10 de junho de 2018

Mundial 2018: Previsão Grupo E

Muito samba de qualidade vai ter este Mundial 2018. O Grupo E é o grupo da canarinha: conseguirá o Brasil conquistar o hexa ou permitirá que a Alemanha iguale as suas 5 copas?
    Com uma selecção bastante mais forte do que a de 2014, e muito bem orientado por Tite, o Brasil é um dos grandes favoritos à conquista desta edição. Quase tudo neste Brasil bate certo, as soluções existentes no banco permitem ao seleccionador refrescar a equipa, e Neymar quererá garantir uma Bola de Ouro (se o Brasil ganhar a Copa e Neymar for o jogador em principal destaque, isso será suficientemente pesado para fazer dele melhor do mundo) num ano em que até agora a luta está equilibrada entre Messi, Ronaldo e o inesperado Salah. Até na construção do quadro da fase a eliminar o Brasil teve sorte: a passadeira está praticamente estendida até às meias-finais.
    Mas nem só de Brasil se faz este Grupo E. Sérvia, Suiça e Costa Rica serão os adversários do escrete. Começando pela Costa Rica, equipa-sensação do último Mundial com o seu efeito surpresa e um 5-4-1 desenhado à frente do melhor guarda-redes desse ano, Keylor Navas, as forças mantêm-se as mesmas: um super guarda-redes como principal figura, e uma equipa que irá sempre privilegiar defender bem e com muitas unidades. Há quatro anos atrás, a Costa Rica ficou em 1.º lugar naquele que era o "grupo da morte" com Uruguai, Itália e Inglaterra. Não nos parece que surpreenda novamente.
    Prevê-se duelo de titãs entre Sérvia e Suiça. Os helvéticos são até hoje a única equipa que conseguiu impor uma derrota à nossa Selecção desde que Fernando Santos se tornou seleccionador, e a Sérvia - finalmente esta geração carregada de talento marca presença numa fase final! - chega à Rússia depois de sair em 1.º num grupo aberto e complicado com Irlanda, País de Gales e Áustria. O que pesará mais: a experiência que esta Suiça tem vindo a adquirir, mantendo grosso modo vários jogadores deste onze-base, ou uma Sérvia esfomeada e ansiosa por mostrar o seu valor?

    Cá vai então a análise completa ao Grupo E:


1. BRASIL  
(Previsão: Finalista vencido)

  • Guarda-Redes: Alisson (Roma), Ederson (Manchester City), Cássio (Corinthians)
  • Defesas: Danilo (Manchester City), Fágner (Corinthians), Marquinhos (PSG), Thiago Silva (PSG), Miranda (Inter), Geromel (Grémio), Marcelo (Real Madrid), Filipe Luís (Atlético Madrid)
  • Médios: Casemiro (Real Madrid), Fernandinho (Manchester City), Renato Augusto (Beijing Guoan), Paulinho (Barcelona), Fred (Shakhtar Donetsk), Coutinho (Barcelona)
  • Extremos: Neymar (PSG), Douglas Costa (Juventus), Willian (Chelsea), Taison (Shakhtar Donetsk)
  • Avançados: Gabriel Jesus (Manchester City), Roberto Firmino (Liverpool)
Seleccionador: Tite;
Baixa: Dani Alves; Ausências: Alex Sandro, Fabinho, Jonas

Equipa-Base (4-3-3): Alisson; Danilo, Marquinhos (T. Silva), Miranda, Marcelo; Casemiro (Fernandinho), Paulinho, Coutinho; Willian (Douglas Costa), Neymar, Gabriel Jesus (Firmino)
    Só mesmo a lesão de Dani Alves para fazer deste Brasil uma equipa apenas 99% perfeita. O 11 do pentacampeão mundial começará em Alisson (Tite prefere o guarda-redes da Roma a Ederson) e deve sujeitar Thiago Silva a apoiar a equipa a partir do banco de suplentes, formando Marquinhos e Miranda a dupla favorita do seleccionador. Perante a ausência de Dani Alves, ainda maior importância terão as subidas de Marcelo ao longo do corredor esquerdo.
    No meio-campo é menos garantido o que fará Tite: entre Casemiro, Fernandinho, Paulinho e Renato Augusto, dois ou três figurarão no onze, também em função do adversário (contra adversários mais fracos, até pode ser Coutinho o 3.º médio).
     Coutinho e naturalmente Neymar são os dois astros numa equipa que conta com Willian e Douglas Costa, jogadores capazes de desequilibrar com muita facilidade, esticando jogo e sendo tanto um como o outro bons agitadores vindos do banco. A luta entre Gabriel Jesus (deve começar a titular) e Roberto Firmino (extraordinária temporada ao serviço do Liverpool) promete...

Destaques Individuais (Previsão):
    Podem esperar Neymar num nível Bola de Ouro neste Mundial. Tendo deixado de contribuir para a época do PSG a 25 de Fevereiro (na Ligue 1, em 20 jogos marcou 19 golos e fez 13 assistências; e na Champions marcou 6 golos em 7 jogos), o dez do Brasil sabe que caso vença o Mundial, brilhando como mais ninguém, terá legítimas aspirações a destronar os crónicos Ronaldo e Messi na luta pela máxima distinção individual do futebol. Na Rússia, esperamos muito show de Neymar, jogando e fazendo jogar a seu bel-prazer. Tudo aponta para que o craque que leva 54 golos em 84 jogos pelo Brasil seja uma das principais figuras do próximo mês.
    Sem o mediatismo de Neymar, Coutinho arrisca-se a retirar algum protagonismo ao camisola 10 brasileiro, podendo-se também fazer a leitura que a sua qualidade (a condução de bola e a sua temível meia distância "puxam" jogadores) irá criar espaços e desafogar o colega. Manter referências será um problema para os adversários deste Brasil, perante a valia técnica e imprevisibilidade de Neymar, Coutinho ou Gabriel Jesus. O jovem avançado de 21 anos leva vantagem sobre Roberto Firmino para figurar no 11 brasileiro. Jesus está preparado para mostrar porque o comparam ao "Fenómeno", e Firmino está pronto para dar sequência a uma época de sonho. Há 4 anos atrás, o menino Gabriel Jesus pintava as paredes do Jardim Peri em São Paulo; hoje as ruas estão pintadas com o seu rosto.
    Estamos convictos que Douglas Costa e Willian terão um papel importante em vários jogos da longa caminhada deste Brasil, mas mais determinante ainda será Marcelo. De resto, num meio-campo onde Tite poderá fazer alguma rotação, Paulinho será indiscutível, podendo contribuir de forma muito mais impactante do que em 2014.


2. SÉRVIA  
(Previsão: Oitavos-de-Final)

  • Guarda-Redes: Vladimir Stojkovic (Partizan), Predrag Rajkovic (Maccabi Tel Aviv), Marko Dmitrovic (Eibar)
  • Defesas: Antonio Rukavina (Villarreal), Branislav Ivanovic (Zenit), Nikola Milenkovic (Fiorentina), Dusko Tosic (Besiktas), Uros Spajic (Anderlecht), Milos Veljkovic (Werder Bremen), Aleksandar Kolarov (Roma), Milan Rodic (Estrela Vermelha)
  • Médios: Luka Milivojevic (Crystal Palace), Nemanja Matic (Manchester United), Sergej Milinkovic-Savic (Lázio), Andrija Zivkovic (Benfica)
  • Extremos: Dusan Tadic (Southampton), Adem Ljajic (Torino), Filip Kostic (Hamburgo), Nemanja Radonjic (Estrela Vermelha)
  • Avançados: Aleksandar Mitrovic (Fulham), Luka Jovic (Eintracht Frankfurt), Aleksandar Prijovic (PAOK)
Seleccionador: Mladen Krstajic;
Baixa: Matija Nastasic, Ausência: Ljubomir Fejsa

Equipa-Base (4-3-3): Stojkovic; Rukavina, Ivanovic, Tosic, Kolarov; Matic, Milivojevic, Matic, Milinkovic-Savic; Tadic, Kostic (Zivkovic, Ljajic), Mitrovic
    Vai dar gosto ver esta Sérvia jogar! Tendo como principal força o seu meio-campo e o recorte técnico dos jogadores que apoiarão Mitrovic na frente, a selecção dos Balcãs chega à Rússia depois de uma fase de qualificação em que Tadic e Mitrovic foram os principais destaques.
    Outrora guarda-redes do Sporting, Stojkovic calçará as luvas, protegido por uma defesa à partida formada por Rukaniva, Ivanovic, Tosic e Kolarov. Não se deve no entanto afastar a possibilidade de Ivanovic surgir a lateral direito, com o gigante Milenkovic no centro da defesa.
    Mesmo sem ter levado o benfiquista Fejsa, o meio-campo da Sérvia é impressionante. Milivojevic, Matic e o sensacional Milinkovic-Savic (um dos jogadores mais cobiçados da actualidade) formam um trio que nos faz colocar esta equipa acima da mais experiente Suiça. O temperamental Mitrovic será o ponta de lança, com Tadic e Kostic nos flancos. Mas atenção, há ainda Ljajic e Zivkovic, e Mladen Krstajic pode em último caso abdicar de Milivojevic, apostando num duplo pivô e fazendo a equipa ganhar outras valências num 4-2-3-1.

Destaques Individuais (Previsão):
    Nemanja Matic e Sergej Milinkovic-Savic. Como não apontar a Sérvia ao 2.º lugar do Grupo quando tem dois médios como estes dois?! Em Matic, a Sérvia tem um dos melhores 6 do mundo, podendo aventurar-se um pouco mais ao ter Milivojevic como o médio mais posicional do tridente nuclear sérvio. Já o tesouro da Lázio, com 12 golos nesta última Serie A, é um dos médios mais completos do mundo. Tem tudo para deixar os grandes europeus (ainda mais) loucos por ele.
    Aleksandar Mitrovic é o matador de serviço, faltando perceber se consegue colocar algum gelo no seu sangue quente, e contará com Dusan Tadic, principal fonte criativa da equipa, a apoiá-lo. Entre Kostic e Ljajic preferíamos ver o extremo do Torino a titular, mantendo nós o feeling que Andrija Zivkovic pode dar pontos a partir do banco, chegando aos oitavos já como titular. 


3. SUIÇA  

  • Guarda-Redes: Yann Sommer (Gladbach), Roman Bürki (Dortmund), Yvon Mvogo (RB Leipzig)
  • Defesas: Stephan Lichtsteiner (Juventus), Michael Lang (Basel), Nico Elvedi (Gladbach), Johan Djourou (Antalyaspor), Fabian Schär (Deportivo), Manuel Ankaji (Dortmund), François Moubandje (Toulouse), Ricardo Rodríguez (AC Milan)
  • Médios: Denis Zakaria (Gladbach), Blerim Dzemaili (Bolonha), Valon Behrami (Udinese), Granit Xhaka (Arsenal), Gelson Fernandes (Eintracht Frankfurt), Remo Freuler (Atalanta)
  • Extremos: Xherdan Shaqiri (Stoke), Steven Zuber (Hoffenheim), Breel Embolo (Schalke 04)
  • Avançados: Haris Seferovic (Benfica), Josip Drmic (Gladbach), Mario Gavranovic (Lugano)
Seleccionador: Vladimir Petkovic;

Equipa-Base (4-3-3): Sommer; Lichtsteiner, Schär, Akanji, Rodríguez; Zakaria, Dzemaili, Xhaka; Shaqiri, Embolo (Zuber), Seferovic 
    A selecção que fez Portugal sofrer até ao fim na fase de grupos totalizou os mesmos 27 pontos da equipa das Quinas, perdendo na diferença de golos. Mescla de uma geração que integrou as boas prestações de 2014 e 2016 (caiu sempre nos oitavos-de-final, ficando tanto no Mundial-2014 como no Euro-2016 em 2.º atrás da França) com sangue novo, a Suiça terá mais "estofo" e melhor defesa do que a Sérvia, resta saber se consegue igualar a ambição de Matic e companhia.
    Com Sommer a ser garantia de defesas, esta Suiça dará a Akanji (acreditamos que seja ele o titular e não Djourou) um teste de fogo. No meio-campo, faz sentido que Zakaria conquiste o lugar que em tempos pertencia a Behrami, ficando o ataque entregue ao craque da equipa, Shaqiri, de olhos postos nas movimentações do benfiquista Seferovic, e podendo Embolo ser o trunfo especial de Petkovic.

Destaques Individuais (Previsão):
    Xherdan Shaqiri seria sempre um dos destaques expectáveis desta Suiça. Mais é uma vez que o Stoke desceu, procurando Shaqiri atrair interessados para o fazerem fugir ao Championship. Nesta Suiça, Granit Xhaka terá que cerrar os dentes para ombrear com jogadores como Matic, Paulinho ou Milinkovic-Savic, e acreditamos que Breel Embolo será o diamante desta equipa, faltando apenas perceber se terá impacto logo como titular ou se ganhará lugar ao longo da fase de grupos.
    Yann Sommer é um guarda-redes especial (nesse capítulo, a Suiça bate a Sérvia), e Denis Zakaria, um de 4 jogadores do Gladach nestes 23, pode colocar os principais tubarões de olhos nele se se exibir ao nível que prevemos. 


4. COSTA RICA  

  • Guarda-Redes: Keylor Navas (Real Madrid), Leonel Moreira (Herediano), Patrick Pemberton (Alajuelense)
  • Defesas: Cristian Gamboa (Celtic), Ian Smith (Norrkoping), Óscar Duarte (Espanyol), Giancarlo González (Bolonha), Kendall Waston (V. Whitecaps), Johnny Acosta (Águilas Doradas), Francisco Calvo (Minnesota United), Ronald Matarrita (New York City), Bryan Oviedo (Sunderland)
  • Médios: Celso Borges (Deportivo), Yeltsin Tejeda (Lausana), David Guzmán (Portland Timbers), Randall Azofeifa (Herediano), Bryan Ruiz (Sporting)
  • Avançados: Joel Campbell (Bétis), Christian Bolaños (Saprissa), Rodney Wallace (New York City), Daniel Colindres (Saprissa), Johan Vengas (Saprissa), Marco Ureña (Los Angeles FC)
Seleccionador: Óscar Ramírez;

Equipa-Base (5-4-1): Navas; Gamboa, Acosta, G. González, Waston, Oviedo; B. Ruiz, Borges, Guzmán, Campbell (Bolaños); Ureña
    Quase os mesmos jogadores, quase a mesma forma de jogar, diferente seleccionador. Jorge Luis Pinto foi juntamente com van Gaal e Löw um dos 3 melhores seleccionadores do último Mundial, mas desde então já deu lugar a Óscar Ramírez. No lugar desde 2015, Ramírez soube preservar o 4-5-1 que resultou em rotundo sucesso no Brasil. A Costa Rica é das 32 equipas em prova, a única em que o seu principal craque é o guarda-redes, e este Grupo E será uma bela oportunidade para revermos jogadores que se mostraram ao mundo há quatro anos. Giancarlo González mantém-se o comandante de uma defesa de cinco homens, Celso Borges continua no centro do jogo com Guzmán ao seu lado em vez de Tejeda, e na frente é improvável que Joel Campbell volte a actuar como falso 9, devendo o lugar mais adiantado ficar entregue a Ureña.

Destaques Individuais (Previsão):
    Sinceramente, esperamos pouco desta Costa Rica. Acreditamos que a fórmula de 2014 servirá de base de trabalho, mas o grupo com um Brasil motivadíssimo e duas selecções com legítimas ambições de chegar à fase a eliminar faz-nos antever um Mundial bastante abaixo de há 4 anos (eliminada nos quartos, com Krul a ser o herói da Holanda nas grandes penalidades).
    Seja como for, Keylor Navas fará jus ao estatuto de melhor costa-riquenho da actualidade. Muitas defesas acumulará o guardião do Real Madrid, embora provavelmente não as suficientes para que a equipa sonhe com algo mais. No seu 5-4-1 e sem craques em forma na frente (Campbell ou Bryan Ruiz não parecem ter pedalada para fazer a diferença diante de Brasil, Sérvia ou Suiça), acabará por ser o sector defensivo a poder merecer nota de destaque. Como há 4 anos, Giancarlo González pode-nos recordar que sabe defender - o posicionamento, o timing no desarme e a assertividade no jogo aéreo que lhe valeram à data uma transferência para a Serie A, onde actua deste então.



Poster ESPN - MUNDIAL 2018 - Grupo E


por Paul Lacolley

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