30 de maio de 2012

Rock in Rio 2012: Dia 25

Rock in Rio 2012: Dia 25
    Conta a lenda que estiveram 42 mil pessoas para ouvir uns arrotos, alguns falsetes e os senhores do metal. Não vamos afirmar que toda a gente estava pelos Metallica. Contudo, é impossível negar que a grande maioria estava para ver esta banda que conseguiu tornar o metal em algo mais mainstream.

    As bandas que actuaram neste dia estão muito longe do nosso agrado. Contudo, nutrimos algum respeito pelos Metallica. Quanto aos outros... apesar de sermos bastante eclécticos, não gostamos da cena.

    Os Sepultura abriram as hostes. E quando lá em cima falámos em arrotos, era a eles que nos referíamos. Não nos levem a mal... Mas nós tínhamos um amigo que arrotava à bruta de uma forma bastante parecida à do canto do vocalista da banda brasileira. Os brasileiros actuaram em conjunto com os Tambours du Bronx. E estes franceses são peritos em tocar... tambor, lá está. Provavelmente tambores comprados ou originários... do Bronx, lá está. Cheira-nos que podem vir daí. Perguntamos a nós próprios se faz sentido e respondemos que sim. Portanto, foi um concerto que envolveu guitarras, baixos, arrotos e tambores. Ficámos mais impressionados com os franceses do que com os brasileiros, confessamos. Da próxima vez vêm só os franceses e os brazucas ficam em terras cariocas. Normalmente, brasileiro que é brasileiro (tirando a Ivete Sangalo) actua no palco Sunset do Rock in Rio. Mas os Sepultura não, porque são "metálicos" o que, a nosso ver, não combina com o facto de serem brasileiros. Automaticamente imaginamos os elementos da banda, vestidos de negro, arrotando à medida que dançam o seu samba. Não conjuga.

Um Viking muito espantado
    Seguiram-se os norte-americanos Mastodon. E olhando para eles, só podemos interpretar que são vikings que se adaptaram ao mundo actual. São mesmo... Não há outra interpretação possível. O que vimos foi uma banda que sabia usar o enorme espaço do Palco Mundo. Embora não tenhamos propriamente gostado do que produziam musicalmente, admitimos que tocaram muito bem. Tecnicamente foram muito bons. E, apesar de não terem interagido quase nada com o público, estes estarão gratos pela sua actuação. Pelo menos abanavam suas cabeças e longos cabelos para trás e para a frente como que dizendo "Eia, muita bem! Muita bem! Estou a curtir bué!". E também se os Mastodon perguntassem se o público queria ouvir mais, a movimentação das cabeças metaleiras do público seria em jeito de afirmação certamente. A forma como os metaleiros sentem a música intriga-nos. Primeiro dá sempre a ideia de que eles, nos seus desejos mais recônditos, queriam ser uma gaja que sai duma mota, tira o capacete e faz o seu cabelo esvoaçar. Depois, achamos que o mais provável é que eles sejam muita bons a jogar à cabra cega. Considerando a forma como aguentam tanta movimentação na cabeça, se os rodarmos umas 10 voltas, para eles não é nada.

O Metal é coisa doutro planeta
    O sol pôs-se e Amy Lee saiu de sua toca. A primeira coisa que reparámos foi que a cantora já esteve mais magra. Aquele "Bring me to life" podia muito bem ser agora um "Bring me more food". Em alguns momentos parecia a irmã de Cristiano Ronaldo mas com feições femininas. A banda de Amy Lee não esteve a altura do público e só conseguiu cativar com alguns temas antigos. Foi uma actuação mediana. Não foi má porque Amy não sabe cantar mal e ela é que praticamente carrega os Evanescense às costas. Cantou, cantou, cantou até que se despediu e disse que também estava ansiosa para ver o concerto dos Metallica. Afinal, não era só o público que os esperava. Não nos podemos esquecer que, para um metaleiro, a Amy Lee e a vocalista dos Whitin Temptation são o expoente da sensualidade que uma mulher pode atingir.

    E pronto, a loucura começava com a entrada dos Metallica. Todos saltavam e cantavam com todos os pulmões que nem grandes malucos. A verdade é que a plateia só chegou às 42 mil pessoas... A banda norte-americana tem vindo cá, comparativamente com a maioria das bandas internacionais, regularmente. E a verdade é que os fãs sentiam que os espectáculos podiam ser melhores, daí alguma relutância em ir a este. Para pagarem no máximo 61 euros por um espectáculo que já viram e que quase sempre não lhes encheu as medidas, mais vale verem em casa. Concordamos com esta posição. Mas o que é certo é que os Metallica assumiram uma posição para com os fãs que não compareceram de "Espera aí que já te lixas!" e decidiram tocar praticamente tudo o que o povo queria e muito bem! Calculamos que muitos estiveram atentos à Sic Radical a derramar lágrimas e quiçá um pouco de muco. Alguns pulsos cortados e muitas cabeçadas na parede, conta-se ainda que vários metaleiros caseiros acabaram mesmo por simular moches em suas camas com seus peluches. Sim, todo o metaleiro tem um peluche. É senso comum, achamos. Normalmente um urso de peluche. Ou, como se dizia nos jogos Sims, um urso de pelúcia.
    Nós cá não sabemos quais são as músicas mais "cena" dos fãs de Metallica. Pessoalmente, gostamos bastante da "One", "Nothing Else Matters", "Fade to Black" e "The Unforgiven". Tirando a "Fade to Black" que não tocaram, o que é certo é que tocaram as outras 3.
    A banda acabou o espectáculo inevitavelmente sob um grande sentimento de euforia e numa chuva de aplausos. James Hetfield estava visivelmente emocionado e soltou mesmo um «Metallica loves you, Lisboa» - o que leva sempre o público à loucura. Também, considerando o dinheiro que Portugal dá aos Metallica, não admira que nos amem.
   Emocionado estava também um fã dos Metallica que pediu a bebida do baterista Lars. E o que é que o Lars fez? Dar a bebida não é nada metal. O que é que é ser metal, conta lá Lars. Ser metal é pedir ao rapaz que abrisse a boca para que ele do palco cuspisse bebida para a boca do fã. E não é que o garoto abriu mesmo? Lars foi cuspindo sua bebida para a cara do eufórico fã até que lhe deu a bebida. Ou Lars entende que os copos são caros ou então entende que, para que um fã mereça o seu drink, tem que fazer por isso. Como? Coleccionado líquido proveniente da boca do Lars. Pepsi que é Pepsi só é boa depois de degustada pelo Lars, toda a gente sabe isso. A produção fez um plano do moço "sortudo" que estava com cara de: «Eia man, o baterista dos Metallica cuspiu-me na cara... É o melhor momento da minha vida... Deus existe! Deus existe, porra!!» - pelo menos foi o que nós decifrámos de sua expressão facial comovida. (Todo este momento estará representado na banda desenhada no final da crónica)
    Mas Lars continuou seu caminho para distribuir as suas baquetas. Entregou gentilmente? Entregou. Mas primeiro brincou com os humanos como se fossem cães fazendo com que eles saltassem para apanhar a baqueta. Porém, quando os humanos chegavam perto da baqueta com suas pequenas mãos, Lars levantava sua baqueta. Nós costumamos fazer isso com paus e cães. É mais a nossa cena. Ainda houve também o elemento dos Metallica que é um indígena, mas sobre ele não falaremos porque não queremos problemas com os apaches e o tempo está bom como está, solinho, sem precisarmos que alguém ande para aí a fazer danças da chuva com penas na cabeça.

    E assim acabou o dia metaleiro... em grande. Cheio de explosões e cenas... Certamente que foi um dia bastante agradável para as 42 mil pessoas presentes e um dia de recriminação para os que ficaram em casa e gostam da banda de James e companhia. Um dia em que Heavy foi a Amy Lee e em que o Metal ganhou um novo ícone - Lars, o super cuspos.


   MP. TM.

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