15 de agosto de 2018

Antevisão da Premier League 2018/ 19

  Premier League - Não há entusiasmo como aquele que uma época inteira de Premier League pela frente proporciona. A Liga mais competitiva e imprevisível do planeta (desde 2009 nenhuma equipa conseguiu vencer a prova duas edições seguidas) é a casa dos melhores treinadores do mundo. Guardiola, Klopp, Mourinho, Pochettino e agora também Sarri (incrível novidade) e Emery. Quase se pode dizer que só falta Simeone a nível de personas inconfundíveis do futebol moderno, mesmo que Allegri ou Zidane também mereçam uma palavra.
     A Liga em que adivinhar o Top-6 é uma lotaria perdeu Wenger, treinador do Arsenal desde 1996, e ganhou fado e pastéis de nata (ok, pastéis de nata talvez não porque Carvalhal desceu). Marco Silva e Nuno Espírito Santo prometem fazer do Everton e do recém-promovido Wolves duas das sensações desta edição.
    Depois de muitos milhões gastos - excepto pelo Tottenham - chegaram a Inglaterra jogadores como Jorginho, Naby Keita, Fabinho, Fred, Kepa, Leno, Yarmolenko, Felipe Anderson, Kovacic, Jahanbakhsh ou Seri, sem esquecer as movimentações internas de Mahrez, Shaqiri, Richarlison ou Wilshere. Bom sinal também o facto de em termos de nomes sonantes, a Premier só ter perdido Courtois e o melhor marcador de sempre do Manchester United e da selecção inglesa, Wayne Rooney. Do Championship subiram jovens valores que prometem colocar os seus nomes nas bocas do mundo como Rúben Neves, Sessegnon, Diogo Jota e James Maddison, tudo isto numa época em que pensamos que, se imperar o mais provável, haverá bicampeão.
    Jogos partidos e suados até ao último segundo com cada dividida disputada como se fosse a última, o calor e fervor dos adeptos sentido bem perto das quatro linhas, ziguezagues entre defesas de Mo Salah, passes açucarados e teleguiados de De Bruyne, defesas impossíveis de De Gea, tudo isto apenas um nível abaixo da intensidade de Kanté.
    Acompanhem-nos então nesta completa Antevisão da Premier League 2018/ 19, numa tentativa de prever a classificação final e destaques individuais:



 MANCHESTER CITY (1)

    Não nos parece que a coisa vá parar por aqui. Depois de uma temporada avassaladora em que foram coleccionados recordes - mais pontos (100), mais vitórias (32), mais vitórias consecutivas (18), mais vitórias fora (16), mais golos de sempre (106), maior diferença de golos (+76) e maior diferença pontual para o 2º classificado (19 pontos) - o Manchester City continua com ganas e procura fazer em 18/ 19 aquilo que ninguém consegue em Inglaterra desde Sir Alex Ferguson: o bicampeonato, vencer duas vezes consecutivas. Desde 2009, entre Chelsea, United, City e Leicester, o vencedor foi sempre alternado. Evidência da competitividade e imprevisibilidade da Premier League.
    Para além da total comunhão de ideias entre Guardiola e os seus jogadores, o que assusta neste City são dois factores: a quantidade de soluções e a idade dos activos. Porque olhar para Sané (22), Sterling (23), Bernardo (24), Foden (18), Gabriel Jesus (21), Ederson (24), Stones (24), Laporte (24) e Mendy (24) faz-nos perceber que há uma base para muitos anos. Depois, Guardiola dá-se ao luxo de ter por exemplo Stones, Laporte, Otamendi e Kompany para centrais, poder alternar entre Agüero e Gabriel Jesus, entregar os flancos a 2 entre Sané, Mahrez (único reforço) e Sterling, ou começar a preparar a passagem das botas de David para Bernardo Silva.
    Não acreditamos que o City bata tantos recordes como na época passada, até porque o nível da concorrência subiu, nem que o passeio seja tão declarado, mas a palavra "domínio" deve voltar a ser sinónimo de Manchester City. Futebol total, certamente com maiores ambições europeias.
    Ederson acolhe agora na Premier o compatriota Alisson, podendo Tite ver os dois melhores guarda-redes da canarinha no mesmo campeonato, e na defesa Benjamin Mendy é uma espécie de reforço depois da lesão grave que o afastou dos relvados durante 90% da época passada. Parece-nos que este é o ano de John Stones (curioso Guardiola ter confessado em entrevista que pode usá-lo como alternativa para a posição de Fernandinho, depois de falhados os alvos Jorginho e Fred), que com Laporte garante a bola servida numa bandeja para os médios; a competição promete ser interessante entre Sané, Sterling e Mahrez, e quem tem Agüero e Gabriel Jesus continua a ter muitos golos garantidos. A gestão do prodígio Phil Foden é para ser acompanhada de perto, e estimem cada vez que David Silva tiver a bola nos pés. O craque espanhol não dura para sempre.
    Finalmente, é obrigatório individualizar dois jogadores. O mágico português Bernardo Silva arrancou a época num nível soberbo e deve ser um dos destaques da época, cada vez mais em terrenos centrais. E como se todos estes craques não chegassem, há ainda Kevin De Bruyne, o maior deles todos. O médio belga, sempre forte candidato a MVP da época, é o único verdadeiro incontestável do meio-campo para a frente, e um playmaker sem igual.

Treinador: Pep Guardiola
Onze-Base (4-1-2-3): Ederson; Walker, Stones, Laporte (Otamendi), Mendy; Fernandinho; De Bruyne, David Silva (Bernardo); Sterling (Mahrez), Sané, Agüero (Gabriel Jesus)

Atenção a: Kevin De Bruyne, Bernardo Silva, Kun Agüero, Leroy Sané, John Stones

 LIVERPOOL (2)

    Preparem-se para um vendaval de futebol. Embora nos pareça muito difícil que alguma equipa que não o City vença esta edição de 18/ 19, o Liverpool parece-nos o principal candidato a ameaçar os citizens. Klopp, tal como sobretudo Sarri e Pochettino, vão provocar fortes dores de cabeça a Guardiola.

    Finalistas da última Champions League, derrotados pelo Real Madrid num jogo do qual Salah saiu em lágrimas e para o qual Karius levou a capoeira, os reds ficaram em 4º nas últimas duas épocas, mas têm tudo para dar o salto. Em Anfield vê-se um projecto, e as cirúrgicas contratações (Alisson, Naby Keita, Fabinho e Shaqiri representaram um investimento de 182 milhões, colocando o Liverpool como máximo gastador deste mercado) prometem fazer desta equipa um caso sério em todas as frentes.
    A equipa que melhor contra-ataca no mundo terá novamente em Mo Salah o seu jogador iluminado, integrando um trio assustador com Mané (esperam-se melhores números) e Firmino, jogador habitualmente desvalorizado. No meio-campo, Chamberlain será baixa toda a época mas Fabinho vem acrescentar a leitura e a tranquilidade necessárias para funcionar em contraponto com a intensidade do vaivém Naby Keita, jogador que parece que nasceu para viver dentro de um relvado da Premier League. Ao ter Shaqiri, Klopp garante que os 3 da frente terão sempre alguém a obrigá-los a manter o nível, e fazemos votos para que Sturridge consiga contribuir toda a época como super-suplente.
    Depois ter perdido quase todo 17/ 18, veremos como Lallana incorpora esta equipa, interessando ainda acompanhar a evolução do jovem Alexander-Arnold, numa defesa que tem em Robertson e sobretudo no patrão Van Dijk os seus jogadores mais especiais. E todos devem melhorar no sector, salvaguardados por Alisson, titular da Selecção do Brasil.

Treinador: Jürgen Klopp
Onze-Base (4-3-3): Alisson; Alexander-Arnold, Lovren, van Dijk, Robertson; Fabinho, Henderson, Keita; Salah, Mané, Firmino

Atenção a: Mohamed Salah, Sadio Mané, Naby Keita, Virgil van Dijk, Roberto Firmino

 CHELSEA (3)

    Escrevemos há pouco tempo no nosso Facebook que o Chelsea é uma equipa algo esquizofrénica. Veja-se: Mourinho foi campeão na sua segunda vida no clube, mas no ano seguinte os jogadores fizeram-lhe a cama (10º lugar). Chegou Conte e o 3-5-2 e foi amor à primeira vista, tendo como consequência novo domínio interno. Na época passada, essencialmente por diversos tiros nos pés dados pelo treinador italiano (um SMS a dispensar Diego Costa e o encostar de David Luiz depois de uma época fantástica servem de exemplos) os londrinos caíram novamente para o quinto lugar, ficando fora da Champions.
    O homem que fuma 60 cigarros por dia e que agora se vê obrigado a mascar pontas de cigarros, Maurizio Sarri, é uma das mais entusiasmantes novidades desta edição da Premier League. Após extraordinário trabalho no Nápoles, Sarri chega a Inglaterra para aquecer o campeonato. Revolucionário e permanentemente inconformado, o homem que já foi banqueiro deve ter impacto instantâneo.
    O Chelsea perdeu Courtois, substituindo-o por Kepa depois de nega de Oblak, e com Sarri o 4-3-3 com muita bola, intensidade e uma pressão muito alta será a imagem de marca. David Luiz deverá renascer, e Kanté passará a transportar muito mais jogo, aparecendo junto à área adversária. Afinal, a posição 6 agora é de Jorginho - o maestro ítalo-brasileiro que, praticamente sozinho, representa o transfer da saída de bola do Nápoles para Londres.
    Com Sarri, jogadores como Willian e Hazard vão ser muito mais felizes. E também por isso podem esperar que o belga volte a entrar na discussão para MVP do ano. Na frente, Morata é uma dos principais pontos de interrogação, mas acreditamos que este ano seja tudo o que não foi com Conte. Certo é que, como demonstrou ao adaptar Mertens no Nápoles, Sarri não terá problemas em optar por uma frente móvel (Willian, Pedro e Hazard, por exemplo) se Morata não subir o nível. Importante também ver como o italiano gere Kovacic, Barkley, Fàbregas e Loftus-Cheek e temos curiosidade de ver se Hudson-Odoi, um dos destaques da pré-época, vai continuar a ter oportunidades.

Treinador: Maurizio Sarri
Onze-Base (4-3-3): Kepa; Azpilicueta, Rüdiger, David Luiz, M. Alonso; Jorginho, Kanté, Kovacic (Fàbregas, Barkley); Willian, Hazard, Morata

Atenção a: Eden Hazard, Jorginho, N'Golo Kanté, Willian, Kepa

 TOTTENHAM (4)

    Estabilidade. No campeonato dos milhões e dos recordes de transferências batidos amiúde, os spurs bateram este Verão o mais improvável e corajoso dos recordes: pela primeira vez em Inglaterra, uma equipa da Premier League não protagonizou uma única transferência. Não chegou ninguém a White Hart Lane, e não saiu ninguém. Se dúvidas havia que Daniel Levy e Mauricio Pochettino são seres especiais, estão dissipadas.
    Dos jogadores que pensámos que sairiam (Alderweireld, Rose, Dembélé, daí na nossa visão para este plantel no nosso Facebook termos identificado de Ligt, Tierney e Grealish como bons reforços), julgamos que apenas o médio belga pode ainda abandonar o barco. Possível também o Real Madrid tentar Eriksen até final de Agosto, craque que Levy não deve querer perder por nada. E o mais importante neste Tottenham é mesmo a ideia de continuidade: duvidamos que haja melhor reforço do que a renovação de Harry Kane.
    Com o regresso a casa (White Hart Lane renovado, agora chamado Tottenham Hotspur Stadium) in media res esta época, a equipa do Norte de Londres terá um significativo boost na moral. Como se a demonstração de confiança no actual quadro de jogadores não fosse suficiente... No Tottenham não há segredos. Os jogadores conhecem-se profundamente, com Pochettino o futebol é espectáculo, e por tudo isso é-nos muito difícil colocar os spurs, que nas últimas três épocas ficaram sempre em 3º ou 2º, fora do Top-4. Mas adivinhar este Top-5 é uma lotaria.
    O melhor marcador do Mundial 2018 e máximo goleador do ano civil de 2017, Harry Kane, promete continuar a facturar sem parar, pretendendo por certo recuperar a coroa que Salah lhe roubou, aproximando-se paulatinamente do recorde de Shearer em Inglaterra. Com os seus fiéis escudeiros Eriksen, Son e Alli, uma das melhores defesas do campeonato e jogadores que parecerão reforços como Lamela e Lucas, há razões para acreditar que tudo vai correr bem.

Treinador: Mauricio Pochettino
Onze-Base (4-2-3-1): Lloris; Trippier, D. Sánchez, Vertonghen, B. Davies; Dier, Wanyama; Eriksen, Alli, Son; Kane

Atenção a: Harry Kane, Christian Eriksen, Son Heung-Min, Dele Alli, Jan Vertonghen

 MANCHESTER UNITED (5)

    Temos saudades tuas, Mourinho. Do treinador esfomeado por títulos e sem medo de nada, aquele que revolucionou os padrões para a profissão entre Porto, Chelsea e Inter. Madrid traumatizou o técnico português, que cada vez menos parece o treinador certo para estar em Old Trafford. Ao contrário do City, do Liverpool e do Tottenham, e com o Chelsea entregue a Sarri tudo indica que irá acontecer o mesmo, o United não tem criado uma identidade de jogo. O Special One é um mestre no estudo do adversário mas para ganhar a Premier, e com a concorrência num nível muito alto e sem sinais de retrocesso, é preciso coragem. Porque olhar para este United é ver mais o receio de não ganhar (o 1-0 chega) do que o prazer de jogar à bola; é ver a procura de anular ideias dos outros privilegiada em relação à construção de ideias próprias.
    Nos últimos 3 anos, o Manchester United gastou mais de 400 milhões de euros e fez chegar ao clube jogadores como Pogba, Alexis Sánchez e Lukaku. Quem tem jogadores assim tem que jogar mais. Muito mais. É certo que o City gasta tanto ou mais, mas as contratações seguem um plano sustentado, os jogadores crescem e o futebol encanta os neutros. Voltando à realidade dos red devils, não é bom sinal quando pensamos que De Gea tem sido sistematicamente o melhor jogador do clube.
    Depois do 2º lugar da época passada, a 19 pontos do campeão e rival City, Mourinho precisa de se reinventar. Deixar as desculpas e tirar, como antigamente, o melhor de cada um dos seus soldados. Até porque Zidane está à espreita. A defesa não é a ideal (basta ver que qualquer um dos 4 centrais de Guardiola era titular aqui), mas também não é propriamente má. O meio-campo, agora com Matic, Fred e Pogba, impõe respeito. E no ataque espera-se muito mais de Alexis esta época, não tendo Lukaku a pressão do 1º ano. Mourinho precisa depois de mimar tanto Rashford (agora com a camisola 10) como Lingard e Martial, temos curiosidade de ver se Dalot (lateral-direito mais promissor do mundo) começa a entrar no onze já este ano, precisando Mourinho de usar o QI de Ander Herrera e Mata nos jogos certos, e acreditar em Shaw, Bailly ou Lindelöf.
    Temos muita dificuldade em colocar este United na luta pelo título, mas é certo que deverá andar entre o 2º e o 5º lugares. Porém, em Old Trafford, graças a um senhor chamado Sir Alex Ferguson, só se admite o primeiro posto.

Treinador: José Mourinho
Onze-Base (4-3-3): De Gea; Valencia, Bailly, Smalling, Shaw; Matic, Pogba, Fred; Rashford (Lingard), A. Sánchez, Lukaku

Atenção a: Alexis Sánchez, Romelu Lukaku, Paul Pogba, David De Gea, Nemanja Matic

 ARSENAL (6)

    Pela primeira vez desde 1996, o Arsenal arranca uma temporada sem ter Arsène Wenger no banco. Para substituir o mítico treinador francês, a Direcção dos gunners escolheu Unai Emery. Bom treinador, sem dúvida, um estudioso profundo e mestre em competições a eliminar, mas admitimos que esperávamos alguém com um perfil diferente. Mais impactante.
    Numa época que marca um novo ciclo, o Arsenal parte claramente abaixo das 5 equipas que colocamos acima. Aliás, se os pupilos de Emery perderem o comboio cedo, até achamos mais provável um deslize rumo ao 7º lugar do que uma presença no Top-4 (certamente o objectivo definido).
    A abordagem ao mercado foi satisfatória q.b., destacando-se sobretudo as aquisições de Bernd Leno e Lucas Torreira. O guarda-redes alemão é nesta fase claramente superior a Cech (um dos guardiões que marcou a última década) e o pequeno uruguaio é o tipo de médio que o clube não tinha: um poço de energia e raça, capaz de "limpar" o campo e asfixiar os médios ofensivos adversários, fazendo respirar os colegas. Guendouzi foi contratado para o futuro, Sokratis (previsível titular) e Lichtsteiner (previsível alternativa ao velocista Bellerín) contratados para aumentar as soluções na defesa.
    Numa leitura global, a defesa não está ao nível da concorrência, sendo dois os principais desafios para o treinador basco ex-PSG e Sevilha: encontrar forma de fazer coincidir no 11 Aubameyang e Lacazette, avançados que têm tudo para emparelhar bem, e conseguir épocas regulares por parte de Özil, Ramsey e Mkhitaryan. Três craques, um que podia ser um dos melhores do mundo e só não o é por preguiça ou falta de ambição, outro sistematicamente assaltado por lesões, e o último incapaz de se adaptar ao Manchester United, tendo agora pela primeira vez uma temporada desde o início em Londres (as indicações do arménio na segunda metade da época passada foram boas, sobretudo pela sintonia com Aubameyang, a trazer à memória os saudosos tempos de Dortmund).

Treinador: Unai Emery
Onze-Base (4-3-3): Leno; Bellerín, Mustafi (Koscielny), Sokratis, Monreal; Torreira, Ramsey, Özil; Mkhitaryan, Aubameyang, Lacazette

Atenção a: Pierre-Emerick Aubameyang, Mesut Özil, Alexandre Lacazette, Henrikh Mkhitaryan, Lucas Torreira

 EVERTON (7)

    Pela primeira vez Marco Silva tem um super-plantel. Desde que chegou a Inglaterra, este é o terceiro clube de MS. No Hull, encontrou uma equipa condenada à descida, mas falhou a manutenção por pouco, mudando as carreiras de Maguire (presente entretanto numas meias-finais de um Mundial) e Robertson (presente entretanto numa final da Champions). Abraçou como desafio o Watford, com um plantel bastante fraco, e quando rescindiu deixara a equipa tranquila, tendo-se agarrado a tudo o que Richarlison lhe dera, e feito Doucouré render como nunca. Agora, o Everton.
    No clube mais antigo da cidade de Liverpool, Marco Silva está obrigado a conseguir o 7º lugar, por força dos jogadores que tem à sua disposição. Uma intromissão no Top-6 será objectivo a médio-prazo, esperando-se que desta vez o português seja fiel, mantendo-se vários anos no mesmo projecto (só não acontecerá se um dos grandes emblemas ingleses o começar a sondar).
    Goodison Park vai ser esta temporada uma das casas do bom futebol. Tem que ser. Pickford, guarda-redes extremamente valorizado no Mundial 2018, terá à sua frente Mina e Keane ou Zouma, com a locomotiva Coleman à direita e Digne a disputar o corredor esquerdo com Baines. Idrissa Gana Gueye, incansável recuperador, é um dos primeiros nomes na ficha de jogo para qualquer treinador do Everton, interessando depois ver se Marco Silva consegue recuperar o deprimido André Gomes. Acreditamos que sim, voltando o português ao nível que exibiu no Valência.
    Fã do 4-3-3, Marco Silva deve apostar mais num 4-2-3-1 que dê liberdade a Sigurdsson (tão bem lhe fica o número 10 que era de Rooney) para se assumir como maestro. Os primeiros sinais reforçam a ideia que Richarlison vai explodir, e tendo Bernard, Bolasie, Lookman, Tom Davies, Schneiderlin, Sandro e Walcott, o treinador de 41 anos tem soluções para manter o 11 fresco e competitivo.

Treinador: Marco Silva
Onze-Base (4-2-3-1): Pickford; Coleman, Mina, Keane (Zouma), Digne (Baines); Gueye, André Gomes; Bernard (Bolasie, Walcott), Sigurdsson, Richarlison; Tosun

Atenção a: Richarlison, Gylfi Sigurdsson, Seamus Coleman, Jordan Pickford, André Gomes 


 WEST HAM (8)

    Há um ano apontámos o West Ham ao oitavo lugar. As aquisições de Arnautovic e Chicharito fizeram-nos acreditar que a época seria bastante positiva, mas tudo correu mal. O clube acabou no 13º lugar, embora tenha estado bastante tempo com a corda no pescoço. Bilic começou a temporada, Moyes substituiu-o e "descobriu" em Arnautovic um ponta de lança, mas para 18/ 19 o homem do leme dos hammers é Manuel Pellegrini. Vencedor da Premier League em 2013/ 14 com o City, passou também por Real Madrid, Málaga ou Villarreal. Desta vez, o West Ham tem treinador.
    Para além de garantir Pellegrini, os londrinos investiram de forma significativa neste Verão, ultrapassando a fasquia dos 100 milhões (só Liverpool, Chelsea, Leicester e Fulham gastaram mais). Fabianski é o novo número 1, Fredericks e sobretudo Wilshere foram excelentes negócios a custo zero, e a defesa foi reforçada com Balbuena e Diop. Mas o principal motivo de interesse deste West Ham é mesmo o trio de ataque em prespectiva - Yarmolenko, Felipe Anderson e Arnautovic. Os adversários que se cuidem se estes três se entenderem bem...

Treinador: Manuel Pellegrini
Onze-Base (4-3-3): Fabianski; Fredericks, Balbuena, Ogbonna, Cresswell (Masuaku); Noble, Wilshere, Obiang; Yarmolenko, Felipe Anderson, Arnautovic

Atenção a: Marko Arnautovic, Felipe Anderson, Andriy Yarmolenko, Jack Wilshere, Ryan Fredericks

 WOLVES (9)

    Do Championship imediatamante para o 9º lugar da Premier League. São bastante altas as expectativas que temos para a equipa mais portuguesa da BPL. Os 99 pontos no Championship em 2017/ 18 foram incríveis (não bateram, porém, os 106 do Reading em 2005/ 06) e o clube gerido por Steve Morgan e fortemente suportado por Jorge Mendes revela uma ambição ímpar: no espaço dos próximos sete anos querem vencer a Premier League!
    Nuno Espírito Santo, dono da barba mais imponente do campeonato, conta com muita juventude, e foi um dos vencedores do defeso com vários reforços que prometem acrescentar muita qualidade. Este plantel tem nível de Premier League, que ninguém duvide disso. Depois de 11 anos como titular do Sporting, Rui Patrício é o novo número 11 (o 1 de Ikeme foi retirado, guarda-redes a quem foi diagnosticada leucemia) e promete ser em Inglaterra tudo o que foi em Portugal. Num 3-4-3 cuja tendência será ficar mais apurado ao longo da época, Coady, Saiss, Boly e Dendoncker são 4 opções para 3 lugares. O belga de 23 anos entusiasma-nos particularmente, pela sua polivalência, podendo ser o Eric Dier deste conjunto. A menor intensidade do reforço João Moutinho será colmatada com a sua inteligência em campo muito acima da média, afirmando-se por certo como irmão mais velho e tutor para muitos dos miúdos lusitanos. Bem abertos, Doherty e Jonny (não teríamos vendido Barry Douglas) prometem épocas a todo o gás.
    A energia de Raúl Jiménez (marcou na estreia) deve chegar para que leve a melhor sobre Bonatini, e a chegada de Adama Traoré (absurda a sua qualidade no 1 para 1, faltando-lhe apenas melhorar em termos de objectividade rumo à baliza, aprendendo a decidir quando fazer o quê) obriga Hélder Costa e Ivan Cavaleiro a subirem o nível.
    O último parágrafo dedicamo-lo aos dois prodígios deste conjunto, dois jogadores que prometem encantar meio mundo e colocar os tubarões dispostos a assaltar um banco por eles. Diogo Jota promete ser um dos jovens destaques desta Premier League, talvez com um nº de golos acima do expectável para muitos adeptos, e sobre Rúben Neves começam a faltar palavras. O médio português, que connosco teria sido titular no Mundial como referimos antes do certame, tem tudo para se tornar um dos melhores médios do mundo. Livres directos, tiros do meio da rua e passes a rasgar que vamos querer rever 5 e 6 vezes.... Vai ser tudo isso, e provavelmente mais.

Treinador: Nuno Espírito Santo
Onze-Base (3-4-3): Rui Patrício; Coady (Saiss), Dendoncker, Boly; Doherty, João Moutinho, Rúben Neves, Jonny; Diogo Jota, Raúl, A. Traoré (Hélder Costa, Cavaleiro)

Atenção a: Rúben Neves, Diogo Jota, Raúl Jiménez, Leander Dendoncker, João Moutinho

 LEICESTER CITY (10)

    O campeão-fenómeno de 2015/ 16, numa época que parecia conto de fadas escrito por Walt Disney, é hoje uma das equipas que surge de forma recorrente como um dos principais candidatos ao pós-Top6.
    A base que viveu um dos títulos mais inesperados da História do futebol tem-se desfeito progressivamente, sobrevivendo como titulares indiscutíveis Schmeichel e Vardy. O filho de Peter mostrou no Mundial quão especial é, e Jamie Vardy deverá voltar a ser o melhor marcador do clube: foi nas últimas três temporadas com 24, 16 e 23 golos. Esta será a 3ª época desde que N'Golo Kanté, para sempre no coração dos adeptos, saiu. O pequeno médio francês já venceu desde a então outra Premier, com o Chelsea, e foi finalista do Euro-2016 e vencedor do Mundial-2018. Porém, esta será a primeira equipa dos foxes sem Mahrez. O craque argelino deu finalmente o salto, e é fortísismo candidato a amealhar mais uma Premier League no seu currículo.
    Com dois portugueses como possíveis titulares - Ricardo Pereira (reforço) e Adrien -, Claude Puel tem ao seu dispor um conjunto de jogadores que dão indicações que se jogará bom futebol no King Power Stadium. Esta deve ser a época em que Chilwell começa a desenhar-se em definitivo como sucessor de Fuchs, faltando perceber quem será o parceiro de Maguire (um dos melhores centrais do Mundial): o capitão Wes Morgan tem uma palavra a dizer, mas Jonny Evans pode formar uma dupla mais moderna, sem esquecer o reforço Söyüncü, que parece ter sido adquirido para ser o futuro Maguire.
    Ndidi é absolutamente indiscutível, bem como o eléctrico Vardy na frente, esperando-se muito mais de Iheanacho esta época. Ghezzal é uma espécie de "novo Mahrez", dentro do possível - confessamos que desejávamos ver Ziyech (Ajax) como substituto do novo jogador do Manchester City - mas com Demarai Gray, Diabaté e Albrighton na luta pelos lugares nos flancos a missão do ex-Mónaco não será fácil. Ainda assim, todos os caminhos esta época vão dar a James Maddison: o novo camisola 10 dos foxes é um dos talentos ingleses mais entusiasmantes da nova geração, e fechou o Championship ao serviço do Norwich com 14 golos e 8 assistências. Tem meia distância, uma brutal qualidade técnica, é exímio nas bolas paradas. Enfim... um craque que vale cada um dos 25 milhões que custou.

Treinador: Claude Puel
Onze-Base (4-2-3-1): Schmeichel; R. Pereira, Morgan (Evans), Maguire, Chilwell; Ndidi, Adrien; Iheanacho, Maddison, D. Gray (Ghezzal); Vardy

Atenção a: Jamie Vardy, James Maddison, Kelechi Iheanacho, Harry Maguire, Ricardo Pereira

 BURNLEY (11)

    Em 2017/ 18 o Burnley conseguiu um inédito sétimo lugar, feito absolutamente notável ao contar Sean Dyche com um plantel que deixava antever a descida, ou perto disso.
    Os 54 pontos conquistados são missão quase impossível de repetir, especialmente atendendo à subida de nível de vários concorrentes, mas nunca é demais relembrar aquilo que torna este Burnley especial: a equipa-sensação do último campeonato foi o 6º pior ataque em prova mas foi simultaneamente a 6ª melhor defesa (só Manchester City, Manchester United, Tottenham, Chelsea e Liverpool sofreram menos golos, tendo os dois últimos sofrido apenas mais 1 que os clarets). Os jogos do Burnley continuarão por certo a ser verdadeiras masterclasses de como defender: Tarkowski, Mee, Lowton e Ward, não desfazendo a importância dos médios nucleares no processo defensivo, mantiveram-se todos, com Joe Hart a ser contratado, aproveitando as lesões de Pope e Heaton, cada qual um super-destaque do Burnley nas últimas duas épocas, para assumir a baliza.
    A presença na Liga Europa (teoricamente o Olympiacos será o derradeiro adversário antes da fase de grupos) pode mudar bastante a gestão ao longo da época, mas o ADN deste Burnley está preservado. Ben Gibson foi a contratação mais cara, formando um quarteto de centrais forte com Tarkowski, Mee e Long; e Vydra foi o único reforço para o ataque, sector no qual acreditamos que Chris Wood suba de produção esta época. E a integração do lesionado Robbie Brady no decorrer da competição acabará por soar a reforço. Dyche sabe o que faz, por isso dificilmente este Burnley irá do céu ao inferno.

Treinador: Sean Dyche
Onze-Base (4-4-2): Hart; Lowton, Mee, Tarkowski, Ward; Lennon (Brady), Hendrick, Cork, Gudmundsson; Wood, Barnes (Vydra)

Atenção a: Chris Wood, James Tarkowski, Ben Mee, Robbie Brady, Jack Cork

 FULHAM (12)

    Recordes foram batidos. O Fulham fez aquilo que nunca ninguém fizera: pela primeira vez, uma equipa recém-promovida em Inglaterra gastou mais de 100 milhões de euros! Cento e nove, mais concretamente.
    Depois de garantida a promoção numa final de play-off emocionante em Wembley (assistência de Sessegnon e golo de Cairney) diante do Aston Villa, o Fulham não se coibiu na hora de gastar, neste regresso à piscina dos grandes. Todos os sectores foram reforçados, foram adquiridos alguns nomes de peso, e talvez mais importante do que tudo, Ryan Sessegnon continua no clube. O jovem extremo/ lateral de apenas 18 anos terminou o Championship com 15 golos e 6 assistências, tendo sido considerado o Jogador do Ano na prova.
    Jokanovic é bom treinador, e viu chegar Sergio Rico para a baliza, Chambers e Mawson para a defesa. À frente, a coisa começa a aquecer. Tom Cairney há muito demonstrava nível de Premier, mas melhor se apresentará ao contar com Seri (esteve com um pé no Barcelona há um ano atrás) e Anguissa (tremendo potencial, caso perceba rapidamente a Premier).
    No trio de ataque, Sessegnon terá a companhia de Mitrović, agora a título definitivo, e de Schürrle, emprestado pelo Dortmund. Mas há ainda Vietto. Tal como o Wolves, um projecto que promete.

Treinador: Slavisa Jokanovic
Onze-Base (4-3-3): Rico; Christie, Chambers, Mawson, Le Marchand; Anguissa, Seri, Cairney; Schürrle, Sessegnon, Mitrović

Atenção a: Ryan Sessegnon, Jean Michael Seri, Aleksandar Mitrović, André Schürrle, Tom Cairney

 CRYSTAL PALACE (13)

    Fizemos o nosso mea culpa no balanço final da temporada passada: Roy Hodgson surpreendeu-nos comandando o Crystal Palace numa recta final incrível. Os números não mentem: de 1 de Janeiro até ao apito final da temporada, o Palace foi a 6ª equipa com melhor desempenho. Sem palavras.
    Partindo do zero, há vários motivos para os eagles sonharem, e dependendo de alguns factores - ou não fosse a Premier League a competição mais imprevisível do planeta futebol - este Palace pode andar entre o 10º e o 15º lugares. Mas quando nos lembramos que o clube conseguiu segurar Wilfried Zaha só conseguimos pensar que a coisa vai correr bem. O extremo/ avançado costa-marfinense é um dos artistas do momento em Inglaterra, capaz de castigar adversários em situações de 1 para 1 com a sua velocidade, e mostrando de época para época melhor relação com o golo.
    De resto, um potencial meio-campo com Milivojevic, Kouyaté ou McArthur e Max Meyer (como é possível o talentoso alemão ter vindo parar aqui?) deixa antever algo de promissor, parecendo equilibrado, Wan-Bissaka é um projecto interessantíssimo de lateral, Townsend tem ganho objectividade e boa decisão, existindo ainda o gigante Sørloth para que Benteke não se encoste.

Treinador: Roy Hodgson
Onze-Base (4-3-3): Hennessey (Guaita); Wan-Bissaka, Tomkins, Sakho, van Aanholt; Milivojevic, Kouyaté, Meyer; Townsend, Zaha, Benteke (Sørloth)

Atenção a: Wilfried Zaha, Max Meyer, Andros Townsend, Aaron Wan-Bissaka, Patrick van Aanholt

 SOUTHAMPTON (14)

    Já passou. A temporada de 2017/ 18 representou um susto significativo para os saints, que terminaram o campeonato em 17º, com apenas mais 3 pontos do que os relegados Swansea e Stoke. Mark Hughes salvou a equipa, e também por isso mereceu voto de confiança, mas convém não esquecer a queda abrupta de um clube que há poucos anos almejava muito mais sob o comando de Pochettino e Koeman. Culpas no cartório para o Liverpool, que assaltou de forma crónica o Southampton - van Dijk, Mané, Clyne, Lovren, Lallana e Lambert - forçando reciclagem permanente.
    Desta vez, tudo leva a crer que os adeptos do Southampton sofram menos. Prevê-se uma época mais tranquila, mas ainda abaixo do registo alcançado entre 2014 e 2017 (8º, 7º, 6º e 8º). Fazendo-se valer do facto de contar com 5 bons centrais no clube (Vestergaard, Hoedt, Stephens, Yoshida e Bednarek) é compreensível que Hughes privilegie uma disposição com três centrais, algo que pode beneficiar os números de Bertrand e Cédric esta época. Romeu e Lemina garantem músculo e boa leitura, não desvalorizando o que pode acrescentar o reforço escocês Stuart Armstrong.
    Elyounoussi é o novo nome que mais nos entusiasma nestes saints, bem como o potencial de uma parceria entre Charlie Austin e Danny Ings na frente. Convenhamos, uma equipa que tem os dois avançados britânicos, Gabbiadini e Shane Long tem que marcar golos a sério.

Treinador: Mark Hughes
Onze-Base (3-4-1-2): McCarthy; Stephens, Vestergaard, Hoedt; Cédric, Romeu (Ward-Prowse), Lemina, Bertrand; Elyounoussi (Armstrong); Austin, Ings (Gabbiadini)

Atenção a: Moha Elyounoussi, Charlie Austin, Danny Ings, Mario Lemina, Jannik Vestergaard

 BRIGHTON (15)

    Depois do 15º lugar na última edição, apontamos o Brighton precisamente ao mesmo posto. Se olharmos para as três equipas que subiram na época passada (Newcastle, Brighton e Huddersfield), e deixando de fora a equipa de Rafa Benítez por se tratar de um clube muito mais habituado a este ecossistema, os caminhos de Brighton e Huddersfield têm sido semelhantes. Até aqui. Em 2017/ 18, o Brighton terminou apenas com mais 3 pontos do que os terriers, mas se por um lado o Huddersfield tem em David Wagner um treinador melhor (embora Hughton seja muito competente e mais certinho), a ambição e investimento do Brighton pode cavar diferenças desta vez.
    A uma boa base já existente - Matt Ryan foi um dos 6/ 7 melhores guarda-redes da última Premier, Dunk-Duffy é uma dupla de centrais sólida, e Groß um playmaker de excelência - o Brighton acrescentou reforços num valor total de quase 70 milhões. Destaque principal para o extremo-direito iraniano Alireza Jahanbakhsh (melhor marcador da última Eredivisie com 21 golos) e para o poderoso médio Yves Bissouma, alegadamente na lista de desejos do Porto.
    Tudo nesta equipa cheira a manutenção. Basta pensar que Andone, Murray e Hemed irão concorrer pelo lugar mais adiantado, e jogadores de qualidade como Pröpper, Knockaert (voltará ao nível que fez dele o melhor do Championship há dois anos?) e Solly March (pode dar super-jogador com o "click" certo) terão que fazer pela vida para terem um lugar no onze. Há qualidade defensiva, há golos, há Groß e há banco. Dificilmente haverá descida.

Treinador: Chris Hughton
Onze-Base (4-2-3-1): Ryan; Bruno, Dunk, Duffy, Bernardo, Stephens, Bissouma (Pröpper); Jahanbakhsh, Groß, Knockaert (March); Andone (Murray, Hemed)

Atenção a: Pascal Groß, Alireza Jahanbakhsh, Yves Bissouma, Matthew Ryan, Solly March

 BOURNEMOUTH (16)

    Fiável. Com Eddie Howe no comando desde 2012, numa viagem que já passou por três diferentes escalões, o Bournemouth tem cumprido sempre, oscilando pouco em termos de rendimento e mantendo uma base de jogadores que isoladamente até parecem deixar algo a desejar para este patamar competitivo, mas juntos formam uma equipa no verdadeiro sentido da palavra. Nos cherries não há egos, há uma filosofia seguida com rigor e, considerando que na Premier terminar com 40 pontos normalmente garante a manutenção, os 44 (17/ 18), 46 (16/ 17) e 42 pontos (15/ 16) conquistados nas últimas épocas traduzem a regularidade deste elenco. Como é que Howe ainda está no Bournemouth? Não conseguimos perceber...
    Mantendo Joshua King e Callum Wilson como principais armas ofensivas, o Bournemouth procurará que Lewis Cook dê sequência ao crescimento evidenciado na época passada, contando com a juventude e fome de Fraser, Ibe ou Brooks para fazer a diferença nos corredores. De recordar que o Bournemouth gastou 28 milhões (!) em Jefferson Lerma (bom reforço, mas questionável se não seria melhor dividir essa maquia por 2 ou 3 jogadores), encontrando em Diego Rico o futuro Daniels e apostando forte no jovem galês David Brooks. O miúdo oriundo do Sheffield United pode ser uma agradável surpresa.

Treinador: Eddie Howe
Onze-Base (4-4-2): Begovic; Adam Smith, Steve Cook, Aké, Diego Rico (Daniels); Brooks (Ibe), Lewis Cook (Gosling), Lerma, Fraser (Stanislas); Joshua King, Wilson

Atenção a: Joshua King, Lewis Cook, Ryan Fraser, Jefferson Lerma, Nathan Aké

 WATFORD (17)

    Uma das equipas mais "inglesas" da Premier League é curiosamente treinada por um espanhol. Javi Gracia chegou a terras de Sua Majestade na temporada passada, depois de Marco Silva ter rescindido com o clube, aproveitando o embalo inicial que a equipa teve com o português (veja-se, por exemplo, os números de Richarlison com Marco Silva e com Javi Gracia, e mesmo a diferença no rendimento global de Doucouré), sem acrescentar grande coisa. A Direcção confiou no técnico que passou pelo Málaga, Rubin Kazan ou Osasuna, e esta época prevê-se bastante difícil, não ajudando por certo a facilidade com que o Watford despede treinadores (de 2014 para cá, Javi é o oitavo), hipotecando qualquer ideia de estabilidade.
    Afirmamos que o Watford - equipa que deve salvar-se no limite ou descer - é uma equipa que preserva a velha tradição inglesa essencialmente por três razões. A parceria Deeney-Gray na frente, o carácter muito limitado dos centrais na participação na construção, e o meio-campo possante. Numa Liga tão heterogénea e multicultural, fascinante por isso mesmo, o Burnley é certamente a equipa que mais segue o ADN inglês, o que não impediu a equipa de Sean Dyche de ser a sensação de 2017/ 18.
    Durante o Verão o Watford não mexeu muito, aproveitando a descida do WBA para resgatar Ben Foster (claro upgrade na baliza), garantindo Deulofeu em definitivo e acreditando no jovem português Domingos Quina (veremos quantos minutos terá). Pereyra é craque, e de resto a tendência ao longo da época, num plantel que conta com Doucouré, Capoue, Cleverley, Chalobah e Will Hughes, poderá ser perder a estrutura com 2 avançados no decorrer de 2018/ 19.

Treinador: Javi Gracia
Onze-Base (4-4-2): Foster; Janmaat, Kabasele, Cathcart, Holebas; Deulofeu (Will Hughes), Capoue, Doucouré, Pereyra; Andre Gray, Deeney

Atenção a: Roberto Pereyra, Andre Gray, Gerard Deulofeu, Abdoulaye Doucouré, Ben Foster

 NEWCASTLE (18)

    Belo desafio que Rafa Benítez tem pela frente. O histórico emblema do futebol inglês, morador do emblemático St. James Park, foi uma das desilusões do defeso. Rafa pediu reforços, e os que chegaram (Schär, Fede Fernández, Ki, Muto e Rondón, renovando o empréstimo de Kenedy) estão longe de suprir as lacunas existentes no plantel. Equipas que lutarão pelos mesmos lugares, ou que até estariam em teoria destinadas a lugares inferiores, reforçaram-se com elementos como Jahanbakhsh, Elyounoussi ou Max Meyer, sem esquecer o brutal e ambicioso mercado de transferências de Wolves e Fulham, e a fuga para outro nível de Everton e West Ham. Arriscamos, por tudo isto, dizer que o Newcastle será uma das equipas mais activas no defeso de Janeiro.
    Depois do 10º lugar na época passada, fruto de uma excelente segunda volta - de Janeiro até ao final da época os magpies foram a 7ª equipa com melhor desempenho, pontuando tanto como Chelsea e Arsenal nesse período - há motivos para preocupação no Norte do país.
    Muita coisa pode mudar entretanto, mas a lógica aponta o Newcastle ao lote de equipas que irão lutar até perto do fim para não descer. Mas há, como quase sempre, esperança: Lascelles e Schär podem formar uma boa dupla, Ritchie, Kenedy e Ayoze (temos expectativas para que eleve finalmente o seu jogo para outro patamar) são jogadores capazes de mudar o rumo de um jogo, e se na baliza Dubravka (o guarda-redes que na época passada um dos adjuntos de Benítez afirmava que podia ter feito carreira como extremo!) dá garantias, junto às balizas adversárias temos algumas dúvidas quanto ao rendimento de Rondón, Joselu e Muto. O ideal seria um pegar de estaca, mas o mais natural será Rafa promover alguma rotação em busca do 9 perfeito para ligar com a restante equipa.

Treinador: Rafa Benítez
Onze-Base (4-4-2): Dubravka; Yedlin, Lascelles, Schär, Dummett; Ritchie, Shelvey, Diamé (Ki), Kenedy; Ayoze, Rondón (Joselu, Muto)

Atenção a: Ayoze, Matt Ritchie, Jamaal Lascelles, Kenedy, Martin Dubravka

 HUDDERSFIELD (19)

    A manutenção conseguida pelo amigo de Klopp, David Wagner, em 2017/ 18 (16º lugar) foi um pequeno milagre, valendo o desnorte e queda - em certa medida anunciada pelo progressivo aproximar da linha de água nas temporadas anteriores - de clubes com vários anos de Premier League como Stoke, WBA e Swansea. Será que teremos dois milagres consecutivos? Dificilmente.
    Trabalhado para se apresentar num 5-3-2, é natural que o Huddersfield procure ao longo da época outras soluções que dêem mais prazer aos jogadores e aos adeptos. O actual modelo faz-se valer do trio Billing-Hogg-Mooy no meio-campo, colocando junto do pinheiro na frente (preferimos Mounié a Depoitre) um elemento desconcertante e criativo, como o reforço Diakhaby ou Pritchard. Numa equipa tímida a nível de reportório técnico ou, à Jorge Jesus, nota artística, Aaron Mooy é um caso à parte. O australiano sobressaiu em todos os jogos do Mundial, tendo pela frente França, Dinamarca e Peru, e só não é hoje em dia outro jogador por 1) ter chegado tarde ao futebol europeu e 2) não actuar num clube onde se faça rodear por jogadores que falem a sua linguagem futebolística.

Treinador: David Wagner
Onze-Base (5-3-2): Lössl; Hadergjonaj, Zanka, Schindler, Kongolo, Löwe; Hogg, Billing, Mooy; Diakhaby, Mounié (Depoitre)  

Atenção a: Aaron Mooy, Adama Diakhaby, Philip Billing, Steve Mounié, Terence Kongolo

 CARDIFF (20)

    Entre as três equipas que subiram (Wolves, Cardiff e Fulham), a equipa do País de Gales é a única que colocamos em zona de descida. Tendo já à partida o plantel mais fraco e menos preparado para o nível Premier dos 3 recém-promovidos, o Cardiff (o Swansea desceu, mas o país de Gareth Bale continua representado no primeiro escalão) gastou 30 milhões em reforços. Para se ter uma noção, o Fulham gastou 109 e o Wolves 72.
    O experiente Neil Warnock (69 anos) comanda uma equipa que quando chegou à Premier League (2013/ 14) desceu logo nessa época. Os galeses defendem melhor do que atacam, têm um começo de campeonato complicado (entre as jornadas 4 e 10 enfrentam Arsenal, Chelsea, City, Tottenham e Liverpool) e na hora de rematar à baliza não têm nenhum goleador de créditos firmados. Na temporada passada Junior Hoilett foi o melhor marcador com apenas 11 golos, Zohorè (a alternativa a 9 é Danny Ward) é um ponta de lança trabalhador mas longe de ser uma máquina de facturar, factores que aumentam a importância da contratação de Bobby Reid. O camisola 14, contratado ao Bristol City onde foi o 4º melhor marcador do Championship (19 golos, mais do que Diogo Jota ou Sessegnon, por exemplo), tem as características certas para agitar a Premier League, devendo à partida jogar atrás da referência ofensiva.
    Numa defesa entrosada mas limitada, o patrão Sean Morrison (pode fazer a diferença na frente com o seu 1,94m) promete destacar-se, esperando-se depois a competência de médios de alta rotação como Ralls, Arter ou Gunnarsson, e elementos como Josh Murphy ou Hoilett como principais criadores de desequilíbrios.

Treinador: Neil Warnock
Onze-Base (4-2-3-1): Etheridge; Peltier, Bamba, Morrison, Bennett; Ralls, Arter (Gunnarsson); Murphy (Mendez-Laing), Bobby Reid, Hoilett; Zohorè

Atenção a: Bobby Reid, Sean Morrison, Junior Hoilett, Harry Arter, Josh Murphy



por Miguel Pontares e Tiago Moreira

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