2 de janeiro de 2017

Balanço Premier League 16/ 17

Acabou o conto de fadas, e o capítulo seguinte trouxe o regresso à normalidade, a guerra pelo trono entre as famílias com mais nome e melhores guerreiros. E o Leicester, bem, o Leicester terá sempre 2015/ 16. E nós também.
    Chegou ao fim a primeira volta da Premier League, apimentada desde o início pela chegada de Guardiola e Mourinho à mesma cidade, e o Chelsea segue isolado com 6 pontos a mais do que o 2.º classificado (Liverpool). Na Liga mais equilibrada e entusiasmante do planeta, tem havido surpresas e desilusões como todos os anos, mas se há 1 ano atrás o Leicester já tinha operado meio milagre, desta vez há um quase-recorde em vias de acontecer: o Chelsea de Antonio Conte pode igualar, caso vença o primeiro jogo da segunda volta, a maior sequência de vitórias (14). Um recorde que pertence actualmente ao Arsenal.
    De um modo geral, a tabela fica marcada pelo registo avassalador do Chelsea de Conte, revolucionado pelo italiano depois da derrota por 3-0 com o Arsenal, passando a actuar num 3-4-3 rapidamente assimilado por todos os jogadores. De resto, é difícil que alguma equipa se consiga intrometer no luxuoso Top-6, podendo-se destacar o West Bromwich, o Bournemouth e o Burnley como os principais overachievers da competição até à data; em sentido inverso, West Ham e Leicester City (o campeão, agora 15.º classificado) têm desiludido, embora tenham ambos condições de terminar o campeonato vários lugares acima.
    Numa Liga muito exigente, apenas Swansea e Crystal Palace mudaram de treinador no decorrer da época. Os swans começaram a temporada com Guidolin, entretanto foi contratado o norte-americano Bob Bradley para o substituir, mas também o ex-seleccionador dos EUA já fez as malas, faltando conhecer o seu sucessor; no Crystal Palace, Pardew deu o lugar a Allardyce.
    Com a fórmula perfeita do Chelsea a ser encontrada e trabalhada a partir da jornada 7, o colectivo dos blues tem sido o principal destaque, com cada elemento a mostrar-se perfeito para o papel, comprometido com os objectivos. Ainda assim, Diego Costa emerge como a principal figura destas 19 jornadas, tendo trocado de papéis com Agüero (Kun virou vilão, tendo falhado vários jogos por suspensão, e Costa segue isolado na lista de melhores marcadores). Alexis Sánchez, Hazard, Ibrahimovic e Coutinho (até se lesionar na jornada 13) deixaram também uma marca indiscutível nesta edição; para não falar de Kanté que, seja no Leicester ou no Chelsea, só sabe ser líder.

    Como sempre temos feito, esta é uma breve análise a meio da aventura, muito menos detalhada do que aquela que faremos quando as 38 jornadas tiverem terminado.

Algumas ideias/ notas:

- 13 vitórias consecutivas: até quando se prolongarará o impressionante registo do Chelsea (100% vitorioso da jornada 7 à 19)? Os blues jogam como campeões, defendem com rigor, e têm em Antonio Conte aquele que é para já o Melhor Treinador desta Premier League 16/ 17, num campeonato que tem Guardiola, Klopp, Mourinho, Pochettino e outros nomes de peso. É dificílimo jogar contra este Chelsea, equipa que alcançou uma harmonia futebolística e uma sintonia raras, conjugadas com um eixo central coeso. Esta equipa, autêntico canivete-suiço, terá nas próximas 5 jornadas jogos contra Tottenham (fora), Leicester (fora), Liverpool (fora) e Arsenal (casa). À jornada 24 saberemos se a Premier está relançada, ou se vai ser Chelsea até ao fim;

- A ausência de Europa tem um peso determinante, ajudando Chelsea e Liverpool (ausentes da Champions e Liga Europa) a cimentar as duas primeiras posições. Juntar o menor desgaste ao maior tempo para preparar cada fim-de-semana faz diferença. No que sobra da época, o Arsenal não deve ir longe na Champions, o City tem obrigação de alcançar pelo menos os quartos, e veremos como Manchester United e Tottenham encaram a fase a eliminar da Liga Europa;

- Guardiola está fora do Top-4. Não apostamos que assim seja na classificação final, mas não deixa de ser surpreendente. Pep está a enfrentar o seu maior desafio da carreira, e o caminho para o sucesso deve passar por melhorar a defesa (as equipas de Guardiola são aclamadas pelo que atacam e pelo seu processo com bola, mas costumam sofrer poucos golos, algo que não se tem verificado neste City);

- Esperava-se mais dos rivais de Manchester, bem como do West Ham (meritória, no entanto, a confiança dada pela Direcção dos hammers a Bilic) e do campeão Leicester City. Para fugirem à luta pela manutenção, os foxes têm que começar a pontuar fora (apenas 2 pts em 27 possíveis). A equipa de Ranieri será uma das lesadas pela CAN, perdendo Mahrez e Slimani para uma competição que levará também jogadores influentes como Mané, Zaha, Gueye, Kouyaté e elementos menos constantes como Bailly, Ayew, Feghouli, Bony, Gradel, Elmohamady, Amartey, Adama Traoré, Koné, Ndong e Amrabat.

- Nesta fase, o Chelsea é o grande favorito ao título. Mas é absolutamente impossível prever a ordem do Top-6: aos blues juntam-se Liverpool, Arsenal, Tottenham, Manchester City e Manchester United numa guerra para a qual só há 4 cadeiras. O Tottenham está a carburar o seu futebol ofensivo e ritmado e o United começa a dar sinais de melhorias (5 vitórias consecutivas), o Arsenal tem bom calendário a curto-prazo, contrariamente a Chelsea e Liverpool;

- Se tem havido algumas desilusões como já mencionámos, por outro lado devem-se destacar as Equipas-Sensação desta edição: West Brom, Bournemouth e Burnley completam uma volta em 8.º, 10.º e 11.º, superando expectativas. Curioso o percurso do Burnley, pior equipa fora de portas (apenas 1 ponto) mas com 22 pontos conquistados em casa, perdendo nesse capítulo apenas para o Top-4;

- O Liverpool, intenso e dinâmico como qualquer equipa de Jürgen Klopp, é o melhor ataque da prova (46 golos), enquanto que o Chelsea é a melhor defesa (13 golos sofridos, menos 1 do que o Tottenham). Em vinte equipas, apenas os 8 primeiros classificados têm uma diferença de golos positiva;

- Continuando nas estatísticas, o Tottenham é a equipa que mais remata, o Manchester City a que tem maior % de posse de bola, enquanto que as três equipas que apostam mais no jogo aéreo, ganhando com isso muitos duelos são Crystal Palace, Burnley e Stoke;

- Diego Costa (14 golos) é líder dos melhores marcadores, com Ibrahimovic e Alexis Sánchez logo depois. Nas assistências, Kevin De Bruyne já contabiliza 11 (Sánchez, Zaha e Payet têm 8);

- No início da época apontámos Swansea, Burnley e Hull City aos três últimos lugares. Diz a lógica que os 3 despromovidos saiam do seguinte lote: Swansea, Hull, Sunderland, Crystal Palace e Burnley. Acreditamos que o Leicester subirá na tabela, o Middlesbrough de Karanka defende suficientemente bem para não cair na cauda da tabela, e o Burnley ainda tem tempo para cair alguns lugares. Já é sabida a crónica tendência do Sunderland, e veremos que efeito tem a chegada de Allardyce ao comando do Palace;

O que mudará o defeso de Janeiro? A tendência dos últimos anos tem sido o mercado de Inverno transformar principalmente os últimos classificados, que compram numa desesperada tentativa de se salvarem. A CAN deve levar Leicester e Liverpool a atacarem o mercado, e veremos se Mourinho e Guardiola juntam novos nomes às suas defesas. Não podemos excluir o "efeito China" nas entradas e saídas que decorrerão até ao final do mês em terras de Sua Majestade.


- No nosso plantel abaixo apresentado, composto por 23 elementos, Zaha, Alli, Phillips, Lukaku, Kane, Rose, Moses, Capoue e De Gea quase entraram nas contas. Quando comparado com o plantel edificado no final da primeira volta de 2015/ 16, só 4 jogadores (Alexis Sánchez, Koscielny, Kanté e Coutinho) continuam entre as escolhas.

O melhor "plantel" da Barclays Premier League 2016/ 17 até agora

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