11 de maio de 2012

Fobia a Cabeleireiros

Tenho a comunicar que não morremos. Parece-me pertinente, visto que nada dizemos (sem ser sob a forma de tops de música) desde que o Benfica empatou com o Rio Ave e oficializou o título do Porto. Talvez tenha sido um luto. A verdade é que nestes últimos dias não houve acontecimentos chocantes. Reparei que o Falcao venceu o Athletic Bilbao na final da Liga Europa mas o acontecimento mais marcante a nível nacional terá sido o dia do Trabalhador que se tornou dia do “Comprador” no Pingo do Doce. Lamentavelmente, nem eu nem TM estivemos presentes nessa azáfama que se viveu em cada um dos estabelecimentos do senhor Jerónimo. Aliás, o boca-a-boca que fez a campanha do desconto de 50% em compras acima de 100€ não chegou a nós.
    Inocentes, desnaturados e a tentar ser saudáveis, passámos o dia do trabalhador a jogar futebol. Quando estava a regressar para casa, um carro abordou-me no centro de Lisboa. Dentro do carro, 6 indianos. Como não percebi bem o que diziam, aproximei-me, só naquela de “6 indianos não me vão raptar, acho eu”. O indiano pai virou-se para mim e perguntou com um ligeiro desespero “Onde é o Pingo Doce?”. Eu até sabia onde era o Pingo Doce mais próximo, mas a preguiça de lhe dar as indicações fez-me dizer “O Pingo Doce... ahhhh… Não sei bem”. Desculpa indiano, menti-te. Depois o pai de todos os indianos perguntou-me “Não és de cá?” e eu pensei “Se calhar vocês é que não são de cá, digo eu…” mas optei por ficar calado e não ser xenófobo.
    E isto foi o mais perto que eu tive do acontecimento Pingo Doce no dia 1 de Maio, no qual ao chegar a casa 3 em cada 5 pessoas no Facebook falavam ou partilhavam coisas dos supermercados do Jerónimo. Não me vou pronunciar sobre isso, foi algo que me passou quase ao lado, só me deixou arreliado quando fui a um Pingo Doce a que vou de vez em quando no dia 2 de Maio e não havia as minhas bolachas (que nunca ninguém compra) só porque na véspera toda a gente queria chegar aos 100€ em compras.

Falar do Pingo Doce era capaz de se tornar repetitivo e ainda por cima o Ricardo Araújo Pereira fez questão de na sua “Mixórdia de Temáticas” colocar a fasquia inatingível, portanto vou falar duma coisa que não tem nada a ver – cabeleireiros.

Há pessoas com medo do escuro. Outras com medo de aranhas, outras de cobras, outras de palhaços. Eu, tenho medo de cabeleireiros. Lá em cima, quando podem ver os “bonecos” que nos representam, eu sou o que tem cabelo. Não, TM não é calvo. Apenas opta por manter o seu cabelo resvés à cabeça. Eu cá só faço isso no Verão. No entanto, durante o resto do ano e porque não gosto de dar uma de Rapunzel, vejo-me obrigado a cortar o cabelo. Pessoalmente, só confio em quem me corta o cabelo quando me rapam o cabelo, porque com jeitinho um gato também o conseguia fazer. Tudo o resto, desconfio sempre de quem me mete as mãos na juba.

As cabeleireiras têm um modus operandi curioso. Nós chegamos e nunca estão logo prontas para nós. Quando finalmente chega a nossa vez, lavam-nos o cabelo. E se há coisa em que lhes atribuo mérito é a lavar cabeças. Têm jeito. Mas elas não ficam por aí, elas têm que cortar. E afinal de contas, é para isso que vamos lá. As 2 últimas vezes que cortei o cabelo não correram bem. Na primeira, a mulher perguntou-me como é que queria cortar. E eu lá tentei entrar no mundo dela e disse “Quero cortar 2 dedos, acho que é o termo usado aqui”. Ela vira-se para mim e diz “Dois dedos?” (muito chocada) e eu achei estranho… Ou me tinha enganado na expressão e estava a soar ligeiramente sádico, ou ela não era muito dada àquilo. Do nada lá caiu em si e confessou-me que não estava a raciocinar bem por não ter almoçado. Eu pensei que se calhar mais valia ela almoçar antes de me enfiar tesouras pelo cabelo adentro, mas fiquei calado.

Porém, da última vez que fui cortar o cabelo (ao mesmo sítio) aconteceu uma coisa chata. Enquanto a mulher me estava a cortar o cabelo, uma amiga estava-lhe a mostrar os testes e a dizer as notas do filho dela (da cabeleireira). O problema é que o rapaz não era muito esperto e em cada “Não Satisfaz” que ele tinha, ela revelava-se ligeiramente agressiva. Comecei a desejar que inexplicavelmente nascesse um “Satisfaz Bem”, pelo menos, nas mãos da amiga dela, mas não aconteceu. Como o insucesso escolar de alguém pode ter repercussões no cabelo de outra pessoa, curioso…

"OH NÃÃÃO! É o João Rolo!"
Há outra coisa que não gosto em cabeleireiras ou cabeleireiros – a criatividade. Dizem que o cabelo é a moldura da cara... Epá, espera aí, isto está a ficar muita paneleiro. Vamos lá enrijar. Quando eu chego o que eu queria dizer era “Olá, ponha o meu cabelo como estava há 3 meses atrás se faz favor”, mas acabo por ficar sempre um bocado nas mãos delas. O problema é que quando alguém nos está a cortar o cabelo pensa pela cabeça dela e então dá jeito percebermos bem a envolvência social do cabeleireiro onde estão a ir. Uma vez fui a um cabeleireiro conceituado no Saldanha, onde vão muitas velhinhas, e saí de lá com um cabelo que parecia uma mise. Tive que rapar depois, claro. Se for à Buraca cortar o cabelo, imagino que saia de lá com trancinhas ou assim. Eu, o preconceituoso generalizador.

Isto tudo foi um devaneio apenas e só para no fim poder dizer que as mulheres realmente têm coragem. É que para nós homens há sempre um plano B, para elas rapar o cabelo (excepto para a Sinead O’Connor, que hoje em dia está um pouco esquisita) normalmente não é uma solução. Ah, e prometo que o próximo texto será mais másculo. Este foi só naquela de “há tanta testosterona aqui neste menino que até posso escrever sobre cabeleireiros”. A testar os meus limites. Até amanhã ou assim. MP

PS1:
Sim, é o João Rolo numa imagem num post nosso. Olá João Rolo. Percebe uma coisa João Rolo, estás aqui porquê? Porque personificas o porquê de existir... fobia... a... cabeleireiros, exactamente João. Se alguma vez o João Rolo aparecer neste blog podem-me mandar internar.

PS2: Se uma pessoa leu este texto até aqui, sinto-me bem sucedido.

1 comentários:

  1. Eu li o texto até ao fim do PS2!!!
    Foste bem sucedido!!!
    JP

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