18 de novembro de 2022

Mundial 2022: Previsão Grupo C

    Em contagem decrescente para o Mundial 2022, prosseguimos a sequência de 8 artigos de análise detalhada a cada um dos grupos da competição. Neles, pretendemos realizar uma sumária contextualização de cada selecção, identificando forças e fraquezas, esquematizando como deve jogar cada equipa, até que fase imaginamos que chegue e que jogadores acreditamos que poderão ser destaques.

    O Grupo C é, aparentemente, um grupo com pouco espaço para surpresas. A Argentina de Scaloni é uma das seleções que chega ao Qatar com mais esperança, demonstrando os jogadores tremenda harmonia (36 jogos consecutivos sem perder) e procurando que este Mundial seja o troféu que falta a Messi, depois de recentemente ter conquistado a Copa América (contra o Brasil) e a Finalíssima diante da campeã europeia Itália.
    A Argentina realizou uma qualificação tranquila, tem alguns jogadores cuja condição física é questionável (Di María e Paredes têm poucos minutos nas pernas em 22-23, e Lo Celso foi mesmo baixa em absoluto) mas não deverá ter dificuldades em cumprir e totalizar 9 pontos.
    No pólo oposto está a Arábia Saudita, seleção que jogará no país vizinho e que conta com um timoneiro habituado a proporcionar grandes surpresas (o francês Hervé Renard tem duas CAN no currículo, ao serviço da Costa do Marfim e da Zâmbia).
    Pelo meio, México e Polónia devem decidir entre si o segundo lugar. Os mexicanos qualificaram-se sempre para os oitavos-de-final nos últimos 7 mundiais, perdendo 7 vezes precisamente nessa fase, mas o país duvida de Gerardo Martino e a equipa apresenta dificuldades para fazer golos. Golos que poderiam ser o nome do meio de Robert Lewandowski, astro e capitão da Polónia, equipa que se qualificou no grupo da Inglaterra e que, com 30 tentos apontados, foi o 4.º melhor ataque do apuramento via UEFA. Podemos pôr as coisas assim: no Grupo C, será Ochoa contra Lewandowski.

    Fiquem então com a análise do Grupo C:


1. ARGENTINA  
(Previsão: Vencedor)

  • Guarda-Redes: Emi Martínez (Aston Villa), Franco Armani (River Plate), Gerónimo Rulli (Villarreal)
  • Defesas: Nahuel Molina (Atlético Madrid), Gonzalo Montiel (Sevilha), Juan Foyth (Villarreal), Cristian Romero (Tottenham), Lisandro Martínez (Manchester United), Nicolás Otamendi (Benfica), Germán Pezzella (Bétis), Nicolás Tagliafico (Lyon), Marcos Acuña (Sevilha)
  • Médios: Leandro Paredes (Juventus), Guido Rodríguez (Bétis), Rodrigo De Paul (Atlético Madrid), Enzo Fernández (Benfica), Exequiel Palacios (Bayer Leverkusen), Alexis Mac Allister (Brighton), Thiago Almada (Atlanta United)
  • Extremos/ Avançados: Papu Gómez (Sevilha), Ángel Di María (Juventus), Ángel Correa (Atlético Madrid), Paulo Dybala (Roma), Júlian Álvarez (Manchester City), Lautaro Martínez (Inter), Lionel Messi (PSG)
Seleccionador: Lionel Scaloni;
Baixas: Giovani Lo Celso, Joaquín Correa e Nicolás González

Forças: Lionel Andrés Messi Cuccittini; Este elenco argentino tem menos individualidades do que em edições anteriores, mas bate qualquer uma das versões recentes em equilíbrio, coesão e capacidade de sacrifício; 
Fraquezas: Lesões recentes de Dybala e principalmente de elementos-chave como Di María, Romero e Paredes, à partida todos aptos para a ronda 1 mas com risco de reincidência. 

Equipa-Base (4-3-3): E. Martínez; Molina, C. Romero, Otamendi, Acuña; Paredes, De Paul, Enzo (P. Gómez, Mac Allister); Di María, Messi, Lautaro


Lionel Scaloni sabe que não tem a Argentina mais recheada de todos os tempos, mas esta Albiceleste é a versão mais equilibrada de todas aquelas em que Messi esteve presente.
    Com Emi Martínez entre os postes, guardião que se agiganta ao serviço do país, há laterais mais ofensivos (Molina e Acuña) e laterais mais defensivos (Montiel e Tagliafico) impressionando a dupla Romero-Otamendi, que obrigam a deixar um super-central como é o aguerrido Lisandro Martínez no banco.
    No meio-campo, Paredes é o pêndulo que tudo segura, e De Paul é o guarda-costas privado de Messi. Lo Celso seria o 3.º vértice do triângulo, mas uma lesão abriu as portas do onze para um elemento como o benfiquista Enzo Fernández (é aquele que melhor "encaixa" no perfil de Lo Celso), Mac Allister, Palacios ou mesmo Papu Gómez.
    À frente, Lautaro é a referência, embora com significativa mobilidade, Di María jogará sempre de forma mais objectiva, e Messi vai ser Messi, a surgir entre linhas e a semear o pânico através do drible e de uma visão de jogo ímpar.

Destaques Individuais (Previsão):


    A Argentina pode bater o recorde da Itália (seleção com maior número de jogos consecutivos sem perder) durante o Mundial 2022. A fase de grupos não deve representar grande desafio para Messi e companhia mas os oitavos-de-final reservam logo um jogo escaldante e muitíssimo complicado, seja contra a Dinamarca, seja contra a França.
    Lionel Messi chega ao Qatar num momento absurdo, aparentando aos 35 anos uns 7 ou 8 menos. Senhor de um drible inigualável, manter-se-á um quebra-cabeças a ziguezaguear entre defesas, divertindo-se com os colegas e vendo-os a darem a vida por ele. Nenhuma seleção tem aquilo que a Argentina tem: jogadores dispostos a ir ao limite dos limites para, no fim, elevarem o 10 nos seus braços. Messi é candidato a jogador e melhor marcador do torneio, e o esquema de Scaloni deixa-o permanentemente fresco para poder acelerar e pensar sempre com clareza. Assistências, passes a rasgar a defesa, livres directos, pode vir aí um pouco de tudo.
    Rodrigo De Paul, corra o Mundial à Argentina como apostamos, vai ser determinante. O médio do Atlético Madrid é um trabalhador incansável, é o primeiro a cair em cima de qualquer adversário que incomode o seu capitão, aliando a tudo isto excelente tomada de decisão e enorme pujança. Ele e Paredes serão os craques invisíveis da equipa. Sem eles, não há Argentina.
    Na frente, Lautaro Martínez será o principal destinatário do pé esquerdo açucarado de Messi, e Julián Álvarez terá certamente um papel importante quando for coelho saído da cartola. Ángel Di María já não é o mesmo de outros tempos, mas nunca se esconde, aparecendo sempre na Hora H quando a coisa aperta, e em termos defensivos Emiliano Martínez é o rei a tentar mexer com as emoções dos oponentes durante decisões por grandes penalidades, e Cristian Romero é o central que mais tem brilhado durante a Era Scaloni.


2. MÉXICO  
(Previsão: Oitavos-de-Final, eliminado pela Dinamarca)

  • Guarda-Redes: Guillermo Ochoa (Club América), Alfredo Talavera (Juárez), Rodolfo Cota (Club León)
  • Defesas: Jorge Sánchez (Ajax), Kevin Álvarez (Pachuca), César Montes (Monterrey), Johan Vásquez (Cremonese), Héctor Moreno (Monterrey), Néstor Araujo (Club América), Jesus Gallardo (Monterrey), Gerardo Arteaga (Genk)
  • Médios: Edson Álvarez (Ajax), Luis Chávez (Pachuca), Orbelín Pineda (AEK), Luis Romo (Monterrey), Carlos Rodríguez (Cruz Azul), Érick Gutiérrez (PSV), Andrés Guardado (Bétis), Héctor Herrera (Houston Dynamo)
  • Extremos/ Avançados: Alexis Vega (Chivas), Uriel Antuna (Cruz Azul), Hirving Lozano (Nápoles), Roberto Alvarado (Chivas), Henry Martín (Club América), Rogelio Funes Mori (Monterrey), Raúl Jiménez (Wolves)
Seleccionador: Gerardo Martino;
Baixa: Jesús Corona

Forças: Capacidade de desequilíbrio de Lozano e Vega; Fé no destino de chegar sempre aos oitavos (tal como nos últimos 7 mundiais) e perder nessa fase; Guillermo Ochoa é uma lenda das balizas de 4 em 4 anos;
Fraquezas: País contra Tata Martino, aguardando pelo seu despedimento; Ataque pouco produtivo e pouco estofo em termos psicológicos. 

Equipa-Base (4-3-3): Ochoa; J. Sánchez, N. Araújo, Montes, Gallardo; E. Álvarez, C. Rodríguez, Guardado; Lozano, Vega, Martín (R. Jiménez)

Bem que o México vai precisar das defesas impossíveis de Ochoa para alcançar, pela oitava vez consecutiva, os oitavos de um Mundial. E depois perder, como já é tradição.
    Sem Corona, e provavelmente com o possante Henry Martín na frente em vez de Jiménez, os mexicanos orientados por Tata Martino (muito contestado) têm uma defesa satisfatória e um meio-campo onde Edson Álvarez, médio defensivo do Ajax, é a estrela maior.
    Caberá a Lozano e ao menos conhecido Alexis Vega desequilibrar e cumprir o que já parece ser o destino mexicano. 

Destaques Individuais (Previsão):


    Naquele que será o seu quarto Mundial, Guillermo Ochoa pode acrescentar mais umas páginas à sua história como lenda da máxima competição internacional de futebol. No limite, podemos mesmo considerar que o Grupo C pode ficar decidido no frente-a-frente entre Ochoa e Lewandowski.
    Hirving Lozano e Alexis Vega serão fonte de criatividade, e muito provavelmente os jogadores mais rematadores do 11, podendo o extremo do Chivas cativar a atenção de muitos clubes europeus; Edson Álvarez terá nos seus ombros a responsabilidade de manter o México equilibrado, e Henry Martín enfrenta o desafio de virar homem-golo numa seleção com muitas dificuldades em atirar a contar.


3. POLÓNIA  


  • Guarda-Redes: Wojciech Szczesny (Juventus), Lukasz Skorupski (Bologna), Kamil Grabara (Copenhaga)
  • Defesas: Matty Cash (Aston Villa), Bartosz Bereszynski (Sampdoria), Robert Gumny (Augsburgo), Jan Bednarek (Aston Villa), Kamil Glik (Benevento), Mateusz Wieteska (Clermont), Jakub Kiwior (Spezia), Artur Jedrzejczyk (Legia Varsóvia), Nicola Zalewski (Roma)
  • Médios: Krystian Bielik (Birmingham), Szymon Zurkowski (Fiorentina), Grzegorz Krychowiak (Al-Shabab), Piotr Zielinski (Nápoles), Damian Szymanski (AEK), Sebastian Szymanski (Feyenoord)
  • Extremos/ Avançados: Przemyslaw Frankowski (Lens), Kamil Grosicki (Pogon Szczecin), Michal Skoras (Lech Poznan), Krzysztof Piatek (Salernitana), Karol Swiderski (Charlotte FC), Robert Lewandowski (Barcelona), Arkadiusz Milik (Juventus)
Seleccionador: Czeslaw Michniewicz;
Baixa: Jakub Moder.

Forças: Melhor ponta de lança da actualidade; Zielinski está em forma e jovens como Zalewski e Sebastian Zzymanski querem conquistar o seu espaço; Atendendo só a qualidade individual, a Polónia é a segunda melhor equipa do grupo;
Fraquezas: Tendência para ficar aquém do expectável em fases finais; Robert Lewandowski vai ser constantemente vigiado por 2-3 jogadores.

Equipa-Base (3-5-2): Szczesny; Bednarek, Glik, Kiwior; Cash, Szymanski, Bielik, Zielinski, Zalewski; Milik (Swiderski), Lewandowski

Michniewicz fará melhor do que Paulo Sousa. Mau seria se não conseguisse. A Polónia pode perfeitamente terminar este Grupo C em 2.º lugar, e tinha até obrigação de o conseguir se tivermos em conta a qualidade não só de Lewandowski como também de Zielinski, Cash, Szymanski ou Zalewski.
    Não é certo se os polacos se vão apresentar numa linha de 4 ou com três centrais, mas a conjugação de Bednarek, Glik e Kiwior teria a vantagem de potenciar Cash e Zalewski como alas.
    Zielinski tentará dar sequência ao seu momento de forma no sensacional Nápoles, Szymanski (o do Feyenoord, não o do AEK) pode explodir, e na frente a acompanhar o ponta de lança do Barcelona surgem como opções Milik, Swiderski (o mais trabalhador) e Piatek.

Destaques Individuais (Previsão):


    Robert Lewandowski é uma máquina de golos, com 76 ao serviço da Polónia, e fará no Qatar o seu segundo mundial, tendo ficado em branco na Rússia. Desta vez, contra a Arábia Saudita e no decisivo embate contra o México, terá mesmo que aparecer no seu melhor nível.
    Piotr Zielinski (o México, por exemplo, não tem nenhum médio deste patamar de excelência) funcionará como caixa de velocidades da seleção europeia deste Grupo, e assumindo que a Polónia entrará em campo num 3-5-2, então Matty Cash e sobretudo o jovem Nicola Zalewski, da Roma de José Mourinho, terão um papel decisivo e uma presença activa juntando-se ao ataque com frequência.
    Por fim, uma palavra sobre Sebastian Szymanski. O médio de 23 anos do Feyenoord tem um pé esquerdo fantástico e, se for preciso, pode resolver à lei da bomba.


4. ARÁBIA SAUDITA  


  • Guarda-Redes: Moha Al Owais (Al Hilal), Nawaf Al-Aqidi (Al Nassr), Mohammed Al-Yami (Al Ahli Jeddah)
  • Defesas: Mohammed Al Burayk (Al Hilal), Saud Abdulhamid (Al Hilal), Sultan Al-Ghanam (Al Nassr), Ali Al Bulayhi (Al Hilal), Abdullah Madu (Al Nassr), Hassan Al-Tambakti (Al-Shabab), Abdulelah Al-Amri (Al Nassr), Yasser Al-Shahrani (Al Hilal)
  • Médios: Riyadh Sarahili (Abha Club), Ali Al-Hassan (Al Nassr), Salman Al-Faraj (Al Hilal), Mohamed Kanno (Al Hilal), Abdulellah Al-Malki (Al Hilal), Nasser Al-Dawsari (Al Hilal), Abdullah Otayf (Al Hilal), Sami Al-Naji (Al Nassr), Hattan Babhir (Al-Shabab)
  • Extremos/ Avançados: Salem Al Dawsari (Al Hilal), Haitham Asiri (Al Ahli Jeddah), Nawaf Al-Abed (Al-Shabab), Abdulrahman Al-Oboud (Al-Ittihad Jeddah), Saleh Al Shehri (Al Hilal), Firas Al-Buraikan (Al Fateh)
Seleccionador: Hervé Renard;
Baixa: Fahad Al-Muwallad.

Forças: Renard tem fama, ganha na CAN, de fazer muito com pouco; Conforto de jogar no país vizinho;
Fraquezas: Decréscimo assinalável de qualidade em comparação com os 3 adversários.

Equipa-Base (4-3-3): Al Owais; Al-Ghanam, Al-Amri, Al Bulayhi, Al-Shahrani; Sarahili, Al-Najei, Al-Faraj; Al Dawsari, Babhir, Al-Buraikan

Verdade seja dita, dada a concorrência, será um feito se a Arábia Saudita somar 1 ponto neste grupo.
    Hervé Renard costuma formar equipas muito compactas e inteligentes a usar o espaço e os momentos para matar, mas o brutal défice de qualidade não deve permitir grandes milagres.
    Num 4-3-3 que muitas vezes parecerá um 4-5-1 ou mesmo 5-4-1 contra a Polónia, se esta optar pelos 3 centrais, a Arábia Saudita poderá sentir saudades do ausente Al-Muwallad e torcerá para que Al-Buraikan cresça, acompanhando o 10 e craque da equipa.

Destaques Individuais (Previsão):


    Esta Arábia Saudita pertence, em teoria, ao lote das 3-4 piores equipas em prova. Sem a explosão de Al-Muwallad (afastado por uma investigação de doping), caberá quase somente ao "especial" Salem Al-Dawsari a produção ofensiva dos árabes.
    No meio-campo, olhos postos em Sami Al-Naji, o mais esclarecido dos centro-campistas de Renard.

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