Balanço Final - Liga NOS 18/ 19

A análise detalhada ao campeonato em que houve um antes e um depois de Bruno Lage. Em 2018/ 2019 houve Reconquista.

Prémios BPF Liga NOS 2018/ 19

Portugal viu um médio carregar sozinho o Sporting, assistiu ao nascer de um prodígio, ao renascer de um suiço, sagrando-se campeão quem teve um maestro e um velocista.

Balanço Final - Premier League 18/ 19

Na melhor Liga do mundo, foram 98 contra 97 pontos. Entre citizens e reds, entre Bernardo Silva e van Dijk, ninguém merecia perder.

Os Filmes mais Aguardados de 2019

Em 2019, Scorsese reúne a velha guarda toda, Brad Pitt será duplo de Leonardo DiCaprio, Greta Gerwig comanda um elenco feminino de luxo, Waititi será Hitler, e Joaquin Phoenix enlouquecerá debaixo da maquilhagem já usada por Nicholson ou Ledger.

21 Novas Séries a Não Perder em 2019

Renasce The Twilight Zone, Ryan Murphy muda-se para a Netflix, o Disney+ arranca com uma série Star Wars e há ainda projectos de topo na HBO e no FX.

23 de maio de 2016

Barba no Euro: Os Nossos 23 (Portugal)

    Com o Euro-2016 cada vez mais próximo, chegou a hora de reintroduzirmos a nossa rubrica «Os Nossos 23». Desta vez, decidimos começar pela nossa Selecção ao invés de a deixarmos para último lugar, como fizemos na antevisão do Mundial-2014. A Selecção das Quinas é assim a primeira de 7 selecções sobre a qual iremos opinar, antes de prever cada grupo da competição.
    Nos nossos apuramentos para as grandes competições raramente abunda o bom futebol, temos que confessar. Apesar de termos passado o grupo exemplarmente, começámos com a derrota perante a Albânia que acabou por provocar a separação entre Paulo Bento e a equipa das Quinas. A chegada do consensual Fernando Santos trouxe sangue novo à Selecção Nacional, reabrindo as portas a elementos que não contavam para o seleccioandor anterior, e o futebol - apesar de não deslumbrar - melhorou consideravelmente, o que culminou em 7 vitórias nos 7 jogos que restavam do apuramento.
    No que toca ao sorteio, não nos podemos queixar. De todo. Com Hungria, Áustria e Islândia temos obrigação de passar a fase de grupos com distinção, embora Portugal se dê normalmente mal ao ter o estatuto de favorito, conjugado com o facto desta Selecção parecer mais forte em transição, quando não é obrigada a assumir o jogo. Ainda assim, o plantel ao dispor de Fernando Santos é uma das melhores gerações dos últimos anos (e o futuro é risonho, graças ao bom trabalho da Federação).
    Não levaríamos todos os que Fernando Santos levou, mas não diferimos muito das suas escolhas. Temos apenas pequenas alterações (5), tratando-se claro está de jogadores cuja integração deveria ter sido feita anteriormente, quer em jogos oficiais, quer em amigáveis.


A Convocatória


  • Guarda-Redes: Rui Patrício (Sporting), Anthony Lopes (Lyon), Marafona (Braga)
  • Defesas: João Cancelo (Valência), Vieirinha (Wolfsburgo), Pepe (Real Madrid), Ricardo Carvalho (Mónaco), José Fonte (Southampton), Raphaël Guerreiro (Lorient), Eliseu (Benfica)
  • Médios: Danilo Pereira (Porto), William Carvalho (Sporting), Adrien Silva (Sporting), João Moutinho (Mónaco), João Mário (Sporting), André Gomes (Valência), Renato Sanches (Benfica)
  • Extremos: Rafa (Braga), Pizzi (Benfica), Nani (Fenerbahçe)
  • Avançados: Cristiano Ronaldo (Real Madrid), Hugo Vieira (Estrela Vermelha), André Silva (Porto)
Lista de Contenção: Eduardo (Dínamo Zagreb), André Almeida (Benfica), Rúben Semedo (Sporting), André André (Porto), Iuri Medeiros (Moreirense), Ricardo Quaresma (Besiktas), Éder (Lille)

    Para a baliza a diferença é Eduardo. Embora seja um elemento que faz "bom grupo" e que lida bem com o estatuto de suplente, revelando-se sempre um brilhante profissional e cantando o hino como poucos, - e merece por isso mesmo todo o nosso respeito - deixamo-lo em terra, tal como fizemos em 2014. Não somos seguidores atentos da Liga croata, mas optámos por Marafona, merecedor desta chamada depois de, aos 29 anos, ter apresentado grande consistência ao serviço do Paços e do Braga. Rui Patrício e o valor emergente Anthony Lopes são indiscutíveis, com o primeiro a fazer a sua melhor época de sempre.
    Na defesa a única surpresa é a não inclusão do 4.º central (a polivalência de Danilo Pereira permite-nos isso). Deixamos Rúben Semedo na lista de contenção, por considerarmos o central leonino uma opção melhor que Bruno Alves nesta altura, e levamos apenas Pepe, Ricardo Carvalho e José Fonte. De resto, como Fernando Santos. Nos laterais, Raphaël Guerreiro e Eliseu merecem sem dúvida alguma a chamada, sendo que o último apenas avança graças à lesão de Fábio Coentrão. Do lado direito, Cédric não entra nas nossas contas e até colocamos André Almeida à sua frente na lista de contenção. João Cancelo deveria já ter tido uma oportunidade, pelo nível que apresentou esta época no Valência, tendo ainda o bónus de poder jogar nos dois lados, e a extremo. O nosso outro escolhido é Vieirinha, um dos poucos destaques dum Wolfsburgo que desiludiu (8.º lugar). Acrescentou sempre qualidade quando teve oportunidades a lateral, e é o mais provável titular na Selecção.
    Chegando ao miolo, a qualidade é muita e é muito difícil vetar a entrada de um ou outro elemento. André André era um dos jogadores mais bem colocados para ir ao Euro, porém, as lesões e a fase negativa do Porto acabaram por afectar as suas exibições, pelo que o deixámos de fora. O mesmo acontece com Tiago, que nem marca presença na contenção, apenas e só pela falta de ritmo. A lesão grave retirou aquele que seria um dos indiscutíveis tanto para Fernando Santos como para nós. Para o vértice mais recuado do nosso losango (embora na prática o esquema se aproxime de um 4-1-3-2), Danilo e William são os que melhor têm jogado, com alguma vantagem para o jogador do Porto que acabou por se mostrar mais consistente que o jogador leonino. Segurança à frente da defesa não faltará. Mais à frente há 3 jogadores que realizaram épocas extraordinárias. João Mário e Adrien protagonizaram uma época de sonho no Sporting, com o primeiro a ser, para nós, o 2.º melhor jogador da Liga, e Adrien o capitão perfeito duma equipa que, tal como ele, cresceu imenso. Já André Gomes tem espalhado magia em Espanha, merecendo transferir-se para uma equipa doutro nível, e tem mostrado que valeu cada cêntimo pago ao Benfica e que foi algo desperdiçado por Jesus no Benfica. João Moutinho não teve a melhor das temporadas, muito por culpa de lesões, mas é inevitável convocar quem tanto contribuiu para a presença de Portugal no Euro e cujo rendimento a alto nível é sempre fiável nas fases finais. Por fim, temos Renato Sanches, o benjamim do grupo e português mais jovem de sempre numa fase final. Não para começar a titular, ou algo parecido. O médio, que foi uma das revelações europeias, oferece à equipa características que poucos têm - extraordinária capacidade física, bom controlo no transporte e condução de bola, juntando a isso a sua irreverência. Por vezes é necessário levar um jogador que traga algo de novo, agitando o jogo e Renato pode muito bem ser opção nesse sentido.
    Num sector no qual deixamos de fora Ricardo Quaresma (foi importante na qualificação, mas privilegiámos outros jogadores, com Rafa ou Cancelo a apresentarem também capacidade de desequilibrar e arriscar em 1 para 1) e o jovem Iuri Medeiros, o recente campeão da Taça de Portugal Rafa é uma escolha fácil. Foi um dos melhores jogadores a actuar em Portugal na sua posição, atravessa um momento de extrema confiança e encaixa que nem uma luva no modelo táctico. Nani é um dos melhores jogadores portugueses e a sua chamada é óbvia. Já a última vaga seria para Bernardo Silva. Com a impossibilidade de convocar o criativo do Mónaco (que connosco seria titular, por ser um predestinado cujo pé esquerdo vai fazer muita falta) por estar lesionado, optámos por Pizzi. O campeão nacional rendeu muito mais ao actuar na sua verdadeira posição, e é o jogador mais parecido com Bernardo do ponto de vista táctico - conjuga a capacidade de jogar numa das alas, com o dom de jogar por dentro. Com alguns altos e baixos de forma, Pizzi não deixou de ser fulcral na temporada do Benfica, chegando mesmo a ser o melhor jogador dos encarnados num determinado período da época.
    Na frente, não é tão grave assim Portugal não ter nenhum ponta-de-lança no seu 11 porque tem um jogador que marca mais de 50 golos há 6 anos seguidos - Cristiano Ronaldo, inserido agora num modelo mais equilibrado, com a sua passividade defensiva a pesar muito menos do que no anterior 4-3-3, e a maior qualidade técnica à sua volta (João Mário, Nani, Rafa, André Gomes, Moutinho) a tornarem-no mais um e não o farol exclusivo do nosso jogo. Para nós, Éder não pode ser opção por não adicionar nada ao jogo da Selecção. Assim sendo, a chamada de um dos maiores goleadores portugueses da actualidade é quase que imperativa. Hugo Vieira merecia uma oportunidade para mostrar que não brilha só na Sérvia, e para provar que merecia estar no Euro... Vieira evoluiu imenso, mostrou incrível força mental para responder a um drama pessoal, está confiante, tem características que lhe permitem encaixar-se no sistema de jogo preferencial, e ao saltar do banco Portugal poderia estar mais próximo do golo. Por fim, para haver uma referência no ataque, capaz de dar à Selecção a flexibilidade de se transformar tacticamente, achamos que André Silva seria a opção mais natural. Brilhou na Segunda Liga, finalmente teve uma oportunidade na equipa principal, mas a actual forma do Porto acabou por influenciar negativamente a performance do jovem avançado. É o futuro da Selecção, e embora já o tivéssemos escolhido, o Braga 2-2 Porto só reforçou a nossa decisão de incluí-lo nos nossos 23.
    De forma resumida, e comparativamente com os eleitos de Fernando Santos, 5 alterações: Eduardo, Cédric, Bruno Alves, Ricardo Quaresma e Éder dão lugar a Marafona, João Cancelo, Pizzi, Hugo Vieira e André Silva.

O Onze

    No que toca ao nosso 11 inicial, não somos assim tão revolucionários. Apesar de algumas individualidades não estarem completamente entrosadas com a maioria da equipa, acabámos por escolher aqueles que, no nosso ponto de vista, seriam os onze eleitos para levar inicialmente a nossa equipa das quinas o mais longe possível neste Euro.
    Na baliza não há que inventar. Rui Patrício é a escolha mais do que óbvia. Titularíssimo na Selecção e acabou por realizar a sua melhor época ao serviço do Sporting contribuindo imenso para que o seu clube tivesse a defesa menos batida do campeonato.
    Na defesa Pepe e Ricardo Carvalho continuam os titulares após se apresentarem em boa forma nesta época que findou e a verdade é que - salvo alguma surpresa - devem ser os escolhidos de Fernando Santos. Porém, tudo muda nos laterais. Se na realidade é provável Fernando começar com Vieirinha e Eliseu, nós revolucionamos um pouco, optando por 2 laterais bastante ofensivos, algo necessário para conferir à nossa equipa maior capacidade de desequilibrar no último terço. Escolhemos um jogador que decidiu ficar no seu clube para ter a certeza que jogava e fazia uma boa época para ser convocado (Raphaël Guerreiro), e João Cancelo, que tem vindo a ser constantemente destaque (dos poucos, diga-se) no Valência. Raphaël tem as características mais parecidas ao ausente por lesão Fábio Coentrão e achamos que seria uma opção mais interessante que Eliseu (apesar da sua 2.ª metade da época bastante positica). Já João Cancelo apresenta características que poucos laterais em Portugal oferecem, fundamentais neste 4-4-2.
    No centro do terreno tivemos que excluir João Moutinho (na realidade, será titular) e só o colocaríamos no onze se provasse mesmo que está em forma. Caso contrário, e mediante o nível altíssimo deste meio-campo, pelo que apresentou esta época não tem hipóteses neste nosso meio-campo que premeia as épocas fantásticas de João Mário, Adrien e André Gomes. Como ainda assim precisamos de alguma segurança defensiva, Danilo é a nossa escolha na posição 6. Embora Portugal, à frente de Danilo, deva apresentar neste Euro Moutinho, João Mário e André Gomes/ Rafa, as nossas escolhas visam dotar a zona nevrálgica do campo com jogadores de qualidade técnica, capazes de estar sempre em alta rotação, com boa capacidade de decisão e boa chegada à área. João Mário tem condições para ser o jogador mais influente a seguir a Ronaldo, André Gomes agiganta-se sempre nos grandes momentos e sabe galgar metros como poucos, e a raça e energia de Adrien seriam fundamentais para equilibrar uma equipa com Cancelo e Guerreiro como laterais.
    Na frente, é simples. Ronaldo é sinónimo de golos e Nani parte na pole position para jogar ao lado do capitão português, com Rafa a morder os calcanhares ao jogador do Fenerbahçe no que diz respeito à titularidade. Certo é que com Ronaldo e Nani, móveis no ataque, o perigo será constante e os golos dificilmente não aparecerão.




18 de maio de 2016

100 Melhores Personagens de Séries - Nº 24



Série: The Walking Dead
Actor: Norman Reedus


por Nuno Cunha


    Não é diretamente dos mortos, mas quase, que nos chega a personagem de hoje. Os zombies são o cartão-de-visita de Walking Dead (e dão jeito para fazer trocadilhos), mas não chegam para definir esta série que se foca nos desafios diários de um grupo de sobreviventes num cenário pós-apocalíptico.
    Com seis temporadas até ao momento, Walking Dead é uma das séries mais populares do mundo e que maior debate gera entre os fãs. A meu ver nas últimas temporadas a história não tem surpreendido nem evoluído muito, tendo entrado numa espécie de loop de confrontos com grupos rivais. Mas a verdade é que os produtores de TWD sabem bem como manter os seguidores agarrados ao ecrã, apostando em finais de temporada polémicos e abertos a diferentes interpretações.
    Daryl Dixon é a grande revelação da versão televisiva de Walking Dead, tendo-se tornado num dos protagonistas da série apesar de a sua personagem não surgir nos comics originais de Robert Kirkman. Daryl é-nos apresentado inicialmente como um lobo solitário com excelentes capacidades para caçar e seguir rastos e que não depende de ninguém para sobreviver.
    A infância difícil em que tanto o pai alcoólico como o irmão mais velho Merle estiveram quase sempre ausentes, acabaram por fazer de Daryl um tipo independente e capaz de tomar conta de si mesmo. Inicialmente na sombra do seu irmão meio maluco da cabeça, acaba por se ir aproximando mais do resto do grupo, nomeadamente de Carol e Beth, até se tornar num dos líderes.
    A personagem interpretada por Norman Reedus é um dos raros exemplos em TWD de alguém que se tornou uma melhor versão de si próprio depois do apocalipse, ao ganhar uma segunda oportunidade numa sociedade que o tinha rejeitado anteriormente.
    Mesmo depois de ter amolecido o seu coração e começado a importar-se com aqueles que o rodeiam, este anti-herói bad boy que mata walkers como ninguém com a sua besta e que percorre as estradas em grande estilo na sua moto, é muito provavelmente a personagem que se manteve mais fiel à sua essência. Não é por isso de estranhar que mesmo no meio das infindáveis discussões sobre a série nas redes sociais, os fãs sejam consensuais a nomear Daryl como a melhor personagem de Walking Dead.                        

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Nota Editorial: A compilação/ organização e ordem das personagens deste Top é responsabilidade de Miguel Pontares e Tiago Moreira. Os textos tiveram a colaboração de Lorena Wildering, Nuno Cunha, Cê e SWP.
Foram tidos em consideração séries com pelo menos 1 temporada, concluída a 1 de Outubro de 2015. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou às séries que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.

17 de maio de 2016

Prémios BPF Liga NOS 2015/ 16

Terminada a época da Liga NOS, está na hora de distribuirmos os nossos prémios. Não foi um ano em que o bom futebol tenha abundado mas foi, sem sombra de dúvidas, uma Liga com uma das lutas mais intensas e competitivas dos últimos anos, com os rivais Benfica e Sporting a lutarem pelo título de campeão nacional até ao último jogo. Oxalá essa competitividade e equilíbrio se tivesse alastrado ao campeonato como um todo.
    Um ano que certamente envelheceu muitos adeptos ferrenhos. Um Benfica com uma pré-época completamente mal estruturada depois de perder Jorge Jesus e o vice-capitão Maxi Pereira para os rivais, um Porto que investiu novamente no plantel (não tanto como no ano passado) e que prometia voltar este ano mais forte e um Sporting completamente transformado. Com um futebol muito mais atractivo, com a motivação em alta - depois de desviar Jorge Jesus da Luz e de ter vencido o Benfica na Supertaça -, mas sempre muito provocatório. Jorge Jesus, Bruno de Carvalho, Otávio Machado e Augusto Inácio aproveitavam todas as aparições públicas para atirar setas ao já ferido vizinho da segunda circular.
    O que é certo é que assistimos a uma recuperação incrível do Benfica perante o rival Sporting; um Sporting a jogar bem, mas a tropeçar em jogos fulcrais depois da derrota custosa em Braga para a Taça; e um Porto que - de forma resumida e utilizando palavras de Jorge Nuno Pinto da Costa - bateu no fundo. Péssima época da equipa nortenha, totalmente descaracterizada, e que mesmo quando adquiriu um balão de oxigénio rumo ao título (vitória na Luz), rapidamente voltou para o fundo. O Braga finalmente jogou à grande com os riscos que Paulo Fonseca tanto quis correr, e Lito Vidigal e Petit acabaram por deixar uma marca notável neste campeonato no Arouca e no Tondela, respectivamente.
    Ora avancemos então para os nossos prémios da Liga NOS 2015/16:


Guarda-Redes: O melhor ano da carreira do número 1 de Portugal. Titular nos 34 jogos da defesa menos batida do campeonato (21 golos sofridos, Patrício sofreu 19 deles), o guardião leonino apresentou-se mais seguro, sereno, maduro e regular esta época, transmitindo a tranquilidade necessária a uma defesa que mudou integralmente com o decorrer do ano desportivo. Disse presente em inúmeros momentos; e se em épocas anteriores chegou a comprometer, desta vez deu pontos e segurou vantagens preciosas.
    O ex- FC Porto, Rafael Bracali, brilhou na baliza do sensacional Arouca. Ao longo da competição defendeu 3 grandes penalidades e foi um dos principais responsáveis pelo desempenho defensivo da equipa (a grande arma da equipa comandada por Lito Vidigal), contribuindo por exemplo para a sequência de 5 jogos seguidos sem sofrer (registo notável para qualquer equipa não-grande). Ainda nas escolhas incluem-se 2 guarda-redes com passagem em Braga: Marafona dividiu-se entre a Mata Real e o Minho, e mostrou ser capaz de suceder a Kritciuk, o guardião russo que só realizou meia temporada em Portugal, mas que - mantendo o nível que estava a apresentar - partia como favorito para ser eleito o guarda-redes do ano no final. Por fim, a última vaga fica entregue a Júlio César. É certo que foi Ederson (titular nos últimos 10 jogos) quem terminou a época como indiscutível na baliza dos encarnados, mas o imperador teve um papel importante no começo atribulado do tricampeão. E, embora a tendência seja o adepto-comum dar maior valor às últimas imagens, quer dos jogos quer dos campeonatos, os 24 jogos do veterano de 36 anos chegam para o colocar entre os nossos 5 eleitos.


Lateral Direito: Juntamente com Jonas e Jardel, o uruguaio Maxi Pereira marca presença como titular no nosso 11 do Ano pelo segundo ano consecutivo. No entanto, é o único deste trio que o faz com outra camisola. O lateral direito, antigo subcapitão das águias, mudou-se com polémica para a Invicta e, embora o campeonato do Porto tenha sido para esquecer, os azuis e brancos não se podem queixar do rendimento, da entrega e da raça de Maxi. Na posição das 11 em que o nível médio foi mais fraco, Maxi esteve bastantes furos acima da concorrência. Os números ajudam-no: 1 golo e 9 assistências.
    Abaixo do uruguaio, Baiano foi um dos elementos mais regulares do Braga, André Almeida deu sinais de crescimento no apoio ao ataque, e voltou a confirmar-se como um jogador fiável do ponto de vista defensivo (sabe as suas limitações, inventa pouco, protege-se, embora acrescente pouco); Anderson Luís melhorou na 2.ª volta (fecha a época com 2 golos e 6 assistências), mostrando potencial para outras paragens, e Lionn ocupa a última vaga, superiorizando-se à tangente a João Diogo (Marítimo), e beneficiando dos poucos jogos do sportinguista Schelotto.


Defesa Central (Lado Dto.): O iceman de 22 anos foi uma das agradáveis surpresas deste campeonato. Depois de se sagrar campeão europeu de Sub-21, o sueco Lindelöf aproveitou as lesões de Luisão e Lisandro e agarrou o lugar no onze do Benfica com unhas e dentes. De 4.º na hierarquia passou a insubstituível ao lado de Jardel, revelando uma maturidade invulgar, ele que é um central muito completo, com gelo nas veias (brilhante sentido posicional e compostura) e ainda com enorme margem de progressão. Nos seus 15 jogos (mínimo para um jogador ser elegível para as contas do 11 Barba Por Fazer), o Benfica venceu 14, e fica na memória o seu incrível desempenho no Sporting 0-1 Benfica, jogo no qual foi o melhor em campo e que acaba por ser o jogo do título, uma vez que serviu para os rivais de Lisboa trocarem de posição, sendo que nos 9 jogos seguintes, tanto águias como leões fizeram 27 pts em 27 possíveis.
    O facto de Coates não cumprir os nossos critérios de selecção afastam-no das nossas cogitações - ele que para o ano é um fortíssimo candidato, caso mantenha o nível - pelo que no lado direito dos defesas centrais incluímos ainda Ricardo Ferreira, que muito cresceu sob a orientação de Paulo Fonseca; Marcelo, que disse adeus às lesões e voltou ao patamar exibicional de outrora; e ainda os menos cotados Rui Correia (5 golos marcados) e Diego Carlos.


Defesa Central (Lado Esq.): Há um ano fez-se monstro. Esta temporada manteve-se no topo, preservando o estatuto de melhor central a jogar em Portugal. O número 33 do Benfica teve Luisão, Lisandro e Lindelöf ao seu lado esta época, e manteve-se constante. Cada vez mais líder, foi a voz de comando da defesa (terminou a temporada com os jovens Ederson e Lindelöf a integrarem o triângulo central mais recuado) e hoje em dia é cada vez mais difícil descobrir um erro do central que, na fase final "apertada" do Benfica, acabou por marcar golos decisivos contra Guimarães e Setúbal.
    Impressionante é o adjectivo que serve para caracterizar o desenvolvimento de Rúben Semedo como jogador nestes meses de Liga NOS. Começou emprestado ao Vit. Setúbal (os sadinos ressentiram-se tanto da sua saída como de Suk), mas voltou à base a meio da época, a tempo de se afirmar como titular e formar uma excelente dupla com Coates. Elegante, com qualidade a sair a jogar, encostou Paulo Oliveira, Naldo e Ewerton por mérito próprio.
    Atribuímos os 3 restantes lugares a Hugo Basto, o patrão da defesa do Arouca; Willy Boly, um dos 3 centrais mais utilizados por Paulo Fonseca e um dos principais destaques defensivos da primeira volta; e Paulo Vinícius, uma autêntica força da natureza, imbatível no jogo aéreo e um dos melhores elementos dos axedrezados.


Lateral Esquerdo: Se o Porto não comprar em definitivo Miguel Layún, comete um grave erro. O lateral mexicano chegou a Portugal e, numa época atípica é certo, foi juntamente com Danilo Pereira o melhor jogador do Porto. Marcou 5 golos, fez 15 assistências (números absolutamente fantásticos) e deixou claro que o problema do Porto não foi a dinâmica dos seus laterais.
    Numa posição que a meio da época parecia ter Jefferson, Nuno Pinto e Marcelo Goiano também incluídos na luta, as dúvidas dissiparam-se entretanto: Lucas Lima (exímio marcador de livres directos) juntou à solidez defensiva do seu quarteto, a capacidade de acrescentar valor no ataque; Hélder Lopes foi um dos motores do Paços e mostrou que está preparado para dar o salto em Portugal; Zeegelaar começou muito bem pelo Rio Ave, e manteve a toada ao serviço do Sporting (é o lateral mais equilibrado dos leões), e por fim, o "patinho feio" Eliseu, que mesmo sendo o elo mais fraco dos encarnados (a dúvida é entre os dois laterais), apresentou-se mais seguro. Não teve o impacto ofensivo de 2014/ 15, mas também não cometeu os mesmos erros.


Médio Centro: Adrien Silva foi extraordinário quando orientado por Leonardo Jardim. Mas com Jorge Jesus disparou para uma nova dimensão. O capitão do Sporting, para nós o 3.º melhor jogador deste campeonato, foi um exemplo para os colegas de equipa, e o crescimento competitivo dos leões deve-se, para além do trabalho de JJ, à raça e fome de bola que Adrien e Slimani souberam colocar em campo 90 após 90 minutos, contagiando os colegas com a sua intensidade (com e sem bola). Excelente a transportar o jogo da equipa, sobre-humano na capacidade de pressionar e condicionar o jogo dos adversários, melhorou na leitura do jogo (da sua equipa, e dos oponentes) e soube sempre o que tinha que fazer em campo. A braçadeira fica-lhe bem.
    O nosso esquema de 4-4-2 (utilizado pelas duas melhores equipas deste campeonato, e passível de encaixar a versão mais forte de 2015/ 16) obriga-nos a uma "adulteração táctica", capaz de fazer coexistir Adrien Silva e Renato Sanches. Assim, e ocupando Adrien a 1.ª posição nos médios de características mais recuadas (a verdade é que Adrien até começou a época a seis), o quinteto é ainda composto por Fejsa, Danilo, Luiz Carlos e Cafú. O sérvio do Benfica, embora apenas com 19 jogos, foi quem segurou a equipa na ponta final. Equilibrou sempre o tabuleiro encarnado, permitindo "soltar" Renato, e fez uso do seu incrível sentido posicional e de uma capacidade de desarme/ timing no corte como mais ninguém tem na Liga Portuguesa. Já merecia uma temporada sem lesões, o trinco, máquina de combate e recuperação, que foi campeão 9 vezes nas últimas 8 épocas.
    Danilo Pereira foi uma das figuras do Porto, e um dos poucos jogadores dos dragões que jogaram de acordo com o ADN do clube, justificando a titularidade no Euro-2016. Luiz Carlos, um tractor que não pára, e Cafú (Otávio foi quem fez as coisas acontecer, mas o capitão foi aquele que carregou a equipa quase sozinho durante vários jogos) fecham as nossas escolhas, priorizando a regularidade destes elementos a William Carvalho, que terminou a época em bom plano, mas só começou a exibir o seu nível a partir da renovação de contrato.


Médio Centro: A sala das máquinas do Benfica versão 2015/ 16. Se houve tricampeonato para os lados da Luz, muito o Benfica o deve a Renato Sanches. Com apenas 18 anos, o número 85 dos encarnados, já anunciado como reforço do Bayern, foi o motor e a alma, e contagiou toda a equipa com a sua rebeldia, determinação e lado selvagem. Foi a peça que faltou durante algum tempo, o oito que Rui Vitória não tinha para desbloquear adversários e manter a dinâmica constante, e os números dizem bastante do peso de Renato: nos 24 jogos que fez nesta Liga NOS, o Benfica ganhou 22, empatou 1 e perdeu 1. Em 102 pontos possíveis, o Benfica fez 88. Dos 14 perdidos, 9 sem ele, apenas 5 com ele. Foi uma das figuras do campeonato, teve o impacto de uma revolução e serviu de injecção de adrenalina.
     A companhia para o bulo é composta por Otávio (o pequeno mágico mostrou que tem lugar no plantel do Porto em 2016/ 17, e foi um dos maiores desequilibradores desta edição), Mattheus (grande segunda volta, em total sintonia com Bonatini), André André (brilhante 1.ª volta, perdendo fulgor com lesões pelo meio) e ainda Nikola Vukcevic, uma das grandes surpresas na primeira metade da época (Paulo Fonseca acabou a privilegiar Luiz Carlos e Mauro no miolo), depois de resgatado da equipa B dos bracarenses.


Extremo Direito: Há poucas palavras para descrever a temporada de João Mário. Um jogador de classe pura, que se refina a cada ano que passa, e com um QI futebolístico como poucos. A primeira grande época do camaleão do Sporting (fundamental o seu entendimento do jogo, e a capacidade que tem de funcionar como interior, médio direito ou médio ofensivo, deambulando da posição para provocar desequilíbrios) deixou-o nas bocas do mundo - acreditamos que o Euro-2016 só o irá reforçar -, ele que foi quase sempre o MVP nos jogos grandes. Termina a temporada com 6 golos e 10 assistências, embora seja um exemplo clássico de que os números estão bem longe de dizer tudo.
    Iuri Medeiros (8 golos e 10 assistências) brilhou ao serviço do Moreirense, espalhou magia, acumulou pormenores deliciosos, trocou os olhos a muitos defesas com movimentos repetidos mas quase sempre com sucesso, e merece que o Sporting o inclua no plantel em 2016-17. Pizzi realizou a melhor época da carreira, e juntou aos 8 golos marcados a capacidade de inspirar o Benfica numa determinada sequência de jogos, beneficiando do facto de finalmente actuar naquela que é a sua posição ideal. Pedro Santos, do Braga, chegou a roubar o protagonismo a Rafa em alguns jogos e, embora Salvador Agra ou Corona tenham tido melhores números, a nossa 5.ª escolha é o desconcertante Amilton, um jogador vertical e veloz que não terá dificuldades em arranjar novo clube no primeiro escalão.


Extremo Esquerdo: Sem dúvida uma posição de luxo no futebol português. Em nenhuma outra função do campo se encontra um quarteto com o nível/ rendimento de Jota, Gaitán, Ruiz e Rafa. Nico Gaitán, eleito por nós Jogador do Ano em 14/ 15, caiu substancialmente de rendimento. O 10 argentino do Benfica apresentou-se irregular, fustigado por lesões, acabando mesmo assim com 4 golos e 15 assistências. Não teve, por si só, o impacto de outrora, embora no primeiro terço do campeonato o Benfica tenha sido "bola no Gaitán, e ele que invente algo". Bryan Ruiz (outro exemplo de jogador que não pode nem deve ser medido pelos números) espalhou classe e elegância, sendo o Reforço do Ano do nosso campeonato e um dos indiscutíveis de Jorge Jesus. O Pedro Barbosa costa-riquenho tem qualidade para jogar, na nossa Liga, à velocidade que bem entende, e acrescentou requinte ao futebol leonino. O bracarense Rafa realizou a melhor época da carreira (o brilho foi ainda maior na Liga Europa), fazendo por merecer a confiança de Fernando Santos, e justificando tornar-se a curto-prazo a maior venda da História do Braga. A 5.ª vaga, discutível, fica atribuída a Edgar Costa, não por ser o autor do golo do ano na Liga NOS, mas porque foi mais constante do que a concorrência.
    Assim, e embora reconheçamos que muitos dirão que deveria ser Gaitán, Bryan Ruiz ou Rafa a ganhar, a nossa escolha é Diogo Jota. O craque do Paços joga como gente grande, mexe com o jogo de forma imprópria para a idade, e foi dos 4 aquele que apresentou maior regularidade, sempre num nível alto (embora seja difícil nivelar jogadores de patamares diferentes, e enquadrados em contextos díspares).


Segundo Avançado: 32 golos marcados, 12 assistências. Sim, Jonas esteve directamente ligado a 44 golos do tricampeão. Quando um jogador em Portugal (campeonato com menos 4 jornadas do que vários dos principais na Europa) consegue estar na corrida pela Bota de Ouro, num ano competitivo, até perto do fim, percebe-se o seu impacto. Com 32 anos, parece melhorar de ano para ano, e foi o homem-golo do Benfica e do campeonato. Incapaz de combater o estigma de "não aparece nos jogos grandes" (pelo menos na ficha de jogo), voltou a espalhar uma classe inconfundível pelos relvados portugues, com golos incríveis, pormenores dignos de justificarem o preço do bilhete, conseguindo sempre mexer com o jogo.
    A seguir a Jonas, destaque para o brasileiro Léo Bonatini (17 golos, 4.º melhor marcador), figura do Estoril que, com o potencial tremendo que tem, pede outros voos. Elegemos ainda 2 jogadores ligados ao Sado: André Claro foi o elemento ofensivo mais regular ao longo da época, enquanto que Suk (pelo que fez na 1.ª volta, que o levou a ser transferido para o Porto) merece ser incluído. Marca ainda presença o egípcio Hassan, a queimar mais uma etapa no seu processo evolutivo, agora adaptado a um sistema de 2 avançados num Braga que já joga à grande.


Ponta de Lança: Qualquer equipa que tenha o argelino como primeiro homem da pressão, será facilmente inspirada a manter-se aguerrida e intensa os 90 minutos. Jesus fez crescer Slimani (melhorou muito tecnicamente), hoje um finalizador letal, senhor das alturas, que chegou à sua melhor marca de sempre no Sporting - 27 jogos marcados, no campeonato. Foi uma das 3 principais figuras dos leões, e caso saia não será tarefa fácil substituí-lo.
    Segue-se o grego Mitroglou, o complemento perfeito para Jonas no ataque encarnado - se Jonas deambula enquanto baralha marcações, Mitroglou é a referência posicional; se Jonas atropela os "pequenos", Mitroglou apareceu sempre nos jogos decisivos, marcando golos importantes. Com 20 golos marcados, mostrou que o Benfica só tem a ganhar em comprá-lo em definitivo. Bruno Moreira e Rafael Martins (14 e 16 golos, respectivamente) foram a expressão mais evidente do golo, em duas equipas iluminadas num caso por Diogo Jota e no outro por Iuri Medeiros, enquanto que Nathan Júnior foi um dos jogadores que nunca virou a cara à luta, marcando golos que culminaram na permanência do Tondela.


    Para Jogador do Ano, e ao contrário do ano passado (Nico Gaitán foi o vencedor), o mundo está aos pés de Jonas. O avançado do Benfica foi a principal figura do campeonato, e o grande responsável pelo tri, juntando à classe e à sua mobilidade, que baralha defesas e aproxima o Benfica do golo, números impossíveis de ignorar: 32 golos e 12 assistências. Não tem preço.
    Parece-nos consensual que no lote de 4 principais jogadores deste campeonato, juntamente com Jonas, surjam os 3 melhores elementos do Sporting - João Mário (senhor dos jogos grandes, com fino recorte técnico e brilhante sentido táctico), Adrien (sinónimo da determinação e do suor leonino em cada jogo, parecendo por vezes omnipresente) e Slimani (um finalizador por excelência, que evoluiu imenso).
    Posto isto, temos noção que as duas últimas vagas poderiam também ficar entregues a vários jogadores do seguinte leque: Mitroglou, Gaitán, Bryan Ruiz, Rafa, Jardel, Layún, Danilo e Fejsa. No entanto, pareceu-nos mais justo - até porque a idade no cartão de cidadão não pareceu a idade que apresentaram em campo - eleger os jovens Renato Sanches e Diogo Jota, com 18 e 19 anos respectivamente. O primeiro foi o pacemaker dos encarnados, fazendo o coração do Benfica bater até ao título, e Jota foi uma anomalia positiva (quem o acompanhou toda a época saberá reconhecer a justiça desta nomeação).


    Depois de William Carvalho e Óliver Torres, é a vez de Renato Sanches. Num ano particularmente forte em termos de juventude (jogadores como Otávio, Gelson Martins, André Horta ou Miguel Silva têm que ficar à porta do Top-6), Rúben Semedo confirmou ser um projecto muito interessante, primeiro na equipa de Quim Machado e finalmente orientado por Jorge Jesus, Léo Bonatini fez 17 golos pelo Estoril e é praticamente impossível que o clube da Linha o segure, e Lindelöf saiu da sombra para se assumir como figura preponderante do Benfica. Iuri Medeiros, o único destas jovens promessas que estava no nosso Top-6 há um ano atrás, brilhou de forma constante, com números, tornando o seu jogo ainda mais objectivo mas sem perder a fantasia que o define.
    Diogo Jota, de quem esperávamos muito no começo da época, foi simplesmente incrível, com 12 golos apontados e uma maturidade invulgar num extremo de 19 anos (já é um mestre a surgir entre linhas, sabe explorar os espaços), conjugada com pequenos apontamentos que fazem dele um craque cujo futuro não engana. É certo que por estar no Paços gozou de maior liberdade para ser como é, mas acreditem, está aqui um case study, uma espécie rara no futebol português. Ainda assim, Jota perde para Renato Sanches. O miúdo de 18 anos do Benfica assumiu a equipa, que se encontrou a partir do momento em que contou com um jogador que compensa aquilo que não tem em rigor táctico na sua ambição, entrega e irreverência em campo. Mudou o Benfica, que sem ele dificilmente seria campeão.


Treinador do Ano: Não deixa de ser curioso que, passado 1 ano, entre os nossos 5 treinadores escolhidos, 4 deles sejam repetições de 2014/ 15, mas todos em clubes diferentes. Jorge Jesus trocou o Benfica pelo Sporting; Rui Vitória trocou Guimarães pela Luz; Vidigal esteve no Belenenses e está agora em Arouca, e Petit partiu do Bessa para Tondela.
    Num ano em que o campeonato não foi particularmente competitivo de um modo geral, mas a luta a dois pelo título foi extraordinária, é bastante difícil chegar a uma eleição consensual. Por isso, interessa considerar os vários argumentos contra e favor, conscientes de que Jorge Jesus é o melhor treinador em Portugal, o que não implica que o seja quando considerado cada ano desportivo isolado.
    Começando por Petit, se na temporada passada fez um petit milagre com o seu Boavista, desta vez o milagre foi très grand. Herdou um Tondela que parecia condenado, e resgatou a equipa, colocando-a acreditar até ao fim: 5 vitórias nos últimos 7 jogos e 22 pontos na segunda volta (quando o clube na primeira fizera apenas 8). Paulo Fonseca teve o mérito de colocar o Braga pela primeira vez a jogar "à grande", com uma ideia de jogo ambiciosa e bem trabalhada (deu sempre gosto ver os jogos entre Braga e Sporting, e o festival de futebol na recepção ao Porto), mas acabou - também por manter o clube durante muito tempo em 4 competições, um mérito evidente - por cumprir as expectativas em termos de classificação (4.º lugar), apenas 4 pontos acima do sensacional Arouca e a 15 de distância de um Porto muito frágil. O trabalho de Lito Vidigal, destes cinco o que colocou a sua equipa mais acima das expectativas inicialmente criadas, foi impressionante - fez crescer o colectivo, afinou a defesa, e levou o Arouca à Liga Europa. Contra si, um futebol pouco entusiasmante, mas consciente das forças e fraquezas da equipa.
    Chegando à rivalidade mais escaldante da temporada, Jorge Jesus teve o mérito evidente de permitir aos adeptos leoninos dizerem "O Sporting voltou". Jesus, logo no 1.º ano, conseguiu que a equipa desse um salto gigante em termos de competitividade e do futebol produzido, com processos trabalhados visíveis (factor que joga sempre a favor de JJ pela obsessão de ter a equipa a jogar como quer, quando Rui Vitória dá maior liberdade, e enquanto um quer pressão e vertigem constante, o segundo prefere o equilíbrio e a estabilidade emocional, dos quais talvez decorra a maior eficácia), a melhor defesa do campeonato e 86 (!) pontos. Contra Jesus, imperdoável o facto do Sporting ter deixado escapar uma vantagem significativa por demérito evidente (o Sporting-Benfica foi decisivo, mas não seria se os leões não tivessem perdido pontos "proibidos" em jogos acessíveis) e o constante bombardear do grande rival, que só ajudou à união do Benfica. Com Jesus em silêncio, talvez o destino do campeonato pudesse ter sido outro.
    Assim, e embora Jorge Jesus se agarre à ideia que o Sporting foi superior em campo nos 34 jogos do campeonato, o que de pouco vale se a bola não entrar, e mesmo tendo perdido apenas 1 clássico, Rui Vitória acaba por derrotá-lo por uma unha negra. O treinador do Benfica teve tudo contra ele (pressão externa e interna a duvidarem da sua capacidade para o lugar, uma pré-época planeada de forma absurda, lesões de jogadores-chave como Luisão, Júlio César e Gaitán) mas manteve a postura e o discurso "É por nós, não é contra ninguém", e foi encontrando resposta para os vários problemas. Teve o mérito de conseguir um tricampeonato que não acontecia desde 76-77, sem nunca abdicar ou descurar as restantes competições, lançou e acreditou em jovens que ficaram de pedra e cal no onze, e estabeleceu novo recorde de pontos (88). Se o Sporting de Jesus perdeu a liderança, foi inquestionável a capacidade de Rui Vitória (o tipo de treinador que gere bem recursos humanos, e nunca quer ser figura) ao criar um grupo unido e solidário, que esperou a sua oportunidade de chegar à liderança e não vacilou mais - na 2.ª volta ganhou 16 jogos em 17; e depois de um mau arranque, terminou o campeonato com 12 vitórias consecutivas e 25 vitórias nos últimos 27 jogos. Tal como seria igualmente justo Benfica ou Sporting acabaram a erguer o troféu, o mesmo se pode dizer de Vitória e Jesus. À imagem do campeonato, Rui Vitória ganha no photo finish.


Melhor Marcador: 1. Jonas (Benfica) - 32
2. Islam Slimani (Sporting) - 27
3. Kostas Mitroglou (Benfica) - 20

Melhor Assistente: 1. Nico Gaitán (Benfica) - 15
2. Miguel Layún (Porto) - 15
3. Jonas (Benfica) - 12

Clube-Sensação: Arouca
Desilusão: Porto
Most Improved Player: 1. Islam Slimani, 2. Ricardo Ferreira, 3. Cafú
Reforço do Ano: Bryan Ruiz (Sporting)
Flop do Ano: Adel Taarabt (Benfica)
Melhor Golo: Edgar Costa (Marítimo 2 - 0 Nacional) (Link)


16 de maio de 2016

100 Melhores Personagens de Séries - Nº 25



Série: Sons of Anarchy
Actor: Ron Perlman


por Tiago Moreira

    Não falecemos. Continuamos de pé e voltamos com mais um motoqueiro anarquista. Curiosamente, um homem que também se manteve de pé durante bastante tempo e que se recusava a falecer de temporada a temporada.
    Clay Morrow é um dos símbolos maiores da série Sons of Anarchy. Líder por natureza, começa como presidente do clube que havia herdado de John Teller (seu falecido suposto melhor amigo). Porquê suposto? Porque acabou por planear a morte de Jonh Teller com a sua mulher. Portanto, mata o melhor amigo e rouba-lhe a mulher e o clube Sons of Anarchy. Quem não inveja um amigo assim?
    Tudo isto porque Clay mantinha contactos com o IRA e queria aproveitar as boas relações que o clube detinha em Charming Town para fazer milhares de dólares com o tráfico de armas. E assim foi por anos e anos. Contudo, os problemas foram surgindo. Desde problemas constantes com a lei, com os restantes gangues da região até problemas internos gerados e liderados por Clay. Os maiores problemas acabaram por se verificar quando Jax Teller (filho de John) acabou por saber de toda a verdade. Ou melhor... de todas as verdades que até então tinham sido ocultas. O primeiro passo para a detiorização dos Sons of Anarchy foi um plano orquestrado por Clay e Tig para matar Opie (melhor amigo de Jax). Depois disso, Jax apenas não matou o padrasto apenas por interesses pessoais e pelo bem do clube.
    Ainda assim, com tudo o que de mau e de bom tem, Clay Morgan é um símbolo de liderança. O cinismo, a confiança avulsa e a sua gigante esperteza para safar os seus homens e os seus negócios fazem dele um líder como poucos. Um autêntico colete à prova de balas. Mesmo quando todo o clube se quis vingar das suas atitudes, Clay permaneceu fiel e protegeu sempre os interesses do símbolo que carregava nas costas. Mesmo sabendo que lhe esperava um fim trágico, este cruel líder deu tudo pelo clube com a intenção de atenuar todas as suas acções prejudiciais.
    Uma personagem maioritariamente odiada, mas que lá bem no fundo, nos consegue criar um sentimento agridoce.

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Nota Editorial: A compilação/ organização e ordem das personagens deste Top é responsabilidade de Miguel Pontares e Tiago Moreira. Os textos tiveram a colaboração de Lorena Wildering, Nuno Cunha, Cê e SWP.
Foram tidos em consideração séries com pelo menos 1 temporada, concluída a 1 de Outubro de 2015. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou às séries que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.

13 de maio de 2016

Dicas Fantasy Premier League - Jornada 38

Tudo o que é bom tem um fim. A última jornada da Premier League e, por isso mesmo, do Fantasy da competição, está aí à porta.
    Vem aí a última seta (vermelha ou verde) da época. Decidem-se ligas privadas, decidem-se os rankings dos países, usam-se as últimas cartadas (quem as tem). E depois, só em Agosto.
    Ao contrário de outras épocas, não há muito a decidir na última vez que as equipas entrarem em campo, às 15 horas de Domingo. Já se conhece o campeão, já se sabe que Newcastle e Norwich farão companhia ao Aston Villa no Championship, e no meio da tabela jogar-se-á pelo simples orgulho e pela melhor classificação (Everton e Watford, por exemplo, em caso de vitória conjugada com a derrota do Swansea diante do Manchester City, sobem ligeiramente). Com tudo isto, interessam ainda os jogos das 7 equipas abaixo do Leicester (Tottenham, Arsenal, City, United, West Ham, Southampton e Liverpool), sendo que os sete partem como favoritos nos seus jogos, e a única alteração relevante que pode ainda acontecer será uma troca entre os rivais de Manchester na última vaga de acesso à Champions League (play-off). A frustração do Newcastle pode ser favorável ao Tottenham, que ainda pretende garantir que fica acima do grande rival Arsenal, e os spurs traçarão ainda como objectivo fazer de Harry Kane o melhor marcador. A luta a três entre Kane, Agüero e Vardy é um dos principais motivos de interesse na última ronda - o avançado do Tottenham parte na frente, e o mais provável é que a Bota fique entregue a ele ou a Kun.
    Como tínhamos dito que era provável, por ser um certo padrão nas últimas temporadas, o Sunderland garantiu a permanência na jornada passada, com duas vitórias hercúleas diante de Chelsea e Everton. Com estes 6 pontos conquistados, os black cats atiraram o rival Newcastle para a divisão abaixo, acompanhado pelo Norwich. Nesta jornada 38, o Everton faz o seu primeiro jogo pós-despedimento de Roberto Martínez, o Chelsea-Leicester ficará marcado pela guarda de honra do campeão de 2014/ 15 ao novo detentor do troféu, e em termos de Fantasy tenham em consideração que o Liverpool deve enfrentar o WBA com uma equipa alternativa, poupando os craques para a final com o Sevilha.
    Na jornada 37, dupla para oito equipas, quem mais pontuou foram dois defesas do Sunderland - Lamine Koné (21 pts) e Patrick van Aanholt (17). Tal como o lateral holandês, também Nathan Redmond conseguiu 17 pontos, ficando ligeiramente acima das brilhantes prestações de Mata, Davis, Mbokani, Gayle, André Ayew ou Andy King.
    Da nossa parte, obrigado a quem nos acompanhou durante 38 artigos. E até Agosto!

Nesta 38.ª e última jornada, sugerimos:

Alexis Sánchez - Arsenal - 11.1
    Depois de 207 pontos na primeira época em Inglaterra, o chileno do Arsenal tem, a uma jornada do fim, 164 pts. Nada mal considerando o tempo que passou lesionado. Caso faça um hat-trick contra o Aston Villa - improvável, mas possível - Sánchez pode inclusive fechar a temporada com o mesmo número de golos de 2014/ 15 (16).
    O Arsenal-Aston Villa é jogo para cumprir calendário para os visitantes, mas é relevante para os gunners que, depois de um empate determinante no Etihad, tentam ainda chegar ao 2.º lugar, caso o rival do Norte de Londres, Tottenham, escorregue.
    Embora haja o risco de vários jogadores estarem já com a cabeça no Euro-2016 ou na Copa América, o que condicionaria a entrega e o "meter o pé", parece-nos que esse não será o caso com Alexis Sánchez. O extremo do Arsenal não é o tipo de jogador que consiga estar em campo sem dar tudo, e caso o colectivo de Wenger apresente um futebol fluido e rápido, o Aston Villa pode ver os problemas a surgirem de todos os lados. Por isso mesmo, Sánchez é uma das melhores opções para capitão na última jornada (ele, os 3 avançados à procura de serem o melhor marcador, e os elementos ofensivos do Southampton devem ser equacionados), e tanto pode ser ele a alcançar uma boa pontuação, como os seus colegas de ataque - a lesão de Welbeck deve significar a entrada de Giroud no 11, veremos se Walcott não tem também minutos, e mesmo os defesas Bellerín e Koscielny são jogadores promissores neste adeus a 2015/ 16.   
   

Dusan Tadic - Southampton - 6.7
    Não há ninguém em melhor forma ultimamente na Premier League. O sérvio do Southampton, com traços do actor Oscar Isaac no rosto, segue imparável - os saints estão, aliás, a realizar uma 2.ª volta extraordinária - numa sequência de 6-15-11-9.
    Uma assistência em casa do Everton, 2 golos no campo do Aston Villa, 3 assistências contra o Manchester City e 2 assistências em White Hart Lane. As 6 assistências de Tadic nas últimas 4 jornadas dizem bastante do envolvimento e impacto do sérvio no processo ofensivo do Southampton, e deixam-no actualmente com uma marca bastante interessante - 13 assistências, juntando a isso 8 golos marcados. Números melhores do que há um ano atrás (terminou com 4/9).
    Nesta jornada 38 é difícil não apostar no Southampton. A equipa de Koeman (não engana, é um grande treinador) atravessa um excelente momento, tem marcado golos atrás de golos, e defronta um Crystal Palace que poderá eventualmente gerir a equipa a pensar na final da FA Cup. Tadic tem ainda a vantagem de não ter um Europeu no horizonte, portanto faz todo o sentido que o tenham no vosso 11 inicial.


Romelu Lukaku - Everton - 8.7
    É preciso deixar bem claro - os 3 melhores avançados para ter nesta jornada são Agüero, Kane e Vardy. Afinal de contas, têm um objectivo diferente. Para além deste trio, há ainda elementos como Giroud, Long (será ele ou Pellè), Martial ou mesmo os avançados do Watford.
    O Everton-Norwich é um jogo difícil de prever. Principalmente porque ambas as equipas poderão entrar em campo com pouca chama. O Norwich sabe que está condenado a descer, e o Everton vive um momento difícil (a 2.ª volta foi francamente má) e o rendimento dos jogadores dependerá bastante do quanto queiram provar que o problema era Martínez.
    Parece-nos, não obstante, que a dupla Barkley-Lukaku pode surgir em bom plano no último jogo da temporada. Ambos farão parte das opções de Inglatera e Bélgica (Lukaku já foi aliás confirmado nos provisórios 24 de Wilmots), mas não se pode dizer que partam na pole position. Por isso mesmo, e embora os treinos e os amigáveis de preparação das respectivas selecções tenham um papel mais significativo, Barkley deverá querer mostrar a Hodgson que o lugar de Dele Alli pode ser dele, enquanto que Lukaku quer reforçar a sua marca de golos, sendo que Wilmots deve privilegiar a presença de Origi no 11 se este estiver em condições, pela mobilidade e maior pressão que oferece.
       

Kun Agüero - Manchester City - 13.3
    Nas últimas 7 jornadas, Agüero só não marcou por uma vez. É o avançado em melhor forma no Fantasy nas últimas semanas (o segundo, curiosamente, é o companheiro de equipa Iheanacho) e um dos 3 candidatos à distinção de melhor marcador da competição.
    Tendo ganho na época passada, o avançado do Manchester City chega a esta fase com 24 golos - os mesmos de Vardy, e menos 1 que Kane -, mas importa não esquecer que Kane e Vardy têm mais de 3000 minutos, enquanto que Agüero soma aproximadamente 2200.
    Na deslocação ao terreno do Swansea, que depois de perder por 4-0 com o Swansea decidiu surpreender ganhando ao Liverpool e ao West Ham, o objectivo principal do City é segurar o acesso à Champions, mas o secundário será fazer de Agüero o melhor marcador.
    E, convenhamos, embora Kane e Vardy sejam letais, Agüero é o único que se estiver inspirado e contar com o apoio de De Bruyne nomeadamente, pode muito bem fazer 3 golos num ápice. Basicamente, Kane e Vardy terão que marcar, porque Agüero vai fazer a parte dele quase de certeza.


David De Gea - Manchester United - 5.9
    A referência a De Gea parte do mesmo raciocínio invocado acima em relação a Agüero. O guarda-redes espanhol (que TEM que ser titular no Euro-2016) está na corrida às Luvas de Ouro, empatado nesta altura com 15 clean sheets, tantas como Cech, Schmeichel e Hart.
    No entanto, e tal como referimos no caso de Agüero, importa acrescentar um dado: De Gea não jogou os 4 primeiros jogos, devido à indefinição da sua transferência (entretanto cancelada) para o Real Madrid. Imaginando que as clean sheets que Romero teve, também De Gea teria, o número 1 espanhol levaria nesta fase uns sensacionais 18 jogos sem sofrer. Há melhor? Sim, Oblak na Liga BBVA, por exemplo.
    Depois de uma evolução gigante em 2014/ 15, o hispânico manteve o nível como melhor guardião a actuar em Inglaterra e é, olhando para os tubarões da actualidade em termos de História e rendimento, o guarda-redes que maior peso tem nos resultados do seu clube. O Bournemouth de Eddie Howe é matreiro, mas De Gea é De Gea. Oxalá continue em Old Trafford, até porque Keylor Navas não merecia perder a baliza do Real.
   


Outras Opções:
- Guarda-Redes: Para além de De Gea, parece-nos que Petr Cech (5.9) tem igual, ou até superior, probabilidade de não sofrer golos. O jogo deverá andar bem longe da sua baliza, e pedir-se-á ao checo que intervenha com qualidade nas poucas vezes que for chamado (contra Crystal Palace e Manchester City talvez pudesse ter feito mais).
    Aguardamos com expectativas o embate entre Gomes e Mannone, porque vão ser bastante testados (dois ataques fortes e com golo nos últimos jogos, e um ambiente descontraído devem levar a isso) e acreditamos que Fraser Forster (4.9) acabe o seu jogo sem ter que ir buscar a bola ao fundo das redes.

- Defesas: Na nossa última recomendação da época, e uma vez que o nosso 11 preferencial tem como esqueleto um 3-4-3, os nossos 3 defesas primordiais são o espanhol Héctor Bellerín (6.5), o holandês Virgil van Dijk (5.6) e ainda, para equilibrar o onze em termos de orçamento, Gabriel Paulista (4.3). Uma clean sheet do Arsenal é um cenário que só não acontecerá caso os gunners se apresentem preguiçosos e se deixem surpreender pelo Aston Villa, e sobre van Dijk há pouco a dizer - analisando centrais que actuem do lado direito, só mesmo Alderweireld foi melhor do que ele esta época.
    Baines, Koscielny, Smalling, Valencia e Bertrand são outras sugestões com um potencial retorno do investimento interessante.

- Médios: Entre médios, e tendo já falado de Alexis Sánchez e Tadic, há que equacionar inúmeras variáveis. Mesut Özil (9.2), recuperado, é uma das melhores opções, mas só deverá ir a jogo se tanto o jogador como Wenger sentirem que não há qualquer risco de hipotecar a sua presença na competição internacional que se avizinha. Sadio Mané (7.4), caso vá a jogo, tanto pode sugar os pontos todos para ele, como ficar em branco. Mas compensa arriscar. Seria elegante despedirem-se da época com o Jogador do Ano, Riyad Mahrez (7.2) entre as vossas escolhas, sem esquecer que do outro lado nesse jogo estará o melhor jogador de 14/ 15, Eden Hazard (10.9), a colocar-se cada vez mais a jeito de explodir no Euro-2016.
    Ramsey, Barkley, Mata, Payet, De Bruyne ou Ojo... qualquer um deles é uma boa aposta. E alguns deles, bons diferenciais para quem precise.

- Avançados: Como dissemos acima, se Harry Kane (10.2), Agüero e Jamie Vardy (7.4) podem ainda ser qualquer um o melhor marcador da Premier League 15/ 16, então o melhor é terem-nos aos três.
    Olivier Giroud (8.7), Ighalo, Deeney, Martial, Rooney ou Benteke surgem numa segunda linha. E estamos com isto a deixar nomes como Carroll, Defoe e Long/ Pellè à parte.


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11 (3-4-3): De Gea; Bellerín, van Dijk, Gabriel; Tadic, Sánchez, Mané, Mahrez; Agüero, Vardy, Kane

Atenção a (Clássico; Diferencial):
Arsenal v Aston Villa - Alexis Sánchez; Aaron Ramsey
Chelsea v Leicester City - Riyad Mahrez; Eden Hazard
Everton v Norwich - Romelu Lukaku; Leighton Baines
Manchester United v Bournemouth - David De Gea; Wayne Rooney
Newcastle v Tottenham - Harry Kane; Danny Rose
Southampton v Crystal Palace - Dusan Tadic; Virgil van Dijk
Stoke v West Ham - Dimitri Payet; Michail Antonio
Swansea v Manchester City - Kun Agüero; Kevin De Bruyne
Watford v Sunderland - Odion Ighalo; Jermain Defoe
West Brom v Liverpool - Christian Benteke; Sheyi Ojo

11 de maio de 2016

Crónica: Renato, da Musgueira até Munique

4 de Dezembro de 2015, Benfica-Académica, minuto 84. Jardel confia-lhe a bola, está posicionado na linha de meio-campo, acelera e transporta até soltar para Gaitán, que lhe devolve o esférico. Recebe orientado, ganha balanço e dispara uma bomba. Golaço, no 1.º jogo a titular na Luz. Horas antes tinha dito a um dos meus companheiros de Sagres 3 "Hoje não posso ir, e vou perder o golo do Renato". Assim foi.

    Podemos tirar alguém da rua, mas não podemos tirar a Rua dessa pessoa. Chamam-lhe selvagem, atrevido, indomável, uns perdem-se no desrespeito cego de questionar a idade dele, outros dizem que é agressivo. Pelo meio há quem perceba o essencial: ele está certo, e a esmagadora maioria está errada. É um desses casos. Usa o corpo, ombro-a-ombro e diz ao adversário "Eu estou aqui, e esta bola é minha", com o respeito de quem só faz tudo aquilo que permitia que lhe fizessem a ele. Porque, ao contrário de muitos colegas de profissão, para ele vergonha é estar no chão. É assim na rua, era assim no bairro, é assim em campo. Olha-se para ele e não tem medo. Tem fome, de escrever o seu caminho e tornar-se quem pode ser. Fá-lo não só por ele, mas por toda a Musgueira. Leva o bairro para cada jogo do Benfica, e levará o Benfica para cada jogo do seu futuro. No Bayern, na Selecção, e em todas as páginas que ainda estão por escrever. 
    Na nossa Ocidental praia lusitana, foram poucas as vezes em que senti "este é especial", um entusiasmo inexplicável. Neste século aconteceu, em campo, naquele instante em que um rapaz chamado Cristiano Ronaldo ziguezagueou contra o Moreirense (os meus amigos sportinguistas idolatravam Ricardo Quaresma, e eu dizia-lhes que achava que Ronaldo tinha mais potencial) e com Bernardo Silva, por exemplo quando recebeu com "pantufas" uma bola junto à linha lateral diante da Oliveirense. Fora dele, ao acompanhar os primeiros passos de José Mourinho e Marco Silva. Relativamente a Renato Sanches o caso muda de figura, porque a sensação que tenho é que se me fosse dada a hipótese de criar em laboratório um jogador com tudo aquilo que prezo no futebol, o resultado seria ele: um box-to-box com pulmão para dar e vender, o 8 que nunca se esconde e aparece nos jogos grandes, com qualidade técnica, fonte inesgotável de força (e a famosa "massa" implica sobretudo o jogador querer a bola, porque mais do que força física, exige raça e saber meter o corpo) e fisionomia de jogador da formação do Ajax. Parecia destinado ao futebol inglês - e nada nos diz que não acabará lá mais tarde - mas segue para Munique, bem entregue a um clube que praticamente não erra e que com o rigor, profissionalismo e fiabilidade alemães fará com que o Bulo cresça de ano para ano, conquistando a titularidade aos poucos num clube com ADN vencedor.
    Chegou com 9 anos, sai quase com dezanove. Cedo demais. Como seria sempre. Renato Júnior Luz Sanches, o "patrão" que se estreou com idade de júnior na Luz. O destino tem destas coisas.
    
    Mas o que é que faz os adeptos encarnados idolatrarem Renato, e os adversários perderem-se num ódio e animosidade sem justificação? É mais ou menos simples. Para os lados da Luz, o rapaz que não esquece o Águias da Musgueira, e que continua a visitar as suas raízes e a pedir a mesma bifana de sempre, foi a alma deste Benfica 2015/ 16. Na época em que o Benfica pode assegurar o tri sem Renato em campo na última jornada, o camisola 85 vincou uma mudança, um antes e um depois - das 9 derrotas do Benfica esta temporada, 6 ocorreram antes de Renato ser aposta (e as três que ele testemunhou foram com Atlético Madrid, Porto e Bayern); com Renato em campo o registo na Liga é ilucidativo, em 24 jogos, 22 vitórias, 1 empate e uma derrota. Alguns adeptos rivais (não os verdadeiros adeptos, porque esses preocupam-se em apoiar a equipa, e não em lançar farpas obcecados e sempre de olho no vizinho) questionam a idade do miúdo, quando toda a gente o viu crescer nos últimos "10 anos de manto sagrado"; queixam-se que tudo lhe é permitido, sem compreenderem que a atitude e a garra dele não deviam ser alvo de críticas mas servir de exemplo para os que partilham o campo com ele; e, no limite do ridículo, visitam a página do Bayern para dizer que a sua contratação foi um erro, que tudo nele é hype, que é só produto da imprensa portuguesa e que o Bayern deixou passar a oportunidade de contratar verdadeiros craques como João Mário ou William. Figuras tristes... de quem não sabe o que é viver o desporto, viver o futebol. Porque poucos sabem em Portugal. Ver João Mário jogar dá-me prazer, quando via James Rodríguez no Porto acontecia o mesmo. E o motivo é só um: é impossível gostarem mais do meu clube do que eu gosto, mas a minha paixão pelo futebol está acima da minha paixão clubística. E a melhor rivalidade, saudável e competitiva, implica naturalmente querermos ser melhores que os nossos rivais, mas a vitória é tanto mais valiosa quanto maior força tiverem esses rivais. Os preciosismos de quem só o quis mal até aqui, levaram à construção do mito "falha muitos passes", quando na realidade tem uma média de acerto próxima dos 90% (no jogo de Munique, por exemplo, teve uma média de 91%) e os que falha são normalmente passes em zonas adiantadas, arriscando em vez de jogar para o lado ou para trás; nada de comparável com os vários turnovers que Pizzi tinha em 2014/ 15 na posição 8 (que não é a dele) na primeira fase de construção. Esta reflexão não se propõe ser de cariz táctico, mas a evidente rebeldia e o menor rigor posicional de Renato foram factores positivos para este Benfica, e possíveis graças a um senhor chamado Fejsa.

    Na época dos agentes, dos múltiplos interesses que conspurcam um futebol corrupto e movido pelo dinheiro e não pela paixão e pelo amor, 2015/ 16 mostrou que podemos ter esperança. Porque se o underdog Leicester City consegue ser campeão, se o Atleti de Simeone está novamente na final da Champions, e um rapaz de 18 anos consegue carregar e contagiar o futebol do seu clube do coração, candidato ao título em Portugal, chegando ao colosso de Munique como nenhum outro jogador português chegou em 116 anos de História, então há motivos para continuar a alimentar este vício irracional, e razões para sonhar.
    Renato Sanches serve de exemplo, para muitos rapazes do Seixal, de Alcochete, do Olival, Restelo, Mata-Real ou Vila do Conde, espalhados por esse país fora, e serve exemplo para o Benfica, que não retirou qualquer rendimento desportivo de Bernardo Silva, mas aprendeu a lição, que pode ser replicada com talentos como João Carvalho, José Gomes, João Filipe, Nuno Santos, Diogo Gonçalves, Pedro Rodrigues, Florentino, Gedson Fernandes ou Úmaro Embaló, entre outros.

    Faltava ao Benfica arriscar, desequilibrar, queimar linhas, mas Renato trouxe mais - trouxe a palavra que quando era pequeno disse, a sorrir, que significava para ele estar no Benfica, "Alegria". Faltava ao Benfica ter capacidade para segurar os jogadores criados em casa, e fazer do Estádio da Luz para eles um bairro eterno. Podiam até ser 80 Milhões pagos a pronto, diria sempre não, porque não há dinheiro que me faça abdicar de alguém que sei que, quando lá em cima o capitão Coluna o viu a jogar, terá fechado finalmente os olhos tranquilo. O monstro tinha herdeiro.

                  Miguel Pontares