Balanço Final - Liga NOS 18/ 19

A análise detalhada ao campeonato em que houve um antes e um depois de Bruno Lage. Em 2018/ 2019 houve Reconquista.

Prémios BPF Liga NOS 2018/ 19

Portugal viu um médio carregar sozinho o Sporting, assistiu ao nascer de um prodígio, ao renascer de um suiço, sagrando-se campeão quem teve um maestro e um velocista.

Balanço Final - Premier League 18/ 19

Na melhor Liga do mundo, foram 98 contra 97 pontos. Entre citizens e reds, entre Bernardo Silva e van Dijk, ninguém merecia perder.

Os Filmes mais Aguardados de 2019

Em 2019, Scorsese reúne a velha guarda toda, Brad Pitt será duplo de Leonardo DiCaprio, Greta Gerwig comanda um elenco feminino de luxo, Waititi será Hitler, e Joaquin Phoenix enlouquecerá debaixo da maquilhagem já usada por Nicholson ou Ledger.

21 Novas Séries a Não Perder em 2019

Renasce The Twilight Zone, Ryan Murphy muda-se para a Netflix, o Disney+ arranca com uma série Star Wars e há ainda projectos de topo na HBO e no FX.

6 de setembro de 2015

Revisão: 'Mr. Robot'

Criado por
Sam Esmail

Elenco
Rami Malek, Carly Chaikin, Martin Wallström, Portia Doubleday, Christian Slater, Frankie Shaw, Michael Gill, Gloria Reuben, Stephanie Corneliussen, Elliot Villar, BD Wong

Canal: USA

Classificação IMDb: 8.7 | Metascore: 79 | RottenTomatoes: 98%
Classificação Barba Por Fazer: 91


- Abaixo podem encontrar Spoilers - 
A História: 
    Hello friend. Foi com estas duas palavras que começou a melhor série do actual panorama televisivo mundial, o justo herdeiro de 'Breaking Bad'. Coube à namorada de um de nós, que tem um registo inigualável a descobrir boas séries, acreditar no potencial de 'Mr. Robot' ainda antes do episódio-piloto circular. Embora só tenha arrancado no USA Network no final de Junho, o piloto foi lançado online em Maio, fez companhia a vários filmes ao estrear no festival SXSW, e ainda antes de estrear o primeiro episódio na televisão, já tinha sido dado o aval para a segunda temporada. O USA, canal de 'Suits', confia total e cegamente em Sam Esmail, e há-de conseguir aproximar-se de monstros como a HBO ou a Netflix com esta aposta. Para perceberem o nível da coisa, 9.1 no IMDb é injusto, porque devia estar melhor classificado.

    Na fantástica cabeça do criador Sam Esmail começou um projecto com vista a ser um filme. No entanto, a quantidade de pormenores e potencial para alongar a história converteu 'Mr. Robot' numa série, com a 1.ª temporada a servir como primeiro acto da narrativa. Com influências de 'American Psycho' e 'Taxi Driver', da realização de Kubrick e, claramente, de 'Fight Club' (positivo e refrescante Esmail admitir estas influências, homenageando-as com respeito e criatividade ao mesmo tempo que inova com um produto final perfeito), a premissa inicial era a seguinte: Elliot Alderson (Rami Malek) trabalha numa empresa de segurança informática, a Allsafe, enquanto que à noite é um hacker que procura "salvar o mundo", combatendo a sua solidão e inaptidão social. Elliot, que tem vários problemas mentais, é então atraído por um anarquista, Mr. Robot (Christian Slater), que coordena a fsociety, uma pequena equipa de hackers revolucionários que querem destruir a E Corp (perdão, Evil Corp), um dos maiores conglomerados corporativos, cliente da Allsafe, apagando toda e qualquer dívida na sociedade.
    A ideia tinha potencial, mas de potencial rapidamente passou a certeza. São infinitos os pormenores (tantas pequenas coisas que nos são mostradas e que ganham sentido posteriormente) que tornam 'Mr. Robot' uma série de culto. Primeiro, a forma como Elliot fala connosco. Assim como Frank Underwood fala com o espectador em pensamentos privados em 'House of Cards', 'Mr. Robot' passa-se em grande medida na cabeça de Elliot. Tudo o que ele descobre, descobrimos com ele, por vezes antes até, e o modo como nós (espectadores) somos o amigo com quem ele fala, torna-o automaticamente alguém com quem temos empatia, ultrapassando a fronteira da sua incapacidade em estabelecer relações através da forma como nos confidencia as suas opiniões sobre as pessoas que o rodeiam e sobre a sociedade em geral.
    Depois, as personagens são incríveis. Desde as principais às que orbitam ocasionalmente no universo de Elliot. A isso junta-se: uma Realização e Fotografia com assinatura própria (o enquadramento e os planos usados não demorarão a tornar-se uma referência e inspiração), tornando cada episódio uma verdadeira obra-prima (aqueles inícios, meu deus); o rigor técnico na exploração do sub-mundo hacker; uma banda sonora que ajuda várias cenas a tornarem-se mais marcantes, embora o cerne e mérito esteja mesmo na história e nas personagens. Para além de Elliot há então: Mr. Robot com o qual o protagonista desenvolve uma relação.. peculiar; Angela, a melhor amiga de infância que quer singrar no mundo empresarial; Darlene, elemento da fsociety, com um look cool e mais próxima de Elliot do que inicialmente parece; Tyrell Wellick, um Patrick Bateman dos tempos modernos, executivo na Evil Corp, empresa da qual quer ser CTO. Estas 4 personagens e meia são o esqueleto de 'Mr. Robot', enriquecidas depois por Joanna, Fernando Vera, Shayla, Whiterose e Krista. 
    
A Personagem: Elliot Alderson (Rami Malek).
    Em 2016 temos esperança que 'Mr. Robot' varra tudo o que seja Emmys. E será absolutamente criminoso se não for dado a Rami Malek o devido crédito pela forma como soube dar corpo ao que Sam Esmail criou. O hoodie preto, os grandes olhos a fitarem-nos de forma hipnotizante e o maxilar bem definido acompanham-no numa das melhores cenas de introdução de uma série e de um protagonista (depois do seu monólogo inicial, o diálogo com Rohit no cibercafé).
    Elliot Alderson é a voz desta geração. Descrente em redes sociais e no materialismo, com uma rotina de morfina e suboxone em momentos de crise, juntando a tudo isso alucinações, fobia social, ansiedade e.. distúrbio de identidade dissociativa. Elliot projecta o pai, mas assume também ele próprio outro lado, quando Mr. Robot está no ecrã sem Elliot, em circunstâncias nas quais normalmente não teria coragem. É quase um herói de banda desenhada - o tom da série, o bom uso da cidade de Nova Iorque e a realização ajudam a transmitir essa sensação de que estamos a folhear as vinhetas -, capaz de nos entrar na cabeça como nós entramos na dele. Elliot Alderson é o Zeitgeist. Louco. Paranóico. Capaz de encontrar toda a gente online menos ele próprio, e senhor de um extremo bom gosto musical, considerando o seu "portefólio".
    O protagonista está num patamar acima de qualquer outra personagem, mas Tyrell Wellick é aquele tipo de antagonista do qual é impossível não gostarmos e inclusive torcermos por ele. Esmail fugiu ao protótipo para o qual Tyrell parecia estar concebido - o vilão clássico, a subir na hierarquia sem olhar a meios -, fazendo-o fracassar consecutivamente. O verdadeiro vilão de 'Mr. Robot' é inclusive guardado até ao fim, com o CEO da Evil Corp, Phillip Price, a ter maior preponderância nos dois episódios finais. Voltando a Tyrell, a relação com Joanna (ele a falar sueco, ela a falar dinamarquês) é um dos pontos fortes, bem como duas cenas-chave: no terraço ao som de FKA twigs, e na introdução do episódio 3 num momento doentio com um mendigo. Mas uma boa série faz-se de boas e diferentes personagens: Darlene, Angela, Fernando Vera, a desnaturada Shayla com os seus diferentes penteados, as duas caras de Whiterose e a psicóloga de Elliot, Krista, apimentam o leque.
    

O Episódio: 08 'wh1ter0se.m4v'.
    A qualidade desta primeira temporada, com a melhor nota que já demos aqui no Barba Por Fazer nas nossas Revisões, mantém-se homogénea do princípio ao fim. A consistência é impressionante. Poder-se-ia perfeitamente destacar o episódio 9 ou 6, e mesmo a finale, mais preocupada em preparar terreno e servir de transição, fica marcada por um discurso épico de Mr. Robot em Time Square.
    Assim, a dúvida final teria que ser entre o episódio-piloto e o oitavo ('wh1ter0se.m4v'). No piloto, 'hellofriend.mov' (sim, todos os episódios têm nome de ficheiros), a fasquia fica altíssima, mas marca o nível que a série vem a apresentar depois no seu conjunto. O contributo de Niels Arden Oplev foi importante, embora seja perceptível que tudo na série passa por Esmail, mais envolvido no seu projecto que muitos pares de profissão. Se o episódio 1 é a apresentação perfeita, e quanto a nós o melhor episódio-piloto de todas as séries que já vimos, 'wh1ter0se.m4v' é o ponto mais alto.
    Um começo intrigante com Darlene e Angela, a conversa de Elliot com Whiterose, a continuidade do percurso de Tyrell, mas principalmente aqueles 10 minutos finais. Desde a revelação com Elliot e Darlene (boa e suave ligação com o episódio 4), a uma confirmação anunciada (You knew all along, didn't you?) ao som de M83. Ao espelho, Elliot vê o seu reflexo, mas também o de Mr. Robot, de Tyrell, de Darlene, de Angela, a máscara emblemática da fsociety, clara alusão ao grupo Anonymous, e ainda o reflexo do criador Sam Esmail. Um pormenor de luxo, num mar infinito. A realidade, o que é real e o que não é, será sempre esse o coração de 'Mr. Robot'.


O Futuro: 
    Podemos pôr as mãos no fogo no que toca à capacidade criativa de Sam Esmail. O criador de 'Mr. Robot' (que já teve duas cameos na série, nos episódios 1 e 8) já disse que procurará manter o respeito pela história central, sem derivar para caminhos acessórios como muitas séries fazem, referindo a abordagem de Gilligan em 'Breaking Bad' como exemplo. Esta 1.ª temporada foi uma contextualização longa - se 'Mr. Robot' fosse um filme, agora é que começaria a acção a sério - e é bom verificar que Esmail se sentiu aliviado quando o paradigma Elliot/ Mr. Robot foi revelado em definitivo (para muitas séries aquilo seria um segredo guardado até ao final, nesta há confiança suficiente no restante para desvendar cedo). Segundo Esmail, 'Mr. Robot' deverá durar 4 ou no máximo 5 temporadas.
    O que é que aí vem agora? Apenas é sabido que Joanna Welick (Stepanhie Corneliussen, rosto publicitário de 'American Horror Story: Asylum') irá ter um papel mais importante na segunda season, e que se nesta houve a dinâmica Tyrell-Joanna, na próxima será mais Tyrell-Elliot, no que diz respeito à personagem do actor Martin Wällstrom.
    Tudo o que 2016 nos trará passará inicialmente por quem estava a bater à porta do apartamento de Elliot, pelo paradeiro de Tyrell Wellick, e pela identidade do autor responsável pelo ataque na opinião do CEO da Evil Corp (Elliot ou Tyrell). Os dados parecem lançados para Angela se transformar bastante, e oxalá que Fernando Vera, Whiterose e Krista continuem a aparecer, mesmo que pontualmente. A cena final, sem contar com a pós-créditos do episódio 10, dá a entender que o lado Mr. Robot aka Tyler Durden tomou conta de Elliot, o que poderá ter consequências interessantes. Será lógico que ao longo das próximas temporadas percebamos melhor o passado de Elliot com a mãe e o destino desta, a razão de Elliot ser obrigado a cumprir sessões com Krista e os verdadeiros interesses/ planos de Tyrell e Joanna em relação à Evil Corp.
    Só é pena termos que esperar quase 1 ano, mas 'Mr. Robot' é isto: um símbolo urbano, uma série pertinente e de acordo com a revolução digital, capaz de viciar espectadores e de os fazer pensar, conspirar e criar teorias. E com a quantidade de pormenores que tem, apanham-se sempre mais na segunda vez que se vê cada episódio. Porque cada episódio é como uma manhã de Natal.

1 de setembro de 2015

Primeiras previsões para os Óscares 2016

Setembro está a iniciar-se e parece-nos por isso uma altura mais do que adequada para viajar até ao que acontecerá a 28 de Fevereiro de 2016. Hollywood viverá certamente mais uma grande noite do Cinema, e os nomeados serão anunciados a 14 de Janeiro do próximo ano.
    Ainda não foi divulgado quem será o anfitrião da cerimónia no Dolby Theatre, embora já tenham surgido rumores referindo nomes como Ellen DeGeneres, Chris Rock, Jimmy Fallon, Kevin Hart, Billy Crystal, Kevin Spacey, Jon Stewart ou a dupla Tina Fey/ Amy Poehler. Entre as sugestões, Kevin Spacey e Chris Rock seriam boas escolhas.
    Depois dos Óscares 2015 terem premiado 'Birdman', Eddie Redmayne, Julianne Moore, J. K. Simmons e Patricia Arquette, 2016 pode até ser o ano do bis para o actor inglês que deslumbrou como Hawking. Enquanto que nos últimos dois anos emergiram cedo os super-favoritos ('12 Years a Slave' e 'Gravity' em 2014, 'Birdman' e 'Boyhood' no ano passado), desta vez a corrida parece mais aberta.
    Nomes fortes como Leonardo DiCaprio, Colin Firth, Jennifer Lawrence, Sandra Bullock, Cate Blanchett, Tom Hanks e Michael Fassbender poderão estar de volta aos nomeados depois de um ano no qual nenhum figurou nas quatro categorias de interpretação. Em termos de curiosidades: será desta que DiCaprio finalmente ganha um óscar? Será que Redmayne consegue arrecadar a estatueta de Melhor Actor pelo 2.º ano consecutivo igualando um feito de Tom Hanks (93, 94) e Spencer Tracy (37, 38)? Será que Bradley Cooper consegue ser nomeado pelo quarto ano seguido, através de 'Joy' ou 'Burnt'? Muitas questões, às quais se junta a hipótese do realizador mexicano Alejandro González Iñárritu suceder a si próprio (só John Ford e Joseph L. Mankiewicz o conseguiram), tudo numa temporada cinematográfica em que regressam Quentin Tarantino, Tom Hooper, David O. Russell e Steven Spielberg.
    Olhemos então para as 6 grandes categorias: Melhor Filme, Melhor Actor, Melhor Actriz, Melhor Actor Secundário, Melhor Actriz Secundária e Melhor Realizador.


Melhor Filme

    Desta vez não há nenhum filme realizado durante 12 anos ou algo que se pareça. A Academia tem premiado muitas vezes o formato ('Birdman' e 'The Artist' foram exemplos disso), mas desta vez parece que terá que escolher o melhor cruzamento entre melhor história, melhores interpretações e melhor contribuição técnica (realização e afins). Depois de 'Birdman', Alejandro G. Iñárritu colocou mãos à obra no seu novo projecto - The Revenant - uma cruzada de vingança com DiCaprio como protagonista e Tom Hardy como coadjuvante. Os ingredientes certos estão todos lá. Enquanto que 'The Revenant' tem esta combo promissora, os dois meninos bonitos da Academia têm este ano "filmes de óscar". Falamos de Eddie Redmayne e Jennifer Lawrence. O actor britânico fará de Lili Elbe em The Danish Girl, interpretando a primeira transexual que se sujeitou a uma cirurgia, acompanhado no ecrã por Alicia Vikander (deverá ser, por larga margem, a actriz a emergir em 2015-16 no Cinema, uma vez que parece estar em todo o lado e sempre bem) e com Tom Hooper, realizador apreciado pela Academia, no leme. Já Jennifer Lawrence volta a colaborar com David O. Russell, sendo que Joy junta-a ainda novamente a Bradley Cooper e Robert De Niro. Parece irresistível para Hollywood.
    Há ainda muita curiosidade para ver a biopic de Steve Jobs, a nova ideia maluca de Tarantino (The Hateful Eight parece um mix entre 'Django Unchained' e 'Reservoir Dogs'), Spielberg e Hanks a brincarem aos espiões da Guerra Fria em Bridge of Spies, faltando verificar se Carol tem tudo ou se é "apenas" um filme movido pela força da dupla Cate Blanchett/ Rooney Mara.
    Dos filmes que já estrearam, veremos se a Academia gosta de Me and Earl and the Dying Girl (sucessor de 'Whiplash' em Sundance) e Brooklyn, dois dos filmes que já estrearam e foram aclamados pela Crítica, havendo ainda alguma esperança para Inside Out se atrever a figurar entre os nomeados para Melhor Filme sendo uma película de animação. Não parece provável mas não é impensável a Academia valorizar filmes com bom Box Office nos EUA como Mad Max: Fury Road e Straight Outta Compton, e quanto a nós temos grande curiosidade relativamente a, entre outros casos, Genius, Beasts of No Nation, Miles Ahead, Trumbo, Sicario, MacBeth, Money Monster, Black Mass e By the Sea.


Melhor Actor Principal

    Enquanto que em 2014 nós aqui no BPF premiámos Leonardo DiCaprio e a Academia optou por Matthew McConaughey, em 2015 julgamos ter sido unânime o mérito de Eddie Redmayne em subir ao palco.
    2016 pode marcar a grande batalha entre o vencedor justo de 2015 e o derrotado injusto de 2014. Se Redmayne vencer conseguirá um feito que só dois actores alcançaram, enquanto que DiCaprio já contabiliza nesta altura 5 nomeações sem nunca ter vencido. É um feeling mas poderá acontecer uma certa onda originar que Leo ganhe um óscar num momento em que não mereça, contrariamente ao passado, e temos maiores expectativas para DiCaprio como HH Holmes e Billy Milligan, papéis que supostamente o actor desempenhará nos próximos anos. Em teoria poderia ser uma luta a dois, mas há muito mais. As expectativas são elevadas para Michael Fassbender como Steve Jobs, Don Cheadle como Miles Davis, Bryan Cranston como Dalton Trumbo, Colin Firth como Max Perkins e o camaleão Johnny Depp como Whitey Bulger. Como se esta mixórdia não bastasse, ainda há senhores como Michael Caine,  Ian McKellen e Tom Hanks com papéis fortes, Tom Hardy a desempenhar dois gémeos criminosos, e reservamos alguma curiosidade para os desempenhos de Tom Hiddleston, Jack O'Connell e Ben Foster, este último como Lance Armstrong. Jake Gyllenhaal é capaz de ter tido o papel mais forte do que já vimos, mas ainda falta muita gente que lhe poderá passar à frente, e temos mais expectativas para o seu papel no vindouro 'Demolition' do que tínhamos para 'Southpaw'.



Melhor Actriz Principal

    Contrariamente ao ano passado, 2016 pode ser um ano bastante forte em termos de desempenhos femininos. Quem sucederá a Julianne Moore? A quantidade e força das candidatas poderá variar consoante algumas actrizes concorram enquanto principais ou secundárias. Cate Blanchett partilhará 'Carol' com Rooney Mara, e veremos se será mais conveniente para o filme de Todd Haynes procurar ser candidato a ganhar 2 estatuetas, ou tentar ser representado em 2/5 das nomeadas para Melhor Actriz. Blanchett volta a um papel poderoso depois de ter ganho justamente com 'Blue Jasmine' na 86.ª edição dos Óscares, e 2016 colocará a actriz australiana frente-a-frente com Jennifer Lawrence, Sandra Bullock (em 'Our Brand is Crisis' entra o português Joaquim de Almeida) e as veteranas Lily Tomlin e Maggie Smith também têm uma palavra a dizer. Alicia Vikander, pelo seu contributo em 'The Danish Girl' poderá ser co-protagonista com Redmayne ou considerada secundária, e tem sido bastante elogiado o desempenho de Saoirse Ronan em 'Brooklyn'.
    Para além de tudo isto ainda há uma senhora chamada Meryl Streep, Marion Cotillard na pele de Lady MacBeth (outro exemplo em que ainda não é certo se estará nesta categoria ou num plano secundário), Julianne Moore procurará voltar a ser distinguida com 'Freeheld' e não podemos deixar de considerar Charlize Theron em 'Mad Max: Fury Road', desejando que Emily Blunt se saia bem em 'Sicario'. E não estamos (para já) a destacar nomes como Angelina Jolie, Tilda Swinton, Carey Mulligan, Emma Watson ou Juliette Binoche. Veremos se não surge um ou outro nome surpreendente nesta categoria nos próximos tempos.


Melhor Actor Secundário

    É difícil que alguém esteja ao nível do que J. K. Simmons fez no último ano. Mas candidatos e papéis prometedores não faltam. Os filmes de Tarantino são sempre fortes em termos de personagens que retiram o melhor e o lado mais louco e improvável de cada actor. Nesse sentido, 'The Hateful Eight' pode colocar na corrida aos Óscares Samuel L. Jackson ou Kurt Russell ou Bruce Dern. Como já referimos, 'The Revenant' parece ter tudo para resultar, e Tom Hardy terá uma boa hipótese de conseguir a sua primeira nomeação. Bradley Cooper procura a 4.ª chamada consecutiva, Michael Keaton terá em 'Spotlight' (filme que aborda um escândalo de pedofilia relacionado com o clero em Boston) um bom palco para brilhar, mas temos expectativas particularmente altas para Idris Elba, Paul Dano, Harvey KeitelBenicio del Toro e, surpresa das surpresas, Jason Segel. Sim, o actor de 'How I Met Your Mother' a dar corpo a David Foster Wallace. A malta de 'Genius' (Jude Law, Dominic West) e Benedict Cumberbatch, como irmão de Johnny Depp, também merecem ser considerados como boas hipóteses nesta altura. Parece-nos uma categoria que estará bastante lotada e nivelada até perto do anúncio dos nomeados. Dizemos isto porque, em teoria, Elba, L. Jackson, Dano, Hardy, Cooper, Segel e Keitel são hipóteses fortes e interessantes, mas só haverá espaço para 5.


Melhor Actriz Secundária

    Escrevam isto: Jennifer Jason Leigh vai fazer parte do lote de 5 actrizes nomeadas. Quentin Tarantino é, juntamente com Woody Allen mas de uma forma bem diferente, uma das pessoas que constrói melhores personagens femininas na actualidade. E isso deve chegar, desde que a actriz aproveite a cama que Tarantino lhe fez. Rooney Mara deve, à partida, ter aqui o seu espaço de promoção com 'Carol', e outras actrizes como Cotillard (MacBeth) ou Blanchett (se a coisa correr bem em 'Truth' pode inclusive concorrer nas duas categorias) também não se podem para já arrumar numa das 2 categorias de interpretação feminina.
    'Youth' está bem cotado, embora Paolo Sorrentino não seja um realizador que agrade a gregos e troianos, e pode ajudar Jane Fonda e Rachel Weisz a sonharem com a nomeação; e depois há de tudo um pouco num mar de incertezas, desde actrizes jovens como Elizabeth Olsen, Ellen Page, Rachel McAdams e Kristen Stewart, à experiência de Kate Winslet e Julie Walters, havendo ainda hipótese de 2016 marcar o renascimento de Winona Ryder. Dependendo um pouco do valor de 'Genius', 'Sufragette' e 'Bridge of Spies' logo poderão haver ainda mais candidatas.


Melhor Realizador

    É difícil imaginar a Academia a deixar de fora três nomes: Alejandro González Iñárritu com 'The Revenant', David O. Russell com 'Joy' e Tom Hooper com 'The Danish Girl'. São realizadores apreciados, os dois últimos de forma recorrente, e os seus filmes são projectos com muito potencial a vários níveis.
   Depois logo se verá que atenção recolhe Quentin Tarantino (mais reconhecido pelos seus Argumentos do que pela realização), Steven Spielberg é sempre um nome que tem que ser tido em conta, mas o filme terá que mostrar qualidade, havendo ainda os outsiders Todd Haynes, Danny Boyle, Don Cheadle (realiza e é protagonista de 'Miles Ahead') e, em termos de realizadoras, Angelina Jolie e Jodie Foster parecem os únicos casos sérios. Não podemos esquecer Cary Fukunaga, o realizador da primeira temporada de 'True Detective' que estará atrás da câmara em 'Beasts of No Nation', o húngaro Laszlo Nemes como uma aposta muito alternativa, e porque não Pete Docter, caso a Academia revelasse uma paixão valente pelo animado 'Inside Out'. Daqui a uns meses já dará para se ter uma noção mais concreta das tendências e rumores. Do futuro.

Vão-se preparando, e vendo alguns destes filmes à medida que forem colocados no Cinema. Nós aqui no Barba Por Fazer trataremos, como sempre, de actualizar e "afunilar" estas Previsões.



MELHOR FILME
The Revenant, Joy, Carol, The Danish Girl, Brooklyn, The Hateful Eight, Steve Jobs, Bridge of Spies, Inside Out, Me and Earl and the Dying Girl, Genius, Trumbo, Beasts of No Nation, Miles Ahead, By the Sea, Black Mass, Freeheld, Our Brand is Crisis, Spotlight, Son of Saul, MacBeth, Sicario, Youth, Mad Max: Fury Road, Straight Outta Compton, Money Monster, The Martian, The Walk, Snowden, Spectre

MELHOR ACTOR
Leonardo DiCaprio (The Revenant), Eddie Redmayne (The Danish Girl), Michael Fassbender (Steve Jobs), Don Cheadle (Miles Ahead), Bryan Cranston (Trumbo), Michael Caine (Youth), Colin Firth (Genius), Ian McKellen (Mr. Holmes), Tom Hanks (Bridge of Spies), Johnny Depp (Black Mass), Tom Hiddleston (I Saw the Light), Jake Gyllenhaal (Southpaw), Tom Hardy (Legend), Matt Damon (The Martian), Joseph Gordon-Levitt (The Walk; Snowden), Brad Pitt (By the Sea), Jack O'Connell (Money Monster), Ben Foster (The Program), Bradley Cooper (Burnt), Robert Redford (Truth), Peter Sarsgaard (The Experimenter)

MELHOR ACTRIZ
Cate Blanchett (Carol), Jennifer Lawrence (Joy), Alicia Vikander (The Danish Girl), Sandra Bullock (Our Brand is Crisis), Lily Tomlin (Grandma), Saoirse Ronan (Brooklyn), Meryl Streep (Ricki and the Flash), Marion Cotillard (MacBeth), Julianne Moore (Freeheld), Carey Mulligan (Sufragette), Emily Blunt (Sicario), Maggie Smith (The Lady in the Van), Brie Larson (Room), Emma Watson (Regression), Charlize Theron (Mad Max: Fury Road), Tilda Swinton (A Bigger Splash), Angelina Jolie (By the Sea), Juliette Binoche (Clouds of Sils Maria)

MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO
Idris Elba (Beasts of No Nation), Tom Hardy (The Revenant), Harvey Keitel (Youth), Samuel L. Jackson (The Hateful Eight), Paul Dano (Love and Mercy), Jason Segel (The End of the Tour), Bradley Cooper (Joy), Benicio del Toro (Sicario), Michael Keaton (Spotlight), Benedict Cumberbatch (Black Mass), Dominic West (Genius), Jude Law (Genius), Mark Rylance (Bridge of Spies), Kurt Russell (The Hateful Eight), Jeff Daniels (Steve Jobs), Alan Alda (Bridge of Spies), Mark Ruffalo (Spotlight), Christoph Waltz (Spectre; Tulip Fever), Bruce Dern (The Hateful Eight), Walton Goggins (The Hateful Eight)

MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA
Rooney Mara (Carol), Jennifer Jason Leigh (The Hateful Eight), Jane Fonda (Youth), Ellen Page (Freeheld), Kate Winslet (Steve Jobs), Elizabeth Olsen (I Saw the Light), Julie Walters (Brooklyn), Kristen Stewart (Clouds of Sils Maria), Winona Ryder (The Experimenter), Emayatzy Corinealdi (Miles Ahead), Elizabeth Banks (Love and Mercy), Rachel McAdams (Spotlight), Mélanie Laurent (By the Sea), Rachel Weisz (Youth), Helena Bonham Carter (Sufragette), Meryl Streep (Sufragette)

MELHOR REALIZADOR
Alejandro González Iñárritu (The Revenant), David O. Russell (Joy), Steven Spielberg (Bridge of Spies), Tom Hooper (The Danish Girl), Todd Haynes (Carol), Quentin Tarantino (The Hateful Eight), Danny Boyle (Steve Jobs), Cary Fukunaga (Beasts of No Nation), Don Cheadle (Miles Ahead), Jodie Foster (Money Monster), Angelina Jolie (By the Sea), Robert Zemeckis (The Walk), Michael Grandage (Genius), Oliver Stone (Snowden), Tom McCarthy (Spotlight), Ridley Scott (The Martian), Scott Cooper (Black Mass), Pete Docter (Inside Out), Laszlo Nemes (Son of Saul), Denis Villeneuve (Sicario), John Crowley (Brooklyn), Alfonso Gomez-Rejon (Me and Earl and the Dying Girl)

31 de agosto de 2015

Revisão: 'Hannibal' (3.ª Temporada)

Criado por
Bryan Fuller

Elenco
Mads Mikkelsen, Hugh Dancy, Laurence Fishburne, Caroline Dhavernas, Gillian Anderson, Richard Armitage, Rutina Wesley, Joe Anderson

Canal: NBC

Classificação IMDb: 8.6 | Metascore: 84 | RottenTomatoes: 97%
Classificação Barba Por Fazer: 83


- Abaixo podem encontrar Spoilers - 
A História: 
    E acabou. Uma das melhores séries de 2013 para cá conheceu há dias o seu último capítulo, numa finale mais-que-perfeita e que simbolizou tudo o que as 3 temporadas (não houve mais porque a NBC cortou as pernas ao grande plano de Bryan Fuller) tiveram: brilhante desempenho do elenco, um grafismo sangrento e poético como pouco se vê, e a dinâmica Hannibal Lecter/ Will Graham no centro de tudo.
    Depois de uma season finale emocionante na 2.ª temporada, na qual ficaram em suspenso os sinais de vida de Will Graham, Jack Crawford, Alana Bloom e Abigail Hobbs, todos eles voltaram, mas nenhum regressou igual. Alana Bloom transformada (que diferença desta temporada para as duas anteriores), Jack obcecado em capturar Hannibal, e Abigail foi a única vítima mortal, visitando esta temporada apenas como alucinação de Will Graham.
    Pode-se dividir esta season em duas partes distintas, claramente. Há uma primeira metade mais fraca, com Hannibal em Itália, ainda com Mason Verger (Joe Anderson substituiu o actor Michael Pitt) envolvido a história. E uma segunda, que se desenrola do oitavo ao derradeiro episódio, com um nível de excelência e com o antagonista Francis Dolarhyde aka The Great Red Dragon, interpretado de forma surpreendente por Richard Armitage, o Thorin de Peter Jackson.
    Bryan Fuller manteve uma narrativa chamativa, apoiada na mesma direcção artística e qualidade de realização que sempre caracterizou 'Hannibal', mas os primeiros 7 destes 13 episódios são, em parte, morosos. Acontece pouco e a acção evolui devagar, enquanto Hannibal serve as suas refeições sempre com a companhia de Bedelia (Gillian Anderson, mais presente nesta temporada, felizmente), Jack e Will procuram encontrar o canibal preferido do Cinema e da Televisão, e com Alana Bloom a ajudar Mason Verger na procura de vingança. Nessa Parte I, chamemos-lhe assim, o episódio 7 ('Digestivo') é claramente o destaque.
    É possível que muitos espectadores tenham até desistido da série na sua primeira metade, mas o valor apresentado antes, o percurso das personagens e o facto de o fim estar próximo, eram motivos mais do que suficientes para, quase por respeito ao passado de Hannibal e Will, permanecer com fé na história. O episódio 8 é uma metamorfose completa, à semelhança daquela que Francis Dolarhyde opera em si mesmo e, com o Dragão Vermelho à solta e Hannibal detido, tudo se torna espectacular. Os últimos 6 episódios parecem uma mini-série de topo, com o já referido Richard Armitage e a actriz Rutina Wesley a acrescentarem qualidade ao elenco. É impressionante como Dolarhyde é apresentado de um modo tão magnético, sem que a personagem tenha que dizer uma palavra no seu primeiro episódio, e o facto de voltarmos a ter Hannibal e Will frente-a-frente, na tentativa de travar o Dragão Vermelho, serve por si só para elevar a série ao patamar a que nos habituou.
    
A Personagem: Hannibal Lecter (Mads Mikkelsen) + Will Graham (Hugh Dancy).
    Não tenham dúvidas que a adição de Francis Dolarhyde é o bónus desta temporada. O actor Richard Armitage foi uma muito boa surpresa, e analisando isoladamente foi o destaque individual da 3.ª vez que o coração de 'Hannibal' bateu. Mas, por se tratar de uma despedida, é impossível não referir a importância da dinâmica Hannibal Lecter e Will Graham. A série foi sempre sobre eles. O fascínio de um pelo outro, a relação amor/ ódio, o desejo de Hannibal de transformar Will. O criador e argumentista Bryan Fuller conseguiu ainda um final adequado e perfeito para um dueto que brilhou sempre que partilhou o ecrã - quer nas sessões do psicólogo Hannibal no seu escritório, quer no asilo psiquiátrico quer agora com um vidro a separar o predador e a presa (?).
    Os actores Mads Mikkelsen e Hugh Dancy fizeram da série uma das melhores dos últimos anos, participando activamente junto de Fuller na definição e construção dos caminhos das suas personagens. E é muito raro encontrar-se a química que existiu e se intensificou entre os dois actores, numa relação perturbadora mas ao mesmo tempo quase erótica.

O Episódio: 13 'The Wrath of the Lamb'.
    A series finale de 'Hannibal' é oficialmente um dos melhores pontos finais que alguma série teve. Não se podia pedir mais. Resulta muitíssimo bem se nunca mais ouvirmos falar de 'Hannibal', mas resulta igualmente bem se outra cadeia televisiva quiser prolongar a série, ou se Fuller criar um filme, uma ideia em relação à qual Mikkelsen e Dancy já manifestaram interesse.
    A ira do cordeiro dita o fim do Grande Dragão, e os 10 minutos finais da série são surreais. A partilha de Hannibal e Will simbolizada com mestria, e quando se inicia a música "Love Crime" de Siouxsie Sioux e Brian Reitzell, criada propositadamente para a série, começa o adeus: o abraço, a queda e aquele plano final perfeito. Como se não bastasse ainda há aquela cena pós-créditos genial e aquela imagem de Dolarhyde deitado com o sangue a desenhar as suas asas. 

O Futuro: 
    Foram três temporadas do melhor que há em termos de evolução da história, performance dos actores e realização. Bryan Fuller disse um dia que tinha um plano de 8 temporadas para 'Hannibal' (um número exagerado, porque 4 ou 5 chegariam para explorar de forma rica e condensada o universo de personagens de Thomas Harris), mas a NBC ditou que seriam apenas 3. Ficaram a faltar figuras como Clarice Starling (circulou o rumor que Fuller queria Ellen Page para o papel) e "Buffalo Bill" e a cena pós-créditos do episódio 13 serve de teaser e de possível ponte para uma nova oportunidade, seja na concorrência - a Netflix e Amazon já rejeitaram a possibilidade - ou num filme, quer seja para o grande ecrã ou um filme televisivo.
    'Hannibal' deixou-nos de barriga cheia, e esta última temporada só não alcançou um estatuto superior pela menor qualidade da primeira metade. Mas uma coisa é certa: vai deixar saudades.
  

30 de agosto de 2015

Crítica: Southpaw

Realizador: Antoine Fuqua
Argumento: Kurt Sutter
Elenco: Jake Gyllenhaal, Forest Whitaker, Rachel McAdams, Oona Laurence, Naomie Harris, 50 Cent
Classificação IMDb: 7.4 | Metascore: 57 | RottenTomatoes: 61%
Classificação Barba Por Fazer: 73

    Que grande actor que Jake Gyllenhaal se está a tornar. 'Southpaw' é um daqueles filmes que, em termos de história, nada acrescenta à biblioteca cinematográfica, valendo sim pelo desempenho de Gyllenhaal, bem apoiado por Forest Whitaker. O filme em si é carregado de clichés e é conduzido com previsibilidade e de acordo com a dinâmica habitual nos filmes deste género, sendo segurado pelo actor que já se tinha destacando em 'Donnie Darko', 'Jarhead' e recentemente 'Prisoners' e 'Nightcrawler', tratando-se o último de um filme no qual nomeámos Gyllenhaal nos nossos Óscares, mas a Academia não o fez.
    A história de 'Southpaw' tem pouco de complexo. Billy Hope (Jake Gyllenhaal) é um pugilista invicto, detentor do título Mundial de pesos-leves, que luta não só por ser o que melhor sabe fazer, mas também para garantir uma boa vida para a sua mulher Maureen (Rachel McAdams) e para a sua filha Leila (Oona Laurence). Tudo muda na vida do campeão num dia fatídico: numa confusão iniciada pelo pugilista rival Miguel "Magic" Escobar, o irmão deste acaba por matar Maureen, deixando Billy perdido e numa estrada auto-destrutiva. A dificuldade em viver sem a mulher leva Billy a perder a cabeça num combate, acabando suspenso, e acaba por perder tudo - a casa, e a filha, entregue aos Serviços Sociais. Ao bater no fundo, e com vista a demonstrar-se capaz de tomar conta de Leila, Billy tem então que se reencontrar e recompor, apoiado por "Tick" Wills (Forest Whitaker), um treinador/ mentor.
    A tendência em muitos filmes que pisem o ringue é apostar neste formato. Podemos chamar-lhe descida a pique e recuperação em resposta. Nas últimas décadas largas, e deixando 'Raging Bull' como um exemplo doutro campeonato, o filme do género que conseguiu acrescentar efectivamente valor foi 'Warrior' (focado em MMA, e não boxe), tendo mais alma do que os outros. Fuqua, o realizador de 'Training Day', contou com um elenco invulgar conjugando os músicos 50 Cent e Rita Ora com grandes actores. A pequena Oona Laurence tem aos 13 anos um futuro promissor pela frente, de Rachel McAdams pode-se esperar mais em 'Spotlight' do que nesta colaboração, mas o filme é de uma ponta à outra segurado pelo viciante Jake Gyllenhaal. Whitaker assenta bem no papel de mentor sôfrego, com um passado assombrado mas sabendo transmitir um conselho e a disciplina necessária, enquanto que Gyllenhaal.. é 'Southpaw'. Para além da transformação física (muito teve que trabalhar para ficar nesta forma) impressiona o modo como consegue passar-nos o desespero e a vulnerabilidade de Billy Hope. Com a mulher nos seus braços, ao colocar luvas para baixo aceitando a sua punição suicida, e principalmente nos momentos com a sua filha. "Tick" Wills ensina a Billy Hope que por vezes temos que nos defender, para aproveitarmos o que de melhor temos, e a combater usando a cabeça em vez de se mover apenas pela raiva. 'Southpaw' é um filme sobre recuperação, sobre luto, transita de uma história de vingança para uma história de um pai à procura de garantir condições para viver com a filha.
    O melhor momento do filme passa-se no canto de um ringue de boxe, e Gyllenhaal - vamos aguardar e ver muitos outros filmes e aí tiraremos conclusões - é um nome para incluir nas hipóteses para óscar, porque um papel deste patamar seria nomeado em várias das últimas edições da cerimónia da Academia. Como ficou aqui dito, 'Southpaw' é um filme carregado pelo seu protagonista, e ficamos a aguardar por 'Demolition' - não é certo se estreará a tempo de ser candidato em 2016 ou se só no ano seguinte, mas antecipamos com grandes expectativas uma colaboração de Gyllenhaal com o realizador Jean-Marc Valée (recentemente ajudou McConaughey a ganhar um óscar, e Reese Whiterspoon a ser nomeada). E como referimos há umas semanas, Gyllenhaal seria um reforço brutal para uma 3.ª temporada de 'True Detective'. Este filme comprova-o.

26 de agosto de 2015

Dicas Fantasy Premier League - Jornada 4

A última jornada antes do fecho do mercado. A Barclays Premier League joga-se Sábado e Domingo, e só voltará depois dia 12 de Setembro com os plantéis 100% fechados e com alguns wildcards a serem activados nesse intervalo temporal.
    Ao contrário do que é habitual, nesta 4.ª jornada não há um super-jogo, sendo o mais cotado o embate entre Tottenham e Everton. No entanto, há bons jogos: o Bournemouth recebe o fenómeno Leicester, o Liverpool (que tal como o Manchester City ainda não sofreu qualquer golo) mede forças com o West Ham, e o Manchester United desloca-se ao País de Gales para defrontar o Swansea.
    Falar da última jornada é falar de Callum Wilson. O avançado do Bournemouth conseguiu 17 pontos no Fantasy com um fantástico hat-trick na vitória do Bournemouth por 4-3. Kolarov e Scott Dann foram os defesas mais pontuados, Cech e Krul brilharam entre os postes, juntando o checo à quantidade de defesas o elevado grau de dificuldade de muitas; Pedro Rodríguez estreou-se da melhor forma pelo Chelsea com 1 golo e 1 assistência, Diego Costa esteve em bom plano tal como Sako e James Morrison. Riyad Mahrez voltou a aparecer em grande.
(Podem-se juntar à Liga Barba Por Fazer: Código - 114493-481221)

Olhando para a quarta jornada, sugerimos:

Kun Agüero - Manchester City - 13.2
    A lógica diz que se Agüero foi capaz de fazer o que fez a Cahill e Terry, certamente causará pesadelos a Cathcart e Prödl. O Manchester City, líder isolado 100% vitorioso, é sempre mais forte no seu estádio e a sua dinâmica ofensiva actual deve ser suficiente para incomodar um Watford que tem deixado uma boa imagem, não sofrendo qualquer golo nos últimos dois jogos (dois empates 0-0).
    Agüero, Silva, Yaya Touré e Sterling são os quatro jogadores de ataque que interessam, até porque Pellegrini pode optar por Navas ou Nasri na restante vaga ofensiva (isto se não apostar esta jornada num 4-4-2 com Bony e Agüero). Na defesa do City, Kompany e Kolarov têm realizado um arranque de época sensacional, embora Sagna (beneficiou com a lesão de Zabaleta) seja a opção mais económica. O calendário do líder City é bastante favorável, com 4 jogos em casa nos próximos 6, e Agüero deverá progressivamente melhorar a sua condição física e a sua relação com a baliza adversária.

Pedro Rodríguez - Chelsea - 9.5
    O extremo direito espanhol, um dos jogadores mais subvalorizados nos últimos anos, chegou à Premier League e teve impacto imediato. Mourinho ganhou um reforço de peso (pagar 28 Milhões por alguém como Pedro, considerando o contexto e os valores praticados neste defeso, é incrível) e Pedrito não demorou muitos minutos a demonstrar porque é que é um dos jogadores com maior capacidade de finalização no futebol actual. Juntando à sua grande eficácia nas oportunidades que tem, o facto de aparecer sempre nos momentos certos, não era muito difícil imaginar que acabaria por dizer presente na estreia. Contra o Crystal Palace, o Chelsea é favorito e tentará ganhar em Stamford Bridge pela primeira vez. Hazard é sempre Hazard (embora ande a desiludir é capaz de aparecer finalmente a marcar) mas é para Pedro Rodríguez que olharemos. Tal como aconteceu com Alexis Sánchez e Fàbregas, o ex-Barça tem tudo para brilhar ao sentir-se valorizado num novo projecto.

Philippe Coutinho - Liverpool - 8.1
    Num universo paralelo, Coutinho terminou o Arsenal-Liverpool com um hat-trick e uma exibição para correr a imprensa mundial. Neste universo, Petr Cech disse não a toda e qualquer iniciativa do 10 brasileiro.
    Coutinho evoluiu sobremaneira em 2014/ 15, mas é bem capaz de continuar a sua evolução esta temporada, com melhores números (tanto de golos como assistências). À medida que a química de Coutinho com Benteke e Firmino for crescendo, veremos o Liverpool cada vez mais forte. Esta jornada o adversário é o West Ham, que sofreu 4 golos em casa e continua sem Adrián na baliza. Por isso mesmo, Benteke e Coutinho quererão tirar a barriga de misérias depois de Cech lhes roubar protagonismo na 2.ª feira passada.

Xherdan Shaqiri - Stoke City - 7.0
    O Stoke totaliza apenas 2 pontos em 9 possíveis, mas neste início já visitou White Hart Lane e recebeu o Liverpool. A equipa de Mark Hughes, na qual o guarda-redes Butland se tem mostrado à altura de calças as luvas que outrora pertenceram a Begovic, recebe o último classificado WBA (equipa instável pelo insistente interesse de que Berahino tem sido alvo) e deve alinhar com Shaqiri, Arnautovic e Afellay (havendo ainda Walters, certamente mais regular, e Adam) atrás de Diouf. Em teoria, mal Bojan possa ser titular deve entrar directo no 11, mas o que é certo é que no seu perfeito juízo Hughes nunca retirará Shaqiri e Diouf do esqueleto-base. O extremo suiço tem tudo para resultar na Premier League, e depois de uma assistência na estreia, o primeiro jogo em casa pode ficar marcado pelo primeiro golo.

Callum Wilson - Bournemouth - 5.5
    O Bournemouth mora actualmente no 13.º lugar, mas tem tido um trajecto curioso: dominou o Aston Villa mas algum nervosismo e pouca eficácia ditou uma derrota na estreia, em Anfield perdeu com o Liverpool mas o que é certo é que marcou um golo limpo e sofreu um golo ilegal. À terceira jornada, chegou a 1.ª vitória, num surpreendente 4-3 em casa do West Ham. Francis e Gradel estiveram bem, mas o grande destaque foi sem dúvida Callum Wilson. O marcador de serviço do Bournemouth fez 3 golos (primeiro hat-trick desta edição da liga inglesa), igualando Gomis, e ficando a apenas 1 golo do inesperado líder Mahrez. Esta jornada há Bournemouth-Leicester, um jogo que representa a total imprevisibilidade da Premier League. As duas equipas aparecerão em campo confiantes, e à partida pode-se esperar um jogo aberto e com golos. Wilson, Ritchie, Vardy e Mahrez poderão aparecer.


Outras Opções:
- Guarda-Redes: Faz sentido que Simon Mignolet (5.1) e Joe Hart (5.6) permaneçam escolhas seguras depois de não sofrerem qualquer golo em 3 jogos. O Chelsea e o Southampton não merecem um voto de confiança tão significativo pela forma como as suas defesas se têm exibido, mas o baratinho Jack Butland (4.5) pode dar pontos. Depois daquele jogo contra o Liverpool, é impossível não mencionar Petr Cech (5.5), até porque o Newcastle ainda não se encontrou.

- Defesas: Vincent Kompany (6.3) Aleksandar Kolarov (5.7) são os dois defesas com mais pontos neste Fantasy, juntando às clean sheets um elevado impacto junto das balizas adversárias, embora Sagna seja a opção mais em conta do clube. No Liverpool, Martin Skrtel (5.5), Nathaniel Clyne (5.5) e o jovem Joe Gomez são as opções de topo, e Jordan Amavi (5.0) pode fazer algo, embora o Sunderland queira dar um murro na mesa, e venha de uma vitória com muitos golos na Capital One Cup.

- Médios: Neste momento, com a confiança e futebol que apresenta, é um crime não falar de Riyad Mahrez (6.0). Tendo já referido Pedro, Hazard, Coutinho, Silva e Shaqiri, podem também apostar na primeira grande jornada de Alexis Sánchez (11.0), com Özil a ser um elemento fulcral no desenrolar do jogo, e num novo bom jogo de Ross Barkley (6.6). Sadio Mané é uma opção de topo caso esteja disponível, Depay irá defrontar uma defesa competente, e Scott Sinclair é uma boa opção caso Sherwood lhe dê uma merecida titularidade.

- Avançados: Agüero, Benteke e Wilson já foram referidos, e por isso mesmo acrescentamos Diego Costa (11.0)Mame Biram Diouf (6.5) e Graziano Pellè (8.0). Veremos quem leva a melhor no duelo Kane vs Lukaku, e Gomis procurará manter a sua média de 1 golo/ jogo, desta vez contra o Manchester United.

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11 (3-4-3): Mignolet; Amavi, Kompany, Caulker; Pedro, Coutinho, Mahrez, Shaqiri; Agüero, Benteke, Wilson

Atenção a:
Newcastle v Arsenal - Mesut Özil
Aston Villa v Sunderland - Jordan Amavi
Bournemouth v Leicester - Callum Wilson
Chelsea v Crystal Palace - Pedro Rodríguez
Liverpool v West Ham - Philippe Coutinho
Manchester City v Watford - Kun Agüero
Stoke v WBA - Xherdan Shaqiri
Tottenham v Everton - Ross Barkley
Southampton v Norwich - Graziano Pellè
Swansea v Manchester United - Bafétimbi Gomis

24 de agosto de 2015

100 Melhores Personagens de Filmes - Nº 1



Filme: Fight Club
Actor: Brad Pitt

por Miguel Pontares

Líder por natureza. 
Anti-consumismo. Nietzschiano. Revolucionário. 
Imaginário.

    É irónico que, depois de 99 personagens, o número 1 seja alguém que, de facto, não existe. 
  Tyler Durden é a personagem mais completa e fascinante que o Cinema já produziu, afirmando ser tudo aquilo que queremos ser mas não podemos (All the ways you wish you could be, that's me. I look like you wanna look, I fuck like you wanna fuck, I am smart, capable, and most importantly, I am free in all the ways that you are not).

    A manifestação da perturbação de identidade dissociativa do narrador (Edward Norton) explode carisma por todos os lados. Antes de o conhecermos pela primeira vez formalmente, no avião, vemo-lo por 6 vezes: 4 flashes que podemos não identificar se piscarmos os olhos naquele momento exacto, num anúncio televisivo e, bem mais declaradamente, no tapete rolante. Tyler faz e vende sabonete (concebido através de gordura humana), trabalha como projeccionista divertindo-se ao inserir frames impróprios, e urina nas sopas que serve enquanto empregado num hotel de luxo. Está longe de ser um exemplo, sendo inclusive um perigo quando o Fight Club se transforma no Projecto Mayhem -  quando a inspiração vira extremismo, anarquismo.
    Anda pela casa de bicicleta. Veste-se de forma esquisita, mas consegue sempre ter estilo. Sempre. Se pudesse lutar com alguém escolheria o seu pai, Hemingway ou Abraham Lincoln. É um ídolo que irradia confiança, capaz de envolver qualquer um com os seus grandes momentos/ discursos.
    Em 'Fight Club', o filme em que há pelo menos um copo de Starbucks em cada cena, a mensagem é sempre transmitida por Tyler Durden. Tanto a obra de Palahniuk (que, caso raro, defendeu que o filme era melhor que o seu livro; apenas li o livro já depois de ver o filme, e é menos ingrato fazer comparações quando ocorre o inverso) como, por consequência, o filme de Fincher defendem a emancipação espiritual, o grito de revolta contra uma Sociedade materialista, pré-formatada ou programada. Servem de metáfora para o risco, para a procura do sonho mesmo que seja um erro, tropeçando enquanto se rema contra uma maré de conformismo.
    Para além de todos os traços da personagem - a sua loucura cativante, ser o id cool e hedonista do inconsciente do narrador - e fazendo todas as vénias deste mundo à dinâmica da dupla Brad Pitt/ Edward Norton, pode-se dizer que há 4 momentos-chave que entregam o 1.º lugar deste Top-100 a Tyler Durden. É capaz de resultar dar-lhes uns nomes, à Quentin Tarantino:

    - 8 Regras: Na cave, o clube de combate rege-se por oito regras. Primeiro, não falar sobre o Fight Club. Segundo, não falar sobre o Fight Club! Terceiro, se alguém gritar "Pára!" ou desistir, o combate acaba. Quarta regra, dois lutadores de cada vez. Quinta regra, um combate de cada vez. Sexta, nada de camisas e sapatos. Sétima, as lutas duram o tempo que tiverem que durar. E a oitava e última regra: se esta for a vossa primeira noite no clube, têm de lutar. As 8 regras colocam ordem numa iniciativa que pretende apenas servir de escape, uma nova Igreja para os participantes, convidados a "sentir" algo. Mas mais do que as 8 regras, que ajudam 'Fight Club' a materializar-se como filme de culto, Tyler odeia o consumismo que padroniza comportamentos e pensamentos - diz "The things you own, end up owning you", e acrescenta mais tarde que não somos o nosso trabalho, não somos o dinheiro que temos no banco, não somos o carro que conduzimos ou o conteúdo da nossa carteira.

    - Queimadura contra Deus: A cena que os pais de Brad Pitt não foram capazes de ver. Durden queima a mão do narrador "Jack" com químicos e, enquanto este exaspera, dá-lhe um sermão. Tyler diz-lhe que sem dor e sem sacrifício não teríamos nada, promovendo a renúncia a Deus, porque no seu entender devemos considerar a possibilidade dele nos odiar e de sermos os seus filhos indesejados. A sua lição final desse capítulo é que só depois de perdermos tudo é que ficamos livres para conquistar qualquer coisa.

    - O Veterinário: Poucas vezes aclamado, é talvez o momento mais positivo e altruísta da personagem. Durden desloca-se a uma loja de conveniência e, nas traseiras, obriga o empregado, um jovem asiático, a colocar-se de joelhos, apontando-lhe uma arma à cabeça. Ameaça-o fazendo-o revelar-lhe aquilo que ele queria realmente ser (um veterinário), e obriga-o a perseguir esse sonho nas seis semanas seguintes, ficando-lhe com a carta de condução como caução até confirmar que ele fora atrás do seu sonho. "Amanhã vai ser o dia mais bonito da vida de Raymond K. Hessel". O facto da arma estar descarregada e a parte traseira de uma porta que mais tarde se vê em casa de Tyler com múltiplas cartas de condução, acrescenta valor a este momento.

    - A Melhor Cena de Sempre: despe o casaco vermelho, e fica em t-shirt branca. Tem a palavra Tyler Durden: Man, I see in fight club the strongest and smartest men who've ever lived. I see all this potential, and I see squandering. God damn it, an entire generation pumping gas, waiting tables; slaves with white collars. Advertising has us chasing cars and clothes, working jobs we hate so we can buy shit we don't need. We're the middle children of history, man. No purpose or place. We have no Great War. No Great Depression. Our Great War's a spiritual war... our Great Depression is our lives. We've all been raised on television to believe that one day we'd all be millionaires, and movie gods, and rock stars (olhando para a personagem de Jared Leto). But we won't. And we're slowly learning that fact. And we're very, very pissed off.
    O discurso lendário chegaria só por si, mas depois há isto. Não bastava o discurso sobre o potencial desperdiçado de uma geração, não chegava a gargalhada antecessora do Joker de Ledger enquanto é agredido pelo dono do bar, Lou. Quando parece K.O., Tyler Durden atira-se a Lou, tosse e cospe sangue sobre ele, agita o rosto ensanguentado enquanto ri louco e desesperado para que a causa e o Clube continuem de pé, exigindo a palavra do dono do bar. 
    O melhor momento da melhor personagem e melhor papel de Brad Pitt, uma cena doentia e impressionante, capaz de tornar uma simples frase como "You don't know where I've been, Lou" uma das minhas preferidas de todo o Cinema que consumi. Às vezes diz-se muito com pouco.

    Soltem os Pixies e o seu "Where is My Mind", porque Tyler Durden merece ser rei. Cem personagens depois, a aventura termina. 
    Muito Obrigado. E.. até já.

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Nota Editorial: A compilação/ organização e ordem das personagens deste Top é responsabilidade de Miguel Pontares e Tiago Moreira. Os textos tiveram a colaboração de Daniel Machado, Lorena Wildering, Nuno Cunha, Sara Antunes Santos e Carolina Moreira.
Foram tidos em consideração filmes lançados até 20 de Novembro de 2014. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou aos filmes que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.

23 de agosto de 2015

Garganta Afinada. Top 20 ( nº 108 )

    Adivinhem quem está de volta? Pois é... É o nosso Garganta Afinada. Costumávamos aparecer em dias solarengos, mas com a falta do mesmo no dia de hoje, decidimos dar sol às vossas vidas com mais um top recheado de boa música!
    Ao contrário do que vos temos habituado, este top 108 conta apenas com uma música vinda desta Ocidental praia lusitana - contamos com as palmas e música electrizante de Da Chick que contagiou todo o público que assistiu ao seu concerto no Super Bock Super Rock. Vemos ainda o regresso de um dos cantores mais admirados por nós - City and Colour - com uma "Woman" carregada de emoções fortes como tão bem nos habituou. Entre as 20 músicas de hoje, há vários resquícios pós-Alive. As cicatrizes de James Bay, o lobo do novo álbum dos Mumford & Sons e ainda uma música dos Kodaline. No último caso mantendo o registo habitual de videoclips que parecem autênticas curta-metragens. Nesta “Ready” é o actor Christopher Mintz-Plasse quem nos cativa, ao som da banca que marcou presença no palco Heineken. Há ainda uma contagiante "Moutain At My Gates" dos Foals à qual é quase impossível ficar indiferente e uma não muito antiga de Fink que esteve incluída na banda sonora da série Suits. E já que tocámos no assunto "Séries", há também forte influência da série ‘Sense8’, da Netflix, nesta 108.ª compilação. Sigur Rós, The Antlers e Antony and the Johnsons (grande versão de “Knocking On Heaven’s Door”) são a prova viva de que escolher uma boa banda sonora ajuda e muito uma série. Mas quem não precisa de ajuda da música é a série Mr. Robot. Ainda assim, presenteia-nos com momentos fantásticos acompanhados de muito boa música. Exemplo disso é a "Gone" dos franceses M83, "New Brave" de CTZNSHP e a "Two Weeks" dos FKA twigs que acompanhou uma das melhores cenas da série protagonizada pelo insano Tyrell Wellick (Martin Wallström).  Este GA marca também a estreia dos The Neighbourhood em terras barbudas, bem como dos britânicos Portico (a música tem menos de 2 minutos, mas sabe bem ouvi-la). Por fim, há ainda mais um remix extremamente bem conseguido de Carlos Serrano ao fundir a música "Stronger" de Kanye West com a "Can't Feel My Face" de The Weeknd. Mais um grande trabalho do DJ natural de San Diego.
    Deixamo-vos com estas 20 músicas e prometemos voltar não muito tarde! Fiquem atentos!




1. M83 - Gone
2. Antony and the Johnsons - Knocking On Heaven’s Door


22 de agosto de 2015

100 Melhores Personagens de Filmes - Nº 2



Filme: Into the Wild
Actor: Emile Hirsch

por Tiago Moreira

    Todos temos um filme favorito. Aquele que por alguma razão nos tocou. Que inexplicavelmente deixou-nos água pela barba com o trailer e que posteriormente nos seduziu completamente deixando-nos agarrados ao ecrã. "Into the Wild" é sem sombra de dúvidas esse tal meu filme. Não me venceu com um trailer, mas sim com o grande teaser que o videoclipe da música "Hard Sun" de Eddie Vedder acabou por ser. O facto da banda sonora ser toda da autoria de Eddie Vedder foi um factor de peso para que ficasse totalmente preso ao filme realizado por Sean Penn. No meio de tantas paisagens paradisíacas e de tantos momentos fortes do nosso personagem, a voz de Vedder deixa-nos sempre arrepiados, casando na perfeição com todas as imagens captadas.
    Sem mais demoras, apresento-vos o nosso personagem de hoje - Christopher McCandless. Isto sou eu a apresentá-lo. Se fosse o mesmo talvez se apresentasse por Alex Supertramp. Porquê? Porque acabou por ser a sua nova identidade. Chris, depois de se formar, largou toda a sua vida social para se tornar livre. Não, McCandless não vivia numa ditadura, mas sentia-se preso a todas as «regras» e patamares que a sociedade nos incute. Com uns pais bastante severos e para quem a aparência da sua família perante a sociedade era tudo, Chris - com uma mente fomentada por escritores como Thoreau, Tolstoy e Jack London - acabou por doar todo o seu dinheiro a instituições de caridade e partiu com direcção ao selvagem, mais concretamente em direcção ao Alasca. Pelo seu caminho encontrou várias pessoas que com a sua personalidade forte, mentalidade louca, mas ao mesmo tempo bastante ponderada e inteligente, Alex (era assim que era conhecido perante todas estas pessoas) deixou a sua marca na vida de todas elas. Com um estilo de vida completamente inspirador, Supertramp influenciou positivamente todos os seus amigos de viagem a não se acomodarem ao veneno que o mesmo achava que a sociedade era. Incentivou-as a deixarem de parte todos os limites impostos pela sociedade e a aproveitarem a sua vida, sem qualquer receio. Contudo, a teoria que tentava defender, que consistia no facto do ser humano não necessitar de se relacionar com outras pessoas para ser feliz e que todos os materiais ao nosso redor eram desnecessários para a vida humana, saiu gorada. Uma das suas últimas anotações, quando se encontrava na sua carrinha totalmente isolado do mundo, foi mesmo «Happiness only real when shared». Uma verdade arrebatadora e que muitos de nós, no meio do nosso egocentrismo, desprezamos completamente.

    Christopher McCandless é uma das personagens mais inspiradoras de sempre. Pelo menos para mim. Sou fã de livros e filmes baseados em histórias verídicas e esta sem dúvida alguma que é a melhor de todas que alguma vez li/assisti. Faz-nos reflectir bastante sobre toda a verdade em que estamos inseridos e como é que a sociedade nos conseguiu formatar de tal forma que estrutura toda a nossa vida em patamares. E não só. A sociedade ilude-nos quanto ao facto de sermos livres. Nós estamos presos à falsa ideia de sermos livres. A verdadeira liberdade não nos é totalmente conhecida. Tudo porque a maioria das pessoas apenas pensam que querem liberdade. Na verdade, apenas querem ser - hiperbolizando um pouco - escravas da sociedade, da ordem social, do materialismo e de todas as leis que nos regem. A única liberdade que o Homem realmente quer é a liberdade para se sentir confortável (Sim, também fui bastante influenciado por Sons of Anarchy). Nada mais que isso. E Chris deu-nos o seu exemplo de vida para que fujamos de todos esses aspectos. Para que saibamos seguir o nosso caminho mesmo que nos olhem com desdém enquanto caminhamos. Para que saibamos partilhar a nossa vida com quem realmente merece. Para que vivamos até ao limite da nossa condição física da melhor forma possível ignorando juízos de valor de outrem.
    E passou-nos tudo isto de uma forma pura. Ou diria melhor... selvagem.

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Nota Editorial: A compilação/ organização e ordem das personagens deste Top é responsabilidade de Miguel Pontares e Tiago Moreira. Os textos tiveram a colaboração de Daniel Machado, Lorena Wildering, Nuno Cunha, Sara Antunes Santos e Carolina Moreira.
Foram tidos em consideração filmes lançados até 20 de Novembro de 2014. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou aos filmes que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.

20 de agosto de 2015

Dicas Fantasy Premier League - Jornada 3

Venha de lá esse fim-de-semana de Premier League! As jornadas 3 e 4 serão as últimas antes do defeso fechar, e portanto até lá ainda podem esperar reforços em vários clubes. Em Inglaterra o Deadline Day costuma ser um dia bastante movimentado, e não será surpreendente se Manchester City, Chelsea, Manchester United, Arsenal, Tottenham, West Ham e Everton, nomeadamente, ainda acrescentarem qualidade aos seus elencos.
    Ao longo de Sábado e Domingo jogam-se 9 jogos fantásticos mas o "jogo grande" acontece somente na noite de 24 de Agosto - o Arsenal recebe o Liverpool, uma das 4 equipas que tem 6 pontos em 6 possíveis. No entanto, há vários jogos prometedores - o Leicester, a transbordar confiança, recebe um Tottenham que ainda só somou 1 ponto; o Everton recebe o líder Manchester City e mesmo os jogos entre Norwich e Stoke, e West Ham e Bournemouth podem ser bons de acompanhar. E porque faz sentido referir o campeão em título, o descaracterizado Chelsea visita o West Brom à procura da primeira vitória da temporada.
    Entrando na máquina do tempo, a jornada 2 foi de Romelu Lukaku. O avançado belga bisou na vitória inesperada do Everton por 3-0 no campo do Southampton, num jogo em que também Barkley e Coleman (ambos 11 pontos) se destacaram. David Silva, Kompany, Redmond, Mahrez, Hoolahan e Joel Ward foram outros dos nomes fortes da ronda.
(Podem-se juntar à Liga Barba Por Fazer: Código - 114493-481221)

Para esta terceira jornada, recomendamos:

Bafétimbi Gomis - Swansea - 7.1
    Depois de se assumir como primeira escolha após a transferência de Wilfried Bony para o Manchester City, Gomis demorou a ter impacto na segunda metade da época passada. Neste arranque de campeonato, Gomis leva até agora 1 golo em cada jogo e defronta este Sábado o último classificado Sunderland.
    O Swansea está lançado para mais uma época consistente e tem tido em Gomis e Ayew os marcadores de serviço. Contra um Sunderland que sofreu 7 golos nas duas primeiras jornadas, o francês e o ganês voltarão a ser excelentes opções, bem como Montero (tem destruído quem lhe aparece pela frente com a sua capacidade de driblar) e não demorará muito até Sigurdsson dizer presente. Na antevisão desta edição da Premier League, Gomis não seria um dos avançados dos quais se esperaria grande regularidade e grandes números, mas este início positivo pode embalá-lo para uma época muito interessante.

Memphis Depay - Manchester United - 8.5
    Na Premier League desiludiu (com o Aston Villa, principalmente, dispôs de uma oportunidade de golo clara), mas realizou o seu primeiro grande jogo em Old Trafford no Play-Off de acesso à Liga dos Campeões diante do Club Brugge. Depay não só fez o gosto ao pé pela primeira vez como terminou o jogo com 2 golos e 1 assistência, contribuindo decisivamente para a vitória por 3-1.
    O extremo holandês, que andará a deambular entre a esquerda e o centro, levará toda a confiança para o jogo contra o Newcastle e Old Trafford quererá ver o seu novo camisola 7 a conseguir um impacto e números semelhantes na principal competição do futebol inglês. O compatriota Janmaat, suspenso, não será oposição para Depay e o Manchester United de van Gaal promete este Sábado (pela terceira jornada consecutiva são os red devils a abrir a jornada) conseguir algo mais do que um 1-0. Wayne Rooney e algumas caras da defesa serão também bons jogadores para ter.

Riyad Mahrez - Leicester City - 5.8
    Provavelmente só a família do argelino Mahrez acreditaria que finda a segunda jornada, o jogador do Leicester City estaria isolado na liderança dos melhores marcadores (3 golos), e seria a par de Kompany o jogador mais pontuado no Fantasy, com 25 pontos. É preciso recordar que na temporada passada Mahrez fez apenas 4 golos e que jogadas apenas duas jornadas já totaliza quase um quarto do seu total de pontos no Fantasy em 2014/ 15. Ninguém espera que Mahrez se apresente imparável e ao nível que tem jogado durante toda a época, mas há fortes indicadores que esta será uma grande época para o craque do Leicester. Seja como for, é impossível ignorar a confiança que Mahrez e o 2.º classificado da Premier League apresentam em campo neste momento. O Leicester costuma ser mais forte em casa (também por isso foi surpreendente a vitória em casa do West Ham, depois dos hammers ganharem no Emirates Stadium) e contra o Tottenham pode-se esperar um jogo aberto, especialmente interessante pelo momento de confiança que se vive de um lado, e alguma apatia/ desilusão no outro.

Nathan Redmond - Norwich City - 5.5
    Jogadas as duas primeiras jornadas, o Norwich experimentou até agora sensações adversas. Foi derrotado em casa por 3-1 pelo Crystal Palace, e venceu o Sunderland fora também por 3-1. O elemento positivo comum nos 2 jogos foi o jovem Nathan Redmond. O extremo que representou os sub-21 ingleses no Europeu da República Checa, marcando 1 dos dois golos que a sua Selecção conseguiu no certame, leva 2 golos em 2 jogos na Premier League, nunca tendo ainda cumprido os 90'. Diante do Palace, Redmond "saltou" do banco aos 54 minutos, mas o golo que marcou garantiu-lhe a titularidade no encontro seguinte. Esta jornada o Norwich joga em casa, recebe o Stoke e o desfecho do jogo é imprevisível, com a maior experiência e o factor Shaqiri a poderem jogar a favor da equipa de Mark Hughes. No entanto, espera-se um Norwich galvanizado pelos 3 pontos conquistados no terreno do Sunderland. E o jovem Redmond pode funcionar como um excelente diferencial, ao constar numa pequena % de plantéis de Fantasy.

Eden Hazard - Chelsea - 11.5
    O 10 belga de Mourinho tem desiludido, indiscutivelmente. Contra o Swansea só acordou nos 15 minutos finais, sem conseguir mudar o rumo da partida, e diante do Manchester City foi um de tantos jogadores do Chelsea abaixo do rendimento médio. O campeão Chelsea atravessa um momento complicado, mas até pelo facto de muitos utilizadores irem retirar Hazard das suas equipas, aconselhamos a que - pelo menos mais 1 ou 2 jornadas - o mantenham. O adversário desta jornada é o WBA, uma equipa que costuma ser forte defensivamente, mas poderá ser tanto o grito despertador do Chelsea como do seu melhor jogador, Eden Hazard.


Outras Opções:
- Guarda-Redes: O argentino Sergio Romero (5.1), que ainda não sofreu golos, volta a ser uma boa opção para esta jornada. Alex McCarthy (4.0) é também um jogador a considerar, especialmente pelo seu preço. Fabianski não é uma garantia de clean sheet, e nos restantes jogos é mais difícil prever que equipa não sofrerá qualquer golo, embora antecipemos com expectativa o jogo de Randolph, suplente do suspenso Adrián, contra o Bournemouth.

- Defesas: Matteo Darmian (5.7) e Chris Smalling (6.1) estão num bom momento, bem como o lateral-esquerdo Shaw, e Joel Ward (4.5) tentará levar a confiança para o próximo jogo. O poderoso Vincent Kompany (6.2) parece estar de volta, e Aaron Cresswell (5.5) tem maiores hipóteses de fazer a diferença na frente do que assegurar que na sua baliza nada entra.

- Médios: Referidos Depay, Mahrez, Hazard e Redmond, não se deve ignorar o que poderão fazer Bolasie e Puncheon diante do Aston Villa, nem a estreia de Xherdan Shaqiri (7.0) pelo Stoke. Dimitri Payet (7.6) deverá provocar uma valente dor de cabeça à defesa do Bournemouth, enquanto que Ayew, Montero, Silva e Mané nunca são cartas fora do baralho. Muito pelo contrário. No Arsenal-Liverpool, jogadores como Alexis, Özil e Coutinho parecem ser as opções que contribuirão mais em termos de oportunidades de golo criadas.

- Avançados: Para além de Gomis e Rooney, muita atenção a três avançados do Leicester-Tottenham (Vardy, Okazaki e Kane), tal como a Diego Costa (11.0) e Mame Biram Diouf (6.5). Quem levará a melhor entre Pellè e Deeney e que impacto conseguirá ter Benteke no jogo grande são algumas das questões, numa jornada em que Wickham, Lukaku e Kun Agüero (13.1) podem voltar a fazer balançar as redes. Comecem a preparar as vossas equipas, porque a partir da 4.ª Kun é uma obrigatoriedade.

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11 (3-4-3): Randolph; Darmian, Cresswell, Ward; Hazard, Redmond, Mahrez, Depay; Rooney, Wickham, Gomis

Atenção a:
Manchester United v Newcastle - Memphis Depay
Crystal Palace v Aston Villa - Yohan Cabaye
Leicester v Tottenham - Riyad Mahrez
Norwich v Stoke - Nathan Redmond
Sunderland v Swansea - Bafétimbi Gomis
West Ham v Bournemouth - Dimitri Payet
WBA v Chelsea - Eden Hazard
Everton v Manchester City - Kun Agüero
Watford v Southampton - Sadio Mané
Arsenal v Liverpool - Alexis Sánchez