9 de agosto de 2016

Sporting 2016/ 17: Segurar ou Vender Rápido

Após umas semanas de paragem, regressa a nossa futurologia com os principais clubes e campeonatos do contingente europeu. Se os melhores da Premier League já foram passados a pente fino, em Portugal ainda só antevimos o plantel e futuro próximo do tricampeão nacional. Segue-se, respeitando a tabela, o Sporting Clube de Portugal.
    Este nosso "jogo" do mercado de transferências é sempre um ponto de equilíbrio entre o que é provável acontecer neste Verão e as medidas (ou contratações) que sugeríamos para os clubes poderem ir ao encontro dos seus objectivos. Os plantéis são, por isso mesmo, ficcionais, fruto da nossa imaginação, mas construídos com base nos anos de futebol que já levamos, conhecendo as equipas e os perfis ou políticas de contratação/ prospecção, tidos em conta na hora de decidir.
    Não podemos elogiar o defeso de 2016/ 17 do Sporting. Os fracos desempenhos nos jogos de pré-época não representam o ponto mais grave deste Verão, com várias indefinições pendentes. A chegada dos campeões europeus (Patrício, William, Adrien e João Mário) ajudou a demonstrar como, com eles, a equipa é o dia, se antes era a noite; mas a principal questão prende-se agora com a necessidade do Sporting em atacar o mercado de forma incisiva, reforçando-se no ataque com vários jogadores que acrescentem qualidade. Problema: João Mário e Slimani parecem estar com a cabeça noutras paragens, sobretudo o argelino, e o Sporting precisa de resolver rapidamente esses 2 casos para responder em consonância. Olhando para o plantel actual já se exigem 1 ou 2 reforços, quanto mais se saírem 2 dos 3 melhores jogadores leoninos de 2015/ 16.
    Acompanhem-nos então nesta análise ao possível futuro do Sporting Clube de Portugal.


O Plantel


Guarda-Redes: Rui Patrício, Beto (Sevilha), Vladimir Stojkovic
    Apesar de terem surgido alguns rumores quanto à saída do campeão europeu Rui Patrício, acreditamos que o guardião leonino vai permanecer em Alvalade e será o titular indiscutível das redes. A diferença para os anos transactos é a inclusão de um 2.º guarda-redes de qualidade de seu nome Beto. O guardião que foi tantas vezes criticado por Jorge Jesus, volta à casa que o formou e agora com elogios do mesmo. É claramente um aumento de qualidade nas redes leoninas que ficam completas com a inclusão de Stojkovic. Sendo português, há-de ter superioridade em relação a Azbe Jug que apenas foi somando erros atrás de erros nesta pré-época.

Defesas: João Pereira, Ezequiel Schelotto; Sebastián Coates (Sunderland), Rúben Semedo, Douglas (Trabzonspor), Naldo; Marvin Zeegelaar, Emiliano Insúa (Estugarda)
    A defesa parece bem pensada por Jorge Jesus. O clube adquiriu em definitivo Schelotto, prolongou o empréstimo de Coates e está prestes a fechar um namoro longo de Jesus - Douglas. No lado esquerdo, Jefferson parece não convencer o técnico (ou será o seu ego a expulsar as opções de Marco Silva?), embora Zeegelaar mereça a sua confiança. Mas não total. A prova foi a constante utilização de Bruno César para a lateral esquerda durante o campeonato que findou. Assim sendo, e para Bruno César ocupar finalmente posições a que está mais habituado, embora o clube verde e branco pareça virado para Emmanuel Mas, sugerimos a contratação do esquecido Insúa. Um regresso do argentino era benéfico para ambos os lados, estando apenas em questão uma redução de salário do jogador. João Pereira é um dos jogadores que JJ mais aprecia nos leões, Rúben Semedo o jovem que deixa água na boca, agora com uma época inteira de leão ao peito em perspectiva, e Naldo o 4º central.

Médios: William Carvalho, Wallyson, Radosav Petrovic (Dínamo Kiev), Adrien Silva, Marcelo Meli (Boca)
    Meio-campo completamente fechado. O recém contratado Petrovic não parece ter convencido totalmente, mas William está de pedra e cal na posição 6 e conta ainda com a ajuda do recém-promovido Wallyson e do outro campeão europeu Adrien Silva (grave seria para o clube de Alvalade a saída do seu capitão, ou de William). João Mário parece estar a roer cada vez mais o cordão umbilical que o liga ao clube de formação e o mais provável é sair por troca de uma boa compensação financeira. Para o seu lugar, supostamente, entra Marcelo Meli. Na perspectiva de Jesus, Meli fará um papel que Ramires fez no Benfica em 2009/10. 

Extremos/ Médios Ofensivos: Bryan Ruiz, Iuri Medeiros, Matheus Pereira, Gelson Martins, Bruno César, Daniel Podence, Alan Ruiz (Colón), Edwin Cardona (Monterrey)
    Sem Carrillo (que não contou durante 95% de 2015/ 16) e, acreditamos nós, sem o fantástico João Mário, melhor jogador português da última Liga NOS, Jorge Jesus terá que confiar e fazer crescer alguns que já tem a trabalhar consigo, procurando garantir ainda um craque. Manter João Mário seria, não obstante, o melhor reforço possível para os leões.
    O costa-riquenho Bryan Ruiz é cada vez uma das figuras deste Sporting, pela classe e inteligência que coloca em campo, e para nós seria importante Iuri Medeiros, Matheus e Gelson ficarem todos no plantel. Jorge Jesus arrancará a época com várias indefinições, e embora seja treinador de ficar agarrado ao seu 11, pode muito bem mudar muita coisa ao longo da temporada (basta relembrar que em 2015/ 16 começou a época com um quarteto defensivo, e terminou com outro). Mesmo que não tenha correspondido na pré-época, Iuri Medeiros seria uma das nossas apostas fortes - brilhou ao serviço do Moreirense, é um talento como há poucos, e acreditando nele Jesus conseguirá retirar toda a sua magia quando a competição for a doer. Matheus e Gelson, mais novos, poderão ser cartas importantes para ter no banco, e Bruno César é um jogador que Jesus aprecia, também pela sua polivalência (pode jogar a lateral-esquerdo).
    No apoio ao ponta-de-lança, posição que até pode ser ocupada por Bryan Ruiz, o Sporting já contratou outro Ruiz: Alan. O jogador proveniente do Colón foi o único dos reforços que marcou pontos na pré-época, mas parece-nos perigoso o Sporting projectar o seu 11 ideal desta época oferecendo-lhe já esse estatuto. O miúdo Daniel Podence merece minutos e uma oportunidade a sério, e para colmatar a eventual saída de um jogador com a influência e qualidade de João Mário, só vemos uma solução: atacar o mercado e garantir um craque. Para nós, esse craque seria o colombiano Edwin Cardona. O talentoso jogador do Monterrey é um virtuoso, com golo, boa meia distância e exímio na cobrança de livres directos. Em suma, um jogador para fazer os sportinguistas sonhar.

Avançados: Bas Dost (Wolfsburgo), Lukas Spalvis, Luc Castaignos (Eintracht Frankfurt)
    Chegando finalmente à frente de ataque, Teo e Barcos já apanharam os seus voos para a América do Sul e Slimani é outro que tenta roer a corda que o liga ao clube. Quer rumar a outros campeonatos e agora até o seu empresário veio a público afirmar que não se reúnem condições para o argelino permanecer no clube. Algo ingrato para o clube leonino que tem que começar a saber gerir melhor estes casos para não ter sempre prejuízo com os seus investimentos. Em suma, sobraria apenas Lukas Spalvis que contraiu uma lesão grave que o afastará dos relvados durante cerca de 6 meses. Assim sendo, as nossas sugestões são dois holandeses: Bas Dost e Luc Castaignos. O primeiro teria que aceitar uma redução de salário (mais ao encontro da realidade dos clubes portugueses) embora fosse o ponta de lança de referência dos leões. Seria o matador que Jorge Jesus procura no mercado e teria a Champions League como aliciante face à regressão do campeonato alemão para o português. Já o segundo, esteve algum tempo lesionado ao serviço do Eintracht Frankfurt e a sua pouca utilização reflectiu-se nesse pequeno infortúnio. Ainda assim, seria um jogador bastante útil para os leões e poderia muito bem vingar no futebol português.


O que muda? As pré-épocas valem pouco. Os resultados não têm grande importância (veja-se o caso do Benfica em 2015/ 16) mas são sempre importantes para que os treinadores tirem conclusões e para que a equipa desenvolva ou recupere rotinas e assimile processos. Ver o Sporting sem William, Adrien e João Mário e com é naturalmente ver coisas totalmente distintas e sem comparação possível, mas há vários pontos preocupantes no reino do Leão: a nossa aposta é que serão Slimani e João Mário (os que mais barulho têm feito e mais têm roído a corda) a sair, 2 dos 3 melhores jogadores do Sporting na época passada; é um sinal negativo a falta de empenho e chama que os jogadores têm deixado em campo, algo que muda sempre quando os jogos começam a sério; e atenção porque se o Sporting há um ano atrás usou a adrenalina da mudança de Jesus da Luz para Alvalade, desta vez não tem nenhum fogo que inflame e contribua por si só para o crescimento da equipa.
    Jorge Jesus continua a ser o melhor treinador no futebol português - embora não tenha sido o melhor treinador da temporada em 15/ 16 -, um dado importante na leitura das necessidades da equipa e no desenvolvimento da equipa em torno das suas ideias.
    Idealmente, pouco deveria mudar. O Sporting não deve mudar muito a sua identidade, mas é importante que, caso o clube precise de vender, que o faça rápido para poder reorganizar a casa e atacar os reforços certos (as opções começam a esgotar-se à medida que o tempo passa). Se sairem jogadores com o peso e a qualidade de Slimani e João Mário é indiscutível - não chegam para substitutos os que já estão no clube, e o Sporting terá que atacar em força, reforçando-se de forma competente.


A Formação: Francisco Geraldes, Ryan Gauld, Tobias Figueiredo, Rafael Barbosa e Chaby (esperávamos uma carreira diferente do criativo) já estão com os empréstimos definidos, e o Sporting - tal como o Porto - tem procurado emprestar internamente, algo que pode prejudicar o Benfica. Ou seja, as equipas "pequenas" habituam-se a integrar no seu 11 jogadores do Porto e Sporting, e ficam descaracterizadas na hora de defrontar dragões e leões, estando na máxima força para defrontar os campeões nacionais, para já tímidos nos empréstimos (internos).
    A escola da nossa Selecção actual é o Sporting mas, ao contrário de Benfica e Porto, a Academia de Alcochete não tem gerado a mesma dose de frutos para o futuro a médio-prazo. Nesse sentido, temos visto o Sporting a apostar na prospecção de talentos jovens do nosso futebol lusitano - Pedro Marques (Belenenses), Edu Pinheiro (Paços Ferreira), Ricardo Almeida (Moreirense) ou Leonardo Ruiz (Porto B). Olhando para o Sporting B vê-se potencial em Bruno Paz, no "pinheiro" Ronaldo Tavares e em Pedro Empis. Pedro Ferreira já pede futebol de II Liga, e nas gerações mais jovens, importa estarmos atentos a Diogo Brás, Bernardo Sousa e Miguel Luís.

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