19 de março de 2019

Made in Alcochete: Os Próximos Talentos do Sporting

Há dois anos atrás, em Março de 2017, lançámos o futuro de Benfica, Porto e Sporting, num conjunto de 3 artigos Made In que procuravam identificar os maiores diamantes na Formação dos três grandes. E depois de escrever sobre Benfica e Porto, olhamos finalmente para o Sporting.
    No reino dos 3 grandes, o Sporting perdeu durante a Era Bruno de Carvalho o comboio da formação. Mas há esperança para o clube que lançou Cristiano Ronaldo e Luís Figo.
    Em Alvalade as más decisões têm-se sucedido e temos dificuldade em compreender alguns erros. A extinção do Sporting B foi um dos maiores, sendo completamente diferente para a evolução de Diogo Brás ou Daniel Bragança, a título exemplificativo, competir e crescer na II Liga ou na Liga Revelação. Depois, por diversas razões, têm-se sucedido os casos de jovens formados em Alcochete que saem sem darem ao clube o seu melhor futebol, ou perdendo a sua cotação na má gestão ao longo do tempo. Falar em Iuri Medeiros, Rafael Leão, Eric Dier, Bruma, Tiago Ilori (hoje de regresso à casa de partida), Matheus Pereira, Francisco Geraldes e Daniel Podence é recuperar dossiers que, uns por culpa própria, outros por culpa dos treinadores, outros por culpa da incapacidade de conceder o desafio certo no momento certo, equivaleram até ver a desperdício. Qualidade que não foi colocada em campo ao serviço do clube. Salvou-se Gelson Martins, e mesmo ele deve gerar em breve uma contenda jurídica entre Sporting, Atlético Madrid e Mónaco.

    Frederico Varandas e Marcel Keizer têm muito trabalho pela frente para reconstruir o Sporting, mas a menor probabilidade do clube ombrear com os rivais a curto-prazo pode representar uma oportunidade para adoptar um discurso e uma política mais realista e de acordo com a tradição leonina. A menor folga financeira pode abrir caminho à promoção da prata da casa, e depois de alguns anos menos férteis, 2000, 2001, 2002 e 2003 representam boas colheitas para os lados de Alvalade.
    O clube perdeu Tiago Djaló para o AC Milan, apostou recentemente em Miguel Luís e Jovane Cabral e, além dos 7 magníficos que apresentamos baixo, convém não esquecer o virtuosismo técnico de Tiago Ferreira, a competitividade de Gonçalo Batalha e os golos de Tiago Tomás. E se fossemos mais longe no tempo, Gabriel Carvalho e Lucas Dias também poderiam reclamar aqui o seu espaço, mas deixemo-los para a próxima vez que fizermos este exercício daqui a uns anos.

  • Joelson Fernandes (Extremo, 2003): Pérola. Aos 16 anos, Joelson Fernandes tem uma cláusula de 45 milhões (mostra evidente confiança do clube, embora em termos de mercado os 45 sejam os novos 20) e já foi chamado pelo holandês Marcel Keizer para treinar com a equipa principal.
        Desconcertante e forte no 1 para 1, é daqueles casos (como Félix, Jota, Florentino e Tiago Dantas no Benfica, e Fábio Silva e Francisco Conceição no Porto) em que defendemos que fique sempre debaixo da asa do clube, não sendo preciso um empréstimo pois poderá reclamar cedo o seu espaço. Nas crises nascem oportunidades, e cabe a Frederico Varandas perceber que ressuscitar o prestígio da Academia é fundamental neste momento do clube - Joelson Fernandes pode ser uma das bandeiras do novo Sporting.
  • Félix Correia (Extremo, 2001): Thierry Correia já se estreou na primeira equipa, mas é outro jovem craque com o mesmo apelido que nos entusiasma: o Félix do Sporting. Quer dizer alguma coisa o facto do Barcelona ter procurado garantir há pouco tempo Félix Correia... Um extremo na linha de Nani e Gelson Martins, é um dos projectos mais interessantes de Alvalade neste momento, e um jogador que gostávamos de ver ser lançado ainda neste final de época.
        Que o aperto financeiro sirva para acelerar a aposta na irreverência de Joelson Fernandes, Félix Correia, Diogo Brás e Gonzalo Plata.
  • Diogo Brás (Extremo, 2000): A má gestão/ indefinição associada à formação leonina nos últimos tempos tem hipotecado o melhor crescimento para Pedro Marques (Pedro Mendes tem utilizado muito melhor os Sub-23 para evoluir), mas se há jogador que será criminoso o Sporting deixar estagnar é Diogo Brás.
        O miúdo descoberto em Chaves e que chegou a cumprir uns jogos pelo Real Madrid é o extremo que Portugal gosta. Um pouco à imagem de Zé Gomes no Benfica, tem acusado um pouco o peso das expectativas depositadas sobre si, mas talvez não seja descabido os leões olharem para o vizinho Benfica, percebendo como os encarnados têm sabido gerir Jota, um jogador que partilha algumas semelhanças com Diogo Brás.
  • João Daniel (Médio Defensivo, 2002): Na interessante geração de 2002 do futebol português, sobressai como médio defensivo João Daniel, um jogador que lê o jogo primeiro do que os outros, antecipando os acontecimentos e jamais queimando a sua equipa. "Vê-se" menos que o companheiro de sector Gonçalo Batalha, mas as suas características podem ser uma necessidade do clube a médio-prazo. Embora nos pareça que Doumbia (bom scouting) reúna condições para conquistar a titularidade em breve e evoluir a partir daí.
  • Bruno Paz (Médio Centro, 1998): Não vemos como os jogadores treinam, mas assim como nos faz alguma confusão Jovane Cabral ter chegado ao plantel principal primeiro do que Diogo Brás ou Félix Correia (é certo que o cabo-verdiano é mais velho, mas também foi sempre um jogador mais discreto na formação), não conseguimos perceber a não-aposta no polivalente Bruno Paz. Já com 20 anos a caminho de 21, o médio centro/ defensivo é o jogador mais velho que destacamos neste conjunto de artigos Made In sobre os 3 grandes, e embora esta época tenha actuado 17 minutos na Liga Europa, parece-nos que o critério que dá à circulação e a constante noção 360 graus do jogo podiam fazer dele uma peça importante neste meio-campo pós-William Carvalho e actualmente órfão de Battaglia.
  • Bernardo Sousa (Médio Centro, 2000): Aos 18 anos, o esquerdino Bernardo Sousa é a prova viva de um jogador que beneficiaria imenso em ter minutos de II Liga ao serviço do Sporting B, estando no entanto condenado a actuar na próxima época na Liga Revelação, salvo outro cenário (empréstimo ou aposta de Keizer).
        É depois de Diogo Brás o grande jogador do Sporting de 2000, dono de uma sublime meia distância. O 10 fica-lhe mesmo bem.
  • Eduardo Quaresma (Defesa Central, 2002): É garantido que o centro da defesa do Sporting vai mexer nos próximos anos. Coates-Mathieu é uma dupla sólida, mas o francês (central com melhor saída de bola em Portugal) já tem 35 anos e, também a prevenir o seu adeus, o clube recuperou Tiago Ilori, garantindo ainda Neto.
        No entanto, não é garantido que qualquer um destes centrais pegue de estaca, não sendo por isso de excluir uma eventual aposta no ex-Braga João Queirós (actualmente nos Sub-23) ou, mais tarde, em Eduardo Quaresma. Aos 17 anos o capitão leonino é o típico central moderno, um patrão que sabe encontrar soluções e linhas de passe, quebrando linhas e saindo a jogar.

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