24 de agosto de 2018

Antevisão da Liga NOS 2018/ 19

 Liga NOS - Cumpridas duas jornadas, apresentamos a nossa habitual Antevisão a mais uma temporada do futebol português. Numa época em que acreditamos que o nível suba dentro no rectângulo de jogo (interessante dinâmica que Benfica, Porto e Braga apresentam já em Agosto), a Liga perdeu uma das suas personagens principais: Jorge Jesus. Pela primeira vez em 15 épocas, JJ não integra o conjunto de dezoito treinadores, todos portugueses.
    No seu segundo ano de utilização, espera-se o aperfeiçoar do VAR, e fazemos votos para que o ruído à volta das quatro linhas diminua, o que infelizmente não deve acontecer.
    O Porto defende o título tendo preservado a maioria das suas peças, necessitando apenas de responder às saídas de Ricardo Pereira e Marcano. Os substitutos encontrados, até ver, já moravam no Dragão. À procura do bicampeonato, capaz de cimentar o poder do passado e mostrar que a última época não foi somente um deslize do então tetracampeão Benfica, os azuis e brancos contam com o melhor treinador dos 3 grandes, o que pode ter o seu peso.
    Reconquista será a palavra de ordem na Luz. Os encarnados reforçaram-se com qualidade, seguraram Jonas e Rúben Dias, continuando a dar oportunidade aos jovens diamantes (Gedson, neste caso) para mostrarem o seu valor de águia ao peito. Parece-nos indiscutível que o Benfica tem o melhor plantel do campeonato (não o melhor onze) e a brutal qualidade técnica de vários intervenientes da frente conjugada com a multiplicidade de soluções obriga Rui Vitória a ser campeão.
    O Sporting iniciou 2018/ 19 à procura de estabilidade, depois de viver uma tragédia e combater um cancro que, infelizmente, promete ainda atormentar o quotidiano do clube mais uns tempos. As eleições (8 de Setembro) serão um momento crucial numa época em que é impossível não saudar o milagre que Sousa Cintra tem operado. Sinceramente, vimos a coisa muito mal parada. À espreita de aproveitar potencial desnorte leonino está um Braga cada vez mais candidato ao título. A época não começou bem para Abel, mas o clube que tem como meta ser campeão no espaço dos próximos 4 anos deve ser respeitado, já não fazendo muito sentido falar em 3 grandes.
    Nacional da Madeira e Santa Clara substituiram Paços de Ferreira e Estoril, proporcionando umas quantas viagens às Ilhas, num ano em que esperamos significativo crescimento do Vit. Guimarães sob o comando de Luís Castro, e em que saudamos a chegada ao futebol português de jogadores como Nani, Facundo Ferreyra, Castillo, Gudelj, Sturaro ou Danny, guardando saudades de Rui Patrício, William Carvalho, Raúl Jiménez, Ricardo Pereira, Gelson, Marcano, Vukcevic, Francisco Geraldes, Fabrício e da explosão que nunca chegámos a ver (cá) de Diogo Dalot.
    A viagem dura até 19 de Maio e promete emoções fortes e espaço para jovens valores - entusiasmante pensar nos minutos que terão Gedson Fernandes, Rúben Dias, Zivkovic, Diogo Leite, Éder Militão, Xadas, Trincão, Matheus Pereira, Galeno, Gelson Dala, Joel Pereira ou Heriberto, entre outros.

    Cabe-nos então apresentar a nossa previsão em termos de destaques colectivos e individuais, sujeita como sempre às vicissitudes do mercado de transferências até final de Agosto, convictos que teremos uma bela época pela frente e desejando que em Maio festeje o mais justo campeão:




 BENFICA (1)

   Reconquista. Não se fala noutra palavra para os lados da Luz. Depois de 4 anos a vencer de forma consecutiva, o Benfica hipotecou o inédito penta por mérito do Porto (justo campeão) e devido a alguma sobranceria: deu a entender que LFV achou que a máquina estava tão oleada que se podia dar ao luxo de atacar uma época sem substituir Ederson, Nélson Semedo e Lindelöf.
    A presença nas eliminatórias de acesso à Liga dos Campeões, conjugada com o reduzido nº de internacionais presentes no Mundial, permitiu/ obrigou as águias a fazerem tudo com tempo. Em Agosto, a equipa já apresenta índices competitivos interessantes, e os reforços contratados dão margem zero a Rui Vitória.
    Os benfiquistas sentiram, mais do que nunca, a importância de Jonas (o melhor jogador da Liga) quando percepcionaram como real a possibilidade do 10 rumar às Arábias. Mas o craque continua, bem como Rúben Dias. À manutenção do elenco da época passada - a vitamina Raúl Jiménez foi a única perda, ficando por exemplo Grimaldo que já dávamos como perdido - o Benfica acrescentou os golos de Ferreyra (principal candidato a assumir-se como goleador máximo no pós-Jonas) e Castillo (amor à primeira vista para os adeptos), resolveu a importantíssima questão da baliza com Vlachodimos, e terá, depois de recuperado, Corchia para dar ao lado direito o que Grimaldo dá do lado esquerdo.
    Cada vez mais em 4-3-3 - a sério que o Benfica quer mesmo o luxo de ainda garantir Ramires e Gabriel? - pede-se a Rui Vitória que por fim consiga potenciar extremos como Rafa e Zivkovic, embora o técnico prefira sempre Salvio e Cervi, e à monstruosidade do imprescindível Fejsa juntam-se os jogadores em destaque neste arranque de época: Pizzi e Gedson Fernandes. O camisola 21 está a mostrar porque é que foi o melhor jogador da Liga há dois anos, prometendo melhores números que nunca e justificando em campo o porquê dos colegas o procurarem sempre que levantam a cabeça. Já Gedson, é tudo aquilo que este Benfica precisava - a capacidade de transporte, a pressão alta com fome de bola, o quebrar de linhas. Mas há um bónus: Krovinovic. Para se perceber a importância do croata, ficou a sensação que se não se tivesse lesionado em 17/ 18 talvez o Benfica tivesse alcançado o penta, coincidindo a sua presença com o período em que as águias praticaram melhor futebol e foram mais dominantes. Boa dor de cabeça para Vitória a futura coexistência de Pizzi, Gedson e Krovinovic no mesmo onze.
    Embora haja 4 candidatos ao título, as candidaturas de Benfica e Porto parecem-nos mais fortes. Os encarnados conquistam connosco a pole position com ligeiríssima vantagem, essencialmente pelo potencial técnico e pela multiplicidade de opções que Rui Vitória tem do meio-campo para a frente. Saiba o treinador gerir todo este talento.

Treinador: Rui Vitória
Onze-Base (4-3-3): Vlachodimos; A. Almeida (Corchia), R. Dias, Jardel, Grimaldo; Fejsa, Gedson (Krovinovic), Pizzi; Zivkovic (Rafa), Cervi, Jonas

Atenção a: Jonas, Filip Krovinovic, Pizzi, Gedson Fernandes, Nicolás Castillo

 PORTO (2)

    No papel, o FC Porto parte como favorito a erguer o troféu em Maio. Mas a qualidade individual e técnica do lado do Benfica faz-nos pender para as águias. Mantendo as suas características preservadas - elevada intensidade de jogo e combatividade, pujança física e perfeição na execução de bolas paradas - o Porto procura o bicampeonato numa edição que, quanto mais for para homens de barba rija e menos de rodriguinhos, mais favorecerá os dragões. Convém recordar: 1) Sérgio Conceição é para nós superior a Rui Vitória e José Peseiro, 2) Na época passada o Porto foi a melhor equipa em campo em todos os clássicos disputados.

    Sérgio Conceição disciplina o plantel e não tem medo de sentar qualquer jogador, potenciando a evolução de supostos suplentes e descobrindo sistemáticas soluções internas, isto numa época em que o primeiro desafio é substituir devidamente Ricardo Pereira e Marcano. Maxi e o jovem Diogo Leite têm sido os escolhidos, podendo Éder Militão entrar na discussão para qualquer um dos lugares no decorrer de 18/ 19. Que a Direcção do Porto não funciona como dantes fica evidente pela gestão ineficaz dos processos de Ricardo e Dalot, podendo por exemplo Brahimi e Herrera sairem do clube no próximo Verão a custo zero.
    Para lutar com o mesmo número de armas do Benfica, determinado em reconquistar o 1º lugar, o Porto merecia uns 2 reforços de qualidade. Marega continuará por cá a aterrorizar defesas com a sua dimensão física, e a Aboubakar pede-se por fim regularidade toda a época. No corredor esquerdo, Brahimi mantém-se o jogador iluminado deste plantel, esperando-se mais uma super-época de Alex Telles (será ele o único jogador de classe mundial da Liga NOS se considerarmos ser Top-10 na sua posição para essa classificação?). Herrera e Sérgio Oliveira são muito importantes na forma como SC vê este Porto, mas a inclusão de Danilo (que saudades) nos próximos meses pode elevar os campeões nacionais para outro patamar.
    Perante a falta de reforços, Otávio e Corona terão que render o dobro como aconteceu com vários jogadores no ano passado; Óliver não deixou de ser craque, e num ápice pode passar de corpo estranho no sistema a jogador-chave; Conceição gosta de André Pereira, e mesmo uma nova vida para Adrián não está excluída.

Treinador: Sérgio Conceição
Onze-Base (4-3-3): Casillas; Maxi Pereira (Militão), Felipe, Diogo Leite, Alex Telles; Danilo, Herrera, Sérgio Oliveira; Marega, Brahimi, Aboubakar

Atenção a: Yacine Brahimi, Alex Telles, Moussa Marega, Éder Militão, Otávio


 SPORTING (3)

    A 15 de Maio um acto monstruoso (ou "chato" nas palavras do ex-presidente do Sporting) podia ter afundado o clube. Na verdade, o narcisismo, a loucura e o ódio ao rival sobreposto ao amor pelo próprio clube, características de Bruno de Carvalho que só se intensificaram com o tempo, colocaram em causa a sustentabilidade do Sporting e a sua identidade. As rescisões com justa causa de Rui Patrício, William Carvalho, Gelson Martins, Bruno Fernandes, Bas Dost, Battaglia, Rafael Leão, Podence, Rúben Ribeiro foram entretanto geridas na medida do possível. Dos mais relevantes, Patrício rumou ao Wolves, William ao Bétis, Gelson ao Atlético e Leão ao Lille, mas Sousa Cintra (incrível trabalho durante estes meses!) segurou Bruno Fernandes, Dost e Battaglia.
    Numa temporada perigosa - a realidade actual do clube deixará o nervosismo vir ao de cima se as coisas não estiverem a correr bem, e o ruído exterior existirá em maior ou menor dose - o Sporting procura a sua estabilidade. Tentará o título, mas julgamos que na melhor das hipóteses ficará em 3º lugar. O mercado de treinadores tinha melhores opções do que José Peseiro, habitualmente azarado, mas Sousa Cintra tem presenteado o técnico com verdadeiros reforços.
    Embora a atravessar o pós-crise, aquilo que nos faz colocar o Sporting acima do Braga é precisamente a qualidade dos jogadores. A baliza ainda levanta bastantes questões, mas a dupla de centrais Coates-Mathieu é boa. Jogadores como Bruno Fernandes, Dost e Nani (esperamos muito dele) prometem ser pedras basilares deste novo Sporting, no qual Gudelj e Sturaro são extraordinários reforços, Diaby uma solução melhor que Montero ou Doumbia, existindo ainda margem para a evolução dos jovens Raphinha, Matheus Pereira e Jovane Cabral.
    No decorrer de 18/ 19 perceberemos se Jefferson ou Acuña assumem o lugar de lateral-esquerdo, isto assumindo que não é contratado ninguém para a posição até dia 31, e daqui a uns meses o melhor Sporting pode recomendar a coexistência em campo de Battaglia, Gudelj, Sturaro, Bruno Fernandes e Nani. Há, claro, margem para Diaby emparelhar com Dost na frente, e flanqueadores como Acuña, Raphinha ou Matheus mostrarem a Peseiro que são obrigatórios no flanco contrário ao de Nani.
    À procura de construir uma nova identidade - perder Rui Patrício, William e Gelson pesa - e numa época em que vai deixar de se ouvir o "Siim!" a cada defesa no estádio, ficará claro o porquê do verde ser cor de esperança.

Treinador: José Peseiro
Onze-Base (4-3-2-1): Viviano; Ristovski (B. Gaspar), Coates, Mathieu, Acuña; Battaglia, Gudelj, Sturaro; Bruno Fernandes, Nani; Dost

Atenção a: Bruno Fernandes, Bas Dost, Nani, Nemanja Gudelj, Stefano Sturaro

 BRAGA (4)

    Podemos estar equivocados, mas acreditamos que a 4 jornadas do fim do campeonato será clara a existência de dois fortes candidatos ao título (Benfica e Porto) e duas equipas a lutar pelo terceiro lugar.
    O contexto de um Sporting ferido pode significar uma oportunidade única para o Braga assaltar o pódio, dando sequência ao incrível futebol praticado em 2017/ 18.
    Abel Ferreira é treinador, e mesmo depois de um arranque de época em falso merece toda a confiança para continuar a desenvolver o seu trabalho. Em Braga, numa época em que o grande rival quererá encurtar distâncias, o farol dos bracarenses é ambicioso. A meta foi definida: conquistar o título no espaço dos próximos 4 anos.
    Sem Europa, Abel deve continuar a promover uma sábia gestão do seu plantel, continuando a contar com craques que estão à porta da Selecção como Ricardo Horta e Paulinho. Estamos certos que a dinâmica ofensiva será entusiasmante, seguros de que João Novais (golos de livre directo garantidos em Braga!), Ailton, Murilo, Eduardo e Claudemir foram bons reforços, e torcemos para o subvalorizado Esgaio continue uma máquina e para que seja dada liberdade para Xadas e Trincão singrarem na Pedreira.
     Golos não serão problema, faltando sim perceber se o clube tem o que é preciso para vencer os grandes e não vacilar na Hora H como aconteceu na recta final de 2017/ 18. Fenómeno passageiro ou não, a verdade é que a defesa não tem impressionado, acusando a lesão de Raúl Silva. No entanto, mais importante para Abel nesta fase parece-nos o encontrar do seu meio-campo. Vukcevic, Danilo e André Horta tinham um peso significativo no equilíbrio e controlo das operações, e cabe ao treinador encontrar a melhor solução para essa zona do terreno. Fransérgio acaba por ser à sua maneira um reforço, mas não é tão linear assim que Abel consiga promover em Palhinha o salto que conseguiu que Esgaio produzisse.
    Não nos surpreenderá uma intromissão do Braga no Top-3, mas o plantel do Sporting e especialmente o potencial 11 titular continua a dar uma ligeira vantagem aos leões. No entanto, como um predador, o Braga não hesitará se o Sporting, essencialmente por motivos extra-quatro linhas, tremer.

Treinador: Abel Ferreira
Onze-Base (4-4-2): Matheus; Esgaio, Raúl Silva, Bruno Viana, Ailton; Xadas (Trincão), Fransérgio (Claudemir, Palhinha), João Novais, Ricardo Horta; Dyego Sousa (Wilson), Paulinho 

Atenção a: Ricardo Horta, Paulinho, Ricardo Esgaio, João Novais, Bruno Xadas

 VIT. GUIMARÃES (5)

    Entre as 18 equipas da Liga, apontar o Vit. Guimarães ao quinto lugar é talvez a aposta com maior probabilidade de sucesso. A chegada de Luís Castro e um defeso inteligente e com bom gosto na hora de contratar deixam antever elevado salto competitivo. Não nos parece que o Vitória consiga ameaçar ainda o Top-4, ficando claro à espera de um deslize de um dos favoritos, podendo terminar esta edição numa espécie de ilha entre os candidatos ao título e as equipas do sexto para baixo.
     O 9º lugar da época passada pôs fim ao reinado de Pedro Martins na cidade-berço, numa temporada em que também o actual treinador do Sporting, José Peseiro, esteve em Guimarães. Num dos clubes com a massa adepta mais fervorosa de Portugal, a contratação de Luís Castro parece em teoria um casamento perfeito: o técnico realizou trabalhos incríveis em Vila do Conde e Chaves, e tem agora superior matéria-prima.
    Ainda gostávamos de ver Cláudio Ramos (Tondela) ser contratado, parecendo ser a única peça que falta, e sendo o jogador formado no Vitória um guardião muito melhor que Douglas e Miguel Silva. As opções de Castro para todas as posições são múltiplas, como fica demonstrado pelo facto de contar na defesa com Pedrão, Venâncio, Osorio e João Afonso para centrais, Rafa e Florent para lateral-esquerdo ou Victor García e Dodô para o lado direito.
    No meio-campo há menos margem para descobertas. André André será certamente o que Pedro Tiba foi no Chaves de Luís Castro, e deve subir muito de rendimento neste regresso à casa onde foi tão feliz entre 2012 e 2015; e João Carlos Teixeira pode explodir em definitivo. Talvez a carreira do médio luso que tantos anos esteve ligado ao Liverpool tivesse sido outra se tivesse tido a sorte de encontrar um treinador como Luís Castro mais cedo... A força de Wakaso deve ser imprescindível, mas não é de excluir a inclusão de Pêpê a seis. O médio encarnado tem bastante mais qualidade do que aquela que apresentou no seu empréstimo ao Estoril.
    Na frente, boas dores de cabeça para o novo timoneiro vimaranense. A falta de ganas de Ola John talvez o faça perder o comboio para Tyler Boyd (a evolução do neozelandês tem-nos surpreendido) ou Davidson (jogador de Castro no Chaves), faltando perceber como o treinador olha para Welthon. Se acordar, o ex-Paços de Ferreira pode tornar-se um caso sério (a cláusula de 30 milhões de euros mostra a confiança que o clube tinha quando o contratou), seja a jogar na frente ou num corredor. Kléber tem sido ssociado, mesmo existindo Junior Tallo e Alexandre Guedes, que certamente pretente realizar toda uma temporada ao nível da sua final da Taça de Portugal, Aves-Sporting.
    Mesmo sem Raphinha, Hurtado, Héldon e Konan, o Vit. Guimarães está hoje mais forte. Que se cuidem os adversários quando a equipa assimilar na plenitude a visão e as ideias do treinador, e sobretudo se jogadores como Welthon, João Carlos Teixeira ou Alexandre Guedes explodirem de vez.

Treinador: Luís Castro
Onze-Base (4-3-3): Douglas; Dodô, Venâncio, Pedrão, Florent (Rafa); Wakaso, André André, João Carlos Teixeira; Ola John (Welthon), Davidson (Boyd), A. Guedes (Junior Tallo)

Atenção a: André André, João Carlos Teixeira, A. Guedes, Welthon, Tyler Boyd

 MARÍTIMO (6)

    Conseguirá o Marítimo manter o espantoso registo caseiro que tinha com Daniel Ramos? Admitimos que entre os 18 treinadores da Liga, todos portugueses, Cláudio Braga é aquele que conhecemos pior. Estranho talvez apontarmos ao primeiro lugar pós Top-5 um clube com um treinador que é para nós um ponto de interrogação, mas a qualidade ao dispor de Braga obriga-o a isso.
    Amir parece levar vantagem sobre Charles esta época, e a defesa do Marítimo (saiu Pablo, entrou Lucas Áfrico) é composta por jogadores já entrosados. No meio-campo, Correa pode dar sequência à sua excelente segunda metade de 17/ 18, e quem tem Ricardo Valente e Edgar Costa sabe que terá golos de belo efeito, assistências e muito trabalho. Números. A tudo isto, juntam-se os dois nomes fortes desta época: Danny e Joel Tagueu. O internacional português (38 jogos por Portugal) pode fazer a diferença no nosso campeonato, mesmo aos 35 anos. Um bonito regresso à casa de partida de um jogador que tanto poderá funcionar como 3º médio como num flanco. Depois, a permanência do camaronês formado no Brasil, Joel Tagueu, é um verdadeiro milagre. O ponta de lança marcou 9 golos em 15 jogos na época passada, e julgámos que um clube doutro patamar (um dos dois do Minho por exemplo) faria tudo para o garantir.
    Ter um goleador como Joel faz muita diferença numa Liga como a nossa, e a aquisição de Danny pode servir de injecção de motivação para uma equipa que nos deixa de pé atrás por não conhecermos bem Cláudio Braga, convencendo-nos sim os jogadores que formam o plantel.

Treinador: Cláudio Braga
Onze-Base (4-3-3): Amir; Bebeto, Zainadine, Áfrico, Rúben Ferreira; Baiano, Gamboa (Vukovic), Correa; Ricardo Valente (Edgar Costa), Danny, Joel Tagueu

Atenção a: Joel Tagueu, Danny, Jorge Correa, Ricardo Valente, Lucas Áfrico

 DESP. CHAVES (7)

    Não restam dúvidas a ninguém que Luís Castro deixou saudades em Chaves. O novo treinador do Vit. Guimarães, indiscutivelmente um dos melhores do nosso futebol na actualidade, colocou o Desportivo no sexto lugar, impressionando sobretudo a segunda volta. Daniel Ramos (treinador muito diferente de Castro mas muitíssimo competente) viajou para o Continente, mas não terá como o antecessor jogadores determinantes como Matheus Pereira, Pedro Tiba e Davidson.
    Parece-nos que este Chaves ainda precisa de uns 3 reforços capazes de fazer explodir o 4-3-3 típico de Daniel Ramos (o seu Marítimo era uma das equipas que melhor contra-atacava em Portugal). Olhando para a matéria-prima actual, a defesa parece por exemplo mais fiável que a do Rio Ave, e no meio-campo a classe de Bressan é conhecida, saudamos o regresso de Bruno Gallo ao futebol português, e Stephen Eustáquio tem tudo para se assumir como o melhor jogador desta formação.
    Perdigão tem agora o espaço que não tinha com Matheus, Davidson e Jorginho no plantel, João Teixeira terá que apresentar uma regularidade como nunca foi capaz, e muita atenção ao reforço Avto depois de uma grande temporada no Académico de Viseu. Na frente, mantém-se William (avançado muito trabalhador e que liga bem a equipa) mas, como dissemos, Daniel Ramos merecia 2 ou 3 reforços que pusessem este Chaves mais perto do 6º e mais longe do 10º (provável a classificação final oscilar entre esses postos). 

Treinador: Daniel Ramos
Onze-Base (4-3-3): Ricardo; Brigues (Paulinho), Marcão, Maras, Luís Martins (Djavan); Stephen, Bruno Gallo, Renan Bressan; Perdigão, Avto, William 

Atenção a: Stephen Eustáquio, Avto, William, Perdigão, Nikola Maras

 BOAVISTA (8)

    Prossegue a cruzada de estabilidade e segurança do Boavista. Os axedrezados terminaram as últimas duas épocas em 8º e 9º, e à partida devem voltar a experimentar uma classificação final semelhante. Acreditamos que bem longe da luta pela manutenção, mas não perto o suficiente de um prestigiante Top-5, Top-6 como o clube ambiciona certamente a médio-prazo. Jorge Simão tem uma equipa madura, bem preparada e com poucas lacunas.
    Helton Leite é o novo dono da baliza, e numa defesa que costuma ser um dos pontos fortes do clube, Raphael Silva parece ser o novo patrão, sucedendo a nomes do passado como Raphael Rossi, Lucas ou Paulo Vinícius. Quem tem um 3 de meio-campo com Idris, Fábio Espinho e David Simão tem automaticamente uma boa compreensão de todos os momentos do jogo, sobrando mais questões no ataque. André Claro e Rafael Costa (excelente pé esquerdo) foram boas aquisições, e Mateus, Falcone e Rafael Lopes oferecem todos coisas diferentes. O gambiano de 24 anos, Yusupha, esteve com um pé no Stade de Reims, mas a transferência não se deu. Se ficar, pode ser o melhor reforço do Boavista, tendo potencial para, focado e bem trabalhado, resultar num caso sério.

Treinador: Jorge Simão
Onze-Base (4-3-3): Helton Leite; Carraça, Neris, Raphael Silva, Talocha; Idris, Fábio Espinho, David Simão; Rafael Costa, André Claro (Rochinha), Yusupha (Rafael Lopes)

Atenção: Yusupha, Fábio Espinho, Raphael, Helton Leite, Rafael Costa

 RIO AVE (9)

    A extraordinária campanha de 2017/ 18 sob o comando de Miguel Cardoso teve um preço. Depois do 5º lugar, conquistado com um futebol vistoso e corajoso (só o Benfica teve maior média de posse de bola), deu-se o êxodo e total descaracterização da equipa. Cássio, Lionn, Marcelo, Marcão, Yuri Ribeiro, Pelé, Francisco Geraldes, João Novais, Barreto e Guedes rumaram a outras paragens, e o próprio Miguel Cardoso viajou para a Ligue 1, assumindo o Nantes.
    A opção por José Gomes surpreendeu-nos, quando esperávamos alguém como Daniel Ramos ou Nuno Manta Santos. Depois de muitos anos em campeonatos periféricos, o outrora adjunto de Jesualdo Ferreira, mereceu a confiança por parte de uma Direcção que nesta década contou com Luís Castro, Pedro Martins ou Nuno Espírito Santo.
    Com o desafio de reconstruir uma equipa de raíz, que quase só mantém o capitão Tarantini (extensão do treinador em campo), o Rio Ave deve terminar este campeonato entre o 6º e o 9º lugares. A época não começou bem (tremendo falhanço frente aos polacos do Jagiellonia Bialystok) mas o ataque entusiasma - Galeno, Gelson Dala ou Murilo Freitas são craques, e o empréstimo de Carlos Vinícius (jogador do Nápoles, transferido para Itália depois de brilhar no Real Massamá) dará ao jovem brasileiro o desafio certo no momento certo. Leandrinho deve assumir a vaga deixada por Pelé, há ainda Joca ou Gabrielzinho, e impõe-se que Diego Lopes (lesionou-se no arranque desta temporada) seja capaz de acrescentar aquele je ne sais quois que Geraldes ou Krovinovic deram ao Rio Ave nas últimas duas épocas.
     Não duvidamos do potencial ofensivo deste Rio Ave, mas a defesa assusta-nos um pouco. Veremos qual o lado da balança que pesa mais, e se José Gomes dura toda a época.

Treinador: José Gomes
Onze-Base (4-2-3-1): Léo; N. Monte, Buatu (M. Rodrigues), Borekvovic, A. Figueiredo; Tarantini, Leandrinho; Galeno, Gelson Dala (Diego Lopes), Murilo (Gabrielzinho); Carlos Vinícius (Bruno Moreira)

Atenção a: Galeno, Carlos Vinícius, Gelson Dala, Murilo, Leandrinho


 FEIRENSE (10)

    O Feirense surpreendeu tudo e todos quando em 2016/ 17 garantiu um oitavo lugar que serviu para colocar o nome do treinador Nuno Manta Santos no radar dos clubes de maior nomeada. No entanto, a época passada quase significou uma viagem do céu ao inferno. Santa Maria da Feira sofreu até à última jornada, fechando a Liga com 31 pontos quando Paços de Ferreira e Estoril desceram com 30.
    É sempre difícil antecipar o rendimento desta equipa, como de resto este ano é verdadeiramente desafiante organizar os clubes do 10º ao último lugar, mas acreditamos que a equipa pode capitalizar o bom arranque e cumprir uma época segura, fazendo muito com pouco.
    Numa equipa compacta, o camisola 10 e maestro Tiago Silva poderá avançar para a sua melhor época de sempre, contando com o apoio de Luís Machado, o extremo dos grandes golos na temporada passada. É possível que a melhor dupla de centrais para NMS seja Briseño e Philipe Sampaio, mas gostamos bastante de Flávio Ramos e não podemos excluir a voz de comando de Bruno Nascimento. A adaptação de Edson a lateral-direito tem surtido efeito, e na frente à eterna promessa João Silva juntam-se agora dois bons reforços - Sturgeon e Edinho. Destaque particular para o ponta de lança que, apesar dos seus 36 anos, está a deixar indicações que pode realizar uma época ainda melhor do que aquelas que viveu no Sado.

Treinador: Nuno Manta Santos
Onze-Base (4-3-3): Caio; Edson, Briseño, P. Sampaio (Flávio Ramos), Vítor Bruno; Babanco, Crivellaro, Tiago Silva; Sturgeon, Luís Machado, Edinho (João Silva)

Atenção a: Tiago Silva, Edinho, Luís Machado, Sturgeon, Briseño

 PORTIMONENSE (11)

    Antever esta época do Portimonense deixa-nos com sentimentos mistos. Há motivos que permitem antecipar uma boa produtividade, mas também não conseguimos fechar os olhos a algumas razões que se podem traduzir em fracasso.
    Depois de subir de forma consecutiva Arouca, Moreirense, União da Madeira, Chaves e Portimonense, Vítor Oliveira quebrou na época passada o seu padrão e experimentou a Liga NOS. A equipa de Portimão ficou em 10º lugar, mas o experiente técnico optou por regressar ao seu habitat natural: sortudo Paços de Ferreira, que assim deve voltar ao primeiro escalão em 19/ 20.
     A reforçar as evidentes sinergias recentes entre Portimonense e Porto, o clube escolheu António Folha (muitos anos a trabalhar nas camadas jovens dos dragões, assumindo o Porto B em 16/ 17) como novo treinador. O técnico de 47 anos tem procurado implementar um 3-4-3, cuja correcta assimilação não se faz da noite para o dia.
    Numa leitura global, convém recordar que o clube perdeu dois dos 3 melhores marcadores da época passada: o craque Fabrício (16 golos) e o veterano Pires (9 golos). Juntos valeram portanto 25 golos, marca de peso num clube com este nível, e não foram devidamente substitutídos. A continuidade do japonês Shoya Nakajima - muito provavelmente o melhor jogador do campeonato fora do Top-4 - é o principal motivo de confiarmos neste Portimonense, dada a brutal qualidade técnica e visão de jogo do pequeno nipónico que agora tem nas costas o número 10, mas falta claramente um goleador a esta equipa.
     O guardião Léo parece-nos melhor que o habitual titular Ricardo Ferreira; Rúben Fernandes, Lucas Possignolo e Felipe Macedo são os três centrais de Folha, com Hackman e Wilson Manafá a servirem como alas. Pedro Sá e Ewerton (passou menos de um mês como jogador do Porto) são elementos-chave, mas mais importante será o regresso do reforço de luxo Paulinho. Apesar de não ter vingado no Dragão, é um jogador especial, e alguém que pode levar o treinador a esculpir um 3-5-2.
    Esta época esperamos mais de Bruno Tabata, é importante não esquecer Rafael Barbosa (bons pés, jogador emprestado pelo Sporting) mas urge encontrar um jogador que valha 15 golos/ época. Seja como for, em Portimão vai ser Nakajima + 10. 

Treinador: António Folha
Onze-Base (3-5-2): Ricardo Ferreira (Léo); Felipe, Lucas, R. Fernandes; Hackman, Pedro Sá, Paulinho, Ewerton, Manafá; Bruno Tabata (Wellington), Shoya Nakajima 

Atenção a: Shoya Nakajima, Bruno Tabata, Paulinho, Ewerton, Pedro Sá

 VIT. SETÚBAL (12)

    Treinador do clube em três das últimas quatro épocas, José Couceiro (boa escolha para director técnico nacional da FPF) foi uma dádiva para o Vitória FC. Fazendo jus ao lugar comum de fazer omeletes sem ovos, o homem que conhece o futebol português como a palma das mãos conseguiu, com poucos recursos, cumprir objectivos (sistemática manutenção), marcando ainda presença numa final da Taça da Liga, e contribuindo para o crescimento de jogadores como João Mário, Ricardo Horta, Pedro Tiba, Rúben Vezo, Gonçalo Paciência, João Amaral, André Pereira ou Fábio Cardoso. A sua ausência será notada, mas o clube soube identificar o sucessor certo: Lito Vidigal.
    À semelhança do que acontece com Couceiro, as equipas de Vidigal não costumam cativar adeptos neutros ou convencer os mais exigentes, essencialmente pela postura pragmática (ainda faz sentido falar nisto hoje em dia?) de quem prefere conservar o 1-0 ou, dependendo do contexto, segurar o ponto. Responsável por ter posto o Arouca (!) na rota da Liga Europa, com um 5º lugar em 2015/ 16, Lito Vidigal abraça agora um projecto com uma massa adepta apaixonada e apaixonante, no qual acreditamos que o todo será bem superior àquilo que as partes levam a crer.
    O jovem guardião Joel Pereira, emprestado pelo Manchester United, pode emergir como uma das figuras desta equipa, pedindo-se bastante a elementos como Costinha e Rúben Micael para que o Vitória consiga algo mais que a manutenção, mantendo a linha de água longe e respirando fundo com tranquilidade q.b. Se Nuno Valente voltar a apresentar o nível que exibiu no passado com Vidigal no Arouca será uma excelente aquisição, e na frente à potencial alternância de momentos de forma de Éber Bessa, Alex e Zequinha, juntar-se-á como factor decisivo o poderio físico de Mendy.   

Treinador: Lito Vidigal
Onze-Base (4-3-3): Joel Pereira; Mano, Vasco Fernandes, Nuno Reis, Nuno Pinto; Nuno Valente (Semedo), Costinha, Rúben Micael; Zequinha (Éber Bessa), Mendy, Cádiz (Allef)

Atenção a: Joel Pereira, Frederic Mendy, Costinha, Rúben Micael, Nuno Reis

 BELENENSES (13)

    Conseguirá o Belenenses alhear-se de todo o lixo extra-futebol que tem marcado a realidade do clube nos últimos meses? O desentendimento entre clube e SAD atingiu proporções impensáveis: o clube "despejou" a SAD do Estádio do Restelo, casa do Belenenses há mais de 60 anos, obrigando os azuis a aceitarem o Estádio do Jamor como novo código-postal. O litígio entre clube e SAD subiu depois de nível com a criação por parte do clube de um novo "Os Belenenses", que competirá nos distritais com o objectivo de chegar no futuro à I Liga.
    No meio deste faroeste burocrático, e quando todas as partes deviam sim remar para o mesmo lado, Silas tem como desafio manter os jogadores focados nas quatro linhas. O técnico de 41 anos deixou uma boa primeira impressão em 17/ 18, revelando uma boa preparação diferenciada dos jogos consoante os adversários e uma sagaz capacidade de dotar a equipa de um sólido comportamento defensivo.
    À perda de Maurides, jogador-alvo fundamental na estratégia da época passada, o Belém junta ainda as saídas de André Sousa (merece experimentar o futebol espanhol), Florent, Yebda, Bakic e Nathan. Em sentido inverso, fez regressar à Liga NOS jogadores como Mika, André Santos e Nuno Coelho, precisará que Fredy, Licá e Keita tenham golo, e que um jogador de pedigree diferenciado como Chaby consiga finalmente exibir-se de acordo com o seu potencial técnico. Muriel parte como dono da baliza, com Mika à espreita, a dupla de centrais (Gonçalo Silva-Sasso) transmite segurança, e Diogo Viana deve nestes primeiros tempos continuar totalmente comprometido com o seu novo papel de lateral-direito. Ainda assim, e numa época que se prevê muito difícil para os lados do Restelo (agora Jamor), não afastamos a importância que um eventual regresso de Viana a terrenos adiantados possa vir a ter, com Sagna a ocupar o sector defensivo.

Treinador: Silas
Onze-Base (4-3-3): Muriel; Diogo Viana (Sagna), Gonçalo Silva, Sasso, Zakarya; Nuno Coelho, Ljujic, Lucca (Chaby); Fredy, Licá (Reinildo), Keita 

Atenção a: Diogo Viana, Fredy, Muriel, Matija Ljujic, Jonatan Lucca


 TONDELA (14)

    Em 2017/ 18, o Tondela foi a equipa-sensação da Liga NOS. Quem não se lembra daquela vitória em pleno Estádio da Luz? Com um plantel que parecia quase condenado, Pepa montou uma equipa capaz de terminar num respeitável 11º lugar. Ora, desta vez já não Murilo (contratado pelo Rio Ave), Tyler Boyd (regressou a Guimarães) ou Pedro Nuno (rumou a Moreira de Cónegos), mas há Cláudio Ramos. E sinceramente achamos que a continuidade ou não daquele que tem sido por larga margem o jogador mais preponderante do Tondela nos últimos anos será factor decisivo no desfecho da época. Pessoalmente, consideramo-lo a peça que falta no Vit. Guimarães de Luís Castro, e o facto do Sporting ter emprestado Pedro Silva pode significar que essa saída esteja acautelada.
    Com ou sem Cláudio Ramos, Pepa é um técnico capaz e conta, sobretudo no ataque, com várias opções sedentas de conquistarem o seu lugar. Será interessante continuar a acompanhar o crescimento de Jorge Fernandes ao lado do mentor Ricardo Costa (37 anos) no coração da defesa, e o regresso do venezuelano Murillo é uma boa notícia depois da saída de... Murilo. Tomané é peça-chave no esquema de Pepa, e elementos como Miguel Cardoso ou António Xavier (novidade) têm qualidade. Finalmente, o colombiano emprestado pelo Benfica, Arango, pretenderá realizar uma época certamente superior à que rubricou na Vila das Aves. 

Treinador: Pepa
Onze-Base (4-4-2): Cláudio Ramos; David Bruno, J. Fernandes, R. Costa, Joãozinho; H. Tavares, B. Monteiro, Murillo, Miguel Cardoso; Arango, Tomané

Atenção a: Cláudio Ramos, Jhon Murillo, Tomané, Miguel Cardoso, Jorge Fernandes

 SANTA CLARA (15)

    Os voos para os Açores estão de regresso ao principal escalão do futebol português. É preciso recuarmos à época de 2002/ 03 para encontrarmos o Santa Clara entre os grandes - à data, Lito Vidigal fazia parte do plantel, tal como o hoje comentador Pedro Henriques. Para efeitos de contextualização, o Porto tinha Mourinho como treinador e Deco, Ricardo Carvalho e Vítor Baía eram figuras; no Benfica, Simão Sabrosa começava a acentuar a sua influência, e no Sporting as expectativas eram altas para dois jovens talentos, Cristiano Ronaldo (18 anos) e Ricardo Quaresma (19).
    Na sempre competitiva Ledman LigaPro, os açoreanos conseguiram bater a concorrência mais próxima de Académico de Viseu, Académica e Penafiel e, com Carlos Pinto no comando técnico, a subida passou de sonho adiado a realidade. No entanto, é João Henriques (bom trabalho no Leixões, mau trabalho na Mata Real) quem assume agora a equipa depois de não ter conseguido evitar a descida do Paços de Ferreira. Era a melhor escolha possível? Bastante questionável.
    Num plantel que ainda pode receber reforços até final de Agosto - mescla de excedentários como o eslovaco do Benfica, Martin Chrien, e elementos experimentados como Ukra, rei do social media - temos curiosidade para ver sobretudo o rendimento de Thiago Santana (marcou 17 golos na época passada, bem apoiado por Fernando Andrade) e do internacional egípcio Rashid, jogador com um perfume diferenciado neste conjunto. De resto, Bruno Lamas foi um bom reforço, Fábio Cardoso e Patrick são mais-valias na defesa ao contrário de César, e nas alas Zé Manuel e Ukra sabem o que fazer com a bola. Stephens e Pineda são os jókers deste elenco.
    O clube que em 2016 viu quase 50% das acções da SAD compradas por um investidor de Singapura é um principais candidatos a mudar de treinador no decorrer de 2018/ 19. Cabe ao clube, que acreditamos possa causar algumas surpresas em casa, escapar ao cenário mais provável: a descida.

Treinador: João Henriques
Onze-Base (4-3-3): Marco (João Lopes); Patrick, Fábio Cardoso, João Pedro, João Lucas; Pedro Pacheco, Bruno Lamas, Rashid; Zé Manuel, Ukra (Fernando Andrade), Thiago Santana

Atenção a: Thiago Santana, Rashid, Fernando Andrade, Fábio Cardoso, Ukra

 MOREIRENSE (16)

    Por duas vezes Petit salvou o Moreirense, por duas vezes Petit saiu depois disso. Em Moreira de Cónegos os adeptos já se habituaram a emoções fortes nas rectas finais dos campeonatos e a muitas mudanças de treinadores (em 2017/ 18 Manuel Machado, Sérgio Vieira e Petit, em 2016/ 17 Pepa, Augusto Inácio e Petit). Este ano nada disto deverá faltar. 
    À imagem do Santa Clara, o Moreirense escolheu um treinador que falhara a manutenção - Ivo Vieira, incapaz de potenciar um plantel do Estoril que era, por exemplo, superior àquele que tem agora às suas ordens. É natural que as primeiras jornadas ajudem a resolver algumas dúvidas (Jhonatan ou Trigueira, que 2 centrais entre Aberhoun, Iago e Halliche), e quem tem jogadores como Chiquinho e Pedro Nuno acabará sempre por tratar bem o esférico em alguns momentos.
    Estamos curiosos para ver o que Nenê pode fazer no nosso futebol aos 35 anos (inesperado regresso do melhor marcador da Liga Sagres 08/ 09 ao serviço do Nacional), é recorrente vermos no franco-argelino Bilel potencial para muito mais e a chegada de Patito Rodríguez (que glória era no FM quando militava no Independiente) foi no mínimo inesperada. Numa equipa que deve - uma vez mais - sofrer a bom sofrer até ao cair do pano, e que talvez ainda se tente mexer para garantir peças sobressalentes dos grandes, a única certeza é mesmo Heriberto Tavares. O extremo emprestado pelo Benfica tem evoluído todos os anos e já passeava na II Liga, podendo agora afirmar-se como um dos jovens valores desta temporada.

Treinador: Ivo Vieira
Onze-Base (4-3-3): Jhonatan; João Aurélio, Halliche (Aberhoun), Iago, Rúben Lima; Neto (Fábio Pacheco), Chiquinho, Pedro Nuno; Bilel (Patito), Heriberto, Nenê

Atenção a: Heriberto, Chiquinho, Nenê, Bilel, Jhonatan

 NACIONAL (17)

    Senhoras e senhores, bem-vindos de regresso ao maravilhoso mundo em que um dos jogos dos grandes na Madeira é adiado devido ao nevoeiro, gerando falatório durante as jornadas seguintes. Depois da miserável temporada de 2016/ 17 (apenas 21 pontos), o Nacional não demorou a reagir e conseguiu voltar à superfície logo um ano depois de mergulhar na II Liga.
    Os campeões da Ledman com 71 pontos (7 de vantagem sobre o Santa Clara, impressionando os 72 golos marcados) são uma equipa com boas ideias, e é justo reconhecer que hoje Costinha é mais treinador, tendo amadurecido com humildade nos últimos dois anos. O tempo faz muita coisa e, agora com distância, podemos ver que em 2013/ 14 o "Ministro" ainda não estava preparado para um Paços pós-Paulo Fonseca (3º lugar), onde deixou péssima imagem.
     Neste salto para a NOS, o Nacional não conta com os seus dois melhores marcadores do ano passado. Ricardo Gomes (24 golos) rumou ao Partizan, e Murilo (14) foi adquirido pelo Braga. No entanto, mesmo com duas gritantes baixas, a base existente dá garantias e permite antecipar uma transição confiante neste salto competitivo.
    Jogadores como Camacho, Witi, Bryan Róchez ou Jota parecem prontos para este palco, e o pé esquerdo do georgiano Arabidze faz dele o super-reforço desta equipa e um jogador que, caso se adapte bem, pode deixar uma marca significativa. Os defesas sem serem incríveis conhecem-se muito bem, podendo Arthur ser uma das revelações desta edição, e o meio-campo é operário mas sem ser alérgico à bola. Equipa aguerrida, que promete vender caros todos os pontos em disputa.

Treinador: Costinha
Onze-Base (4-2-3-1): Daniel Guimarães; Nuno Campos, Arthur, Diogo Coelho, Cerqueira; Jota, Ibrahim, Vítor Gonçalves; Arabidze (Witi), João Camacho, Bryan Róchez

Atenção a: João Camacho, Giorgi Arabidze, Bryan Róchez, Witi, Arthur

 DESP. AVES (18)

    Dois indicadores destacam o Desportivo das Aves das restantes equipas desta Liga. Primeiro, o actual estatuto de detentor da Taça de Portugal. E segundo, após o adeus (ou até já) de Jorge Jesus ao futebol português, José Mota é agora o treinador com mais jogos na I Liga.
    Com um técnico muito experiente, e bastante à antiga na sua concepção de futebol, a facilidade que a direcção tem a despedir (em 2017/ 18 começou com Ricardo Soares, teve Lito Vidigal e acabou com Mota) pode sobrepor-se à margem ou balão de oxigénio que o técnico com passagens por Paços de Ferreira, Vit. Setúbal, Belenenses, Leixões e Feirense, entre outros, ganhou ao viver a tarde mais bonita da sua carreira no Jamor.
    No seu 4-3-3 altamente dependente dos desequilíbrios e acções de Amilton (sentimos que nunca explodiu como podia) e Nildo, o Aves terá desta vez o francês e reforço Beurnardeau entre os postes. Sim, já não há Quim, nem Adriano, nem Artur. A média de idades (27,31) traduz a maturidade deste colectivo, no qual José Mota nunca abdica da fiabilidade de Braga e Vítor Gomes conjugada com a energia de Cláudio Falcão. Para garantir a manutenção, Derley (ou o reforço Michel Douglas) terá que produzir números, e numa leitura geral confiamos no lateral Rodrigo Soares, que pensámos que daria o salto neste Verão, bem como no central Jorge Fellipe (limitado tecnicamente, mas imponente). Fellipe forma boa dupla com Diego Galo, mas Ponck é melhor que ambos e acabará por conquistar o seu lugar, julgamos.

Treinador: José Mota
Onze-Base (4-3-3): Beurnardeau; Rodrigo, Ponck (Diego Galo), Jorge Fellipe, N. Lenho; Vítor Gomes, Falcão, Braga (Fariña); Nildo, Amilton, Derley

Atenção a: Derley, Amilton, Nildo, Rodrigo Soares, Cláudio Falcão



por Miguel Pontares e Tiago Moreira

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