Balanço Final - Liga NOS 18/ 19

A análise detalhada ao campeonato em que houve um antes e um depois de Bruno Lage. Em 2018/ 2019 houve Reconquista.

Prémios BPF Liga NOS 2018/ 19

Portugal viu um médio carregar sozinho o Sporting, assistiu ao nascer de um prodígio, ao renascer de um suiço, sagrando-se campeão quem teve um maestro e um velocista.

Balanço Final - Premier League 18/ 19

Na melhor Liga do mundo, foram 98 contra 97 pontos. Entre citizens e reds, entre Bernardo Silva e van Dijk, ninguém merecia perder.

Os Filmes mais Aguardados de 2019

Em 2019, Scorsese reúne a velha guarda toda, Brad Pitt será duplo de Leonardo DiCaprio, Greta Gerwig comanda um elenco feminino de luxo, Waititi será Hitler, e Joaquin Phoenix enlouquecerá debaixo da maquilhagem já usada por Nicholson ou Ledger.

21 Novas Séries a Não Perder em 2019

Renasce The Twilight Zone, Ryan Murphy muda-se para a Netflix, o Disney+ arranca com uma série Star Wars e há ainda projectos de topo na HBO e no FX.

6 de junho de 2016

Euro 2016: Previsão Grupo B

Depois de passarmos ontem a pente fino o Grupo A, hoje é a vez do grupo mais imprevisível deste Europeu. Uma Inglaterra jovem (A Mais jovem deste Euro) e altamente virada para o ataque, uma Rússia a querer mostrar que está no caminho certo para se apresentar forte em 2018 (Mundial russo), Gareth Bale a fazer o que Giggs nunca pôde, e finalmente uma Eslováquia que promete baralhar as contas.
    Se noutros grupos somos capazes de identificar 1 ou 2 jogos de difícil previsão em cada, neste Grupo B - no qual acreditamos que possa haver mais empates do que nos restantes - não é exagero dizer que os seis jogos merecem esse rótulo. A Inglaterra, com o Tottenham a servir de base (4 ou 5 titulares serão spurs, que jogaram toda a temporada juntos), é a principal favorita mas, ao contrário da qualificação, não nos parece que conseguirá a totalidade dos pontos possíveis. Com um ataque recheado de qualidade mas uma equipa que corre o risco de se expor demasiado, veremos que comportamento adoptarão os 3 adversários nos jogos com a equipa de Rooney.
    Na Rússia vemos uma defesa que parece a mesma há anos com o CSKA a servir de base, e um ataque (órfão de Dzagoev e Cheryshev) que pode beneficiar com a química existente entre o tridente do Zenit - Dzyuba, Shatov e Kokorin. Em relação à Eslováquia, apontamo-la ao 4.º lugar do grupo, embora seja concebível uma meia surpresa, tal o equilíbrio que esperamos neste grupo. Certo é que tanto Rússia como Eslováquia vão-se apresentar em campo em estruturas mais equilibradas (4-2-3-1), perdendo para a Inglaterra no número de soluções ofensivas. Mas caso saibam segurar Kane, Vardy, Rooney e Alli, as transições podem ser venenosas para os "três leões" com Dier a segurar praticamente sozinho um meio-campo, e Milner a fechar ao centro, exigindo-se constante comunicação num esquema que no papel é excelente, mas no qual faltam afinações. Por fim, falar do País de Gales é falar de Gareth Bale. Os galeses são a selecção mais dependente de um jogador só em prova, mas é neste contexto que o extremo do Real Madrid sobressai e se sente bem, quando é figura e tem todo o peso nos seus ombros, carregando a equipa e, neste caso, o país.
    Embora quase todos os jogos sejam de "tripla", antevemos uma Inglaterra a qualificar-se em primeiro lugar (se Inglaterra e Portugal ficarem em primeiro, e ambos ganharem nos oitavos, terão encontro marcado nos quartos-de-final), seguida do País de Gales com Gareth Bale em grande. Para bem do europeu, seria bom o 3.º classificado deste grupo seguir em frente, e é provável que isso até aconteça.  
    Cá vai então a análise aprofundada das 4 selecções do Grupo B:

1. INGLATERRA  
(Previsão: Quartos-de-Final)

  • Guarda-Redes: Joe Hart (Manchester City), Fraser Forster (Southampton), Tom Heaton (Burnley)
  • Defesas: Kyle Walker (Tottenham), Nathaniel Clyne (Liverpool), Chris Smalling (Manchester United), Gary Cahill (Chelsea), John Stones (Everton), Danny Rose (Tottenham), Ryan Bertrand (Southampton)
  • Médios: Eric Dier (Tottenham), Jack Wilshere (Arsenal), Jordan Henderson (Liverpool), James Milner (Liverpool), Ross Barkley (Everton), Dele Alli (Tottenham), Adam Lallana (Liverpool), Raheem Sterling (Manchester City)
  • Avançados: Wayne Rooney (Manchester United), Harry Kane (Tottenham), Jamie Vardy (Leicester City), Daniel Sturridge (Liverpool), Marcus Rashford (Manchester United)
Seleccionador: Roy Hodgson;
Baixas: Jack Butland, Danny Welbeck, Alex Oxlade-Chamberlain; Ausências: Michail Antonio, Danny Drinkwater, Aaron Cresswell

Equipa-Base (4-4-2): Hart; Walker (Clyne), Cahill, Smalling, Rose; Dier, Milner (Henderson, Wilshere), Alli (Sterling, Lallana), Rooney; Vardy, Kane
    É indiscutível o peso que o factor-Tottenham pode ter nesta Inglaterra. Hodgson teve a audácia de fugir ao tradicional 4-4-2 clássico, procurando colocar a equipa num losango que é em vários momentos um 4-3-3, e que tem prós e contras. Há poucas dúvidas no 11 do primeiro jogo, com Walker a merecer a titularidade, juntando-se aos spurs Rose, Dier, Alli e Kane; e a posição ocupada por Milner, jogador maduro tacticamente, a poder ser entregue a Henderson ou Wilshere, cuja condição física é incerta. Um dos contras consequente do convívio de Kane, Vardy e Rooney pode vir a ser o "desaparecimento" de Dele Alli, que rende muito mais na posição ocupada pelo capitão e melhor marcador da História da Selecção inglesa.
    Um pouco como acontece com Portugal, nesta Inglaterra terá grande importância a projecção dos laterais (Rose e Walker), e Harry Kane, alimentado toda a época por eles, pode ser o grande beneficiado. O melhor marcador da última Premier League será a referência, com Rooney a recuar e Vardy a sair por várias vezes de zonas de finalização. Esta ideia de jogo só se torna possível graças à pressão que Vardy faz constantemente na saída de jogo, e Kane terá que ser contagiado pelo colega de ataque.    

Destaques Individuais (Previsão):
    Rooney, Kane, Vardy, Sturridge, Rashford (jogador mais jovem do torneio, ligeiramente mais novo que Renato Sanches e o turco Emre Mor). "Só" isto em termos de avançados, e destes 5 jogam três. É muita fruta. Mas será que a Inglaterra consegue revelar estofo na fase a eliminar, contra selecções menos balanceadas?
    Harry Kane, o jogador-alvo desta equipa, parece ter tudo a seu favor. Chega ao Europeu cheio de confiança depois de ter sido melhor marcador do seu campeonato, estará em campo com vários colegas de equipa, sendo que Alli e os laterais conhecem as suas movimentações como as palmas das mãos, e pode ser o principal goleador inglês. No entanto, Jamie Vardy vai continuar a escrever novas páginas do seu filme. Um jogador eléctrico, exemplar na pressão e exímio a explorar as costas das defesas (esperemos que, caso Hodgson desista desta abordagem em losango, não seja Vardy o primeiro sacrificado).
    Dele Alli arrisca-se a ser um dos melhores jovens do torneio, dando sequência a uma temporada fantástica no Tottenham. Para tal, Alli tem que conter o temperamento, e revelar-se capaz de equilibrar a equipa como interior esquerdo, soltando-se com bola transportando o jogo pelo corredor central (por aqui vê-se bem a leitura constante que os vários intervenientes têm que ter para que haja dinâmica e equilíbrio). Wayne Rooney é Wayne Rooney, o farol de experiência numa das selecções mais jovens das 24, e também de Eric Dier (se a Inglaterra chegar longe, é sinal que Dier foi um monstro, ele que contra selecções mais fortes poderá precisar de outro jogador perto de si) e da locomotiva Kyle Walker esperamos bastante.
    Smalling e Hart terão que dizer presente quando o nível dos adversários subir, assim como vários elementos do banco (como Sterling e Sturridge).


2. PAÍS DE GALES  
(Previsão: Oitavos-de-Final)

  • Guarda-Redes: Wayne Hennessey (Crystal Palace), Danny Ward (Liverpool), Owain Williams (Inverness)
  • Defesas: Chris Gunter (Reading), Ashley Richards (Fulham), Ashley Williams (Swansea), James Chester (West Brom), James Collins (West Ham), Ben Davies (Tottenham), Neil Taylor (Swansea)
  • Médios: David Edwards (Wolves), David Vaughan (Nottingham Forest), Joe Ledley (Crystal Palace), Joe Allen (Liverpool), Aaron Ramsey (Arsenal), Andy King (Leicester City), Jonathan Williams (MK Dons)
  • Avançados: Gareth Bale (Real Madrid), George Williams (Gillingham), David Cotterill (Birmingham), Simon Church (Aberdeen), Sam Vokes (Burnley), Hal Robson-Kanu (Reading)
Seleccionador: Chris Coleman;

Equipa-Base (5-3-2): Hennessey; Gunter (Richards), Chester, A. Williams, Davies, Taylor; Allen, King (Ledley), Ramsey; Bale, Robson-Kanu (Vokes)
      Faz alguma pena Ryan Giggs nunca ter podido ir a uma fase final, tendo o alargamento só ocorrido agora. De qualquer forma, há 2 ideias irrefutáveis: esta geração galesa é bastante mais forte comparativamente com o passado, mas quase tudo isto se resume a duas palavras, Gareth Bale (marcou 7 dos 11 golos galeses no apuramento). O esquema defensivo do País de Gales, selecção liderada com a mesma combatividade e energia que Ashley Williams deixa nos jogos do Swansea, permite soltar Bale, o jogador em que são depositadas todas as esperanças.
    O trio de centrais (Chester, Williams e o adaptado Ben Davies) terá muito trabalho, especialmente diante de Inglaterra, embora seja curioso antecipar o choque de Dzyuba com Williams; mas Gunter/ Richards e Taylor sabem a pouco como alas. No meio da rua, caberá a Joe Allen e ao oxigenado Ramsey segurar a equipa, cuja estratégia termina sempre no craque do Real Madrid, a sentir-se importante como nos tempos finais do Tottenham. O jogador mais adiantado - seja ele Robson-Kanu ou Vokes - terá a missão de segurar defesas, mas quer Eslováquia, quer a Rússia ou a Inglaterra terão a lição bem estudada para procurar conter Bale. Mas não há antídoto quando o 11 se sente capaz de mudar o mundo.

Destaques Individuais (Previsão):
    Porquê tão poucos destaques numa selecção que acreditamos que possa chegar aos oitavos? Simples, pelo peso que Gareth Bale terá. A diferença entre ser um dos outsiders da competição ou passar ao lado em França será basicamente Bale aparecer em grande ou ser anulado, ele que será constantemente vigiado e apertado. Reconhecendo em Bale a capacidade de se agigantar nestes momentos, atrevemo-nos a acreditar numa excelente campanha galesa, que se por alguma razão durasse até aos quartos ganharia contornos extraordinários. A prova de que a selecção deixa fluir o talento do seu número 11 é o facto de na fase de qualificação Bale ter sido entre os jogadores de todas as selecções, o 2.º que mais remates fez à baliza (24, menos 1 que Lewandowski) e o que mais remates fora do alvo fez.
    Com um país nos ombros de Bale, Aaron Ramsey, agora em versão Slim Shady, terá que ser o sidekick perfeito. Tanto ele como Joe Allen terão que acrescentar qualidade com bola, e conduzir as respostas rápidas (é expectável que o País de Gales dê a iniciativa do jogo aos adversários), deixando a equipa respirar, pautando o jogo até Bale, e tornando a equipa capaz de ser algo mais do que "defender com tudo, e pôr a bola no rapaz". Falar em defender com tudo é falar de Ashley Williams, um central à antiga com uma entrega e uma alma gigante. Aguardam-se bons duelos com Dzyuba e Kane.  


3. RÚSSIA  
(Previsão: Oitavos-de-Final)

  • Guarda-Redes: Igor Akinfeev (CSKA), Yuri Lodygin (Zenit), Guilherme (Lokomotiv Moscovo)
  • Defesas: Igor Smolnikov (Zenit), Roman Shishkin (Lokomotiv Moscovo), Vasili Berezutski (CSKA), Sergey Ignashevich (CSKA), Alexei Berezutski (CSKA), Roman Neustädter (Schalke 04), Dmitri Kombarov (Spartak Moscovo), Georgi Schennikov (CSKA)
  • Médios: Denis Glushakov (Spartak Moscovo), Oleg Ivanov (Terek Grozny), Roman Shirokov (CSKA), Artur Yusupov (Zenit)
  • Extremos: Oleg Shatov (Zenit), Aleksandr Golovin (CSKA), Aleksandr Samedov (Lokomotiv Moscovo), Pavel Mamaev (Krasnodar), Dmitri Torbinski (Krasnodar)
  • Avançados: Aleksander Kokorin (Zenit), Fyodor Smolov (Krasnodar), Artem Dzyuba (Zenit)
Seleccionador: Leonid Slutski;
Baixas: Alan Dzagoev, Denis Cheryshev

Equipa-Base (4-3-3): Akinfeev; Smolnikov, V. Berezutski, Ignashevich, Schennikov (Kombarov); Glushakov, Shatov, Golovin (Mamaev); Kokorin, Smolov (Shirokov), Dzyuba
    Embora não deva fugir da sua estrutura tradicional, esta Rússia de Slutski (acumula o cargo de seleccionador e treinador do CSKA) pode dar boas de cabeça ao homem que apresenta sempre uma postura inconfundível no banco. Akinfeev (embora Lodygin seja superior), Vasili Berezutski e Ignashevich parecem titulares eternos, com Smolnikov a ter o lado direito para si, e Kombarov a disputar a vaga de lateral-esquerdo com Schennikov. No meio-campo, havendo Denisov (grande baixa de última hora, juntamente com Dzagoev e Cheryshev) era provável Slutski apostar num 4-2-3-1, com o médio do Dínamo Moscovo ao lado de Glushavov, mas face à lesão do médio defensivo é possível que a Rússia se apresente em 4-3-3. Nesta lógica, sem esquecer o maestro Shirokov e o craque Mamaev, o mais viável é Shatov juntar-se a Glushakov e ao miúdo Golovin no miolo, entregando o ataque a Kokorin e Smolov no apoio ao gigante Dzyuba. O trio do Zenit - Dzyuba, Kokorin e Shatov - estará certamente no onze, embora a grande propensão ofensiva deste 4-3-3 possa levar Slutski a confiar no veterano Shirokov, guardando Smolov como plano B.

Destaques Individuais (Previsão):
    Depois de marcar 8 golos na fase de qualificação, Artem Dzyuba (pela selecção marca 1 golo a cada 2 jogos) é forte candidato a fazer estragos num grupo que pode ter jogos abertos. O ponta de lança do Zenit terá a companhia de Oleg Shatov e Aleksander Kokorin, cuja inspiração será preciosa para uma boa campanha russa. Shatov quererá recriar o nível que Arshavin apresentou no já longínquo Euro-2008 ou Dzagoev em 2012, enquanto que Kokorin (12 golos em 38 jogos pela Rússia), de quem esperávamos mais no último Mundial, terá um papel preponderante como falso extremo.
    Prever o bom rendimento do tridente do Zenit estava quase ao alcance de uma Maria Helena, e por isso acreditamos que as surpresas desta Rússia, à qual Shirokov empresta sempre um perfume singular, possam ser Fyodor Smolov e Aleksandr Golovin. O avançado do Krasnodar marcou 24 golos esta temporada, e pode ser o coelho que Slutski tira da cartola, e Golovin representa o futuro da Rússia, e é um jogador que o seleccionador conhece bem, depois de o ter lançado no clube. Veremos ainda, caso Shirokov não se apresente em forma, se Mamaev (outro talento incrível) terá oportunidades.


4. ESLOVÁQUIA  

  • Guarda-Redes: Matus Kozacik (Viktoria Plzen), Jan Mucha (Slovan Bratislava), Jan Novota (Rapid Viena)
  • Defesas: Peter Pekarik (Hertha Berlim), Tomas Hubocan (Dínamo Moscovo), Norbert Gyömbér (Roma), Martin Skrtel (Liverpool), Kornel Salata (Slovan Bratislava), Milan Skriniar (Sampdoria), Jan Durica (Lokomotiv Moscovo), Dusan Svento (Colónia)
  • Médios: Viktor Pecovsky (Zilina), Patrik Hrosovsky (Viktoria Plzen), Juraj Kucka (AC Milan), Marek Hamsik (Nápoles), Jan Gregus (Jablonec)
  • Extremos: Vladimir Weiss (Al Gharafa), Robert Mak (PAOK), Mirsolav Stoch (Bursaspor), Ondrej Duda (Légia Varsóvia)
  • Avançados: Michal Duris (Viktoria Plzen), Stanislav Sestak (Ferencvaros), Adam Nemec (Willem II)
Seleccionador: Jan Kozak;

Equipa-Base (4-2-3-1): Kozacik; Pekarik, Skrtel, Durica, Hubocan; Pecovsky (Hrsovosky), Kucka; Mak (Stoch), Hamsik, Weiss; Duris (Nemec)

    Depois de uma qualificação excelente, com mais 3 pts do que a Ucrânia e uma vitória diante da bicampeã europeia Espanha, a Eslováquia chega a esta espécie de "grupo da morte" sem quaisquer responsabilidades, o que pode ser decisivo, ao não ter a pressão que Inglaterra, Rússia e em certa medida o País de Gales enfrentarão.
    Apresenta-se como uma equipa bastante intensa, com um quarteto defensivo cuja constituição não oferece dúvidas (é bom quando assim é) e a dupla Kucka + Pecovsky ou Hrosovsky como cães de caça, embora Kucka ofereça mais ao jogo eslovaco. Nemec jogou mais durante a qualificação, mas seria sensato Kozak apostar em Duris (boa época no Plzen), com Mak, Weiss e Hamsik no apoio. E é nesses três jogadores que reside a esperança da Eslováquia.

Destaques Individuais (Previsão):
    Não há outra figura acima de Marek Hamsik. O virtuoso médio do Nápoles, que marcou recentemente um golaço num amigável contra a Alemanha, é o porta-estandarte de uma equipa que, muito honestamente, quase que tanto pode ficar em 4.º como em 1.º, tal é o heterogeneidade e imprevisibilidade deste Grupo B. Senhor dos grandes momentos, Hamsik deve ter ao seu lado Robert Mak e Vladimir Weiss. O primeiro realizou uma grande época na Grécia e, embora até possa ser Stoch ou o muito promissor Duda a ocupar a sua posição, deve dar-se a conhecer neste Europeu, contando já 25 primaveras; já Weiss foi um dos melhores assistentes na qualificação com 6 passes para golo, e é um talento desperdiçado que aos 26 anos actua no Qatar, mas tem neste Euro a oportunidade de dar novo rumo à carreira.
    Espera-se muito do milanês Juraj Kucka, um elemento incansável no apoio aos colegas e, para além de suspeitarmos que Duris possa colocar o seu nome na ficha de jogo com golos, ele que só recentemente começou a facturar pela selecção, estaremos atentos a Ondrej Duda, um daqueles talentos que não engana.




Posters ESPN - EURO 2016 - Grupo B



Amanhã podem consultar aqui no Barba Por Fazer a antevisão/ previsão do Grupo C, que contém a actual campeã do mundo e o melhor ataque da qualificação. Até lá!

5 de junho de 2016

Euro 2016: Previsão Grupo A

Citando Ana Malhoa, na sua fase Buéréré, "Sabes que começou no A, A-A-A". O Euro-2016 começa a 10 de Junho e, até lá, publicaremos diariamente a nossa previsão para cada um dos seis grupos.
    O grupo A tem a Selecção da casa, uma França com um elenco fortíssimo (embora desfalcada no centro da defesa, e sem craques como Benzema e Ben Arfa) e por isso mesmo uma das 3 principais favoritas à conquista do troféu. Acreditamos no pleno francês neste grupo, mas importa considerar algo, um raciocínio extensível a todos os grupos: com apenas 8 das 24 equipas a não seguirem para os oitavos-de-final neste formato alargado, poderemos ter jogos mais abertos e equipas a lutarem até ao último segundo porque qualquer ponto fará diferença. Se noutros anos duas equipas que chegassem à última jornada com zero pontos entrariam em campo para cumprir calendário, agora todos os jogos interessarão, e diz a matemática que entre os melhores terceiros classificados vários terão 3 pontos, servindo a diferença de golos como desempate.
    A acompanhar os gauleses temos Suiça, Roménia e Albânia. Os albaneses, qualificados atrás de Portugal no apuramento, são a equipa "chata" do grupo, apostados em defender (em 2014 e 2015 jogaram 2 amigáveis com a França, tendo ganho um e empatado o outro) e com potencial para estragar a festa a alguém. Ainda assim, parecem-nos o elo mais fraco, pela falta de elementos desequilibradores no ataque. Nota especial para o Albânia-Suiça, que colocará frente-a-frente os irmãos Taulant e Granit Xhaka. Entre suiços e romenos deve decidir-se o 2.º lugar do grupo. Os helvéticos têm mais nomes sonantes a seu favor, e pouco mudaram desde o último Mundial, enquanto que a Roménia foi a equipa com melhor registo defensivo (2 golos sofridos em 10 jogos) na qualificação, embora num grupo mais fraco, ficando atrás da Irlanda do Norte e à frente da Hungria.
    Uma escorregadela diante da Albânia, e o vencedor do Roménia-Suiça serão dois pontos-chave na classificação final, imaginando nós que este grupo pode fugir ao tradicional e aborrecido 9-6-3-0 em termos de pontos, e ficar algo como 9-4-4-0 ou 9-4-2-1. A passagem da Roménia, a acontecer será uma surpresa, mas achamos possível e temos esse feeling - a previsão dos 4 melhores terceiros acarreta um conjunto de variáveis tão grande que tornam qualquer palpite ainda mais ousado
    Fiquem então com a análise mais aprofundada do Grupo A:

1. FRANÇA  
(Previsão: Vencedor)

  • Guarda-Redes: Hugo Lloris (Tottenham), Steve Mandanda (Marselha), Benoît Costil (Rennes)
  • Defesas: Bacary Sagna (Manchester City), Christophe Jallet (Lyon), Laurent Koscielny (Arsenal), Adil Rami (Sevilha), Eliaquim Mangala (Manchester City), Samuel Umtiti (Lyon), Patrice Evra (Juventus), Lucas Digne (Roma)
  • Médios: N'Golo Kanté (Leicester City), Blaise Matuidi (PSG), Paul Pogba (Juventus), Yohan Cabaye (Crystal Palace), Moussa Sissoko (Newcastle), Morgan Schneiderlin (Manchester United)
  • Extremos: Dimitri Payet (West Ham), Kingsley Coman (Bayern Munique), Anthony Martial (Manchester United)
  • Avançados: Antoine Griezmann (Atlético Madrid), Olivier Giroud (Arsenal), André-Pierre Gignac (Tigres)
Seleccionador: Didier Deschamps;
Baixas: Raphaël Varane, Kurt Zouma, Lass Diarra, Aymeric Laporte; Ausências: Karim Benzema, Hatem Ben Arfa, Nabil Fekir, Alexandre Lacazette, Ousmane Dembélé

Equipa-Base (4-3-3): Lloris; Sagna, Koscielny, Rami (Mangala), Evra; Kanté (Cabaye), Matuidi, Pogba; Griezmann, Payet (Martial), Giroud
    Que luxo Deschamps tem ao seu dispor! A grande baixa na França é Varane, mas é absolutamente incrível olhar para o plantel convocado e perceber que ainda assim, e por diferentes motivos, ficaram também de fora Benzema, Ben Arfa, Fekir, Lacazette, Gameiro, Zouma, Laporte e Dembélé. Nesta França há poucas dúvidas na defesa, faltando só perceber se Koscielny terá ao seu lado Rami ou Mangala. No trio de meio-campo Pogba e Matuidi são indiscutíveis, e o trajecto da França neste Europeu vai passar muito pelo nível que ambos apresentarem, restando saber se Deschamps entrega a vaga do lesionado Lass Diarra ao omnipresente Kanté (tem que ser ele!) ou a Cabaye. A partir daí as dúvidas multiplicam-se, e Deschamps pode até "rodar" no ataque, mantendo sempre Antoine Griezmann presente. De resto, parece levar vantagem o trio Griezmann-Giroud-Martial, mas o lado esquerdo parece-nos que será progressivamente ganho por Payet, com Martial a servir de agitador de jogo nas segundas partes. Importa não ignorar o papel que Coman e mesmo Sissoko poderão ter, numa França que permite enorme criatividade e flexibilidade táctica: passar a um 4-2-3-1 abdicando dum dos 3 médios, apresentar uma frente de ataque mais móvel com Griezmann como elemento central, etc.

Destaques Individuais (Previsão):
    Antoine Griezmann e Paul Pogba são candidatos a jogador do torneio. Com o apoio do público e tratando-se de uma geração que tem "fome" por estes jogadores nunca terem ganho uma grande competição internacional (ao contrário de Alemanha e Espanha), a França tem tudo para deliciar os espectadores e desde que fique em 1.º no grupo terá, à partida, um caminho relativamente fácil até às meias-finais (Alemanha?). Os golos de Griezmann - jogador extremamente fiável, que tem crescido de ano para ano, aproximando-se do topo do mundo, e que estará determinado em esquecer a final da Champions - deverão ser bastantes, mas sobretudo nos jogos a doer, Pogba e Blaise Matuidi terão que encher o meio-campo. Parece escrita nos astros uma transferência-recorde do craque da Juventus depois de um grande europeu, enquanto que Matuidi é um jogador sistematicamente subvalorizado mas muito completo (nunca se esconde, sabe o que fazer com e sem bola, e pode vir a marcar mais golos do que a maioria espera).
    Depois deste trio de figuras incontestáveis e com a titularidade 100% garantida, há 4 jogadores para os quais temos também altas expectativas: será um crime se Dimitri Payet não ganhar um lugar no 11 com o decorrer da prova; esperamos muita magia do jogador do West Ham, e quem sabe um daqueles livres directos (é talvez o melhor da actualidade nesse capítulo). Com tanta qualidade à sua volta, Olivier Giroud (aparenta ter vantagem sobre o "mexicano" Gignac) pode alcançar uma boa marca de golos na fase de grupos, Anthony Martial deve alternar com Payet, tornando aquela asa esquerda o espaço do jóker francês, e o maratonista N'Golo Kanté, desde que Deschamps confie nele, deixará os tubarões dispostos a entrar em leilão por ele, que terá um papel essencial em conjunto com Pogba e Matuidi a libertar e refrescar os elementos da frente.  


2. SUIÇA  
(Previsão: Oitavos-de-Final)

  • Guarda-Redes: Yann Sommer (Gladbach), Roman Bürki (Dortmund), Marwin Hitz (Augsburgo)
  • Defesas: Stephan Lichtsteiner (Juventus), Michael Lang (Basel), Fabian Schär (Hoffenheim), Johan Djourou (Hamburgo), Steve von Bergen (Young Boys), Nico Elvedi (Gladbach), Jean-François Moubandje (Toulouse), Ricardo Rodríguez (Wolfsburgo)
  • Médios: Valon Behrami (Watford), Blerim Dzemaili (Génova), Granit Xhaka (Arsenal), Gelson Fernandes (Rennes), Fabian Frei (Mainz), Denis Zakaria (Young Boys)
  • Avançados: Xherdan Shaqiri (Stoke), Shani Tarashaj (Grasshoppers), Admir Mehmedi (Bayer Leverkusen), Breel Embolo (Basel), Haris Seferovic (Eintracht Frankfurt), Eren Derdiyok (Kasimpasa)
Seleccionador: Vladimir Petkovic;
Baixas: Josip Drmic, Timm Klose

Equipa-Base (4-3-3): Sommer; Lichtsteiner, Djourou, Schär, R. Rodríguez; Behrami, Dzemaili (Frei), Xhaka; Shaqiri, Embolo (Mehmedi), Seferovic
    Tivesse esta Suiça um avançado como Lewandowski e as possibilidades seriam infinitas. Em dois anos muito pouco mudou na selecção suiça (é estranho ver esta equipa sem Inler, que perdeu o comboio ao jogar pouco no sensacional Leicester), que mantém a espinha dorsal da equipa que caiu aos pés da Argentina nos oitavos do Mundial. Falta um avançado de qualidade neste 11 (Seferovic, Mehmedi, Derdiyok ou até Embolo podem ocupar a posição, não podendo Petkovic contar com Drmic). Sommer promete ser um dos destaques da sua posição em França, a defesa parece estabilizada - uma das melhores duplas de laterais na Europa, temos curiosidade para ver Schär, sendo Djourou o calcanhar de Aquiles da linha defensiva. No meio-campo do seu 4-3-3, Behrami e Dzemaili são os médios mais posicionais, e Granit Xhaka (reforço já confirmado do Arsenal para 2016/ 17) é o maestro a coordenar a equipa a partir de trás. No ataque o camisola 23, Xherdan Shaqiri, é o elemento mais perigoso, e poderá ser acompanhado por Seferovic e Mehmedi. No entanto, acreditamos que desde que Embolo se apresente bem fisicamente, o miúdo de 19 anos do Basel pode ganhar o lugar e tornar-se um dos melhores jovens da competição.

Destaques Individuais (Previsão):
    Na qualificação, Xherdan Shaqiri foi o melhor marcador (4 golos), juntando ainda 5 assistências (Embolo fez quatro), e se há alguém de quem esperamos números é do extremo do Stoke City. A potência e habilidade em destruir qualquer adversário de Shaqiri será quase tão importante como o rigor e classe de Granit Xhaka a orquestrar esta Suiça. A temporada no Borussia Mönchengladbach correu-lhe de feição, e Xhaka pode muito bem ser não só um dos destaques deste Euro-2016 como também da próxima Premier League.
    Depois das duas estrelas, há 3 elementos que nos parecem particularmente entusiasmantes. Breel Embolo pode ser o wildcard de Petkovic, e se começar o Euro no banco achamos difícil que fique por lá muito tempo. O guardião Yann Sommer promete deixar os adeptos babados com os seus reflexos e com uma frieza invulgar, e também o lateral-esquerdo Ricardo Rodríguez será peça-chave - muito do jogo suiço passará pelas suas cavalgadas ao longo do corredor, ajudando a desequilibrar os oponentes nessas aventuras. Rodríguez é também um excelente cobrador de cantos. Não temos grandes expectativas para Seferovic ou Mehmedi, mas podem surpreender, e claro está que se a Suiça quiser chegar longe, precisará da dupla Behrami e Dzemaili (ou Fabian Frei) no seu melhor.
    O enquadramento da fase a eliminar traçou dois jogos (A2 contra C2, e B2 contra F2) nos quais se decidirá teoricamente que 2 outsiders surgem nos quartos: Polónia, Áustria, País de Gales, Suiça, Rússia ou Islândia arriscam-se claramente a serem uma dessas duas equipas.


3. ROMÉNIA  
(Previsão: Oitavos-de-Final)

  • Guarda-Redes: Ciprian Tatarusanu (Fiorentina), Costel Pantilimon (Watford), Silviu Lung (Astra Giurgiu)
  • Defesas: Cristian Sapunaru (Pandurii), Alexandru Matel (Dínamo Zagreb), Vlad Chiriches (Nápoles), Dragos Grigore (Al-Sailiya), Valerica Gaman (Astra Giurgiu), Cosmin Moti (Ludogorets), Steliano Filip (Dínamo Bucareste), Razvan Rat (Rayo)
  • Médios: Mihai Pintilii (Steaua), Ovidiu Hoban (Hapoel Sheva), Adrian Popa (Steaua), Andrei Prepelita (Ludogorets), Lucian Sânmartean (Al-Ittihad), Alexandru Chipciu (Steaua), Nicolae Stanciu (Steaua), Gabriel Torje (Osmanlispor)
  • Avançados: Claudiu Keserü (Ludogorets), Florin Andone (Córdoba), Denis Alibec (Astra Giurgiu), Bodgan Stancu (Gençlerbirgli)
Seleccionador: Anghel Iordanescu;
Ausência: Alexandru Maxim

Equipa-Base (4-2-3-1): Tatarusanu; Matel (Sapunaru), Chiriches, Grigore, Rat; Pintilii, Hoban; Torje (Chipciu, Popa), Stanciu, Stancu; Andone 
    Numa selecção com poucos craques, torna-se ainda mais impressionante quando um seleccionador mantém pulso firme, punindo um dos melhores jogadores (Alexandru Maxim, do Estugarda). Assente num conjunto de jogadores capazes de estar sempre em alta rotação e que nunca descuram tarefas defensivas - Iordanescu, técnico que arrisca pouco, tentará fazer desta Roménia o Atlético Madrid deste Euro, algo que já está no sangue duma selecção como a Turquia por exemplo - não será fácil marcar golos aos romenos, que enfrentarão um teste de fogo logo no jogo inaugural diante da equipa da casa.
    O guardião da Fiorentina, Tatarusanu, terá à sua frente uma dupla (Chiriches-Grigore) bastante forte, e a experiência do duplo pivot formado por Pintilii e Hoban deve soltar os 3 jogadores no apoio a Andone. O avançado do Córdoba parece ser quem tem o perfil mais indicado, pela capacidade de trabalhar e lutar pela equipa, embora Alibec (grande época no Astra) seja o avançado tecnicamente mais evoluído e Keserü um excelente finalizador. Ainda há a hipótese de Stancu ser o homem mais adiantado, o que abriria espaço para um jogador como Chipciu, Popa ou até o veterano Sânmartean, embora Stancu deva ser opção num corredor. Na ausência de Maxim, Torje emerge como uma das figuras da equipa e o lugar de playmaker deve ser entregue ao camisola 10, Nicolae Stanciu, uma das potenciais revelações deste Euro.

Destaques Individuais (Previsão):
    Aos 23 anos, o criativo Nicolae Stanciu, embora não tenha cumprido qualquer minuto na fase de qualificação, está no ponto para ser uma das surpresas deste Euro-2016. Depois de uma grande época (14 golos e 11 assistências) no Steaua, Stanciu parece pronto para agitar França com o seu talento e virtuosismo técnico, ele que marcou 4 golos nas 6 internacionalizações que tem. Todo o jogo romeno vai passar por ele, e dificilmente continuará no seu país natal.
    Gabriel Torje tem o estatuto para pegar na equipa, e a qualidade necessária para corrigir uma carreira que há anos se augurava auspiciosa. Na defesa, Vlad Chiriches é o "patrão", formando um dupla coesa com Grigore, e do lado esquerdo o capitão Razvan Rat promete funcionar como dínamo da equipa. À frente, não é certo se o conservador Iordanescu irá optar por Florin Andone, Keserü, Alibec ou pelo versátil Stancu, mas o sacrifício em prol do colectivo pode deixar Andone na pole position


4. ALBÂNIA  

  • Guarda-Redes: Etrit Berisha (Lázio), Alban Hoxha (Partizani), Orges Shehi (Skenderbeu)
  • Defesas: Elseid Hysaj (Nápoles), Lorik Cana (Nantes), Frédéric Veseli (Lugano), Arlind Ajeti (Frosinone), Mergim Mavraj (Colónia), Naser Aliji (Basel), Ansi Agolli (Qarabag)
  • Médios: Ledian Memushaj (Pescara), Ergys Kaçe (PAOK), Andi Lila (Janina), Migjen Basha (Côme), Taulant Xhaka (Basel), Amir Abrashi (Friburgo), Burim Kekeli (FC Zurique)
  • Extremos: Odise Roshi (Rijeka), Ermir Lenjani (Nantes), Shkelzen Gashi (Colorado Rapids)
  • Avançados: Sokol Çikalleshi (Basaksehir), Bekim Balaj (Rijeka), Armando Sadiku (Vaduz)
Seleccionador: Gianni Di Biasi;
Ausência: Milot Rashica

Equipa-Base (4-5-1): Berisha; Hysaj, Cana, Mavraj, Agolli (Aliji); Abrashi, Xhaka, Kaçe (Kukeli), Gashi (Roshi), Lenjani; Çikalleshi
    Tapar os caminhos até à sua baliza, com bloco baixo e compacto, e explorar transições com eficácia. O segredo albanês é simples e Di Biasi tem conseguido fazer desta Albânia um osso duríssimo de roer, equilibrando o tabuleiro de jogo com muita entrega e grande organização, coordenada em campo pelo capitão Lorik Cana.
    O quinteto de meio-campo deve privilegiar quem defenda, com um tridente ao centro em exclusivo com características defensivas (destacando-se o polivalente Taulant Xhaka, irmão mais velho de Granit, estrela da Suiça). Na frente, Çikalleshi está longe de ser um grande finalizador, e é provável que na hora de desequilibrar a equipa recorra ao experiente Gashi, a Lenjani e principalmente ao lateral-direito do Nápoles, Hysaj. O tempo dirá se Di Biasi entrega o meio-campo a 3 médios de combate e pressão (Abrashi, Xhaka e Kukeli) ou se um jogador mais virado para o ataque como Kaçe tem uma oportunidade. Fica a ideia que a rebeldia ofensiva de Rashica (19 anos, Vitesse) fará falta na saída para o ataque.

Destaques Individuais (Previsão):
    A profundidade dada por Elseid Hysaj, depois de uma grande época ao serviço do Nápoles, será o factor mais importante nas ambições da Albânia. Ninguém ficará indiferente ao lateral de 22 anos, uma das maiores promessas na sua posição, acompanhado por Shkelzen Gashi (o outrora jogador do Basel abraçou a MLS mas deve querer deixar marca na estreia do seu país numa grande competição) e pelo faz-tudo Taulant Xhaka. Ergys Kaçe, se for titular, pode deixar boa imagem durante a fase de grupos, como Rashica também deixaria se entrasse nas contas.



Posters ESPN - EURO 2016 - Grupo A


Amanhã publicaremos a Análise às equipas do Grupo B, talvez o mais imprevisível e rico, com Inglaterra, Rússia, País de Gales e Eslováquia.

4 de junho de 2016

Barba no Euro: Os Nossos 23 (Bélgica)

    A melhor selecção europeia no ranking FIFA, que apenas perde para a Argentina no geral. O crescimento da Bélgica tem sido progressivo, com uma geração de ouro agora mais madura, embora a ter ainda que provar ser capaz de corresponder às expectativas numa fase final contra selecções experientes e habituadas a jogos a doer. É que se o trio Alemanha, Espanha e França surge como o principal lote de favoritos à conquista deste Euro, numa 2.ª linha aparecem imediatamente selecções outsiders q.b. como Portugal, Itália, Inglaterra e Bélgica. Algo que não deixa de ser curioso uma vez que a Bélgica fez uma figura decente no Mundial 2014 (eliminada pela finalista Argentina nos quartos), tendo antes disso falhado a qualificação para todos os Europeus e Mundiais depois de 2000 e 2002. Este ano de 2016 é a primeira vez em que faz sentido colocar a fasquia mais elevada nas ambições belgas - atenção porque se Portugal ficar em primeiro, apanhará o 2.º classificado do grupo que contém Bélgica e Itália -, embora se possa ver este certame de França como mais uma etapa no amadurecimento da geração de Hazard, De Bruyne, Lukaku, Witsel, Courtois e Alderweireld.
    No apuramento a Bélgica saiu vencedora num grupo bastante forte - País de Gales, Bósnia e Israel deixaram todos boas indicações - tendo sofrido 5 golos em 10 jogos, marcado 24 e perdido pontos apenas com País de Gales (derrota e empate) e Bósnia (empate).
    Num grupo com Itália, Suécia e República da Irlanda, é expectável que belgas e italianos disputem o 1.º lugar, duas selecções que se estrearão uma contra a outra a 13 de Junho. A ausência do capitão Kompany é a principal baixa dos diabos vermelhos, juntamente com Lombaerts (o sector defensivo foi ainda afectado com as lesões dos substitutos Engels e Boyata). Embora os titulares estejam lá todos, promovemos várias alterações - há 4 jogadores que surgem nos nossos 23, e que Wilmots ignorou.


A Convocatória



  • Guarda-Redes: Thibaut Courtois (Chelsea), Simon Mignolet (Liverpool), Matz Sels (Gent)
  • Defesas: Thomas Meunier (Club Brugge), Toby Alderweireld (Tottenham), Jan Vertonghen (Tottenham), Jason Denayer (Galatasaray), Thomas Vermaelen (Barcelona), Jordan Lukaku (Oostende)
  • Médios: Radja Nainggolan (Roma), Moussa Dembélé (Tottenham), Axel Witsel (Zenit), Youri Tielemans (Anderlecht), Marouane Fellaini (Manchester United), Hans Vanaken (Club Brugge), Dennis Praet (Anderlecht)
  • Extremos: Kevin De Bruyne (Manchester City), Eden Hazard (Chelsea), Dries Mertens (Nápoles), Yannick Ferreira-Carrasco (Atlético Madrid)
  • Avançados: Romelu Lukaku (Everton), Divock Origi (Liverpool), Christian Benteke (Liverpool)

Lista de Contenção: Koen Casteels (Wolfsburgo), Laurens De Bock (Club Brugge), Laurent Ciman (Montreal Impact), Sven Kums (Gent), Nacer Chadli (Tottenham), Jelle Vossen (Club Brugge), Michy Batshuayi (Marselha)


    Desde que abandonou o Atlético Madrid e foi finalmente o nº 1 do Chelsea, Thibaut Courtois baixou um pouco a sua cotação. O guarda-redes de 24 anos, um super guarda-redes ainda assim, encontra-se hoje abaixo de Neuer, Oblak ou De Gea, quando há pouco tempo parecia ser o único capaz de questionar o estatuto do alemão. Sendo Courtois um atleta de momentos grandes, pode revelar-se peça-chave com o seu 1,99m, ele que é o titular mais-do-que-indiscutível, deixando sentados no banco Simon Mignolet (em 2016/ 17 arrisca-se a perder o lugar para Karius no clube) e Matz Sels. Wilmots leva para França Gillet e não Sels, guardião do Gent.
    Numa defesa órfã do capitão Vincent Kompany, um líder em qualquer campo que pise, torna-se mais fácil não separar o que Pochettino uniu - a dupla Toby Alderweireld e Jan Vertonghen, que com Wilmots deverão jogar a laterais mesmo assim. Os centrais do Tottenham, tecnicamente muito evoluídos, jogaram no Mundial-2014 a lateral direito e lateral esquerdo respectivamente, mas sem Kompany, não faz sentido perder a coesão, a comunicação e as rotinas de 2 jogadores que passaram meses a fio lado a lado. De resto, e sendo a defesa belga constituído por elementos bastante acima da média em termos técnicos, interessa chamar 2 laterais que tenham essa posição como a sua de raíz (Thomas Meunier na direita, e Jordan Lukaku na esquerda), acrescentado a versatilidade de Thomas Vermaelen e Jason Denayer, habituados a actuar no centro da defesa, embora possam jogar também o primeiro na esquerda e o segundo no lado oposto.
    No meio-campo, Wilmots aprendeu a lição e desta vez convocou Radja Nainggolan, o tanque e pitbull da Roma. Há 2 anos atrás, Nainggolan surgiu nos nossos 23, com presença a titular inclusive, não merecendo no entanto a confiança do seleccionador. O músculo e a intensidade da Bélgica começam no romano, e porque às vezes o melhor é mesmo simplificar - Moussa Dembélé e Axel Witsel dão à Bélgica tudo o que a equipa precisa. A ambos é dificílimo roubar a bola, é muito complicado passar por qualquer um deles, tanto um como outro ligam a defesa ao ataque como poucos, e é preciso ter este triângulo para soltar os génios da frente. O nosso meio-campo fica completo com Marouane Fellaini (útil pelo supremacia no jogo aéreo, ele que luta por vezes demais), e ainda por 3 jovens do campeonato belga que Wilmots nem na pré-convocatória inicial incluiu: as promessas do Anderlecht, Youri Tielemans e Dennis Praet, e ainda Hans Vanaken, um ambidestro capaz de jogar a médio ofensivo e do lado esquerdo, que aos 23 anos brilhou no Club Brugge, conjugando o seu 1,94m com uma técnica acima da média.
    Falar de génios na Bélgica é falar dos 2 jogadores pelos quais passará o destino belga na competição que se avizinha - Kevin De Bruyne e Eden Hazard. Do jogador do Manchester City pode-se esperar a regularidade de sempre, porque raramente desilude e costuma ter mais impacto do que qualquer outro jogador na Selecção (na qualificação De Bruyne marcou 1 golo a cada 2 jogos), mas atenção porque o final de temporada de Hazard foi um regresso ao seu nível de 2014/ 15, e já há algum tempo que temos o feeling de que o 10 do Chelsea iria aparecer em grande em França. Depois, há Dries Mertens como 12.º jogador, o suplente quase sempre utilizado e ocasionalmente titular, e Yannick Ferreira-Carrasco entra nas contas por ser um jogador à Simeone, ele que marcou na final da Champions. O extremo do Atlético ocupa uma vaga que poderia ser entregue ou a ele ou a Chadli, num ano em que Mirallas nem surge na nossa lista de contenção.
    Com Batshuayi de fora (Wilmots convocou-o), o nosso trio de avançados é composto por Romelu Lukaku, Divock Origi e Christian Benteke. Três jogadores diferentes - Origi dá algo que os outros dois não dão - e com épocas bem distintas. Lukaku marcou 18 golos na Premier League, terminando a temporada num mau momento de forma, Origi (dos 3 o que Wilmots mais gosta por ser o mais móvel e o que mais pressiona) estava a explodir quando contraiu uma lesão que quase o retirou do Euro, e em relação a Benteke esperávamos muito mais dele no Liverpool. 


O Onze

    Não muda muito em relação há dois anos. O nosso trio de ataque mantém-se o mesmo, no miolo há apenas uma peça que é trocada, e a defesa é retocada por força da lesão de Kompany e pela actual sintonia de Alderweireld e Vertonghen.
    Neste 4-3-3, equilibrado e muito forte no meio (difícil ganhar a uma equipa com Nainggolan, Witsel e Dembélé), tudo começa em Courtois. O guarda-redes do Chelsea é muitíssimo superior aos compatriotas na sua posição, e mesmo não tendo brilhado esta época é um dos melhores do mundo. Na defesa, por acharmos que o mais sensato e inteligente é privilegiar a dupla Alderweireld-Vertonghen, colocamos Meunier na direita e Jordan Lukaku na esquerda. Esta opção - Wilmots deve optar por Alderweireld, Denayer, Vermaelen e Vertonghen - torna-se possível graças ao equilíbrio constante que o trio do meio-campo oferece, compensando quer as subidas de Meunier, quer as do Lukaku mais novo, capazes de potenciar movimentos interiores de De Bruyne e Hazard respectivamente. Com Lombaerts e Kompany disponíveis, a defesa seria outra, certamente.
    No meio-campo será um crime se Wilmots não apostar em Nainggolan, Witsel e Dembélé. A força do corredor central belga (conciliar a dupla de centrais do Tottenham com um trio à sua frente que só tem concorrência no triângulo Kanté, Matuidi, Pogba, que até pode nem ser a opção A de Deschamps na França) seria o primeiro passo para a afirmação belga no torneio.
    Os 3 homens da frente são De Bruyne, Hazard e Lukaku. Os dois primeiros aqueles para os quais os colegas irão passar a bola quando algo tiver que acontecer ao minuto 90, e Lukaku a referência - é uma força da natureza, com números impressionantes para quem tem ainda 23 anos, e seria a nossa 1.ª escolha, com Origi a ter minutos para baralhar as contas.


Barba no Euro: Os Nossos 23 (Espanha)

Por fim, e depois de olhar para as restantes 6 selecções com os elencos mais ricos da Europa, chegamos à bicampeã europeia. É difícil esquecer a fraca prestação espanhola no Mundial-2014, humilhada pela Holanda (5-1) e derrotada pelo Chile (2-0), as duas equipas que deixaram a Espanha pela fase de grupos no Brasil. No entanto, para além desse acidente de percurso poder funcionar como motivação (algo que parecia faltar a uma Selecção que ganhara tudo em 2008, 2010 e 2012) é importante não ignorarmos que estamos perante a vencedora dos últimos 2 europeus de futebol e por isso a detentora do troféu.
    Na qualificação, nuestros hermanos dominaram o grupo C, ficando à frente da Eslováquia e da Ucrânia. Com 27 pontos (9 vitórias e uma derrota), só a visita à Eslováquia impediu o pleno, num jogo em que a Espanha sofreu dois do total de 3 golos sofridos com que terminou o percurso. Em França, o grupo é peculiar - os espanhóis medirão forças com Croácia, Turquia e República Checa, 3 selecções muito diferentes.
    Nos nossos 23 procurámos fazer justiça em relação a alguns elementos que Del Bosque deixou de fora. Ainda assim, a convocatória de Espanha seria sempre um exercício difícil, por ser uma das 3 selecções nas quais a base de recrutamento é mais rica, acabando o rendimento ao longo da época e o fulgor físico dos jogadores a terem um peso determinante na hora de escolher X ou Y. E sim, como poderão ver abaixo, connosco Iker Casillas não ia a França.


A Convocatória



  • Guarda-Redes: David De Gea (Manchester United), Sergio Rico (Sevilha), Pepe Reina (Nápoles)
  • Defesas: Juanfran (Atlético Madrid), Héctor Bellerín (Arsenal), Gerard Piqué (Barcelona), Sergio Ramos (Real Madrid), Mikel San José (Athletic Bilbao), Javi Martínez (Bayern Munique), Jordi Alba (Barcelona), César Azpilicueta (Chelsea)
  • Médios: Sergio Busquets (Barcelona), Thiago Alcântara (Bayern Munique), Saúl Ñíguez (Atlético Madrid), Andrés Iniesta (Barcelona), Cesc Fàbregas (Chelsea)
  • Extremos: Koke (Atlético Madrid), David Silva (Manchester City), Pedro Rodríguez (Chelsea), Nolito (Celta Vigo)
  • Avançados: Álvaro Morata (Juventus), Aritz Aduriz (Athletic Bilbao), Fernando Torres (Atlético Madrid)
Lista de Contenção: Adrián (West Ham), Mario Gaspar (Villarreal), Victor Ruiz (Villarreal), Bruno Soriano (Villarreal), Juan Mata (Manchester United), Isco (Real Madrid), Paco Alcácer (Valência)


    A Espanha pode não ter a resiliência mental dos alemães ou o poderio físico da França a meio-campo, mas não há na Europa outra equipa com tamanha qualidade a tratar a bola por tu, com inúmeros mestres no capítulo da recepção e do passe.
    Começando pela baliza, connosco Iker Casillas não viajaria para França. O guarda-redes do Porto, um histórico (167 jogos) para La Roja, parece-nos ter ultrapassado o seu prazo de validade: esta temporada foi incapaz de fazer a diferença pela positiva nos dragões, e dado o seu peso a sua presença no grupo poderia dificultar a passagem de testemunho para David De Gea. O nº 1 do Manchester United tem que ser o titular neste Euro 2016, por ser não só o melhor do seu país como um dos melhores do mundo, e podendo servir esta competição para dissipar quaisquer dúvidas sobre o seu valor num nível alto (Neuer, Buffon, Oblak e Cech já todos deram provas em grandes competições internacionais de clubes ou selecções, e De Gea não propriamente). O sevilhano Sergio Rico e Pepe Reina (será Reina o Paulo Lopes espanhol ou Paulo Lopes o Reina português?) completam o nosso trio de luvas calçadas.
    Na defesa, na direita a lesão de Carvajal levou Del Bosque a optar pelas nossas primeiras escolhas - Juanfran e o jovem Héctor Bellerín. Juanfran é um indiscutível, basta dizer que é um intocável no Atlético Madrid de Simeone, e Bellerín (21 anos) desequilibra constantemente no último terço. Na esquerda e embora fiquem inúmeros jogadores de fora (Marcos Alonso, Bernat, Gayà, Monreal e Moreno), Jordi Alba é a opção nº 1 e César Azpilicueta um lateral pouco exuberante mas muito competente a defender. No centro, Gerard Piqué (provavelmente o melhor central do mundo em 2015/ 16) e Sergio Ramos são escolhas automáticas, acompanhados por 2 elementos capazes de actuar como centrais ou médios defensivos - Mikel San José e Javi Martínez.
    Só numa grande selecção seríamos obrigados a deixar jogadores como Isco, Bruno Soriano e Juan Mata numa lista de contenção (a lesão prolongada de Cazorla deixa-o fora das contas, ele que noutras circunstâncias estaria impreterivelmente nos nossos 23). O meio-campo espanhol começa sempre em Sergio Busquets, e no restante conjunto de médios procurámos escolher jogadores com características diferentes, capazes de dar algo diferente ao jogo e sem os quais não conseguíamos ver esta Espanha. Andrés Iniesta é o nosso capitão, Thiago Alcântara uma das grandes baixas da Espanha em 2014 e um jogador duma classe e elegância ímpares, Saúl Ñíguez (um crime Del Bosque deixá-lo de fora) fez uma época incrível e não há nenhum outro médio como ele, e Cesc Fàbregas é um criador nato de oportunidades, embora connosco funcionasse como suplente sempre utilizado, entrando como fazia em 2008 quando os adversários estavam mental e fisicamente mais desgastados. Pensando em largura, Koke e David Silva têm lugar cativo, Pedro Rodríguez (é talvez a nossa excepção, porque não fez uma grande época, mas é sabida a sua eficácia nos momentos decisivos) faz sentido e Nolito oferece algo ao futebol espanhol que nenhum outro extremo é capaz.
    No ataque, Álvaro Morata é o nosso ponta de lança preferencial, uma aposta para o futuro, e com o perfil desejado atendendo ao nosso modelo de jogo e aos médios titulares. Pelos golos que se fartou marcar Aritz Aduriz tinha que aqui estar e, por fim, o renascido el niño Fernando Torres connosco iria a França. O avançado do Atlético Madrid acabou a época numa forma surreal, e a sua ausência foi uma das duas grandes falhas na lista de Del Bosque. Temos pena de Paco Álcacer, determinante na qualificação espanhola para o Euro, mas fica apenas pela lista de contenção.

O Onze

    Olhando para o 11 inicial, é possível que Del Bosque acabe por apostar numa estrutura e intervenientes semelhantes. A baliza fica naturalmente entregue a David De Gea, pronto para reforçar o seu brilhantismo em termos de reflexos e agilidade. À frente, o nosso quarteto é composto por Juanfran, Piqué, Sergio Ramos e Jordi Alba. E salvo alguma surpresa (Carvajal em vez de Juanfran é a única possibilidade), Del Bosque deve fazer o mesmo.
    No meio-campo, Busquets é o primeiro nome a surgir na lista, pela omnipresença e rigor táctico que oferece, conjugados com um acerto no passe e com uma simplicidade de processos que deixa a equipa sempre a respirar melhor e mais segura. À frente do jogador do Barcelona, temos Thiago Alcântara e Iniesta como interiores, deixando Koke e Silva mais abertos na direita e esquerda respectivamente. A dinâmica que envolve estes 4 craques seria o nosso plano A, embora o nosso banco nos permita um sem-número de variáveis: trocar Thiago por Fàbregas poderia tornar a Espanha mais próxima de um 4-2-3-1, a entrada de Saúl Ñíguez permitiria queimar mais linhas em progressão, e um elemento como Nolito daria maior objectividade, esticando mais o jogo do que Silva e Koke fazem.
    O nosso número 9 (embora seja dono da camisola 7) é Álvaro Morata, que não tendo ainda explodido como grande finalizador, é dos avançados o que mais combate. Merece que este seja o momento dele. A presença de Fernando Torres no banco, hoje em dia um jogador que lida bem com essa condição, faria do avançado do Atlético Madrid a primeira escolha para render o avançado da Juventus. Já Aduriz, seria aposta mais provável num plano B, ele que marcou esta temporada 32 golos divididos entre La Liga e Liga Europa. 


2 de junho de 2016

Barba no Euro: Os Nossos 23 (França)


A travessia do deserto parece ter terminado, e a anfitriã França está novamente preparada para lutar por troféus. Depois da geração de Zidane, Vieira, Thuram, Deschamps, Desailly, Blanc e Henry ter conquistado o Mundial'98 e o Euro 2000, os gauleses caíram substancialmente, e à excepção de 2006 (a despedida inglória de Zidane) alternaram entre ficar pelas fases de grupos ou pelos quartos-de-final das várias competições.
   Em 2014 foram dados os primeiros sinais do despertar da 3.ª nação com melhor histórico em Europeus, mas no espaço de 2 anos a "fornada" melhorou e de que maneira - Pogba e Griezmann amadureceram, surgiram promessas como Martial, Coman e Dembélé, Ben Arfa e Lass Diarra renasceram, tudo isto sem esquecer o ano incrível que Kanté e Payet tiveram em Inglaterra.
    Qualificados, por serem anfitriões, os franceses de Deschamps (competente, muito melhor que Domenech, mas esta geração merecia outro comandante) prepararam-se através de amigáveis, e chegarão a casa como uma das selecções favoritas à conquista do troféu a 10 de Julho - comparativamente com Alemanha e Espanha poderão ter mais "fome" por não terem conquistado nada recentemente, e o público local deve servir de 12.º jogador. No entanto, e embora os 23 de Deschamps sejam um elenco fortísimo, poderia ser um plantel ainda mais forte: Benzema foi afastado da equipa por problemas disciplinares, e as lesões afastaram não só o criativo Fekir (como Tiago, já recuperado, mas com pouco andamento) como vários defesas centrais - Varane, Zouma, Mathieu e Laporte, e Lass Diarra (baixa de última hora).
    Aqui vão os nossos 23 franceses, em que 6 jogadores diferem das escolhas do seleccionador gaulês.


A Convocatória



  • Guarda-Redes: Hugo Lloris (Tottenham), Steve Mandanda (Marselha), Alphonse Aréola (Villarreal)
  • Defesas: Bacary Sagna (Manchester City), Laurent Koscielny (Arsenal), Eliaquim Mangala (Manchester City), Loïc Perin (Saint-Étienne), Samuel Umtiti (Lyon), Patrice Evra (Juventus), Layvin Kurzawa (PSG)
  • Médios: N'Golo Kanté (Leicester City), Blaise Matuidi (PSG), Paul Pogba (Juventus), Yohan Cabaye (Crystal Palace), Moussa Sissoko (Newcastle)
  • Extremos: Dimitri Payet (West Ham), Hatem Ben Arfa (Nice), Ousmane Dembélé (Rennes), Kingsley Coman (Bayern Munique), Anthony Martial (Manchester United)
  • Avançados: Antoine Griezmann (Atlético Madrid), André-Pierre Gignac (Tigres), Alexandre Lacazette (Lyon)
Lista de Contenção: Stéphane Ruffier (Saint-Étienne), Sébastien Corchia (Lille), Adil Rami (Sevilha), Morgan Schneiderlin (Manchester United), Vincent Koziello (Nice), Olivier Giroud (Arsenal), Kevin Gameiro (Sevilha)


    Para se ganhar um Euro ter um bom guarda-redes é um bom primeiro passo. Hugo Lloris não está no patamar de Neuer, De Gea, Buffon, Cech e Courtois, mas surge logo numa 2.ª linha dos guardiões presentes nesta competição - juntamente com Sommer e Hart. O guarda-redes do Tottenham, capitão da França, é uma primeira escolha indiscutível, acompanhado na nossa convocatória por Steve Mandanda e Alphonse Aréola. Didier Deschamps optou por chamar Costil (Rennes) mas o jovem guarda-redes do Villarreal, emprestado pelo PSG, merecia pela época que fez.
    Sem lesões a nossa defesa seria bem diferente (Varane, Zouma e Laporte estariam todos entre os nossos 4 centrais), mas podemos começar pela direita. Deschamps leva Bacary Sagna e Jallet, nós levamos apenas o primeiro, não só porque a senhora Sagna é uma presença obrigatória para embelezar os estádios franceses, mas porque o lateral do Manchester City foi o melhor francês na sua posição em 2015/ 16. Porquê só um defesa direito? Porque não conseguimos deixar ninguém de fora mais à frente, e as características físicas e tácticas de alguns jogadores deixam antever que um ou outro poderia ser adaptado com sucesso caso fosse necessário. No centro, e sem poder contar com 5 jogadores (sim, porque há também o queima-calorias Sakho), levamos Laurent Koscielny, Eliaquim Mangala, Loïc Perrin e Samuel Umtiti. Deste lote, num mundo ideal, só iria o central do Arsenal, mas as circunstâncias levam-nos a chamar Mangala, central rápido e fisicamente fortíssimo, embora alterne entre o 8 e o 80; e nos casos de Perrin e Umtiti premiámos quem tem actuado com qualidade na Ligue 1. Do lado esquerdo, Patrice Evra continua a não acusar a idade, e embora Digne tenha jogado mais minutos, confiámos em Layvin Kurzawa, porque o achamos superior.
    No meio-campo, um trio que nos deixa babados - N'Golo Kanté, Blaise Matuidi e Paul Pogba. O que é que se pode querer mais? Três jogadores todo-o-terreno, altamente enérgicos, que sabem subir bem (sobretudo Matuidi e Pogba), garantindo equilíbrio constante. Se Deschamps optar por este trio, antevemos muitos problemas para qualquer selecção que tente ganhar meio-campo à França. Depois, há ainda Yohan Cabaye (a vaga seria de Lass Diarra, não fosse a lesão) e Moussa Sissoko, que pode também actuar no corredor.
    Chegamos então aos mágicos e aos miúdos. Dimitri Payet, um dos jogadores com mais classe na actualidade, exímio marcador de livres, teria connosco lugar cativo no 11. É um daqueles jogadores que pode mudar o jogo a qualquer momento, cruzando como poucos e estando a viver o melhor momento da carreira. Depois, Hatem Ben Arfa - um completo crime Deschamps deixar o craque do Nice em terra. Aos 29 anos, há poucas palavras para descrever a época de Ben Arfa - marcou 18 golos, apresentou uma regularidade como nunca antes e acumulou fintas e momentos deliciosos, parecendo impossível de travar. Depois de referir 2 craques em ponto de rebuçado, segue-se a juventude: Anthony Martial, Kingsley Coman e Ousmane Démbélé. Três prodígios, capazes de jogar em várias posições do ataque, e que seriam connosco 3 coelhos prontos a tirar da cartola para revolucionar qualquer jogo.
    Na frente, respeitando a decisão do seleccionador deixamos Benzema de fora, mas fazemos o mesmo com Giroud. Antoine Griezmann é um dos jogadores em relação ao qual temos maiores expectativas neste Euro-2016, e neste conjunto de 3 avançados com perfis distintos, escolhemos André-Pierre Gignac, agora a competir no México, e por fim Antoine Lacazette.


O Onze

Embora o nosso plantel seja mais ofensivo (mas também mais forte) do que o escolhido por Deschamps, o esquema táctico será o mesmo - é difícil imaginar esta França doutra maneira que não um 4-3-3.
    Lloris, com a braçadeira de capitão no braço, será peça-chave a comandar uma defesa órfã de Varane. Sagna e Evra são os nossos laterais, ambos experientes e menos aventureiros do que outrora, e na dupla de centrais a escolha de Koscielny é simples, mas ao seu lado vimo-nos obrigados a optar por Mangala. Sem Varane, Zouma ou Laporte, o central do City acaba por ganhar o lugar graças à sua velocidade (num dia bom enche o olho a qualquer adepto, num dia mau é expulso).
    No miolo, o coração desta equipa é absolutamente impressionante! Kanté, Matuidi e Pogba garantem tudo o que a França precisa - têm pulmão para dar e vender, estão habituados a encher o campo jogo após jogo (o mais importante seria cada um saber bem a sua função e respeitar mais a zona e menos a bola) e conjugam o carácter operário e recuperador, com um QI futebolístico muito acima da média. Pogba é Pogba, juntamente com Griezmann o principal candidato francês a jogador do torneio, e atenção a Matuidi, usualmente subvalorizado.
    Na frente, Griezmann é o nosso jogador mais adiantado, garantindo um ataque móvel, ele que está habituado a ser a referência no Atlético Madrid. Atrás do nosso camisola 7 estão Payet mais à esquerda e Ben Arfa mais à direita. Podem assim perceber quão gritante é para nós a ausência de Ben Arfa nos 23 de Deschamps, um jogador que para nós seria titular.
    Claro está que, com os nossos convocados (e Deschamps também tem essa flexibilidade ao seu dispor) poderíamos, caso o adversário o proporcionasse, dar a titularidade a Gignac, fazendo Griezmann descair para o flanco direito; poupar Payet, lançando Martial na ala, ou apostar na velocidade de Coman para desbloquear uma defesa nos minutos finais.




1 de junho de 2016

100 Melhores Personagens de Séries - Nº 21



Série: The Big Bang Theory
Actor: Jim Parsons


por SWP

    Sheldon Cooper é a personagem central de “A Teoria do Big Bang”, genialmente interpretada por Jim Parsons, o que lhe valeu já inúmeros prémios e nomeações nos últimos anos.
    Curiosamente, a personagem ganhou este nome em homenagem ao actor/ produtor Sheldon Leonard e ao Nobel da Física Leon Cooper.
    Sheldon é um físico teórico em Caltech (Pasadena, Califórnia), que veste habitualmente t-shirts de super heróis sobre uma blusa de manga comprida, e tem como melhor amigo o companheiro de casa e físico experimental Dr. Leonard Hofstadter (Johnny Galecki), e secundariamente Howard Wolowitz (Simon Helberg) e Raj Koothrappali (Kunal Nayyar). Considerado por muitos como o ser mais arrogante, frio, intolerante, desagradável, antissocial e egocêntrico alguma vez visto, Sheldon foi (e talvez ainda seja) uma criança prodígio com um QI acima da média, que faz questão de realçar. Este complexo de superioridade leva-o frequentemente a desprezar aqueles que considera inferiores, ou seja, todos. Quando questionado acerca do seu estado mental, afirma sem qualquer dúvida “I’m not crazy. My mother had me tested”.

    Natural do Texas, Sheldon é filho da entusiasta cristã Mary Cooper (Laurie Metcalf) e do falecido George Cooper, e irmão de George e da gémea Missy Cooper (Courtney Henggeler), que acredita ser a única pessoa no mundo com potencial para gerar outro ser superior, à sua semelhança.
    Obcecado pela rotina e por padrões, Sheldon segue criteriosamente as actividades específicas de cada dia e hora, tentando incutir nos outros as mesmas regras (absurdas!), através da criação de contratos de companheiros de casa, contratos de amizade ou de relacionamento, sempre em seu benefício, ou simplesmente vencendo-os pelo cansaço. A roupa é lavada aos sábados às 20h15, e existem horas determinadas para ir à casa-de-banho. Qualquer mudança é geradora de uma enorme angústia.
    Algumas especulações levam-nos a crer que esta personagem apresenta características da síndrome de Asperger (do espectro do autismo) e do transtorno obsessivo compulsivo.  É um seguidor nato de padrões, meticuloso e cheio de manias, sendo uma das mais flagrantes aquela que revela quando bate à porta de alguém, com um padrão de três batidas seguido do nome da pessoa que está a interpelar: “knock knock knock Penny! knock knock knock Penny! knock knock knock Penny!”. Para além disso, ai de quem ocupar o seu lugar no sofá – dá origem a entrada directa na sua lista de inimigos mortais.
    Nesta mistura quase perfeita entre genialidade, arrogância e ingenuidade, este geek teimoso, é fã de figuras de acção, banda desenhada, jogos de vídeo, do Professor Proton, de Stephen Hawking, e do seu sempre presente quadro branco, onde anota teorias e equações superiores. Ah, e claro… fã incondicional do Star Trek, o que o levou a criar, inclusive, o seu próprio jogo de “pedra papel tesoura”, integrando Spock: “scissors cuts paper, paper covers rock, rock crushes lizard, lizard poisons Spock, Spock smashes scissors, scissors decapitates lizard, lizard eats paper, paper disproves Spock, Spock vaporizes rock, and as it always has, rock crushes scissors”.

    A par de uma enorme inteligência racional, quando se trata de inteligência emocional, encontramos em Sheldon um enorme ponto fraco (quase um “black hole”). Foge de qualquer forma de contacto físico, não fosse ele sofrer de germofobia, tornando hilariantes as raras aproximações físicas que faz. Infantil, socialmente inapto e inadaptado, este ser-que-muitos-questionam-ser-um-robot, não entende as convenções sociais. Por isso, aprende uma (talvez a única), que utiliza regularmente: quando alguém está triste, a convenção social diz-lhe que deve oferecer uma bebida quente.
    No fundo, talvez seja a personagem mais pura da série, algo imaturo, com dificuldade em compreender o sarcasmo, embora ele próprio use e abuse da ironia - “Bazinga” é a palavra de ordem de Sheldon quando brinca. À semelhança de uma criança não sabe conduzir, mentir ou guardar segredos, e os tiques faciais denuncionam-no facilmente quando o tenta fazer. Refere-se carinhosamente à avó como Meemaw e ao avô como Pop-Pop, sendo este último o motivo pelo qual Sheldon não gosta do Natal, pois sempre pediu que o avô regressasse e tal nunca aconteceu.
    Por fim, e apesar do número limitado de amigos, Sheldon vai demonstrando no decorrer das temporadas uma maior flexibilidade, aceitando Penny (Kaley Cuoco), Bernadette (Melissa Ivy Rauch) e Amy (Mayim Bialik) como parte do seu grupo social, e até esporadicamente, Stuart (Kevin Sussman), dono de uma loja de banda desenhada. Apesar de o considerarem um ser assexuado, conhece a neurobióloga Amy Farrah Fowler após os amigos Howard e Raj lhe terem criado um perfil num site de encontros. Amy é a versão feminina de Sheldon, e vem a tornar-se sua namorada. Os momentos a dois destas personagens fazem-nos soltar gargalhadas, pela falta de jeito de ambos, a par da tentativa de fuga de Sheldon e tentativa de aproximação de Amy, que culmina finalmente num beijo no episódio “The Locomotive Manipulation”, em que o Dr. Cooper esquece por instantes a sua fobia por germes e beija Amy enquanto se encontram no seu meio de transporte favorito: o comboio.

    E para nos despedirmos de Sheldon, nada como finalizarmos com a sua música de eleição:

“Soft kitty
Warm kitty
Little ball of fur
Happy kitty
Sleepy kitty
Purr Purr Purr”                          

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Nota Editorial: A compilação/ organização e ordem das personagens deste Top é responsabilidade de Miguel Pontares e Tiago Moreira. Os textos tiveram a colaboração de Lorena Wildering, Nuno Cunha, Cê e SWP.
Foram tidos em consideração séries com pelo menos 1 temporada, concluída a 1 de Outubro de 2015. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou às séries que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.