28 de junho de 2015

Crítica: Mad Max - Fury Road

A CAMINHO DOS ÓSCARES 2016
Realizador: George Miller
Argumento: George Miller, Brendan McCarthy, Nick Lathouris
Elenco: Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult, Hugh Keays-Byrne, Zoë Kravitz, Riley Keough
Classificação IMDb: 8.1 | Metascore: 90 | RottenTomatoes: 97%
Classificação Barba Por Fazer: 80


Uma injecção de adrenalina.
Podia definir-se assim a nova criação de George Miller, sucesso junto do grande público e da crítica especializada. As aventuras de Max Rockatansky começaram em 1979, tendo prosseguido em 1981 e 1985, nos três casos com Mel Gibson como porta-estandarte do projecto. Passados trinta anos, Mad Max regressa, com mais força e capacidade para reiniciar o franchise. O rejuvenescimento da criação original de George Miller e Byron Kennedy passou pela aposta em Tom Hardy, mas a isso chegaremos no seu devido tempo.
    'Mad' Max Rockatansy (Tom Hardy) encontra-se, como nas ocasiões anteriores, num mundo pós-apocalíptico, numa distopia em tudo o que a caracteriza - o totalitarismo e controlo da sociedade, neste caso por Immortan Joe, o clima de violência e pessimismo, pobreza e ignorância colectiva. Max, num mundo que entrou em colapso depois de uma guerra nuclear, tem por objectivo primário a sua sobrevivência individual, mas vê-se envolvido - depois de capturado pelos war boys e de servir de dador de sangue para Nux - numa fuga orquestrada por Furiosa.
    'Mad Max: Fury Road' é indiscutivelmente um dos filmes graficamente mais apelativos dos últimos anos. É, primeiro que tudo, um regresso a uma identidade em termos de realização que se perdeu um pouco mas que marcou os anos 70 e 80 graças a realizadores pioneiros como George Lucas, Spielberg, Ridley Scott ou mesmo George Miller. Um ADN que todos esperamos ver reflectido na nova geração 'Star Wars', certamente.
    A banda sonora contagiante, obra de Junkie XL, é outro dos factores que reforça esta história de sobrevivência, vingança e solidão, conjugando-se com as cores fortes que nos enchem o olho. A história, essa, é que talvez pudesse ter mais sumo para acompanhar uma viagem excitante e que ganha claramente ao ser vista no Cinema (faz diferença, neste caso), numa perseguição/ fuga em que há poucas curvas e contra-curvas, e muita estrada para seguir em frente, pisando o acelerador com força e enchendo o depósito de gasolina de um modo.. diferente, mas criativo.
    Furiosa, a personagem de Charlize Theron, é de forma indiscutível um dos pontos-chave do filme. Não é a cabeça do projecto mas é a alma do filme, aquela que desencadeia toda a sequência de eventos. Já considerada um símbolo do feminismo - e este Mad Max é inequivocamente a procura de condições de igualdade (de género e não só) e a emancipação estrada fora - Furiosa é aquele tipo de personagem feminina dominante, apelativa a vários níveis: o seu foco, a procura de justiça e de melhores condições, o facto de não ter um braço, o cabelo curto e a beleza da actriz. Uma mixórdia que resulta quase na perfeição, não fosse o olhar demasiado sôfrego correr o risco de se tornar banal ao longo do filme, embora tenha o seu ponto alto num grito para os céus, de joelhos assentes num deserto infinito. E sim, não nos podemos esquecer de acrescentar que Furiosa está a resgatar as 5 mulheres de Immortan Joe - 2 modelos da Victoria Secret, a filha de Lenny Kravitz, a neta de Elvis Presley e uma novata australiana.
    Já sobre Tom Hardy há pouco a dizer. O actor britânico já demonstrou conseguir adaptar-se a diferentes géneros e o seu low profile embora sempre intenso poderá manter o franchise num patamar bem acima do que Mel Gibson fez anteriormente. Sem querer, acabamos por fazer algumas comparações com o universo de 'The Dark Knight Rises', quer por Hardy passar o início do filme com uma máscara que nos transporta para Bane, quer pelo plano final em que a plataforma sobe e os créditos surgem, idêntico ao final do terceiro e último filme da trilogia a cargo de Christopher Nolan.
    Tudo somado, fica a sensação de que falta algo a este 'Mad Max: Fury Road' - entretenimento a mil à hora, e um passo que não se previa na carreira do realizador George Miller, depois de nos últimos anos nos ter dado 'Babe' ou 'Happy Feet'. O próximo 'Mad Max: Wasteland' já está confirmado, e não será difícil preencher o elenco com novos elementos de peso.
    Tendo abordado os protagonistas Max e Furiosa, é impossível e criminoso falar deste 'Mad Max' sem referir a sua melhor personagem - Nux, interpretado por Nicholas Hoult. É o espelho perfeito do que é o filme e a distopia de George Miller, e o melhor é tributá-lo citando-o neste encerro:

Oh, what a day... What a lovely day.

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