9 de agosto de 2019

Antevisão da Liga NOS 2019/ 20

 Liga NOS - Vai começar tudo uma vez mais. Sabemos que não temos a melhor Liga, não temos os melhores jogadores e infelizmente não proporcionamos por regra os maiores espectáculos, mas esta é a nossa Liga. São os nossos estádios, as nossas tradições, a nossa família. Podemos encantar-nos com a Premier League, a La Liga ou a Champions, mas é esta a competição em que entre amigos festejamos um golo num abraço conjunto como se estivéssemos nós em campo, ou em que um pai apresenta ao filho o que é torcer, sentir e viver um clube.
    Por isso sabe tão bem esta sensação, vivida pelo país fora em diferentes cores e em defesa de diferentes emblemas, de que a partir de hoje estamos de regresso a casa.
    2019/ 20 promete, acima de tudo, ser um passo evolutivo em direcção a uma cultura de maior respeito. Seguindo o exemplo Bruno Lage (será que esta Liga o merece?), fazemos votos para que a palavra seja dada a jogadores e treinadores, os verdadeiros intervenientes, num discurso aberto, descontraído e positivo, e que a cada dia seja menor o ruído extra-futebol e a gasolina que inflama rivalidades. Porque uns sem os outros, não somos nada.
    Mesmo depois de vender Jonas e aquele que em teoria seria o seu legítimo herdeiro (João Félix, transaccionado por históricos e astronómicos 126 milhões), o Benfica parte na frente. Os encarnados seguraram quase todo o plantel, têm um modelo solidificado e estável (5 títulos em 6 anos) e são grandes as expectativas para uma temporada com Bruno Lage desde o primeiro jogo. Tendo a temporada começado com um invulgar 5-0 na Supertaça.
    O FC Porto deixou de contar com Casillas (?), Militão, Felipe, Herrera, Óliver e Brahimi, mas Sérgio Conceição recebeu muitos reforços (até ver, a quantia gasta foi de 60 milhões) e quer travar a onda benfiquista. Pessoalmente, após deslize na Liga e duas finais perdidas para o Sporting nas taças, pensámos que Pinto da Costa iria mudar de treinador. Mas SC teve voto de confiança e derradeira oportunidade.
    Antecipar o percurso do Sporting implica claramente ter certezas sobre o destino de Bruno Fernandes. Entre os grandes, os leões são por larga margem a equipa mais dependente de um único jogador (Jogador do Ano na Liga NOS 2018/ 19) e uma saída do camisola 8, que parece não vir a acontecer, podia atirar a equipa para um arranque apático e deprimido. À espreita está o Sporting de Braga. Os minhotos escolheram Sá Pinto como novo treinador, decisão que tem como contra o facto de se tratar de alguém que pode ser detido em várias circunstâncias do dia-a-dia, mas o plantel deixa antecipar um bom trajecto.
    Paços de Ferreira, Famalicão (com o apoio de Jorge Mendes e do Atlético Madrid) e Gil Vicente, este último o novo desafio de Vítor Oliveira, são as 3 novidades, numa Liga em que 9 equipas (metade) têm novo treinador. Aguardamos com expectativa e curiosidade os trabalhos de Ivo Vieira no Vit. Guimarães e Carlos Carvalhal no Rio Ave, e numa segunda linha esperamos bom futebol por parte do Portimonense, Santa Clara e Moreirense, e muito pragmatismo e coesão no Boavista e Belenenses SAD.
    No geral, e embora ainda possam chegar novos craques, damos as boas-vindas a De Tomás, Uribe, Vietto, Rosier e Marchesín, e saudamos os regressos de Nakajima, Carlos Vinícius, Marcano, Zé Luís, André Horta ou Diogo Gonçalves. E nova época significa mais minutos para muitos jovens talentos: Florentino, Jota, Tomás Esteves, Doumbia, Trincão, Xadas, Wendel, Nuno Tavares, Fábio Silva, Romário Baró, Plata, Nehuen Pérez, Ibrahima Camará, Filipe Soares, Tapsoba e Galeno, entre outros.

    Cabe-nos então apresentar a nossa previsão em termos de destaques colectivos e individuais, sujeita como sempre às vicissitudes do mercado de transferências até final do mês, convictos que teremos uma bela época pela frente. Que em Maio festeje o mais justo campeão:



A imagem pode conter: 3 pessoas, ar livre BENFICA (1)

   Depois do 37, há muita confiança no 38. Com Bruno Lage, os encarnados partem para a nova época como principais favoritos, pretendendo o 6.º título em 7 anos. Os adeptos querem e esperam muitos golos, bom futebol e uma performance europeia que dignifique a Luz.
    Após emocionante temporada e brutal crescimento a partir do momento em que Lage substituiu Vitória, as goleadas tornaram-se frequentes e as conferências do treinador cuja postura é um exemplo viraram consumo obrigatório. As águias perderam Jonas (melhor jogador do Benfica no Séc. XXI) e João Félix (o menino de ouro saiu por 126 milhões e vai encantar na La Liga), mas 10 elementos do 11 habitual em 2018/ 19 continuam.
    Até ao final do defeso ainda poderá chegar novo guarda-redes (Ody é bom, mas é possível um upgrade sobretudo a pensar na Champions) e um segundo avançado mais ao estilo de Dani Olmo e Waldschmidt, mas para já Vlachodimos é o nº 1 e o quarteto defensivo (no próximo Verão devem ser muitos os gigantes interessados em Ferro) mantém-se incólume, com os novatos Nuno e Tomás Tavares como alternativas nas laterais. No meio-campo, Gabriel distribui e lança com classe, Florentino antecipa-se e desarma tudo e todos, Samaris é um benfiquista em campo e Taarabt uma fénix. Pizzi e Rafa são actualmente os 2 cabeças-de-cartaz deste Benfica, esperando-se novo fartote de assistências do 21 e imaginando-se que Rafa seja forte candidato a MVP desta época.
    À frente, Seferovic (melhor marcador da Liga na última época) continuará a explorar a profundidade, a lutar e pressionar como poucos, tendo Carlos Vinícius como principal concorrente, e De Tomás é talvez o mais forte candidato a melhor marcador desta edição, sempre com aquele visual de quem, se a preto e branco, podia perfeitamente ser um colega de equipa de Di Stéfano e Puskás nos anos 50. A dupla Sef-RDT vai crescer, mas Lage saberá por certo quando entregar a função de segundo avançado, caso não chegue um super-craque, a Chiquinho (também é alternativa a Pizzi) ou Jota, esperando nós que o miúdo cresça muito nesta edição.

Treinador: Bruno Lage
Onze-Base (4-4-2): Vlachodimos; A. Almeida, R. Dias, Ferro, Grimaldo; Pizzi, Florentino (Samaris), Gabriel, Rafa; De Tomás, Seferovic (Chiquinho, Jota)

Atenção a: Rafa, De Tomás, Pizzi, Florentino, Jota

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    É muito difícil, impensável quase, que o FC Porto termine abaixe do 2.º lugar e a luta pelo título deve fazer-se uma vez mais a dois. Afinal de contas, nos últimos 17 anos o vencedor foi sempre Porto ou Benfica.

    Mas é evidente que os dragões partem atrás. Os azuis e brancos perdem para os campeões em título 1-5 em campeonatos conquistados nos últimos seis anos, e apostar que a margem do Benfica para o Porto será maior do que na edição anterior não é exagerado. Cabe a Sérgio Conceição e aos seus jogadores provarem em campo que esta ideia pré-estabelecida está errada.
    Graças a diversos erros de gestão, alguns azares e significativos encaixes, o Porto já não tem nas suas fileiras Militão, Felipe, Herrera, Óliver e Brahimi, tendo Casillas sido inscrito mas estando longe de certo um eventual regresso. Depois de 60 milhões gastos, o clube da cidade Invicta está recomposto, embora precise de tempo - que não tem - para que os jogadores se entendam e tudo seja mais fluido. Verdade seja dita, o ADN do futebol de Sérgio Conceição não deve mudar, e esse é um dos principais contras - o técnico português tem "castrado" muito talento e tememos que o mesmo possa acontecer com novas caras.
    Num mundo normal, dado o seu brutal talento, Shoya Nakajima pode ser o astro máximo no Dragão, seja na esquerda seja como segundo avançado. O nipónico é um jogador saído dos desenhos animados e, por consequência, pode animar o futebol normalmente mecanizado e musculado dos dragões. Oxalá que, neste e noutros casos, seja o Porto a adaptar-se a Nakajima, e não o contrário. Mas não nos surpreenderá propriamente que Sérgio privilegie a potência de Luis Díaz à arte do novo camisola 10. E é difícil não pensar na triste sina de Óliver e em quão desperdiçada foi a sua qualidade...
    Marchesín já tem a baliza para si (até ver, má gestão de Diogo Costa, que ou ficava para ser aposta ou então precisa de evoluir fora e ter mais de 3.000 minutos na Liga, à imagem dos centrais Diogos), antecipar que Pepe e Marcano formarão uma excelente dupla é constatar o óbvio, continuando Alex Telles como peça-chave, e aguardando nós pela aposta em Tomás Esteves no lado direito. Se o deixarem entrar no onze, não deve largar mais o lugar. No meio-campo, Danilo é o capitão e Uribe vem para pisar os mesmos terrenos que Herrera, embora os interprete de modo diferente. Ter Sérgio Oliveira, Otávio e Corona (é o teu momento, rapaz) permite a SC as mais ricas nuances tácticas do seu Porto - a flutuação entre um 4-3-3 e um 4-4-2 dada através do posicionamento e movimentações de um 3.º médio ou extremo que fecha por dentro (Otávio), ou de um segundo avançado que bascula entre essa zona e o corredor (Marega).
    Moussa Marega continua por cá e faz muita diferença com todo o seu arcaboiço; Zé Luís foi um pedido do treinador e é um avançado completo. Soares é o melhor dos pontas de lança para jogar sozinho, Aboubakar um activo que tem que ser abanado e Fábio Silva um diamante para lapidar. Não interessa que, tal como Tomás Esteves, tenha apenas 17 anos.
    É a época do tudo ou nada para Sérgio Conceição. É a época em que o Porto precisa de mudar se quiser retirar o rival Benfica do topo. Mas, por favor, que não se percam nos próximos anos talentos como Fábio Vieira, Tomás Esteves ou Vítor Ferreira. No meio de vários tiros ao lado, Romário Baró caiu felizmente no goto (como não?) e o seu perfil físico, tal como acontece com Fábio Silva, devem ajudá-los a contar, não se perdendo pelo caminho. 

Treinador: Sérgio Conceição
Onze-Base (4-4-2): Marchesín; Saravia (T. Esteves), Pepe, Marcano, Alex Telles; Corona, Danilo, Uribe, Nakajima; Marega (Soares), Zé Luís

Atenção a: Shoya Nakajima, Danilo Pereira, Alex Telles, Zé Luís, Tomás Esteves

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    O futebol é e será sempre um jogo de equipa, em que nenhum jogador está acima do coletivo. Mas há jogadores que fazem a diferença, e não há memória neste século de um clube grande ser tão dependente de um só jogador (nem o Benfica dos tempos de Simão Sabrosa) como o actual Sporting com Bruno Fernandes, Jogador do Ano da Liga NOS 2018/ 19.
    Num simultâneo elogio ao grande capitão do Sporting e semi-crítica à estrutura e a Keizer, simplificamos o nosso raciocínio assim: para nós, com Bruno Fernandes o Sporting ficará acima do Braga e Vit. Guimarães, sem ele abaixo. É esta, infeliz e realmente, a dependência dos leões do seu camisola 8.
    A alguma distância dos rivais Benfica e Porto, o Sporting vem de uma época positiva. Ganhou duas taças, combateu com sucesso um cancro e não se foi abaixo, sarando as feridas, depois do pior capítulo da sua História. 2019/ 20 representa o teste definitivo para o valor de Keizer. Os leões têm que esquecer rapidamente a pesada derrota na Supertaça, e numa altura em que BF já não deve sair (Premier League sempre nos pareceu o destino mais provável, e embora gostássemos de o ver na Juventus, não acreditamos que saia para Itália, Espanha, França ou Alemanha), é fundamental que Varandas premeie o seu astro e exija que os jogadores à sua volta rendam muito mais, acompanhando a sua valia.
    É certo que Bruno Fernandes sai valorizado quando todos à sua volta se apagam e delegam o peso da responsabilidade nas suas costas e nos seus mágicos pés, mas o Sporting precisa de mais. Renan não é extraordinário, mas é competente, e na defesa mantém-se a dupla Coates-Mathieu, tendo sido contratado Rosier para fazer verdadeiramente a diferença e injectar adrenalina a partir do corredor direito, faixa onde Thierry Correia até merece começar a época a titular. No meio-campo, Battaglia recupera de lesão e confiamos na afirmação de Doumbia e Wendel. Luiz Phellype deve relegar Dost para o banco de suplentes, mas se os leões querem ser mais do que Bruno Fernandes, precisam que elementos como Raphinha e Vietto digam presente. Temos dúvidas que o façam, e estamos mais convictos em relação ao brutal talento de Gonzalo Plata - apostem nele e o 11 ganhará outra vida!

Treinador: Marcel Keizer
Onze-Base (4-3-3): Renan; Rosier, Coates, Mathieu, Acuña; Doumbia (Eduardo), Wendel, Bruno Fernandes; Raphinha, Vietto, Luiz Phellype (Dost)

Atenção a: Bruno Fernandes, Doumbia, Wendel, Rosier, Gonzalo Plata

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    Ao longo do último ano, correram a net os gifs e vídeos de intervenções agitadas de Abel Ferreira. O treinador dos bracarenses disse em definitivo "Vou embora!" e foi para o PAOK. E o Sporting de Braga, numa decisão que nos surpreendeu, optou por Ricardo Sá Pinto, um mega-Abel.
    Na antecâmara de mais uma época é difícil não aguardar com curiosidade o duelo fervoroso entre Sérgio Conceição e Sá Pinto, e caso os árbitros sejam rigorosos, é bem possível que o Braga tenha efectivamente encontrado alguém superior a Abel na arte de ser expulso. De um jogo ou de um avião.
    Falando de futebol, o plantel do Braga dá gosto e obriga Sá Pinto a tentar o 3.º lugar. Sem Bruno Fernandes no Sporting, até nos teríamos atrevido mesmo a colocar os gverreiros no pódio. O ingresso na fase de grupos da Liga Europa não é uma certeza (passando o Brondby, o Braga defronta depois ou o Spartak Moscovo ou o Thun) mas a profundidade do plantel permite de facto uma boa gestão e competir em várias frentes.
    Apesar da boa época de Tiago Sá, Matheus parece ser o preferido do novo treinador, fechando o trio de guarda-redes o experiente Eduardo. Quanto maior for o nº de jogos com Bruno Viana (muito subvalorizado) e Raúl Silva no centro da defesa, melhor, e para laterais as soluções multiplicam-se - Sequeira e Caju à esquerda, Vítor Tormena, Esgaio e Diogo Viana à direita, embora os dois últimos possam fazer mais posições. Palhinha, Claudemir, Fransérgio, João Novais e Wilson Eduardo mantêm-se no Minho, exigindo-se que Sá Pinto aposte a sério em Xadas e Trincão, coisa que Abel Ferreira nunca fez. Seguro parece-nos pois afirmar que André Horta vem para partir tudo e tornar-se a figura primordial da equipa.
    Dyego Sousa (melhor jogador do Braga em 2018/ 19) fez as malas para a China, o que deixa Paulinho como ponta de lança titular. Há Hassan, é certo, mas não surpreende que se fale em Guilherme Schettine. Além do já referido Francisco Trincão, o bom futebol e a alegria são indissociáveis de Galeno (óptima aquisição!) e Ricardo Horta. A época promete e com Sá Pinto só pode ser de uma maneira: escaldante, cheia de paixão e com "potência! potência! potência!".

Treinador: Ricardo Sá Pinto
Onze-Base (4-3-3): Matheus; Esgaio, Bruno Viana, Raúl Silva, Sequeira; João Palhinha, André Horta, Fransérgio (Xadas); Wilson Eduardo (Trincão), Ricardo Horta (Galeno), Paulinho

Atenção a: André Horta, Ricardo Horta, Paulinho, Galeno, Trincão

 VIT. GUIMARÃES (5)

    Na época transacta, o Vit. Guimarães de Luís Castro fez o que lhe competia e terminou no quinto lugar. Porém, desiludiu. Os jogadores não renderam aquilo que seria esperado, a marca pontual foi inferior ao expectável e Luís Castro - indiscutivelmente treinador de qualidade, mas curiosamente premiado depois de uma época em que o trabalho por ele desenvolvido impressionou bem menos do que em Vila do Conde e Chaves - não conseguiu incomodar o Top-4, garantindo o 5.º lugar somente na última jornada em confronto directo com o sensacional Moreirense.
    Quis o destino que o último jogo de Ivo Vieira ao serviço do Moreirense na época passada fosse diante do seu futuro clube, o Vitória.
    Na cidade-berço, estão reunidos todos os ingredientes para uma excelente campanha. O plantel tem um vasto leque de opções, essencial caso o clube alcance como esperamos e desejamos a fase de grupos da Liga Europa, e há muito potencial por explorar, até aqui desperdiçado.
    Temos muitas dúvidas sobre quem será o nº 1 entre Miguel Silva, Douglas e Jhonatan, mas na defesa o promissor arranque de temporada do centralão Tapsoba ajuda a desfazer quaisquer questões sobre o coração da rectaguarda. Evidência da boa rotação que Ivo Vieira pode promover são as laterais - Sacko e Rafa Soares devem ser os titulares, mas Victor García e Florent dão garantias.
    Fiel ao seu 4-3-3, com muito critério na circulação e transições trabalhadas e executadas com movimentações simples e poucos toques, Ivo Vieira tem para o meio-campo Joseph, Al Musrati, Pêpê, André André (quando regressar de lesão), Wakaso, Mikel Agu ou o jovem André Almeida, podendo João Carlos Teixeira funcionar como 3.º médio ou a partir de uma das alas. Davidson é titularíssimo no tridente ofensivo, onde Rochinha pode brilhar e Alexandre Guedes valorizar-se com uma catadupa de golos. À espreita de uma oportunidade e de uma nova vida, André Pereira e Welthon.

Treinador: Ivo Vieira
Onze-Base (4-3-3): Miguel Silva; Sacko, Pedrão, Tapsoba, Rafa Soares; Joseph, Al Musrati, Pêpê (André André); Rochinha (João Carlos Teixeira), Davidson, Alexandre Guedes (André Pereira)

Atenção a: Davidson, Rochinha, Alexandre Guedes, Tapsoba, João Carlos Teixeira

 RIO AVE (6)

    Foi a casa de Nuno Espírito Santo e Luís Castro e é agora o lar de Carlos Carvalhal, talvez a novidade a nível de treinadores no futebol português que mais nos agrada.
    Carvalhal evoluiu muito como treinador e ganhou crédito em Inglaterra, entre o Championship e a Premier League, correndo o mundo graças aos seus momentos com pastéis de nata e metáforas. Ó sim, muitas metáforas e analogias. Envolvendo carros de Fórmula 1 no trânsito, hospitais e sardinhas...
    O regresso do técnico de 53 anos a Portugal, aceitando orientar um clube que imaginamos que defina como objectivo o 5.º lugar, demonstra simultaneamente humildade e ambição. E recorda-nos Paulo Fonseca quando deu um passo atrás, subindo e subindo a partir daí.
    Podemos estar errados, como provavelmente viremos a estar em muitos dos palpites aqui ditos, mas julgamos que a forma como olhamos neste momento zero da temporada para o plantel do clube de Vila do Conde será muito diferente da avaliação feita daqui a uns meses, saindo vários jogadores muito valorizados.
    Após a saída de Léo Jardim para a Ligue 1, Kieszek parece reunir condições para ser o novo titular. No entanto, não conseguimos deixar de olhar para este Rio Ave como o palco perfeito para o crescimento de Svilar ou Diogo Costa... A defesa mantém os protagonistas da edição anterior, tal como o meio-campo, onde Jambor e Diego Lopes podem e devem render muito mais.
    Numa equipa em que o mestre e quase doutorado Tarantini continua como capitão e líder, é no ataque que Carvalhal tem que espremer melhor as suas opções - Gabrielzinho é um quebra-cabeças, o iraniano Taremi promete fazer Bruno Moreira suar para manter a titularidade e Nuno Santos... bem, Nuno Santos ainda vai bem a tempo de agarrar o futuro que muitos achavam que um dia teria.

Treinador: Carlos Carvalhal
Onze-Base (4-3-3): Kieszek; Júnio Rocha (Costinha), Messias, Borevkovic, Matheus Reis; Jambor, Filipe Augusto, Diego Lopes (Tarantini); Gabrielzinho (Mané), Nuno Santos, Taremi (Bruno Moreira)

Atenção a: Nuno Santos, Jambor, Diego Lopes, Gabrielzinho, Borevkovic

 BOAVISTA (7)

    A estratificação da nossa tabela, antecipando e procurando adivinhar o desfecho da Liga NOS 2019/ 20 parte da assunção que o Top-4 continuará a ser o Top-4, que Vit. Guimarães e Rio Ave são os projectos com melhores condições para lutar pela Europa e que a qualidade (jogadores e treinadores) deve falar em campo por Portimonense, Belenenses SAD, Santa Clara e Moreirense. No meio deste raciocínio surge uma ave rara, uma ave que na realidade até é um mamífero, uma pantera.
    Não esperamos gostar de ver este Boavista jogar. Mas esperamos resultados, muita competência, um colectivo forte e o pragmatismo habitual das equipas de Lito Vidigal.
    Porquê? Ora vejamos. Hélton Leite está quase apto para competir e é um dos melhores guarda-redes da Liga, e uma dupla de centrais composta por Lucas e Ricardo Costa (ou Neris) impõe respeito. Os médios são operários e tacticamente evoluídos, e na frente Yusupha (é desta que explode e nunca mais ninguém o apanha?) e o reforço Heriberto Tavares prometem ser juntos uma valente dor de cabeça para os adversários. E, já agora, todos conseguimos reconhecer que o ambiente no Bessa é especial.

Treinador: Lito Vidigal
Onze-Base (4-3-3): Hélton Leite; Carraça, Ricardo Costa, Lucas, Walter Clar; Obiora, Fábio Espinho, Bueno (Rafael Costa); Sauer, Heriberto; Yusupha

Atenção: Heriberto, Yusupha, Hélton Leite, Lucas, Walter Clar

 PORTIMONENSE (8)

    Podemos continuar a optar por fazer vista grossa aos negócios muito estranhos que têm pautado as relações de Portimonense e Porto desde que os algarvios ascenderam à Liga NOS, transacções essas normalmente em prejuízo até do clube de Portimão, mas é inequívoco que as boas relações têm feito o clube crescer, atraindo atletas que nunca na vida pensámos ver no clube uma vez mais orientado por Folha.
    No seu ano e meio em Portimão, Shoya Nakajima deixou qualquer adepto neutro babado, deixando também saudades. No entanto, o mister Folha terá a noção que tem um plantel desequilibrado, mas terá também consciência que com tamanha pujança e criatividade no ataque, pode dar-se ao luxo de ter um guarda-redes apenas decente como Ricardo Ferreira.
    A atribuição do 8.º posto ao Portimonense baseia-se essencialmente na química e nas combinações que podem desenhar quatro nomes: Paulinho, Bruno Tabata, Marlos Moreno e Jackson Martínez. O médio, incapaz de agarrar a oportunidade (que quase não teve) no Porto, é um mágico absoluto que conduz o esférico por terrenos apertados e inventa soluções que não se vêem da bancada; Bruno Tabata podia até ser um suplente útil no Porto, e a sua cotação internacional fica comprovada por ter recentemente integrado a selecção olímpica do Brasil; Jackson é Jackson, mesmo com 32 anos e diminuído em relação ao passado faz mossa, podendo Zé Gomes aprender com ele; e a este trio junta-se agora Marlos Moreno, colombiano de 22 anos que chega emprestado pelo Manchester City e foi um dos reforços mais inesperados deste Verão em Portugal. Ah, e não se preocupem, para quem ainda sente a falta do agora portista Nakajima, o Portimonense tratou de contratar para lateral-direito o nipónico Anzai.

Treinador: António Folha
Onze-Base (4-3-3): Ricardo Ferreira; Anzai, Jadson, Lucas, Henrique; Pedro Sá, Paulinho, Dener; Bruno Tabata, Marlos Moreno, Jackson Martínez (Zé Gomes)

Atenção a: Bruno Tabata, Paulinho, Marlos Moreno, Jackson Martínez, Anzai

 SANTA CLARA (9)

    Quando tudo é bem feito e bem pensado, o futebol é muito simples. E o elogio da simplicidade é a melhor avaliação que se pode fazer do trabalho desenvolvido por João Henriques desde que assumiu o único representante dos Açores na Primeira Liga. O Santa Clara chegou, manteve-se sempre longe dos lugares de descida (terminou em 10.º lugar) sem nunca se queixar das adversidades e procurando sim novas e diferentes soluções: em 18/ 19 Thiago Santana lesionou-se com gravidade após arranque pessoal bem-sucedido, o seu substituto como goleador da equipa, Fernando Andrade, rumou a meio da época ao Dragão, e o craque Rashid falhou algumas jornadas devido à Taça Asiática. Nesta sequência, os açoreanos perderam neste Verão um dos melhores médios defensivos do último terço do campeonato, Kaio, mas quando olhamos para o 11 que João Henriques pode formar continuamos a identificar muitas forças.
      Basicamente, é sempre bom sinal quando se conjugam dois factores (continuidade de um treinador bem-sucedido e que sabe o que quer + permanência da defesa titular), podendo apenas Steven Pereira ou João Afonso desfazer a parceria formada por César e pelo central goleador Fábio Cardoso. No meio-campo, Francisco Ramos é candidato a fazer esquecer Kaio, e é um verdadeiro luxo uma equipa como o Santa Clara (com todo o respeito) conservar dois interiores como Rashid e Bruno Lamas. Caso não parta para Braga até ao final de Agosto, Guilherme Schettine será o abono de família, mas no máximo acreditamos que dure nos Açores até Janeiro, tal é o seu talento e instinto matador. Em todo o caso, Thiago Santana voltará eventualmente da sua lesão, os imprevisíveis Stephens e Pineda continuam no clube, bem como Zé Manuel e Ukra, sendo Lincoln (20 anos, muito a tempo de corresponder ao futuro auspicioso que lhe auguravam), Carlos e Malick potenciais trunfos.

Treinador: João Henriques
Onze-Base (4-3-3): Marco; Patrick, César (Steven), Fábio Cardoso, João Lucas; Francisco Ramos, Bruno Lamas, Rashid; Zé Manuel, Carlos (Thiago Santana), Guilherme Schettine

Atenção a: Guilherme Schettine, Osama Rashid, Bruno Lamas, Thiago Santana, Steven

 BELENENSES SAD (10)

    Como é que o Sporting de Braga preferiu Ricardo Sá Pinto a ter Silas como sucessor de Abel Ferreira? Não conseguimos perceber. Num campeonato que se tem fartado de lançar e exportar treinadores nos últimos anos (Leonardo Jardim, Paulo Fonseca, Marco Silva, Nuno Espírito Santo e Luís Castro, por exemplo), Silas parece-nos juntamente com Ivo Vieira, embora talvez até mais do que este, e retirando Bruno Lage da equação apresentada, um dos treinadores desta Liga com maior probabilidade de vir a fazer uma carreira de sucesso.
    Astuto e equilibrado não só a preparar cada jogo estudando o adversário mas também a analisar e interpretar correctamente o jogo no seu decurso, Silas tem feito o impossível num período particularmente delicado da História do Belenenses... SAD. História essa que na verdade tem pouco mais de 1 ano.
    Ora em 4-3-3 ora em 3-5-2, os azuis devem ser capazes de realizar nova época tranquila, faltando apenas mais soluções ofensivas que desequilibrem para que pudéssemos antecipar maior competitividade com as equipas que julgamos que acabarão acima. Podem contar com o Belenenses SAD para ser novamente uma das equipas mais organizadas e conscientes do que fazer com e sem bola, dependendo a produção ofensiva sobretudo de 3 jogadores que dão uma cor e alegria diferente à bola: Kikas (20 anos) pode tornar-se um dos principais jovens de 2019/ 20 após boas indicações deixadas na época passada; Licá renasceu e, agora trintão, será um dos homens da máxima confiança de Silas; e por fim, o regressado André Sousa deve servir de digno herdeiro de Eduardo Henrique, embora com mais golo e impacto no último terço.

Treinador: Silas
Onze-Base (4-3-3): André Moreira (Koffi); Calila, Gonçalo Silva, Nuno Coelho, Chima; Jonatan Lucca, André Santos, André Sousa; Licá, Kikas, Dieguinho

Atenção a: Kikas, André Sousa, Licá, Dieguinho, Gonçalo Silva

 MOREIRENSE (11)

    O Moreirense versão 2018/ 19 é o exemplo e a prova de como, no estado actual das coisas, é praticamente impossível uma equipa fora do habitual Top-4 estabilizar e crescer, mantendo os seus destaques principais após virar sensação.
    Moreira de Cónegos viveu autêntica época de sonho - 6.º lugar, igualdade pontual (52) com o quinto classificado Vit. Guimarães, exibições personalizadas diante dos grandes, futebol vistoso. Chiquinho foi "só" um dos 6 melhores jogadores da Liga, voltando ao Benfica com outro estatuto, Ivo Vieira substituiu Luís Castro (por sua vez substituto de Paulo Fonseca no Shakhtar Donetsk), Heriberto foi rodar para o Bessa, e tanto Ivanildo Fernandes como Jhonatan não continuaram no clube. De lembrar que também Loum saíra a meio da temporada passada para o FC Porto, um salto que costuma acontecer em prejuízo dos "pequenos" - veja-se os casos de Carlos Vinícius no Rio Ave ou Fredy no Belenenses SAD a meio de 2018/ 19.
    É irrealista pensar-se que o Moreirense vai repetir a façanha do último campeonato. Mas sonhar não paga imposto e é sensato que a direcção defina como objectivo terminar entre o 8.º e o 12.º lugares. Para escrever nova página de sucesso, chegou Vítor Campelos, técnico que muitos jovens lançou no Vit. Guimarães B, preconizando sempre um futebol com identidade vincada e cabeça levantada.
    Mateus Pasinato (novidade) disputará a baliza com Pedro Trigueira, e na defesa semi-renovada falta perceber que dupla de centrais emergirá do quarteto Halliche, Steven Vitória, Iago e Rosic. Dúvidas que não existem em relação ao dono da lateral esquerda, Djavan. Num rápido raio-X o meio-campo pode tornar-se ao longo de 2019/ 20 o sector mais vistoso - Fábio Pacheco mantém-se como pêndulo da equipa e é um recuperador de bolas nato, Ibrahima Camará pode explodir e ser o epicentro de toda a equipa e Filipe Soares, agora companheiro de equipa do seu irmão mais velho Alex, é o jogador que mais facilmente pode interpretar um papel idêntico ao que Chiquinho cumpria com Ivo Vieira.
    Alternar Nenê (36 anos) com David Texeira será conveniente, e nos flancos depositamos maior fé em Luís Machado (quando marca, costumam ser sempre grandes golos) e Pedro Nuno, mas toda e qualquer época é uma boa oportunidade para Bilel fazer por fim justiça ao seu talento.

Treinador: Vítor Campelos
Onze-Base (4-3-3): Mateus Pasinato; João Aurélio, Steven Vitória (Halliche), Iago, Djavan; Fábio Pacheco, Ibrahima Camará, Filipe Soares; Luís Machado (Fábio Abreu), Pedro Nuno, Nenê

Atenção a: Filipe Soares, Ibrahima Camará, Pedro Nuno, Luís Machado, Fábio Pacheco

 MARÍTIMO (12)

    Quando discutimos a classificação ordenada na preparação desta Antevisão, o Marítimo sobressaiu como uma espécie de ilha (curioso) entre o conjunto de emblemas que nos parece que irão dominar esta edição ou apresentar um futebol muito competente/ atractivo e uma outra vaga de equipas que, à partida, lutarão para não descer. Os insulares acabaram a época transacta num 11.º lugar algo mentiroso (apenas 4 pontos de distância para a primeira equipa acima da linha da água), com Petit a salvar um plantel que tinha obrigação de outra performance.
    O namoro que agora se inicia entre o Marítimo e Nuno Manta Santos tem tudo para dar casamento. O jovem técnico brilhou em Santa Maria da Feira, mas viu a sua imagem esgotar-se ao ser incapaz de espremer um plantel repleto de carências. Nos verde rubros, NMS encontra jogadores de valia superior, cuja memória muscular os costuma fazer transcender nos encontros caseiros.
    Depois de ser absolutamente decisivo na manutenção do Marítimo, o elástico Charles permanece como garantia de pontos, secundado por Nanú, Zainadine, Grolli e Rúben Ferreira. Bambock e Vukovic são médios acima da média, Pelágio uma promessa para acompanhar, Fabrício um poço de força (por vezes desmedida) e Correa um virtuoso de fino recorte. Getterson pode-se assumir em 2019/ 20 como referência ofensiva da equipa, cabendo a Nuno Manta Santos utilizar da melhor maneira o capitão Edgar Costa, o irregular mas por vezes mágico Rodrigo Pinho e os reforços Jhon Cley, Maeda e Erivaldo. 

Treinador: Nuno Manta Santos
Onze-Base (4-3-3): Charles; Nanú (Bebeto), Zainadine, Grolli (Kerkez), Rúben Ferreira; Bambock, Vukovic, Correa; Jhon Cley; Edgar Costa, Getterson (Rodrigo Pinho)

Atenção a: Charles, Correa, Getterson, Jhon Cley, Vukovic

 PAÇOS FERREIRA (13)

    Os castores foram ao fundo em 2017/ 18 mas não perderam tempo. Conseguiram garantir Vítor Oliveira (tê-lo na II Liga é uma espécie de batota) e sob o seu comando sagraram-se campeões, cumprindo o objectivo de regressar ao primeiro escalão o mais rápido possível. Na hora de escolher novo treinador - condição partilhada pelas 3 equipas recém-promovidas -, face à mudança de VO para Barcelos, o Paços entendeu ser Filó (trabalho positivo no Sporting da Covilhã) a melhor opção.
    Ao contrário de Famalicão e Gil Vicente, o Paços de Ferreira tem como vantagem a continuidade de muitos dos heróis da subida. Aliás, quando olhamos para Pedrinho, Marco Baixinho ou Bruno Santos vemos inclusive elementos que faziam parte da equipa no ano da descida.
    Da Mata Real esperamos coesão e equilíbrio, adivinhando-se que seja uma deslocação complicada para qualquer um dos primeiros classificados. Depois de duas épocas como Guarda-Redes do Ano da II Liga, Ricardo Ribeiro transporta finalmente a sua confiança e o seu reportório de defesas impossíveis para a I Liga; a defesa é madura e revela elevado conhecimento mútuo, e na zona nevrálgica Luiz Carlos (eleito MVP da Ledman LigaPro), Pedrinho (joga muito) e o impressionante Diaby formam um tridente completo - Filó tem matéria-prima para actuar em 4-3-3 ou 4-4-2 - podendo Bernardo Martins acrescentar muito critério e criatividade. É, aliás, inevitável encontrar semelhanças entre o refinado médio ex-Benfica B e Leixões e a transferência de Chiquinho da Luz para Moreira de Cónegos há um ano atrás.
    Douglas Tanque, além de ter um dos melhores nomes desta Liga, deve continuar como principal goleador deste Paços, ficando por desvendar se Hélder Ferreira pega de estaca na sua 1.ª experiência fora da cidade-berço, e se Murilo e Nathan Júnior regressam ambos ao nível que apresentaram no Tondela em anos diferentes. Por fora corre o azeri Dadashov, um talento fora de série com 20 anos mas um pouco... instável.

Treinador: Filó
Onze-Base (4-3-3): Ricardo Ribeiro; Bruno Santos, Baixinho, Maracás, Oleg (Bruno Teles); Diaby, Luiz Carlos, Pedrinho; Bernardo Martins, Murilo (Hélder Ferreira), Douglas Tanque

Atenção a: Pedrinho, Bernardo Martins, Ricardo Ribeiro, Douglas Tanque, Luiz Carlos

 FAMALICÃO (14)

    Vinte e cinco anos depois, a cidade de Famalicão volta a poder vibrar com futebol de I Liga. Carlos Pinto ajudou a colocar a equipa no primeiro escalão com um 2.º lugar na Ledman LigaPro e tendo o melhor ataque da prova (57 golos marcados) mas na Liga NOS será João Pedro Sousa a comandar este elenco, com muita juventude determinada em provar o seu valor. Todos os passos dados pelo Famalicão a nível estrutural indicam que o crescimento está a ser consequência de um projecto amplo, e o tempo poderá dizer - sem esquecer o "dedo" ou patrocínio de Jorge Mendes e a ligação estabelecida com o Atlético Madrid - se este Famalicão é ou não um novo Rio Ave.
    Com 48 anos, João Pedro Sousa deixou o amigo Marco Silva, de quem foi adjunto no Estoril, Sporting, Olympiacos, Hull, Watford e Everton. Ao seu dispor terá um plantel muitíssimo jovem mas com muito potencial. É certo que Defendi ou Lionn acrescentam experiência mas está tudo dito quando Fábio Martins (26 anos) é um dos veteranos da equipa.
    Olhando para o potencial onze que o Famalicão poderá apresentar, destaque para o central argentino Nehuen Pérez (emprestado pelo Atlético Madrid, titular no mundial sub-20 deste ano), faltando perceber quem conquistará a pole position à esquerda entre Tymon e Alex Centelles (vamos optar por não fazer piadas com este nome). Também emprestado pelo Atlético foi Gustavo Assunção, filho de Paulo Assunção e médio como o pai, num meio-campo em que Guga pode finalmente recuperar o tempo perdido caso mantenha as lesões bem longe.
    O ataque perdeu o experiente e virtuoso Fabrício Simões mas conservou Anderson Oliveira, que embora tenha sido somente o 3.º melhor marcador da equipa na temporada passada pode dar o salto ao contar com o apoio de Diogo Gonçalves (espera-se que carregue a equipa em muitos jogos, abraçando o estatuto de craque maior) e Fábio Martins.
    Sem deixar de referir Toni Martínez (ex-West Ham), Pedro Gonçalves (ex-Wolves), o incansável Ofori, o emigrante Rúben Lameiras e sobretudo o talentoso uruguaio Schiappacasse, olhamos para este Famalicão com entusiasmo, podendo na melhor das hipóteses estar aqui uma das equipas-sensação da prova, e no pior dos cenários uma harmonia falhada entre promessas, apenas utilizada como cobaia ou interposto de jogadores de empresários "amigos".

Treinador: João Pedro Sousa
Onze-Base (4-3-3): Rafael Defendi; Lionn, Riccieli, Nehuen Pérez, Tymon (Centelles); Guga, Gustavo Assunção (Ofori), Pedro Gonçalves; Diogo Gonçalves, Fábio Martins, Anderson Oliveira

Atenção a: Diogo Gonçalves, Anderson Oliveira, Fábio Martins, Guga, Nehuén Pérez

 DESP. AVES (15)

    Augusto Inácio é melhor treinador do que comentador desportivo. Na Antevisão de 2018/ 19 acreditámos que o Aves acabaria por despedir José Mota (técnico vencedor da Taça de Portugal) durante a prova. Assim aconteceu, com Inácio a revelar-se uma boa surpresa.
    Vila das Aves assistiu a um grande crescimento durante a segunda metade de 18/ 19 mas é um facto que vários jogadores essenciais à fórmula-base de Inácio rumaram a outras paragens. Mama Baldé jogará na Ligue 1, Rodrigo Soares reforçou o PAOK, Luquinhas partiu para a Polónia e Vítor Gomes viajou para o campeonato cipriota, que tantos portugueses atrai.
    Assim, o francês Beurnardeau mantém-se de luvas calçadas pronto para salvar a equipa em diversas ocasiões, mas terá desta feita um quarteto defensivo renovado no qual destacamos o lateral-esquerdo Afonso Figueiredo, que vem à procura de recuperar a cotação que tinha em 2016 no Boavista. Do meio-campo para a frente há não apenas 1 mas 2 Zidanes (Enzo, filho de Zinedine, e o luso-guineense Zidane Banjaqui) e pode revelar-se útil adicionar a Cláudio Falcão e Rúben Oliveira o reforço Estrela, médio todo-o-terreno titular na final da Youth League que o Benfica perdeu em 2014 diante do Barcelona, actuando ao lado de Gonçalo Guedes, Rochinha, Nuno Santos ou Rebocho.
    No ataque são muitos os pontos de interrogação, que nos fazem ter algumas reticências na avaliação do Desportivo, juntando-se aos jovens Ricardo Rodrigues e Miguel Tavares os reforços canarinhos Welinton e Peu, e o irrequieto produto da formação portista Rúben Macedo, sendo provável que a dupla muçulmana Kahraba (internacional egípcio oriundo do Zamalek) e Mohammadi (iraniano) venham para acrescentar.

Treinador: Augusto Inácio
Onze-Base (4-3-3): Beurnardeau; Mato Milos, Dzwigala, Mehremic, Afonso Figueiredo; Rúben Oliveira, Estrela, Cláudio Falcão; Kahraba (Bruno Xavier), Rúben Macedo, Welinton (Peu)

Atenção a: Kahraba, Cláudio Falcão, Welinton, Afonso Figueiredo, Estrela

 VIT. SETÚBAL (16)

    Nas últimas 5 épocas o Vitória terminou sempre a Liga NOS próximo dos últimos lugares, respirando fundo no final mas nunca conseguindo distanciar-se mais do que 6 pontos da zona de descida. Tudo leva a crer que a tendência seja manter este mau hábito, consequência natural da situação económica deste histórico do futebol português.
    Embora tenha ganho apenas 3 jogos nos 16 em que orientou os sadinos na época passada, Sandro Mendes continua com a braçadeira de treinador principal, acompanhado na sua equipa técnica saudosista por Meyong, Marco Tábuas e Jorge Andrade.
    Podemos optar por ver o lado positivo do actual cenário e relembrar que, ao contrário de outras equipas, o Vit. Setúbal mantém vários jogadores da época passada - basta ver que pode nomeadamente repetir um meio-campo com Semedo, Nuno Valente e Éber Bessa -, mas não podemos negar que são vários os jogadores limitados. Nutrimos alguma simpatia pelo clube, e é impossível não torcer por Nuno Pinto depois da sua jornada de verdadeiro herói, mas não é mentira nenhuma que no Bonfim morará uma das defesas menos hábeis das 18 deste campeonato, o que pelo menos deve contribuir para menos invenções e menos "casas dadas" pelo sector mais recuado.
    Nuno Valente e Éber Bessa são extremamente fiáveis, Hildeberto faz a diferença quando está com a cabeça no lugar, e há que destacar as aquisições do avançado Guedes (regressa ao futebol português após experiência falhada nos Emirados Árabes Unidos) e do criativo Carlinhos, que teoricamente será a grande figura da equipa. Mas muita atenção ao marroquino Khalid Hachadi e ao argentino Mansilla, que podem ambos comprovar que próximo do fundo da tabela a boa prospecção faz a diferença.

Treinador: Sandro Mendes
Onze-Base (4-3-3): Makaridze; Mano, João Meira (Artur Jorge), Vasco Fernandes, Nuno Pinto; Semedo, Nuno Valente, Éber Bessa; Mansilla (Zequinha), Carlinhos, Hachadi (Guedes)

Atenção a: Carlinhos, Hachadi, Mansilla, Nuno Valente, Nuno Pinto

 GIL VICENTE (17)

    O homem simplesmente não consegue resistir a um desafio! Venerado como Deus na II Liga, o sexagenário Vítor Oliveira subiu de forma consecutiva Arouca, Moreirense, União da Madeira, Chaves, Portimonense, aguentou-se uma época mais em Portimão na NOS, e voltou a descer à sua praia para subir o campeão Paços de Ferreira. Novo desafio: garantir a manutenção ao comando de um Gil Vicente que, resolvido o "Caso Mateus", saltou 2 escalões vindo directamente do Campeonato de Portugal.
    Cada vez mais respeitado, Vítor Oliveira procura novo milagre, e se há alguém capaz de o tornar possível é ele. O regresso da equipa de Barcelos marca a possibilidade de novas tiradas de António Fiúza, personagem inconfundível que aquando do anúncio da subida prometeu "matar 10 porcos, 10 vitelos, vinho à descrição e também algum champanhe", e representa difícil missão para Vítor Oliveira por ter essencialmente que construir uma equipa desde o zero. No entanto, VO sabe como poucos identificar o que precisa para atingir os seus objectivos, aconselha-se muitíssimo bem no recrutamento e está mais do que habituado a analisar o contexto e esculpir os seus à medida das necessidades.
    O plantel é composto quase na totalidade por novidades. Bruno Diniz deve roubar a baliza a Wellington, um dos poucos resistentes da revolução operada, e a defesa deverá apresentar-se habitualmente com Rúben Fernandes (ex-Portimonense) e Rodrigão ao centro, e Alex Pinto (lateral-direito emprestado pelo Benfica) e Arthur Henrique junto às linhas. A experiência de Soares, atleta de Vítor Oliveira há 5 anos atrás na Madeira, no centro do jogo será determinante, e na hora de desequilibrar pedir-se-á que apareçam Kraev, Erick e Lourency. Depois de se destacar ao serviço do Estoril, esperam-se golos do possante Sandro Lima, embora as nossas maiores expectativas estejam depositadas no argelino Zakaria Naidji.

Treinador: Vítor Oliveira
Onze-Base (4-3-3): Bruno Diniz; Alex Pinto, Rúben Fernandes, Rodrigão, Arthur Henrique; João Afonso, Soares, Kraev (Juan Villa); Erick, Lourency (Naidji), Sandro Lima

Atenção a: Zakaria Naidji, Sandro Lima, Kraev, Soares, Alex Pinto

 TONDELA (18)

    Saudosa temporada de 2017/ 18 em que o Tondela chocou o futebol português e realizou uma época muitíssimo acima das expectativas... Exceptuando esse bonito e improvável episódio, o Tondela tem ficado insistentemente à beira da descida - tanto em 2018/ 19 como em 2016/ 17 e 2015/ 16 os beirões fecharam o campeonato sempre 1 lugar acima da zona de despromoção. Um dos principais motivos para essa teimosa sobrevivência: no nosso entender, Pepa.
    Após 3 temporadas no clube, o jovem técnico de 38 anos deixou o projecto e juntamente com ele disseram adeus peças importantes como Ricardo Costa, David Bruno, Jorge Fernandes, Tomané, Peña e Delgado. Perante a necessidade de substituir Pepa, o clube optou de forma exótica por Natxo González, timoneiro espanhol de 53 anos com passagens recentes por Deportivo e Zaragoza. Também de Espanha chegaram Manu e Pepelu, e no ataque o clube juntou Toro e Rubilio Castillo aos resistentes Murillo e António Xavier, subindo o miúdo goleador Rúben Fonseca.
    O guardião Cláudio Ramos mantém-se como a principal figura da equipa, desta feita com Yohan Tavares e Philipe Sampaio a formarem a dupla de centrais em sua protecção. Uns metros à frente, Bruno Monteiro, João Pedro (obrigatório virar farol desta equipa), Jaquité e Pité (fundamental que a sua arte seja menos intermitente) são as melhores opções num meio-campo que se vê menos transfigurado do que o ataque e, principalmente, a defesa. 
    Tudo somado, é quase certo que o Tondela esteja condenado a lutar pela manutenção, algo que esperamos por parte de qualquer um dos últimos 4-6 clubes apresentados. O nosso mau feeling prende-se com a chegada de um treinador até há poucos meses alheio ao futebol português, a facilidade com que a direcção poderá reciclar o trabalho desenvolvido in media res trocando de treinador e o histórico recente (muitas épocas a sobreviver no limite).

Treinador: Natxo González
Onze-Base (4-3-3): Cláudio Ramos; Manu (Moufi), Yohan Tavares, Philipe Sampaio, Vigário; Bruno Monteiro, João Pedro, Pité (Jaquité); Toro (Xavier), Murillo, Castillo

Atenção a: Cláudio Ramos, Murillo, João Pedro, Toro, Castillo



por Miguel Pontares e Tiago Moreira

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