12 de junho de 2018

Mundial 2018: Previsão Grupo G

Sabiam que desde 1966 a Inglaterra venceu apenas 5 jogos na fase a eliminar dos mundiais? Uma curiosidade, e simultânea entrada logo a matar os ingleses. Chegando ao Grupo G do Mundial 2018, encontramos aquele que é muito provavelmente o grupo mais desnivelado. Seria um escândalo Bélgica ou Inglaterra não passarem, tratando-se Panamá (estreia em Mundiais, à custa dos EUA) e Tunísia de duas das selecções mais fracas em prova.
    Até o calendário joga a favor dos dois favoritos. O encontro entre ambos está agendado apenas para a última jornada, e se tudo correr de acordo com o expectável a 3.ª jornada pode representar a resolução do primeiro lugar do grupo, com as duas selecções já qualificadas.
    Desde logo, há uma curiosidade que Bélgica e Inglaterra partilham. Do conjunto de selecções mais cotadas presentes na Rússia, são as únicas que se preparam para apresentar um modelo com 3 centrais. Depois de vários anos a ganhar experiência, a geração de ouro belga tem neste Mundial a sua grande oportunidade de confirmar tudo o que se pensou que um dia este elenco alcançaria de especial (veja-se as idades: Kompany 32 anos, Vertonghen e Mertens 31, Alderweireld e Witsel 29, Hazard 27 e De Bruyne 26). Se tudo correr de acordo com aquilo que antevemos, os belgas vacilarão nos quartos (um possível Brasil-Bélgica é o jogo perfeito para o "tudo ou nada" de uma geração sem igual), parecendo faltar algum sentido colectivo, capacidade de sofrer e de resposta às adversidades. Mas, claro, quem tem De Bruyne e Hazard, pode e deve sonhar. De recordar que na qualificação a Bélgica foi a par da Alemanha a equipa que mais golos fez (43 golos marcados em 10 jogos).
    O caso muda quando falamos de Inglaterra. Se a Bélgica pode desiludir, Inglaterra dificilmente o fará uma vez que poucos são aqueles que desta vez criam ilusões sobre a selecção dos Três Leões. Com os principais talentos com pouca experiência (Kane tem 24 anos, Sterling 23, Dele Alli 22 e Rashford 20), 2018 pode servir de aprendizagem para uma candidatura mais sustentada daqui a quatro anos. Na qualificação, Inglaterra não teve qualquer derrota (8 vitórias e 2 empates), embora o problema do país que nada conquistou quando teve Gerrard, Lampard, Beckham, Scholes e Rooney seja normalmente a fase a eliminar.
    A completar, duas selecções que nada têm a perder. Panamá e Tunísia devem decidir o 3.º lugar na última jornada, mas terão antes disso dois jogos em que podem complicar a vida a um dos favoritos. O Panamá chega a este Mundial (primeiro da sua História) com uma pequena ajuda de Trindade e Tobago; no caso tunisino pode-se afirmar que houve alguma sorte no sorteio da fase de grupos da qualificação africana. Passando apenas uma equipa por grupo, Nigéria, Camarões e Argélia estavam num, Marrocos e Costa do Marfim noutro, Egipto e Gana noutro, enquanto que a Tunísia partilhou a luta com a República Democrática do Congo, Líbia e Guiné Conacri.

    A caminho do final da nossa análise, fiquem então com a análise ao Grupo G:

1. BÉLGICA  
(Previsão: Quartos-de-Final)

  • Guarda-Redes: Thibaut Courtois (Chelsea), Simon Mignolet (Liverpool), Koen Casteels (Wolfsburgo)
  • Defesas: Thomas Meunier (PSG), Thomas Vermaelen (Barcelona), Vincent Kompany (Manchester City), Toby Alderweireld (Tottenham), Jan Vertonghen (Tottenham), Dedryck Boyata (Celtic)
  • Médios: Moussa Dembélé (Tottenham), Leander Dendoncker (Anderlecht), Marouane Fellaini (Manchester United), Axel Witsel (Tianjin Quanjian), Youri Tielemans (Mónaco), Kevin De Bruyne (Manchester City)
  • Extremos: Eden Hazard (Chelsea), Yannick Ferreira-Carrasco (Dalian Yifang), Thorgan Hazard (Gladbach), Nacer Chadli (WBA), Adnan Januzaj (Real Sociedad)
  • Avançados: Romelu Lukaku (Manchester United), Dries Mertens (Nápoles), Michy Batshuayi (Dortmund)
Seleccionador: Roberto Martínez;
Ausência: Radja Nainggolan

Equipa-Base (3-4-2-1): Courtois; Alderweireld, Kompany, Vertonghen; Meunier, De Bruyne, Witsel (Dembélé), Carrasco; Mertens, Hazard; Lukaku
    Não estamos absolutamente convictos que o sistema de 3 centrais potencie da melhor forma esta Bélgica mas, bem oleado, pode fazer dos diabos vermelhos uma força temível. À primeira vista sem pontos fracos (terá este grupo mentalidade e união para disputar jogos com Brasil ou Alemanha, potenciais adversários nos quartos?), Alderweireld, Kompany e Vertonghen compõem uma defesa de betão. Rendido ao 3-4-2-1, Martínez parece preferir promover Boyata ao 11 do que passar para um 4-2-3-1 com Witsel e Dembélé em simultâneo perante uma eventual incapacidade física de Kompany.
    A actual ideia de jogo entrega a De Bruyne o controlo das operações numa zona mais recuada, e mantém Hazard e Mertens mais frescos (não são obrigados a fazer tantos sprints para trás) no apoio ao possante Lukaku. No entanto, vendo esta Bélgica jogar, salta à vista o modo como os diabos conseguem sucessivamente colocar Meunier em excelentes situações no corredor direito, esperando-se grande impacto do lateral do PSG.

Destaques Individuais (Previsão):
    Quem tem Kevin De Bruyne (melhor médio do mundo em 2017-18) e Eden Hazard pode sonhar. Esta Bélgica é uma espécie de selecção dos melhores jogadores da Premier League (o Bélgica-Inglaterra parecerá um All-Star Game da Liga mais mediática do planeta), com o médio do City a emergir como cérebro e visionário. No último terço, beneficiado pelo sistema, Hazard pode marcar a competição se o deixarem embalar. Para todos aqueles que sempre olharam para o craque do Chelsea como um potencial Bola de Ouro, este é o momento indicado para Hazard dissipar dúvidas.
    O recente amigável com a Costa Rica deixou bem claro que Romelu Lukaku está com tudo e esfomeado (pode partir na frente nos marcadores na fase de grupos face aos adversários que tem pela frente), com Thomas Meunier (incrível contributo ofensivo na qualificação) a poder ser um dos defesas com mais impacto no último terço deste Mundial.
    Dries Mertens, sendo aquele jogador de quem menos se fala mas que se farta de marcar e de espalhar bom futebol, será certamente importante, bem como Jan Vertonghen (o defesa em melhor forma desta Bélgica actua pelo lado esquerdo dos três centrais).
    E sim, obviamente que Radja Nainggolan (3.º melhor jogador belga da actualidade) cabia nesta equipa a titular.  


2. INGLATERRA  
(Previsão: Oitavos-de-Final)

  • Guarda-Redes: Jack Butland (Stoke), Jordan Pickford (Everton), Nick Pope (Burnley)
  • Defesas: Kieran Trippier (Tottenham), Trent Alexander-Arnold (Liverpool), Kyle Walker (Manchester City), John Stones (Manchester City), Gary Cahill (Chelsea), Harry Maguire (Leicester City), Chris Smalling (Manchester United), Danny Rose (Tottenham), Ashley Young (Manchester United)
  • Médios: Eric Dier (Tottenham), Jordan Henderson (Liverpool), Fabian Delph (Manchester City), Ruben Loftus-Cheek (Crystal Palace), Jesse Lingard (Manchester United), Dele Alli (Tottenham)
  • Avançados: Raheem Sterling (Manchester City), Marcus Rashford (Manchester United), Danny Welbeck (Arsenal), Harry Kane (Tottenham), Jamie Vardy (Leicester City)
Seleccionador: Gareth Southgate;
Baixa: Alex Oxlade-Chamberlain; Ausências: Jack Wilshere, Ryan Sessegnon

Equipa-Base (3-4-1-2): Pickford; Walker, Stones, Cahill; Trippier, Dier, Henderson, Rose; Alli (Lingard); Sterling, Kane
    O onze de Inglaterra ainda reserva uma ou outra dúvida, mas de um modo geral a Rainha Isabel deverá ver os seus meninos actuarem com 3 centrais (Cahill tem Maguire a tentar ganhar-lhe o lugar), com Kyle Walker a central pelo lado direito e Trippier a ala. Na baliza, preferíamos ver Butland, mas deve ser Pickford o titular.
    Com Kane como máxima figura e goleador de serviço, e Sterling igualmente indiscutível depois de uma época fantástica no Manchester City, as dúvidas surgem no corredor central. Southgate pode optar por fazer coexistir Dier e Henderson, ou Alli e Lingard. Oscilando, de acordo com esta escolha, os níveis de segurança e criatividade da equipa. Mas atenção, pode até nem começar a titular, mas Marcus Rashford terá certamente uma palavra a dizer neste Mundial.

Destaques Individuais (Previsão):
    Não marcou no Euro-2016, mas hoje é um dos melhores avançados do mundo, recebendo ainda o voto de confiança de Southgate ao entregar-lhe a braçadeira de capitão. Harry Kane não costuma desiludir, e pode atingir uma marca simpática de golos ao ter Panamá e Tunísia no grupo. Na fase a eliminar terá que matar fantasmas e carregar a equipa.
    Raheem Sterling (3.ª grande competição aos 23 anos depois de já ter estado presente no Euro-2016 e no Mundial-2014) explodiu em 2017-18 e procurará dar sequência a tudo o que tem feito, confiante e endiabrado. Dele Alli tanto pode ajudar a Inglaterra a bater a Bélgica como perder o lugar no onze para Marcus Rashford ou Lingard, esperando nós que o extremo/ avançado do Manchester United deixe a sua marca. Como Asensio, é daqueles que se costuma estrear em todo o tipo de competições com golos.
    Na defesa, John Stones enfrentará um teste de peso para se perceber efectivamente que nível apresenta num contexto destes, acabando Kyle Walker por ser a nossa aposta, mesmo como central pelo lado direito.


3. PANAMÁ  

  • Guarda-Redes: Jaime Penedo (Dínamo Bucareste), Alex Rodríguez (San Francisco), José Calderón (Chorrillo)
  • Defesas: Michael Murillo (NY Red Bulls), Luis Rodríguez (KAA Gent), Harold Cummings (San Jose Earthquakes), Fidel Escobar (NY Red Bulls), Adolfo Machado (Houston Dynamo), Felipe Baloy (CSD Municipal), Román Torres (Seattle Sounders), Eric Davis (Dunajska Streda), Luis Ovalle (CD Olimpia)
  • Médios: Armando Cooper (Universidad Chile), Aníbal Godoy (San Jose Earthquakes), Gabriel Gómez (Bucaramanga)
  • Extremos: Édgar Bárcenas (Cafetaleros), Valentín Pimentel (Plaza Amador), Alberto Quintero (Universitario Lima), Ismael Díaz (Deportivo)
  • Avançados: Blas Pérez (CSD Municipal), Gabriel Torres (Huachipato), Luis Tejada (Sports Boys), Abdiel Arroyo (Alajuelense)
Seleccionador: Hernán Dário Gómez;

Equipa-Base (4-5-1): Penedo; Murillo (Baloy), Escobar, Machado, Ovalle; Quintero, Godoy, Cooper, G. Gómez, Bárcenas; Pérez (Torres) 
    Chegar até aqui foi óptimo, mas o Panamá quer mais. À procura da primeira vez em tudo (os primeiros 90 minutos, o primeiro golo, o primeiro ponto, a primeira vitória, etc.), o Panamá deverá surgir num 4-5-1 ou 5-4-1. Com uma equipa pouco habituada a este patamar competitivo mas madura (média de idades de 29 anos), não será chocante se o Panamá conseguir escapar ao último lugar do grupo.

Destaques Individuais (Previsão):
    Podendo impressionar pela entrega e espírito de sacrifício, este Panamá terá no centro-campista de 34 anos, Gabriel Gómez, uma fonte de inspiração. Foram 142 internacionalizações até chegar aqui.
    Com muito trabalho pela frente, passará por Jaime Penedo o desafio de manter alguns jogos em aberto, fazendo o Panamá sobreviver mais do que seria expectável; e Ismael Díaz, jogador ligado até há bem pouco tempo ao FC Porto, destaca-se nesta equipa pela superior valia técnica. Completando, os veteraníssimos Blas Pérez e Luis Tejada têm bons números pela selecção e o central e capitão Román Torres procurará igualar Gómez na raça.


4. TUNÍSIA  

  • Guarda-Redes: Aymen Mathlouthi (Al Batin), Farouk Ben Mustapha (Al Shabab), Moez Hassan (LB Châteauroux)
  • Defesas: Hamdi Nagguez (Zamalek), Dylan Bronn (La Gontoise), Rami Bedoui (Etoile du Sahel), Yohan Benalouane (Leicester City), Syam Ben Youssef (Kasimpasa), Yassine Meriah (CS Sfaxien), Oussama Haddadi (Dijon), Ali Maaloul (Al Ahly)
  • Médios: Elyes Skhiri (Montpellier), Ahmed Khalil (Club Africain), Ferjani Sassi (Al-Nasr), Ghaylene Chaalaji (Espérance de Tunis), Seifeddine Khaoui (Troyes), Mohamed Ben Amor (Al Ahly)
  • Avançados: Wahbi Khazri (Rennes), Fakhreddine Ben Youssef (Al-Ettifaq), Anice Badri (Espérance de Tunis), Bassem Srarfi (Nice), Naim Sliti (Dijon), Sabeur Khelifa (Club Africain)
Seleccionador: Nabil Maâloul;

Equipa-Base (4-3-3): Mathlouthi; Nagguez, Benalouane, Meriah, Maaloul; Sassi, Skhiri, Ben Amor; Khazri, Sliti, Badri (Ben Youssef)
    São cinco as selecções africanas presentes neste Mundial: Senegal, Nigéria, Marrocos, Egipto e Tunísia. Com o Magrebe muito representado, a Tunísia parece-nos a selecção com menos qualidade das cinco.
    Numa equipa onde Wahbi Khazri é o principal craque, será curioso ver se o seleccionador Nabil Maâloul tem alguma carta na manga que faça sobressair o jogador do Rennes, com passagens recentes por Sunderland e Bordéus. À partida num 4-3-3 permanentemente à procura dos flancos e do espaço nas costas da defesa, temos dúvidas sobre a intensidade e ambição deste elenco.

Destaques Individuais (Previsão):
    Com poucas expectativas para esta Tunísia - são o tipo de equipa que, se já eliminados na última ronda, poderão entrar em campo com o chip desligado - e sentindo que Khazri pode passar ao lado, arriscamos que elementos como Naim Sliti e Anice Badri podem dar-se a conhecer. Destaque sobretudo para o extremo do Dijon que marcou esta temporada 7 golos na Ligue 1.




Posters ESPN - MUNDIAL 2018 - Grupo G
por Paul Lacolley

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