquela em que esteve mais goleador (16 golos).


Extremo Esquerdo: O MVP da Premier League 2023/ 24. A melhor forma de constatar o salto de importância de Phil Foden é recordar que na final da Liga dos Campeões de 2023 (Manchester City-Inter), o 47 dos cityzens foi suplente e só entrou em campo quando De Bruyne se lesionou. Um ano mais tarde, Phil Foden tornou-se tudo aquilo que vinha a adiar há um par de anos. Genial driblador, fino executante, assistente visionário e aperfeiçoando cada vez mais o "golo à Foden" (aquela diagonal da direita para dentro com remate fulminante, como fez diante do West Ham, Manchester United ou Real Madrid), o rapaz de Stockport abraçou em definitivo o destino que estava escrito nas suas botas e brilhou acima de todos os restantes. Sempre que foi preciso, Foden disse "eu estou aqui" - nos seus 19 golos, destaque sobretudo para o hat-trick contra o Aston Villa e o bis no dérbi de Manchester.
    Mohammed Kudus driblou tudo o que lhe apareceu à frente, embora maioritariamente a partir do flanco direito, Eberechi Eze espalhou perfume e futebol de rua, Son Heung-Min soube lidar com a missão de ser o porta-estandarte do Tottenham após a saída de Harry Kane para o Bayern (temos apenas dúvidas se não terá passado demasiado tempo a avançado) e Anthony Gordon foi seguramente um dos 20 melhores jogadores em competição.


Ponta de Lança: Erling Haaland foi o melhor marcador da Premier League com 27 golos (e falhou alguns por lesão) mas Ollie Watkins foi ao longo dos vários meses o avançado mais influente e consistente da melhor liga do mundo. O dianteiro do Aston Villa (com 19 golos e 13 assistências teve uma participação exatamente igual a Haaland, num registo acumulado em que ambos foram superados por Cole Palmer) multiplicou-se em esforços para fazer da equipa de Unai Emery um emblema capaz de terminar no Top-4, e o seu xG e xA mostra bem o quanto se superou. É que se Haaland esteve ligado a 32 golos quando era expectável que estivesse ligado a 31,5, Watkins acabou com os mesmos 32 a partir de uma expetativa de 21.
    Apesar de umas quantas perdidas invulgares, Haaland voltou a ser incrível e o mais certo será voltar a passar os 30 golos em 23/ 25; Alexander Isak (que jogador!) tornou-se mais eficaz na cara do golo, mantendo a passada larga e o drible imaginativo, Dominic Solanke chegou aos 19 golos quando nunca tinha marcado mais do que 6 numa época de Premier League, e Jean-Philippe Mateta tornou-se outro jogador com Glasner, passando de suplente com aparições ocasionais para potencial substituto de Osimhen no Nápoles. Gostávamos de ter incluído Matheus Cunha, mas não havia espaço.




    Chegou o momento de Phil Foden abraçar o seu destino enquanto craque diferenciado no futebol inglês. Numa época relativamente equilibrada nos destaques individuais, o número 47 do Manchester City merece ser considerado o MVP numa edição em que assumiu o protagonismo que vinha a adiar, com golos decisivos e de levantar o estádio, jogadas de génio pinceladas de azul celeste. Celebrou 19 vezes com a sua sniper, assistiu os colegas em 8 ocasiões, e somou mais prémios de "homem do jogo" do que qualquer outro jogador.
    Cole Palmer passou de pouco utilizado no City para grande figura do Chelsea (ninguém fez melhor do que as suas 33 participações em golo), Rodri recusou-se a perder e provou quão obrigatório é para o City tê-lo sempre em campo, e no vice-campeão Arsenal Declan Rice Bukayo Saka foram os dois jogadores que se mantiveram num nível mais alto ao longo da prova. Há ainda lugar para Ollie Watkins, jogador que merece todos os elogios que lhe possam ser feitos, tendo-nos custado deixar de fora destes nomeados sobretudo Martin Odegaard.



    Depois de Haaland, Foden, Alexander-Arnold, Mount, Dele Alli ou Kane, o Jovem Jogador do Ano só podia ser Cole Palmer. O jogador que mais cresceu esta temporada foi uma tremenda surpresa, exibindo-se como uma absoluta estrela sob o comando de Pochettino, que a seu tempo o comparou a Di María. A partir do flanco direito ou no meio, Palmer apresentou uma compostura e frieza (Cold Palmer) absurdas para alguém de 22 anos e acabou com uns 22 golos e 11 assistências que nem os seus melhores e mais devoto amigos ou fãs conseguiam antecipar.
   Tivemos que deixar de fora Olise, Doku, Adam Wharton (que calma e que pé esquerdo!) e van de Ven, para incluir o gigante Jarrad Branthwaite, o médio do futuro Kobbie Mainoo, o inesgotável e vertical Anthony Gordon e ainda a dupla de astros do Arsenal, Bukayo Saka e William Saliba.



Treinador do Ano: O campeonato foi uma luta entre Mikel Arteta Pep Guardiola, pendendo para o crónico e nato vencedor, mas o Treinador do Ano em Inglaterra foi outro. O basco Unai Emery (renovou até 2029) conseguiu levar o Aston Villa ao 4º lugar, com uma abordagem jogo a jogo, planificando quase sempre bem a estratégia e mostrando extraordinária leitura na reação aos acontecimentos. Venceu 3 dos 4 jogos contra Arsenal e Manchester City, sem sofrer qualquer golo nessas três vitórias. A equipa de Emery não foi uma das duas a praticar o melhor futebol, mas foi a que mais se transcendeu com os recursos disponíveis e aquela em que mais se viu, de uma forma positiva, "dedo" de treinador no decorrer dos jogos.
    Pep Guardiola é, com alguma distância, o melhor treinador da atualidade, mas não podemos afirmar que tenha sido superior a Mikel Arteta. O técnico do City teve mais contratempos do que o seu antigo adjunto, mas a verdade é que o City falhou em quase todos os jogos grandes e não marcou qualquer golo ao Arsenal em 180 minutos de futebol. Já no Arsenal, Arteta complicou e adulterou alguns princípios no começo da época, falou com soberba quando era desnecessário, mas a partir do momento em que os gunners engataram, aquilo que se viu foi uma equipa a exercer total controlo, a melhor do campeonato a pôr em prática o plano de jogo, e aquela que menos chances deu aos adversários pela forma como, em momento ofensivo, acautelou prontamente o contragolpe.
    Uma palavra ainda para a boa época de estreia de Andoni Iraola em Inglaterra, com um Bournemouth que joga como gente grande, e para a eficácia de Sean Dyche, que acordou Goodison Park e fez do Everton uma equipa tranquila (15º lugar) mesmo com uma penalização de 8 pontos na secretaria.


Melhor Marcador: 1. Erling Haaland (Manchester City) - 27
2. Cole Palmer (Chelsea) - 22
3. Alexander Isak (Newcastle) - 21

Melhor Assistente: 1. Ollie Watkins (Aston Villa) - 13
2. Cole Palmer (Chelsea) - 11
3. Anthony Gordon (Newcastle), Brennan Johnson (Tottenham), Son Heung-Min (Tottenham), Kieran Trippier (Newcastle), Martin Ødegaard (Arsenal), Mohamed Salah (Liverpool), Morgan Gibbs-White (Nottingham Forest) e Pascal Groß (Brighton) - 10

Clube-Sensação: Aston Villa
Desilusão: Manchester United
Most Improved Player: 1. Cole Palmer, 2. Dominic Solanke, 3. Jean-Philippe Mateta
Reforço do Ano: Cole Palmer (Chelsea)
Flop do Ano: Moisés Caicedo (Chelsea)
Melhor Golo: Alejandro Garnacho (Everton 0 - 3 Manchester United) (Link)



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