Balanço Final - Liga NOS 18/ 19

A análise detalhada ao campeonato em que houve um antes e um depois de Bruno Lage. Em 2018/ 2019 houve Reconquista.

Prémios BPF Liga NOS 2018/ 19

Portugal viu um médio carregar sozinho o Sporting, assistiu ao nascer de um prodígio, ao renascer de um suiço, sagrando-se campeão quem teve um maestro e um velocista.

Balanço Final - Premier League 18/ 19

Na melhor Liga do mundo, foram 98 contra 97 pontos. Entre citizens e reds, entre Bernardo Silva e van Dijk, ninguém merecia perder.

Os Filmes mais Aguardados de 2019

Em 2019, Scorsese reúne a velha guarda toda, Brad Pitt será duplo de Leonardo DiCaprio, Greta Gerwig comanda um elenco feminino de luxo, Waititi será Hitler, e Joaquin Phoenix enlouquecerá debaixo da maquilhagem já usada por Nicholson ou Ledger.

21 Novas Séries a Não Perder em 2019

Renasce The Twilight Zone, Ryan Murphy muda-se para a Netflix, o Disney+ arranca com uma série Star Wars e há ainda projectos de topo na HBO e no FX.

26 de maio de 2015

Prémios BPF Premier League 2014/ 15

E assim se passaram 38 jornadas do melhor futebol do planeta. A Barclays Premier League disse adeus no último fim-de-semana, colocando um ponto final numa época em que o Chelsea foi a equipa mais consistente e com "estofo" de campeão.
    Se 2012/ 13 e 2013/ 14 foram, respectivamente, os anos de Gareth Bale e Luis Suárez, tendo ambos os atletas rumado à Liga BBVA na temporada seguinte, o melhor jogador de 2014/ 15 deve continuar por terras de Sua Majestade. Na edição em que o lendário Steven Gerrard se despediu de Anfield e dos relvados ingleses, destacaram-se as equipas de Londres (Chelsea e Arsenal) e os rivais de Manchester; mas são os jogadores que nos trazem aqui hoje. Tal como há 1 ano atrás, chega a altura de indicarmos as nossas preferências: o nosso 11 do Ano, o Melhor Jogador e Melhor Jogador Jovem, o Treinador do Ano e algumas categorias acessórias. Apenas faz sentido referir que em nenhuma das categorias mais fortes se repete um vencedor do ano passado, havendo apenas um repetente no onze do ano. Vamos lá a isto.
Guarda-Redes: Ao contrário da época passada, na qual não houve um super guarda-redes, este foi o ano do espanhol. David De Gea foi incrivelmente regular, agigantou-se num sem-número de jogos, coleccionando defesas impossíveis e tornando-se o principal jogador do Manchester United. Os Red Devils devem em parte a sua classificação ao guardião que o Real Madrid quer comprar, depois deste segurar resultados e dar vários pontos ao clube de Old Trafford com exibições monstruosas. Para além de De Gea, Fraser Forster brilhou na baliza do Southampton (posição onde faltava qualidade na equipa até à sua chegada) e Courtois esteve ao seu nível, embora por vezes menos testado graças ao quarteto à sua frente. Lloris e Adrián completam o lote de 5 guardiões, num campeonato onde também Ospina (fundamental na 2.ª volta do Arsenal), Hart e Fabianski se apresentaram com qualidade.
Lateral Direito: Até metade da época Nathaniel Clyne seria provavelmente o escolhido para o lado direito da defesa, mas o sérvio que gostava de jogar a central acabou por se revelar o elemento mais consistente. Possivelmente o lateral direito mais regular no futebol europeu ao longo de 2014/ 15, Ivanovic realizou a sua melhor época em Inglaterra. Golos, assistências e a brutal disponibilidade física do costume, tanto a defender como a ajudar no ataque. Clyne cresceu muito e poderá dar o salto neste Verão, Emre Can - ora a lateral direito ora a central do lado direito num conjunto de três - esteve irrepreensível, enquanto que Janmaat e o irlandês Coleman (muito abaixo de 13/ 14, quando foi o melhor nesta posição) alternaram entre bons jogos e jogos razoáveis.
Defesa Central (Lado Dto.): O nosso português José Fonte, capitão do Southampton, foi uma das figuras da equipa-sensação da Premier League, e o melhor entre os centrais que actuaram do lado direito no eixo. Com mais de meia equipa a mudar à sua volta, José Fonte mostrou enorme consistência, soube escamotear as fraquezas do seu jogo e foi o líder de uma das 2 melhores defesas do campeonato. De resto, Skrtel e Koscielny não sabem realizar uma má temporada, Cahill atravessou um período difícil (chegou a perder o lugar para Zouma) embora de um modo geral tenha estado bem, e Scott Dann (melhor a partir da chegada de Pardew) fecha as nossas preferências.
Defesa Central (Lado Esq.): O eleito era indiscutível. Embora não sejamos fãs do central inglês, figura do Chelsea com mais de 450 jogos pelo clube, era impossível não nos rendermos perante as evidências. Terry liderou o Chelsea numa época em que por vezes se falou mais da qualidade defensiva dos blues do que ofensiva e juntou golos importantes a tudo isto. Jagielka foi um dos escassos destaques de uma desilusão chamada Everton; Alderweireld conseguiu a sua 1.ª boa temporada desde que abandonou o Ajax, enquanto que Ashley Williams (a força, liderança e garra do costume) e Vertonghen completam um quinteto onde John Terry não deu hipótese à concorrência. 
Lateral Esquerdo: Se no lado direito a batalha foi Ivanovic-Clyne, do lado esquerdo da defesa houve três grandes nomes esta época - Ryan Bertrand, Azpilicueta e Cresswell. O lateral que o Chelsea emprestou ao Southampton, e que entretanto os saints já compraram em definitivo, foi um dos jogadores que mais evoluiu esta época; Azpilicueta voltou a demonstrar que é um dos melhores laterais do mundo a defender (perfeito sentido táctico, forte no 1 para 1) e Cresswell mostrou a qualidade do Championship ao passar de melhor lateral esquerdo no escalão secundário para um dos melhores na Premier. O camaleão táctico Daley Blind foi uma das armas de van Gaal para equilibrar a equipa, quer a lateral quer a médio defensivo, e optámos por dar a Alberto Moreno uma vaga que poderia também pertencer a Leighton Baines ou Danny Rose. 
Médio Centro: Não era difícil prever que, no conjunto de médios com características mais defensivas, Matic seria rei e senhor do seu lugar. O 21 de José Mourinho foi até metade da época um dos melhores jogadores do campeonato e ninguém se esquecerá da derrota do Chelsea em casa do Newcastle no 1.º jogo em que a equipa se viu privada de Matic, suspenso. O antigo jogador do Benfica é nesta altura provavelmente o melhor médio defensivo do mundo, e pode-se considerar um dos "obreiros" deste título dos londrinos. Faz a sua equipa respirar com a rapidez com que pressiona em zonas-chave, tirando oxigénio e a bola aos adversários. Jordan Henderson, para além de ter sido o melhor jogador do Liverpool esta temporada, mostrou estar preparado para receber o testemunho de Steven Gerrard, Schneiderlin teve uma preponderância no Southampton semelhante à de Matic no Chelsea, salvas as devidas proporções. Francis Coquelin resolveu um sério problema do Arsenal e ajudou a equipa a crescer a partir do momento em que agarrou a titularidade na jornada 19, e o veterano Cambiasso foi um dos principais motivos pelos quais o Leicester garantiu a manutenção, nunca deixando de acreditar.
Médio Centro: O homem que mudou o Chelsea. Quando no Verão o Chelsea contratou o antigo jogador do Arsenal ao Barcelona por 33 milhões de euros achámos que este seria o reforço-chave para o Chelsea vencer o campeonato. Não nos equivocámos. Fàbregas chegou às 19 assistências e pautou o ritmo com que o Chelsea foi derrotando os adversários jornada após jornada. Entre os principais médios de características ofensivas era impossível deixar de fora Coutinho, sinónimo de grandes golos e diversos momentos de magia e técnica em estado puro. Sigurdsson foi o melhor dos cisnes, embora tenha sofrido com a saída de Bony, Ramsey só não fez mais porque voltou a acumular pequenas lesões e Ander Herrera jogou sempre bem, acabando por ser um dos melhores do ano no Manchester United. Esperávamos francamente mais de Yaya Touré, bem como de Ross Barkley. E se Siem de Jong desiludiu mas por estar sempre lesionado, chega a ser arrepiante o facto de ser justo não colocar Di María (poderia fazer sentido, tacticamente, considerá-lo aqui ou a extremo).
Extremo Direito: Se Fàbregas foi o melhor reforço na relação qualidade/ preço (33 milhões por um jogador daquela qualidade é uma "pechincha"), Alexis Sánchez terá sido o grande reforço da Premier League, ou seja, entre os recém-chegados aquele que se adaptou melhor e que apresentou maior qualidade em campo. Tal como Fàbregas, Sánchez chegou também do Barcelona e só Hazard foi melhor que ele. Brilhou, levando o Arsenal às costas em conjunto com Cazorla em muitos momentos, e somou golos e assistências, sem nunca perder fulgor e baixar os braços. Alexis começou a época no lado direito (consideramo-lo neste lugar para caber em uníssono com Hazard no onze) e acabou do lado esquerdo, chegando a jogar a avançado. David Silva (melhor época em termos de golos, mostrando o mesmo nível altíssimo em quase todos os jogos), Sterling (esperávamos mais), Mata (brilhou a partir do momento em que van Gaal estabilizou um sistema, colocando-o no flanco direito) e Willian (não teve os números de outros mas mudou o seu jogo para servir os interesses da equipa) são os 4 jogadores que fazem companhia ao chileno.
Extremo Esquerdo: Eden Hazard é o único repetente do 11 do Ano de 2013/ 14. O extremo belga, 10 do Chelsea campeão, não teve a aura de Suárez ou de Bale nas últimas épocas, mas nenhuma estrela brilhou com tanta intensidade como ele ao longo do campeonato. Se Fàbregas mudou o Chelsea e Diego Costa resolveu em definitivo um problema que havia em Stamford Bridge, Hazard manteve-se como o jogador no qual os colegas colocam a bola quando o jogo tem que ser resolvido. É actualmente um dos jogadores mais entusiasmantes no mundo do futebol, que mais arrisca e que tem sucesso ao enfrentar defesas em 1 para 1, não tem os números astronómicos de lendas de outros campeonatos (Messi, Ronaldo..) mas é um jogador aparte em Inglaterra. Santi Cazorla transformou-se esta época, acabando inclusive a jogar mais recuado embora tenha sido um dos 2 motores do Arsenal (a sua exibição na vitória do Arsenal por 2-0 em casa do Manchester City é uma das melhores deste ano); Eriksen mostrou qualidade e mais teria feito se o Tottenham tivesse outras soluções; e por fim, num conjunto de extremos férteis em talento, as pérolas africanas Sadio Mané e Yannick Bolasie tinham que constar entre as nossas escolhas. Craques.
Avançado: Pela primeira vez desde que está na Europa, Agüero é o melhor marcador de um campeonato. A equipa com melhor ataque da Premier League esteve assente sobretudo na magia e qualidade da dupla Agüero/ Silva, mas o nível que estes apresentaram foi surreal. Agüero falhou alguns jogos por lesão e demorou a calibrar depois do interregno, e viveu de períodos (acabou bem a época, e em Outubro-Novembro estava diabólico). Com a saída de Suárez, o avançado argentino passou a ser o herdeiro do uruguaio em termos de qualidade de recepção, finalização e explosão, e é simplesmente impossível não gostar do que Agüero faz em campo. Entre os avançados mais móveis, Rooney revelou-se um verdadeiro capitão (não marcou tantos golos porque chegou a jogar a 8), Danny Ings provou que tem mais do que qualidade suficiente para este escalão e Berahino deu sequência ao seu crescimento como jogador. A integração de Benteke, o mais posicional deste conjunto, visa premiar o belga mantendo vivas todas as alternativas do lote seguinte. E se há coisa que Benteke voltou a provar foi que merece outros voos.
Avançado: Quantos golos teria marcado Diego Costa se não se lesionasse? Nunca saberemos, mas é certo que Agüero teria a vida bastante mais complicada. O conflituoso avançado que Mourinho contratou ao Atlético Madrid chegou a Inglaterra e não pediu licença a ninguém. Diego Costa fartou-se de marcar, mostrou que é o avançado perfeito para a forma de jogar do Chelsea, apaixonou-se à primeira vista por Fàbregas (tantos golos que esta sociedade criou) e mais estragos fará na próxima época. Depois há Harry Kane (ninguém seria capaz de prever o seu crescimento), Charlie Austin (promete agitar o próximo defeso em Inglaterra), Pellè (arrancou e terminou bem a época) e Giroud (é bom, mas o Arsenal precisa de um jogador doutra dimensão).

    Para o Barba Por Fazer, Eden Hazard foi o Jogador do Ano. Comparativamente com o leque da PFA, constam aqui Fàbregas, Agüero e David Silva nos lugares de Coutinho, Diego Costa e Kane. O extremo do Chelsea sucede a Luis Suárez depois de uma época na qual nunca se escondeu: foi castigado infinitas vezes pelos adversários sem nunca se queixar, levantou-se sempre determinado a driblar mais um defesa e fazer mais um golo decisivo. Não houve nenhum outro jogador em Inglaterra capaz de ser sempre tão perigoso, demonstrando igual consistência a um nível tão elevado. Alexis Sánchez foi o principal rival em termos individuais de Hazard, Fàbregas uma das figuras deste campeonato, Agüero o melhor marcador (tal como Diego Costa, teria sido bom vê-los sem lesões), sobre De Gea parece parco dizer que foi só o melhor guarda-redes e finalmente, num lugar que poderia ser de Diego Costa, Kane, Cazorla, Matic, Terry ou Henderson, escolhemos David Silva. É certo que o Manchester City teve apenas 2 grandes jogadores esta época, mas ambos encheram os relvados ingleses com uma magia e classe distintas.
    Aqui no Barba Por Fazer consideramos candidatos ao título de "Jovem Jogador do Ano" elementos que tenham até 22 anos de idade. Assim, ao contrário da realidade, elementos como Hazard, De Gea ou Courtois não contam para nós. Tudo apontava para este ser um ano fácil para Raheem Sterling suceder aqui no BPF a Luke Shaw. Mas não. Harry Kane transcendeu-se e surpreendeu os adeptos jornada após jornada. A dada altura chegou a conseguir uma sequência de 17 golos em 15 jogos, com um jogo aéreo ao nível dos melhores, instinto matador e aquela sorte (parecia ter íman na grande área adversária) que protege os audazes. Kane arrasou a concorrência, na qual os reds Coutinho e Sterling merecem natural destaque. Os britânicos Berahino (WBA) e Danny Ings (Burnley) assumiram-se como figuras das suas equipas, e por fim elegemos Ward-Prowse (Southampton). Entre os nomeados há jogadores elegíveis para figurarem no próximo ano, mas temos curiosidade de ver por exemplo uma época inteira de Jack Grealish, verificar se Bellerín mantém a titularidade e será interessante se Mourinho emprestar algumas das suas jovens pérolas.
Treinador do Ano: Ok, José Mourinho fez o Chelsea erguer o troféu, mas foi mais impressionante o trabalho do holandês Ronald Koeman. O ex-técnico de Benfica e Feyenoord chegou a St. Mary's, encontrou uma equipa desfeita (Lallana, Lovren, Shaw, Lambert e Chambers tinham todos saído), sem identidade, e reconstruiu-a. A política de contratações foi um sucesso (as apostas em Pellè ou Tadic foram a prova do poder de Koeman na hora de decidir) e o Southampton, que durante muito tempo esteve no Top-4, terminou a época inclusive numa posição melhor do que na época passada, voltando a mostrar um futebol atractivo, com uma defesa extraordinariamente segura. O mérito de Koeman foi evidente também na forma como provou ser um dos treinadores que melhor estudou os adversários - tal como Mourinho -, adoptando pequenas mudanças estruturais ou técnicas (mexeu no seu meio-campo cirurgicamente, escolhendo as peças certas para cada jogo). De resto, José Mourinho voltou a fazer o que melhor sabe: ganhar. Alan Pardew seguiu o coração ao trocar o Newcastle pelo Crystal Palace e conseguiu um trabalho espantoso, salvando o clube tal como Pulis salvou o WBA. Wenger voltou a merecer um lugar de destaque entre os técnicos da temporada, bem como Gary Monk.

Clube-Sensação: Southampton
Desilusão: Newcastle
Most Improved Player: 1. Harry Kane, 2. Ryan Bertrand, 3. Francis Coquelin
Reforço do Ano: Césc Fàbregas (Chelsea)
Flop do Ano: Mario Balotelli (Liverpool)
Melhor Golo: Bobby Zamora (WBA 1 - 4 Queens Park Rangers) (Link)


25 de maio de 2015

100 Melhores Personagens de Filmes - Nº 33



Filme: Drive
Actor: Ryan Gosling

por Tiago Moreira

    Hoje estamos perante um filme que é uma das melhores obras de arte dos últimos anos. Foi lançado em 2011 e realizado por Nicolas Winding Refn. A estrela escolhida para a personagem hoje por nós escrita foi Ryan Gosling. Um elenco que contou ainda com Bryan Cranston e Carey Mulligan.
    O filme passou um pouco despercebido e até nos cinemas portugueses acabou por ficar naquelas salas mais pequenas. Não é um filme para todos, compreendo isso. Eu achei fenomenal. O enredo não tem muitos diálogos e alguns poderão achar um filme enfadonho. Contudo, a interpretação de Gosling e Carey foi fabulosa. Com escassas falas, acabaram por transmitir todo o tipo de emoções com comunicação não-verbal. Basearam-se muito nos olhares e na própria postura que apresentavam nos diversos momentos do filme. A banda-sonora é simplesmente genial e completa na perfeição os devidos momentos. Não só deveria ter sido nomeada para Óscar, como deveria ter ganho suplantando - por exemplo - o vencedor "The Artist". 
    A nossa personagem não tem nome. É apenas conhecida como Driver. Logo aqui conseguimos perceber o quão escassos são as falas, como anteriormente referi. Gosling é um duplo de cinema especializado em condução, mas também usa as suas habilidades para servir de condutor em actos ilegais - como assaltos. Tenta afastar-se um pouco dessa vida e acaba por mudar de cidade e trabalhar numa oficina. Contudo, inesperadamente conhece Irene (Carey Mulligan) por quem acaba por se apaixonar. Juntos têm momentos bastante intensos, mas a vida de Irene também não é das melhores. Não necessariamente por sua causa, mas pelo seu marido que esteve preso e de quem tem medo. Gosling acaba por se meter numa situação complicada por causa de Irene e seu filho.
    Uma brilhante actuação de Ryan Gosling que com pouco diálogo conseguiu arrancar aplausos do Festival de Cannes. Sempre frio e respeitador, acaba por derreter um pouco ao conhecer Irene. Podemos ser frios com praticamente toda a gente... Mas quando a paixão aparece, o controlo das emoções já não nos pertence. Quando se gosta, gosta-se e pronto. Não é algo que se consiga explicar. E ainda bem. São estas pequenas coisas que nos fazem sentir vivos.


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Nota Editorial: A compilação/ organização e ordem das personagens deste Top é responsabilidade de Miguel Pontares e Tiago Moreira. Os textos tiveram a colaboração de Daniel Machado, Lorena Wildering, Nuno Cunha, Sara Antunes Santos e Carolina Moreira.
Foram tidos em consideração filmes lançados até 20 de Novembro de 2014. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou aos filmes que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.

24 de maio de 2015

Prémios BPF Liga NOS 2014/ 15

    Terminou no dia de ontem uma das ligas mais disputadas dos últimos anos em Portugal. Enquanto alguns iam falando que era este ano, colocava-se a coroa a uns e fazia-se o funeral a outros. A verdade é que em campo tudo se provou diferente. O Sporting não conseguiu mais uma vez impor-se na luta pelo título, o Porto acabou por desiludir face ao investimento feito e o Benfica - que havia perdido vários dos jogadores mais importantes no início do campeonato - criou uma equipa bem unida e madura, que os próprios jogadores denominam como "família".
    Foi uma época com grandes craques, sendo que - em clubes mais inferiores - acabou por haver surpresas bastante positivas. Todavia, também é uma época (como tantas outras) em que dizemos «adeus» a jogadores de classe mundial por partirem para outros campeonatos. Sendo que apenas Danilo e Nani estão confirmados (Danilo ruma ao Real Madrid e Nani regressa a Manchester), é quase certo que Jackson Martinez, Nico Gaitán e Salvio partam para campeonatos mais competitivos ou para clubes com maior poder financeiro. Como o balanço do campeonato está para vir mais tarde, hoje damo-vos a conhecer o nosso 11 ideal da Liga NOS. Aqui ficam as nossas escolhas:
Guarda-Redes: Com a saída de Oblak - o nosso Guarda-redes do Ano na temporada transacta - afigurava-se difícil encontrar um substituto à altura no clube encarnado. Porém, Júlio César chegou e deu a segurança que o Benfica precisava na baliza, e que Artur não conseguiu dar. A segurança defensiva foi uma das imagens de marca deste Benfica 2014/15, com Júlio César a voltar assim aos momentos áureos que havia passado outrora. Passou um tempo complicado na sua carreira, mas conseguiu reerguer-se na baliza encarnada batendo aos pontos todos os outros guardiões da liga. E a verdade é que a Liga Portuguesa costuma ter a actuar excelentes guardiões nos diversos clubes. Contudo, este ano não foi bem assim. Matheus do Sporting de Braga foi uma das revelações. Começou como suplente do russo Kritciuk, mas depois de ter a sua oportunidade, jamais a largou tornando-se um dos melhores guarda-redes da Liga. Rui Patrício ficou aquém da temporada passada, mas ainda assim a bom nível, enquanto que Fabiano foi cumprindo com a sua função sem nunca fazer esquecer Hélton. Marafona completa o nosso lote de 5 jogadores tendo sido determinante na boa campanha do Moreirense.

Lateral Direito: Há quem dê o prémio a Danilo, mas nós julgamos que Maxi merece mais do que o brasileiro. Uma época brilhante do uruguaio que contrastou por completo com a do ano passado. Quando se pensava que o verdadeiro Maxi já não voltava mais, o número 14 do Benfica respondeu desta forma. Lateral goleador com 5 golos, muita raça, humildade e maturidade. Danilo vem logo atrás com mais uma excelente época (a sua melhor) ao serviço do FC Porto, onde mostrou que é um jogador de classe mundial. Bruno Gaspar foi uma das revelações deste ano ao ganhar o lugar de lateral direito na equipa de Rui Vitória exibindo-se sempre a bom nível. João Aurélio e Baiano foram os dois últimos jogadores por nós escolhidos, destacando-se nos seus clubes.
  
Defesa Central (Lado Dto.): Vital neste Benfica, Luisão é o nosso central do lado direito. Pode não ter a velocidade de outros, mas tem a essência do clube, a experiência necessária dentro de campo e acabou, mais uma vez, por ser a voz de comando da equipa. Fulcral, acaba por ser um treinador dentro de campo. Logo atrás surge Paulo Oliveira. Embora Marco Silva tivesse imensas dúvidas inicialmente sobre quais os centrais a utilizar, Paulo Oliveira deu a resposta quando lhe foi dada a oportunidade. Já tinha mostrado o seu valor no Vitória e este ano voltou a mostrá-lo no Sporting. Um dos melhores centrais portugueses da actualidade. Maicon - embora tenha tido altos e baixos - acabou por ser também ele um dos melhores centrais, enquanto que Aderlan Santos do Braga e Josué do Vitória formam o nosso lote.

Defesa Central (Lado Esq.): Sem sombra de dúvidas o Most Improved Player desta Liga NOS. Jardel foi um dos melhores jogadores da liga portuguesa e não percebemos como é que a imprensa portuguesa não lhe dá o mérito merecido. Jardel passou de dispensado a terceira opção e de terceira opção a titular indiscutível do Benfica. Um verdadeiro guerreiro dentro de campo. Lutou em todos os segundos dos jogos. Acabou por deixar, literalmente, sangue em campo em alguns jogos. E merece sem dúvida tudo o que lhe está a acontecer neste momento. De zero a herói, Jardel acabou por calar críticos e até os adeptos mais casmurros. Para nós - o melhor central da Liga NOS 2014/15. Logo atrás temos o central do Vitória - João Afonso. Outra das surpresas do campeonato, tendo formado com Josué uma das melhores duplas de centrais. Teve azar com a sua lesão, que acabou por coincidir com a fase mais negra da sua equipa. André Pinto e Gonçalo Brandão são mais dois centrais portugueses que mostraram o seu valor e o lote fecha-se com Marcano - após ganhar o lugar a Martins Indi, deu maior consistência ao eixo defensivo dos dragões.

Lateral Esquerdo: Não foi um excelente campeonato no que toca a defesas esquerdos. Contudo, Alex Sandro mostrou ser o melhor na sua posição. Exímio quer a defender quer a atacar, deu sempre profundidade ao corredor esquerdo onde acabou por ser mais um quebra-cabeças para as equipas adversárias face à sua elevada capacidade técnica. Logo a seguir surge o mal-amado Eliseu. Apesar de se notarem algumas lacunas defensivas, Eliseu acabou por ser determinante em alguns jogos decisivos do Benfica. Arrumou o jogo no Bessa e desbloqueou o jogo frente ao Moreirense na Luz. Tudo à lei da bomba. Quando faltava arte e engenho, Eliseu aparecia para salvar os encarnados. Jefferson - embora tenha partilhado o corredor com Jonathan Silva - foi sempre constante nas suas boas exibições, assim como Rúben Ferreira e Afonso Figueiredo (excelente revelação).

Médio Defensivo: O grego Samaris chegou ao Benfica contratado por 10 milhões e desde bem cedo se exigiu muito de si. As coisas não estavam a correr bem - devido à adaptação que teve que fazer em termos posicionais (uma das mais importantes para Jorge Jesus) - e acabou por ouvir alguns apupos. Porém, como o próprio referiu, isso serviu para o motivar e o que é certo é que se tornou naquilo que o clube precisava. Brilhante a recuperar bolas e a lançar o ataque, suplantou toda a concorrência facilmente com o trabalho que demonstrou em campo. Tem tudo para deixar uma marca forte na próxima época. Casemiro foi outro dos jogadores que deu nas vistas nesta posição e com estas boas exibições, é difícil que o Real Madrid o deixe por cá ficar. É certo que os espanhóis pretendem fazer um bom encaixe financeiro, mas terá o Porto capacidade para apresentar uma proposta que convença os madridistas? Danilo Pereira e Danilo foram dois jovens que acabaram por mostrar grande valor nos seus clubes e certamente darão o salto no próximo ano (ou pelo menos merecem que tal aconteça). Já William Carvalho ficou a anos-luz da temporada passada, mas ainda assim esteve a um bom nível. Caso seja transferido para outro campeonato, seria lógico e adequado os leões apostarem em Danilo Pereira.
Médio Centro: No ano passado ficou na sombra de Enzo Pérez, este ano o lugar é todo dele. André André foi um dos goleadores do Vitória, mas não se ficou por aí. Foi a alma do clube. Deu tudo em campo e lutou por cada centímetro de relva. Bom a recuperar bolas e a fazer jogar, André André acabou o jogo frente ao Benfica em lágrimas. Demonstrando assim o que é que o clube simboliza para si e também o culminar de mais uma grande época do Vitória com muito trabalho e muito suor. Ao que tudo indica, parte para a cidade invicta ou para o futebol espanhol. Pizzi foi outro dos médios que acabou por se destacar fazendo, a espaços, esquecer Enzo Pérez. Começou a época não sendo opção (a recuperar de uma lesão), mas com o tempo relegou o goleador Talisca para o banco e começou a fazer jogar a equipa encarnada. A capacidade técnica esteve sempre lá mas com o ano vindouro certamente melhorará outros aspectos do seu jogo, moldando-se às exigências da posição. Herrera foi outro jogador dos dragões que foi extremamente importante para a equipa. O motor mexicano não é dos jogadores que mais se fazem notar, mas foi fulcral na construção ofensiva da equipa. João Mário e Rúben Micael preenchem o lote de 5, exibindo-se também a um muito bom nível.

Extremo Direito: Começando as posições dos craques, a primeira é liderada por Salvio. O argentino do Benfica foi um dos motores atacantes das águias onde se apresentou sempre forte no um-para-um, mas também com uma particularidade especial - a fome de golo. Não é assim tão comum, embora se procure cada vez mais, um extremo que persiga tanto o golo como Salvio o faz. Um misto de força, técnica e paixão que nos levaram a escolhê-lo. Carrillo mostrou maior maturidade este ano ao ser mais regular ao longo do campeonato. Desequilibrador nato, foi uma das peças mais importantes da equipa do Sporting. Já Ricardo Quaresma parecia ser mal-amado por Lopetegui, mas foi mostrando que merecia estar no onze sempre que o treinador lhe deu oportunidade. Após a lesão de Tello, foi inclusive o jogador mais influente da equipa a par de Jackson. Pardo e Ukra foram outros dois jogadores que acabaram por fazer uma época muito boa.
Extremo Esquerdo: Não há muitas palavras que possam descrever a genialidade de Nico Gaitán. O melhor jogador do campeonato português. Um pé esquerdo fabuloso e uma classe do outro mundo. Nico perfumou os relvados de Norte a Sul com um excelente futebol e, quando não jogou, a equipa ressentiu-se automaticamente da sua ausência. Prepara-se para dar o salto para outro campeonato e ao que tudo indica será o campeonato inglês. Embora seja uma pena ver mais um jogador da categoria de Gaitán partir do nosso campeonato, temos que admitir que este merece jogar no melhor campeonato do mundo. Brahimi não foi tão regular mas mostrou sempre um futebol de grande nível ao ser um dos desequilibradores do Porto. Arranjava sempre maneira de passar pelos adversários, embora tenha descido de forma depois da CAN. Nani é indiscutivelmente um dos melhores jogadores da Liga NOS e só enriqueceu a nossa liga com a sua chegada. Se o Sporting mantivesse a boa campanha, talvez Nani fosse mais determinante. Contudo, acabou por seguir a forma e o nível da sua equipa, não a conseguindo inspirar tantas vezes como se pedia. Marco Matias foi o goleador do Nacional e o melhor marcador português do campeonato, mostrando uma enorme evolução, e Miguel Rosa manteve-se a bom nível.
Segundo Avançado/ "10": Aqui juntámos a posição de Segundo Avançado e Número 10 para que pudesse ser compatível com todas as tácticas dos clubes e para não deixarmos nenhum jogador de fora. E aqui não há muito que se diga... Jonas chegou e ganhou. Injustiçado na derradeira jornada do campeonato com um golo mal anulado, poderia ter roubado o estatuto de Melhor Marcador e a "Bola de Prata" ao colombiano Jackson, já que estava a apenas 1 golo e tinha menos minutos jogados. Jonas chegou a custo zero, quando já decorria o mês de Setembro, e muitos adeptos torceram o nariz. Mas rapidamente conquistou todos os amantes de futebol com uma classe fenomenal e um sentido de golo que é raro encontrar. Merecia ser o melhor marcador, mas não foi possível. Óliver Torres dificilmente ficará no Dragão na próxima época. Depois de se ter exibido ao longo do campeonato a um excelente nível, Diego Simeone poderá querer dar-lhe uma oportunidade no clube colchonero. Diego Lopes é um 10 puro que já é raro encontrar no futebol actual, jogou e fez jogar este Rio Ave de Pedro Martins. Montero acabou por ser um dos jogadores que mais deu ao Sporting (especialmente na recta final), enquanto que Talisca foi o talismã o Benfica nos primeiros jogos do campeonato.
Ponta de Lança: Como jogador mais adiantado temos Cha-Cha-Cha. Jackson Martínez terminou o campeonato como Melhor Marcador da liga e foi, de longe, o melhor jogador do FC Porto em todo o campeonato. Assumiu a braçadeira de capitão e nos jogos em que a equipa apresentou um futebol mastigado, foi sempre Jackson a pegar no esférico, tentando mudar a história do jogo. Um misto de força, explosão e técnica, Jackson Martínez foi um 31 para todas as defesas, e cairia que nem ginjas no futebol do Arsenal. Logo atrás do colombiano surge Lima. Teve um jejum de golos durante algum tempo, mas nunca desesperou. Embora já ouvisse apupos dos adeptos, Lima foi sempre fulcral na equipa. Trabalhou bastante ao vir atrás buscar jogo e acabou por se sagrar 3.º melhor marcador ficando muito perto de Jonas e Jackson. Bruno Moreira e Zé Luís foram as surpresas atacantes deste campeonato. Os goleadores improváveis (especialmente Zé Luís que chegou a relegar Éder para o banco). O poderoso Slimani completa o lote.

    Para Jogador do Ano, confessamos que tivemos bastantes dúvidas... Num lote que engloba 4 benfiquistas, 1 portista e 1 vitoriano, o prémio seria sempre entregue a 1 de dois jogadores encarnados: Jonas ou Gaitán. É certo e sabido que Jonas foi fulcral neste Benfica ao ser o goleador de serviço. Inventou jogadas e golos. Espalhou pormenores de classe e foi talvez dos jogadores mais fantásticos do campeonato. Mas há Gaitán. O argentino acaba por simbolizar a época da águia. Sem ele, a equipa perdeu sempre gás, inspiração, a luz do seu 10. Sem ele não há a mesma criatividade e nota artística. Nico espalhou a sua magia por Portugal inteiro e foi nos seus pés que se iniciaram tantas e tantas jogadas de perigo. Gaitán, pela 1.ª vez uma época inteira regular a um nível altíssimo, percebeu sempre o que os seus companheiros iriam fazer, e isso só os grandes são capazes de fazer. 
    Jackson Martínez foi o jogador mais importante dos dragões. No ano passado tinha ficado aquém das suas capacidades, mas este ano mostrou o seu verdadeiro valor. Com golos de todas as maneiras e feitos, foi uma autêntica seta apontada à baliza adversária e não só... Trabalhou e muito para a equipa, porque é sem dúvida um avançado de topo. Jardel foi o melhor central da liga portuguesa de caras, calando todas as críticas que lhe fizeram. Foi um ano de afirmação e o brasileiro merecia isto. Teremos futuro substituto de Luisão? 
    André André foi o coração do Vitória de Guimarães. Mostrou uma entrega fascinante em todos os jogos do campeonato, acabando por ser vital na excelente campanha da sua equipa e tornando-se um dos melhores jogadores deste campeonato. Por fim - apesar de ter sido mal-amado durante grande parte do campeonato -, quem percebe de futebol sabe ver que um avançado não se traduz exclusivamente no número de golos. Apesar de Lima ser o terceiro melhor marcador do campeonato, teve algum tempo sem marcar causando inquietação perante os adeptos. Verdade irrefutável: foi importantíssimo na construção atacante da equipa, e o entendimento que tem com o companheiro Jonas não tem preço.

    No Barba Por Fazer consideramos candidatos ao prémio de "Jovem Jogador do Ano" jogadores até aos 22 anos de idade e, assim, o sucessor de William Carvalho é o espanhol Óliver Torres. O pequeno e criativo jogador, emprestado pelo Atlético Madrid ao Porto, é daqueles que não engana. Quando se vê um jogador em tão tenra idade a apresentar a maturidade que Óliver apresenta, sem nunca se esconder do jogo, é inequívoco que está ali um futuro craque. Para além de Óliver, a dupla canarinha do Braga - Matheus e Danilo - somou pontos na sua 1.ª época na Europa, e o benfiquista Talisca terminou a temporada com 9 golos marcados (uma excelente marca para um jovem de 21 anos recém-chegado ao futebol português). Para os restantes dois lugares havia vários candidatos mas optámos por destacar Iuri Medeiros (muita qualidade técnica, a justificar aposta por parte do Sporting) e Sturgeon, um dos jogadores que mais evoluiu no clube da Cruz de Cristo. Rúben Neves poderia figurar neste conjunto se tivesse sido aposta com maior regularidade, Bernard Mensah perdeu algum fulgor ao longo da época, Hassan não fez mais do que os 5 eleitos e a elementos como Lucas João e Tobias Figueiredo faltou maior regularidade. Quem sabe se em 2015/ 16 não estarão aqui jogadores como Gonçalo Guedes, Rúben Neves, Jonathan Rodríguez, Diogo Jota ou Dálcio... 

Treinador do Ano: Chegando à categoria dos técnicos, a dificuldade foi muita devido ao excelente trabalho de vários treinadores da presente Liga. Todos eles portugueses. Jorge Jesus é o nosso eleito, mesmo não gostando nós de eleger o mesmo Treinador 2 anos consecutivos. Depois de perder algumas das pedras mais preciosas do seu plantel, Jesus viu-se obrigado a reconstruir o Benfica. E mais uma vez conseguiu. Criou uma equipa unida, madura, consciente das suas forças e fraquezas, derrotando os nomes sonantes contratados pelo Porto. Potenciou e trabalhou jogadores como Samaris, Pizzi e Jardel e ainda teve em Jonas uma aposta ganha. É sem dúvida a melhor opção para o Benfica a longo-prazo, mas para isso é preciso haver entendimento entre as partes. Terá a boa relação entre Jesus e Luís Filipe Vieira continuidade? Se não tiver, um dos nomes falados é Rui Vitória. O técnico português, fez mais uma vez omeletes sem ovos. Com pouco dinheiro para investir no plantel e depois de perder algumas das pedras mais preciosas, Rui Vitória conseguiu construir uma equipa jovem mas ambiciosa, capaz de praticar um excelente futebol. Ainda assim, à sua frente colocamos Petit. Todos davam o Boavista como morto, mas Petit foi ganhando pontos aos poucos. Foi vencendo partidas (muitas delas perto do fim), mesmo que para isso tenha apostado num futebol mais defensivo. Só que não tendo, nem de perto nem de longe, tão bons recursos como outros clubes, Petit acabou por surpreender tudo e todos ao fazer permanecer o Boavista na Liga NOS. Um petit milagre. Miguel Leal fez um excelente trabalho no Moreirense (equipa organizada e impecável do ponto de vista defensivo) e Lito Vidigal colocou o Belenenses no lugar em que merece estar - a jogar bom futebol e na Europa -, antes de ser despedido.

Clube-Sensação: Vit. Guimarães
Desilusão: Estoril
Most Improved Player: 1. Jardel, 2. Danilo Pereira, 3. Pizzi
Reforço do Ano: Jonas (Benfica)
Flop do Ano: Adrián López (Porto)
Melhor Golo: Nani (Sporting 2 - 0 Gil Vicente) (Link)



23 de maio de 2015

100 Melhores Personagens de Filmes - Nº 34



Filme: The Lord of the Rings
Actor: Ian McKellen

por Miguel Pontares

    O feiticeiro cinzento, o feiticeiro branco, interpretado por um actor nomeado cavaleiro em 1991. Sir Ian Murray McKellen.
    Há tanto de fascinante em "O Senhor dos Anéis" de Peter Jackson que imagino que compreenderão que esta seja a segunda personagem  - Samwise Gamgee foi convocado mais cedo - mas que ainda venham mais duas, nos momentos certos. Tolkien criou um mundo mágico, a mais completa das fantasias, com dialectos, mapas e árvores genealógicas, e Peter Jackson permitiu-nos vivê-lo. Cerca de setenta vezes, porque este é um daqueles filmes que, por maiores que sejam as 3 partes, ninguém lhes resiste quando passam na televisão. Ou então quando passam uns anos sem os ver, e fazemos um reset automático.
    Para Christopher Lee, o único homem do elenco que conheceu Tolkien em vida, 'The Lord of the Rings' tornou-se, bem antes do filme, uma obra de leitura anual. Um ritual religiosamente respeitado pelo senhor a quem Tolkien disse um dia que gostaria de ver a personagem de Gandalf entregue. Mas não. Coube ao altivo e vampiresco Christopher Lee entregar-se de corpo e voz grave ao papel de Saruman, e o cândido avô Magneto assumiu-se como o feiticeiro mais marcante do Cinema.
    Par de Dumbledore ou Merlin na 7.ª Arte, "primo" de Radagast na trilogia da Terra Média, Gandalf é uma tentativa de Sir Ian McKellen em dar vida aos maneirismos e forma de falar do escritor Tolkien. Uma bonita homenagem, e apenas mais um dos pontos que faz de Gandalf a grande personagem que é.
    Se bem se lembram, o 1.º contacto que temos com ele é hilariante. Chega na sua carroça, em ritmo lento, no momento exacto em que pretende chegar porque um feiticeiro nunca se atrasa. Depois transforma o seu ar sério num abraço, entre risos, a Frodo.

    Sejamos francos, Gandalf é o homem mais popular da Terra Média. Todos o conhecem, todos (tirando uns orcs, Saruman e um olho com conjuntivite) o respeitam, consegue sempre convencer toda a gente a ir com ele em caminhadas gigantes, e é ele quem desencadeia uma série de eventos. Com total conhecimento do que move homens, anões, elfos e hobbits, é ele quem ajuda a formar a Irmandade do Anel, integrando-a, e é ele quem confia a Frodo a sua missão. Porque até a pessoa mais pequena pode mudar o rumo da História, como Tolkien nos ensinou. E mesmo em 'The Hobbit' também é ele quem se encontra inicialmente com Thorin.
    Gandalf ou Mithrandir, sempre mais poderoso do que aparenta, farta-se de trabalhar em 'The Lord of the Rings'. Derrota um Balrog, lava as suas vestes com Skip ao fim de anos passando a ser "Gandalf, o Branco", expulsa o mal do corpo do rei Théoden (o célebre e aplicável a muitos contextos You have no power here!) e sabe preparar com pompa e circunstância as suas entradas: Look to my coming, at first light, on the fifth day / At dawn, look to the East. 
    A personagem de Sir Ian McKellen é, à sua maneira, o nosso velho amigo, o nosso terceiro avô, inseparável do seu cajado e dono do cavalo mais bonito de sempre. É impossível imaginar Gandalf na pele de outro actor, mas o papel foi oferecido primeiro a Sean Connery. O antigo James Bond rejeitou, por "não perceber a história". Brindemos a isso.


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Nota Editorial: A compilação/ organização e ordem das personagens deste Top é responsabilidade de Miguel Pontares e Tiago Moreira. Os textos tiveram a colaboração de Daniel Machado, Lorena Wildering, Nuno Cunha, Sara Antunes Santos e Carolina Moreira.
Foram tidos em consideração filmes lançados até 20 de Novembro de 2014. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou aos filmes que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.

22 de maio de 2015

100 Melhores Personagens de Filmes - Nº 35



Filme: The Big Lebowski
Actor: Jeff Bridges

por Tiago Moreira

    Senhoras e senhores, meninos e meninas... Apresento-vos: Eddie Vedder todo drogado!... Menti-vos. Acreditaram? É o que dá acreditarem em tudo o que lêem na internet. Não podem acreditar em tudo o que vos dizem... Não é Eddie Vedder, mas é um pouco parecido. O actor que aqui podem vislumbrar do lado esquerdo é Jeff Bridges - actor que, não há muito tempo, foi galardoado com o Óscar de melhor actor principal no filme "Crazy Heart".
    Todavia, o filme onde se insere a nossa personagem de hoje em nada tem a ver com "Crazy Heart". "The Big Lebowski" nada tem a ver com romance e dramas relacionados com a vida profissional. Esta película onde integra Jeffrey Lebowski tem todo um dramatismo bem mais profundo. No caso, dois indivíduos entraram em sua casa por engano a pedir-lhe dinheiro e mesmo sabendo que erraram, urinaram no seu tapete da sala. E é aqui que tudo começa. Jeffrey - que se recusa a ser conhecido como tal e prefere ser chamado de The Dude - ficou bastante transtornado e decidiu averiguar quem era o Lebowski de que ambos os indivíduos procuravam. Assim sendo, largou a sua rotina que consistia em se drogar deitado no tapete - agora urinado - e partiu para a aventura da sua vida. Depois de conseguir reclamar um tapete da grande mansão do verdadeiro Lebowski, é assaltado onde lhe levam de novo o seu tapete - pelo menos desta vez não lhe causaram aquela sensação de «tão perto, mas tão longe» ao não urinarem no dito. The Dude é contactado pelo Big Lebowski para que este entregasse 1 milhão de dólares aos raptores da sua mulher (supostamente tinha sido raptada). The Dude aceita e juntamente com o seu parceiro tresloucado Walter acabam por inventar um plano em que levariam Bunny (mulher de Lebowski) e a mala com o dinheiro para casa enganando os criminosos com uma mala cheia de cuecas sujas de Walter. Um plano que tem tudo para correr mal e corre mesmo. Com um grau humorístico elevado já que Walter é um ser imprevisivelmente humorístico. Tem um pequeno toque de Alan de «The Hangover».
    The Dude é um clássico do cinema. Um verdadeiro hippie que não quer trabalhar e que passa os dias a drogar-se e a ouvir música com o seu walkman. Também é um amante do bowling tal como os seus 2 fiéis companheiros. Haverá sempre um acaso que rompa a rotina até dos seres mais preguiçosos. Neste preciso caso, foi um tapete urinado.


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Nota Editorial: A compilação/ organização e ordem das personagens deste Top é responsabilidade de Miguel Pontares e Tiago Moreira. Os textos tiveram a colaboração de Daniel Machado, Lorena Wildering, Nuno Cunha, Sara Antunes Santos e Carolina Moreira.
Foram tidos em consideração filmes lançados até 20 de Novembro de 2014. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou aos filmes que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.

Dicas Fantasy Premier League - Jornada 38

Fantasy Premier League - E tudo vai acabar. A temporada 2014/ 15 chega este Domingo ao fim, com todos os jogos a serem disputados às 15:00. O campeão está definido, tal como o 2.º classificado, só a conjugação de uma goleada do Manchester United ao Hull e do WBA em casa do Arsenal trocaria 4.º e 3.º, interessando sobretudo duas zonas da tabela: a Liga Europa e a manutenção. Entre Liverpool, Tottenham e Southampton ainda muito pode mudar, embora teoricamente - considerando quem enfrentam nesta jornada - as coisas devam ficar como estão. No fundo da classificação, QPR e Burnley já estão condenados mas resta agora saber se será o Hull City ou o Newcastle a acompanhá-los. Para segurarem a manutenção, os tigers precisam de ganhar ao Manchester United e esperar que o Newcastle, do auto-intitulado "melhor treinador de Inglaterra" John Carver, não derrote o West Ham.
    De resto, poderemos assistir a jogos mais abertos nesta última jornada, com o Chelsea a ter que suar menos visto que o Sunderland já garantiu a manutenção frente ao Arsenal, esperando-se espaço no Manchester City-Southampton (o jogo grande da jornada, tal como o Everton-Tottenham), Leicester-QPR, A.Villa-Burnley ou C.Palace-Swansea.
    A última jornada foi defensivamente do Sunderland, e ofensivamente do Southampton. Sadio Mané foi o craque da jornada ao fazer o hat-trick mais rápido da História da Premier League. Também o colega de equipa Shane Long foi destaque na goleada de 6-1 imposta ao Aston Villa. O extremo senegalês totalizou 23 pontos, e o irlandês 18. Numa jornada em que defrontaram Leicester e Arsenal, a defesa do Sunderland conseguiu 2 clean sheets dando assim uma jornada excelente para van Aanholt, Pantilimon, Jones, Coates e O'Shea. Yaya Touré exibiu-se ao nível da temporada passada, Berahino destruiu o Chelsea, e Matt Phillips voltou a mostrar que, tal como Austin e Fer, tem futebol para se manter na Premier League.
(Podem-se juntar à Liga Barba Por Fazer: Código - 2019364-449247)

Despeçam-se dos vossos jogadores, e em Agosto haverá mais Fantasy. Nesta derradeira jornada, apostamos em:

 Kun Agüero - Manchester City - 12.8

    Com Hazard em dúvida para a última jornada, graças a uma pequena operação, Agüero pode ainda tornar-se no jogador com maior pontuação final no Fantasy 14/ 15. Difícil, porque seriam necessários mais de 16 pontos (esta época fez 23 pontos contra o QPR, 19 contra Tottenham e 16 com o Sunderland) e o adversário dá pelo nome de Southampton, mas não é impossível. Com 5 golos de vantagem sobre Diego Costa a Bola de Prata já não deve fugir ao argentino, mas o 2.º classificado Manchester City deverá querer usar esta última jornada para deixar uma boa imagem final perante os seus adeptos. Pode ser o último jogo em que Pellegrini comanda a equipa, e eventualmente de elementos como Yaya Touré ou Milner.

    É difícil uma última jornada sem pelo menos 1 golo de Agüero, e embora o Southampton chegue motivado pela goleada de 6-1, necessita de ganhar para subir na classificação (pode ficar em 7.º, 6.º ou 5.º) e se conceder mais espaço, Silva e Agüero irão explorá-lo. Seja Hazard, Agüero ou Alexis o jogador com mais pontos desta edição, a verdade é que ficarão sempre bastante distantes dos brutais 295 pontos de Luis Suárez em 2013/ 14 (não jogou os primeiros 5 jogos e fez 30 golos, 25 assistências e teve 40 pontos de bónus), de Lampard em 2009/ 10 (284) e Cristiano Ronaldo em 2007/ 08 (283).

 Riyad Mahrez - Leicester City - 4.9

    A salvação foi atingida, com a equipa de Nigel Pearson a conseguir 6 vitórias nos últimos 8 jogos, e se este Domingo o QPR se despedirá da Premier League, correndo sérios riscos de ficar em último (é provável que tanto QPR como Burnley percam com Leicester e Aston Villa), o Leicester City quererá deixar um "até já" positivo aos seus espectadores, ultrapassando os 40 pontos na tabela. Basta uma vitória para que o Leicester segure o seu actual 14.º lugar e para isso, para além da maior consistência defensiva nesta recta final (Morgan e Schmeichel tiveram importância) que se encarregará de anular Austin, no ataque espera-se bastante de 3 figuras. Leonardo Ulloa, melhor marcador da equipa; Jamie Vardy, provavelmente o jogador do ano do clube e recentemente chamado à Selecção inglesa; e o argelino Mahrez. Riyad chega à 38.ª jornada apenas com 4 golos e 4 assistências mas tem qualidade técnica para mais. Vamos ver se consegue um jogo ao nível do que realizou na última vez que pisou aquele mesmo relvado, diante do Southampton.

 Yannick Bolasie - Crystal Palace - 5.5

    A chegada de Alan Pardew ao comando do Crystal Palace mudou a equipa por completo, depois desta se arrastar meia época órfã de Tony Pulis (decisivo quando chegou ao WBA). A defesa estabilizou e no ataque Murray ressuscitou, Bolasie e Puncheon elevarem o seu futebol para outro patamar, e até o próprio Zaha passou a ter números. Espera-se um jogo aberto no Crystal Palace-Swansea com ambas as equipas tranquilas e a fecharem uma época positiva. O Swansea sabe que não pode conseguir mais nem menos do que o 8.º lugar, mas o Crystal Palace ainda pode sonhar com o 10.º lugar. Bolasie poderá ser um dos jogadores-chave do jogo, isto depois de uma época em que convenceu de vez - continuou a ser entusiasmante quer no flanco esquerdo quer no direito, mostrando velocidade e uma capacidade de driblar acima da média. Na época passada fez 4 assistências, nesta já conta 4 golos e 12 assistências. Não deverão faltar interessados ao extremo congolês por isso, para ele, este pode ser um jogo de despedida.


 Christian Benteke - Aston Villa - 7.9

    Se a saída de Bolasie do Crystal Palace é uma possibilidade, a transferência de Benteke para um clube de outro patamar competitivo é praticamente uma certeza. Com 24 anos, Benteke já deixou clara a sua qualidade durante várias épocas e tem tudo para render e conseguir outro volume de golos com um elenco superior à sua volta. Em Inglaterra fala-se que, caso Benteke saia, o Aston Villa apostará na contratação de Charlie Austin; mas para já o 19.º e já condenado à descida Burnley será a vítima final de Christian Benteke ao serviço da equipa de Sherwood. Grealish, Cleverley e companhia vão alimentar o portento belga.

 Steven Gerrard - Liverpool - 8.6

    Sim, tal como na semana passada, Gerrard outra vez. É a última vez que podemos sugerir que o coloquem nas vossas equipas, portanto não podíamos deixar passar a oportunidade. Contrariamente à semana passada em que Anfield quis dar um golo ao capitão (Rodgers chegou a alterar a equipa para colocar Gerrard mais próximo de zonas de golo, e os colegas negligenciaram melhores linhas de passe na tentativa de o servir), em casa do Stoke o jogo tem tudo para decorrer de forma mais natural. O que pode conduzir mais facilmente a um golo de Gerrard, de penalty ou não. Podia acontecer Brendan Rodgers não colocar Gerrard, para que o último jogo deste tivesse sido em Anfield, mas conhecendo Gerrard e a sua vontade de competir e jogar todos os jogos, é um cenário que à partida afastamos.

Outras Opções:
Guarda-Redes: David Ospina (5.0) Kasper Schmeichel (4.5) são duas das boas opções para esta jornada, embora o WBA viaje até ao Emirates Stadium depois de vencer o campeão por 3-0. Nos restantes jogos, Courtois ou Cech são opções válidas restando saber qual deles será titular. E, para o bem do Newcastle, é bom que Tim Krul esteja num dos seus dias.

- Defesas: Branislav Ivanovic (7.7) e John Terry (7.0) devem querer terminar a Premier League 2014/ 15 com a totalidade de minutos possíveis nas pernas; Aleksandar Kolarov (5.8) terá a oportunidade para prolongar a sua veia goleadora caseira, e o Newcastle precisa das subidas do holandês Daryl Janmaat (5.3) para desequilibrar, caso Dawson e companhia consigam vencer o Manchester United.

- Médios: Mencionados Bolasie, Mahrez e Gerrard, é inevitável incluir ainda craques como David Silva (9.7), Yaya Touré (10.7) (último jogo pelo Manchester City?), Alexis Sánchez (11.5) e, caso jogue, Eden Hazard (11.1). Veremos o que faz o miúdo Grealish, e quem reclama estatuto de herói no Hull ou Newcastle.

Avançados: Benteke e Agüero são as principais apostas, mas pode ser uma jornada que marque um até já positivo de Diego Costa (10.6), da dupla do Leicester Vardy e Ulloa, e eventualmente de Romelu Lukaku (8.7).

20 de maio de 2015

Crónica: Capitão do meu Futebol

Steven George Gerrard nasceu em Whiston, no Merseyside, a 30 de Maio de 1980. Aos nove anos de idade integrou a Academia de formação do Liverpool, já o seu clube do coração, e em 1998 (18 anos de idade) fez o seu primeiro jogo como jogador profissional do clube que entoa apaixonadamente: You'll Never Walk Alone.

    Nasci em 1991 e quis o destino que o futebol me chamasse a sério em 1997/ 98, primeiro por cá atraído pelo vermelho forte e hipnotizante, clube da família, numa altura em que João Pinto, Poborský e Nuno Gomes davam cor a um clube deprimido e (ainda) sem rumo. E depois, internacionalmente. Como tantos miúdos coleccionei cromos e mais cromos, descobri jogadores uns a seguir aos outros, e no ano de 2000, em grande parte graças ao senhor Panini, já tinha os nomes de meia Europa de craques na ponta da língua ao acompanhar de perto uma Champions (ganha por um Real Madrid pré-galácticos) e o Euro-2000. Foi por volta de 1999 que o Manchester United, historicamente gigante rival do Liverpool, me escolheu como seu fiel adepto, uma paixoneta a anos-luz do amor pelo Benfica, em parte pela épica final ganha ao Bayern, em parte porque já então me fascinava uma equipa vinda da cantera, fiel às suas origens: Giggs, Beckham, Scholes, Butt e os Neville, os meninos de Sir Alex.
    Steven Gerrard começou a jogar pelo Liverpool com regularidade em 2000, ano no qual fez parte da Selecção que perdeu 3-2 com Portugal na fase de grupos. Gerrard, o número 16 dessa Inglaterra, não saiu do banco nesse jogo, e só faria 29 minutos nesse Europeu. Tive a sorte de acompanhar a carreira de Gerrard desde o início, numa conjuntura que a fez coincidir com a altura em que comecei a gostar de futebol. O jogador que vestiu as camisolas 28 e 17 antes de assumir o 8 dos reds já era capitão de equipa em 2003 (23 anos), mas foi em 2004/ 05 que chegou o ponto mais alto da sua carreira. Numa altura em que já tinha ganho a Taça UEFA (marcou na final contra o Alavés), as taças inglesas e várias distinções individuais, Gerrard ajudou o Liverpool a passar a fase de grupos da Champions com um golaço ao Olympiacos e conduziu o seu clube, passando por Leverkusen, Juventus e Chelsea (tanto que jogou Luis García nessa Champions..), até à mágica final de Istambul.
    Na Turquia aconteceu uma daquelas finais que não se esquece mais. O AC Milan, uma constelação com Maldini, Kaká, Shevchenko, Crespo, Pirlo, Seedorf, Rui Costa, Cafu ou Nesta, ganhava por 3-0 ao intervalo. A final parecia entregue, até que aos 54 minutos o norueguês Riise cruzou para a área, encontrando um cabeceamento certeiro do capitão. Se há imagens no Futebol que não me abandonam, uma delas é certamente Gerrard a incentivar os colegas, puxando pelos adeptos, com a braçadeira de capitão a deslizar ao longo do braço enquanto corria até ao meio-campo. O seu golo e a capacidade contagiante de um líder nascido para inspirar os colegas de equipa levou o Liverpool a empatar o jogo nos 6 minutos seguintes, ganhando depois nas grandes penalidades numa reviravolta épica. Única.

    Um feiticeiro chamado Zinedine Zidane disse em 2009 que considerava Steven Gerrard o melhor jogador do mundo. Não pela sua enorme qualidade de passe, pelos seus desarmes ou por ser um médio capaz de fazer vários golos mas por juntar a tudo isto a inata e rara capacidade de dotar a sua equipa de uma confiança e fé indescritíveis. José Mourinho quis levar Gerrard para o Chelsea, quis levá-lo para o Inter e depois para o Real Madrid. Gerrard nunca aceitou abandonar o Liverpool. O ídolo de Daniele De Rossi, líder pelo exemplo, foi também o meu ídolo desde sempre. O único jogador capaz de retirar de mim a expressão "é o meu jogador preferido", mesmo tendo acompanhado as carreiras de craques como Zidane, Ronaldinho, Rui Costa, Aimar, Bergkamp, Iniesta, Scholes ou Messi. O que é que me chamou à atenção em Steven Gerrard? Não sei ao certo. Talvez o facto de eu em miúdo também ter o cabelo curto e castanho claro, talvez a forma apaixonada como logo no início da carreira pegava na bola e a equipa o seguia, sempre com as costas ligeiramente curvadas e um pontapé fulminante pronto para disparar a qualquer momento. Talvez tenha sido o destino a fazer-me escolher um jogador que viria a ser um exemplo na modalidade, uma lição para a vida.
    Vivemos numa época em que a sociedade parece doente em alguns momentos, a fé na Humanidade está desacreditada. No Futebol, os jogadores são encarados como máquinas ajustadas e trabalhadas rumo à perfeição, em direcção a um moneyball numérico. Esses mesmos jogadores, influenciados pelos empresários ou pelas tendências, querem na sua maioria desesperadamente experimentar outros campeonatos, ganhar títulos em equipas com maior projecção. E, por isso, quando vemos um jogador como Steven Gerrard a dizer adeus, todos ficamos mais pobres. Órfãos, mesmo. Ao longo de 17 temporadas (mais de 25, considerando o tempo nos escalões jovens) a servir o clube de Anfield, Gerrard passou os 700 jogos pelo clube (acima de 500 na liga), totalizou 114 internacionalizações por Inglaterra, fixou-se como 5.º melhor marcador da História do clube, manteve-se fiel até não ver o seu contrato a ser renovado uma última vez. É ainda o único jogador que pode afirmar ter marcado golos nas finais da Champions, Taça UEFA (agora Liga Europa), FA Cup (mágica a sua final contra o West Ham) e Taça da Liga Inglesa; e é o jogador com mais golos "europeus" do Liverpool. Todos os verdadeiros amantes de futebol terão torcido para que Gerrard e Suárez conseguissem vencer na época passada a Liga Inglesa, competição que o capitão nunca ganhou e que foge ao emblema de Anfield Road desde 1990. A sorte não esteve do seu lado, como em muitas outras ocasiões. Mas Gerrard nunca foi jogador de museus ou de livros de recordes, foi um jogador que nos preenche a alma por inteiro e reserva um lugar especial na nossa memória e no nosso coração. Com a fidelidade de quem já se retirou (Giggs, Maldini, Scholes ou Puyol nos tempos recentes) ou de figuras em actividade como Totti, De Rossi, Iniesta, Xavi e Messi. Mas, mesmo assim, Gerrard é diferente. Porque o difícil é amar quando nem tudo são rosas, e aceitar que, independentemente de tudo, a paixão é incondicional. Como a de um adepto ou de um homem que olha para a mulher da mesma maneira ao fim de 50 anos de casamento.

    "Sermos o que somos e tornarmo-nos no que somos capazes de ser é a única finalidade da vida". Este lema sábio do escocês Robert-Louis Stevenson traduz na perfeição a vida e carreira de um atleta e homem singular. Steven Gerrard foi até hoje consistência. Nas suas exibições, na sua garra e no índice de trabalho. Foi até hoje coerência. Porque para liderar é preciso ser um exemplo, ser íntegro, leal e genuíno. Foi até hoje lealdade. Nunca aceitou as investidas aliciantes de Sir Alex Ferguson ou José Mourinho. Manteve-se fiel aos seus princípios e valores, ao seu clube e procurou ser sempre mais - individual e colectivamente. Aspirou sempre a ganhar mais um jogo, a lutar por cada bola, a marcar mais um golo de livre, de meia distância ou a isolar um colega com um extraordinário passe de ruptura, sempre vestindo a única camisola que quis envergar.
    Não ganhou tantos títulos como outros, é verdade. Mas ganhou um respeito sem igual. De colegas, rivais e adeptos. Stamford Bridge aplaudiu-o de pé, Anfield preparou-lhe uma despedida tocante, e neste fim-de-semana será o Stoke City a ter as honras de ver Gerrard pisar os relvados ingleses pela última vez. Quando inquirido sobre qual o jogo que mais o marcou, o 8 do Liverpool respondeu "o primeiro", e em 2006 confessou que cada vez que entra em campo, o faz pelo primo Jon-Paul, com 10 anos a mais jovem vítima da tragédia de Hillsborough, numa altura em que Steven tinha oito anos.
    Steven Gerrard foi até hoje um símbolo. E uma braçadeira. Porque ele é e será o emblema de uma cidade onde o futebol se vive e joga de uma maneira especial, e porque não há ninguém a quem a palavra capitão sirva tão bem como a Steven Gerrard. O meu ídolo, o capitão do meu Futebol. Obrigado por me ensinares em campo como devo ser fora dele. E quando calçar as chuteiras será sempre com o teu 8 e as tuas 7 letras inscritas no vermelho das minhas costas. E tal como eu, tantos outros por esse mundo fora, porque há algo garantido para sempre:
You'll Never Walk Alone.

                  Miguel Pontares

18 de maio de 2015

100 Melhores Personagens de Filmes - Nº 36



Filme: Intouchables
Actor: Omar Sy

por Tiago Moreira

    Estamos perante um dos melhores filmes franceses da actualidade. Um obrigatório de ver por conseguir relacionar dois mundos distintos, drama e muita comédia pelo meio. Comédia essa que geralmente é proporcionada pelo nosso Driss. O filme - esse - é Intouchables que foi baseado no livro autobiográfico "Le Second Souffle" de Philippe Pozzo di Borgo - membro da alta aristocracia francesa (também tendo sido director da conceituada casa de champanhes Pommmery) que mais tarde sofreu um grave acidente ficando tetraplégico. Um dos filmes franceses com maior sucesso na actualidade a nível mundial, tendo sido recordista de bilheteira em vários países.
    Quanto ao filme propriamente dito, Philippe necessitava de alguém que cuidasse dele. Alguém que o auxiliasse em tudo o que tinha dificuldade a fazer. Assim sendo, é-lhe apresentado inúmeros candidatos, mas Philippe acaba por escolher o ajudante mais improvável. Driss era um rapaz do bairro - rebelde - que em tudo contrastava com a vida recheada de luxúrias de Philippe. Juntos acabam por desfrutar de vários momentos de pura diversão, mas também de alguma melancolia.
    Um filme que acabou por ser um retrato daquilo que aconteceu na realidade. Ainda existem pessoas que se julgam superiores por terem mais posses do que o comum dos mortais. Apresentam-se com algum sobranceio e algum desprezo por quem não partilha dos mesmos costumes, das mesmas vestes ou até da mesma forma de falar. E Driss representa a classe social que é olhada com desdém pelos que ocupam cargos da mais alta sociedade. Só que também é um exemplo de alguém com um grande coração e que apesar das dificuldades que a vida lhe proporciona a nível monetário, não deixa de ser alguém alegre. Em alguns casos - não querendo ser generalista - quem representa patamares mais altos da sociedade acaba por se reprimir de fazer A ou B com medo de manchar o seu perfil perante os olhos dos outros. No fundo, acabam por perder pequenos momentos da vida que acabam sempre por ser os melhores. Acabam por se privar de viver no verdadeiro sentido da palavra, se me permitem a hipérbole. Porém, somos todos iguais. Pertencer a pólos opostos da sociedade, não é sinónimo de viver em mundos diferentes. Todos temos sentimentos. Não são os bens materiais que possuímos que nos definem como pessoa. São os nossos valores. A nossa personalidade. E a amizade... A amizade está onde menos se espera.


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Nota Editorial: A compilação/ organização e ordem das personagens deste Top é responsabilidade de Miguel Pontares e Tiago Moreira. Os textos tiveram a colaboração de Daniel Machado, Lorena Wildering, Nuno Cunha, Sara Antunes Santos e Carolina Moreira.
Foram tidos em consideração filmes lançados até 20 de Novembro de 2014. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou aos filmes que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.