Também há quatro anos antecipámos o certame brasileiro, mas foi em 2016 (na altura acertámos 3 dos 4 semi-finalistas e previmos a final França-Portugal, embora apontando a selecção da casa como vencedora e Portugal qualificando-se em 1.º no grupo e não em 3.º) que assumimos o actual formato que hoje vos apresentamos.
Comecemos no grupo A, onde mora o anfitrião. O grupo que irá emparelhar com o nosso nos oitavos-de-final é composto por Rússia, Uruguai, Egipto e Arábia Saudita. À cabeça, os sauditas (qualificaram-se directamente atirando a Austrália para o play-off e ficando a apenas 1 ponto do líder do grupo Japão) são a equipa mais frágil do grupo e aquela que das 4 entra em prova mais descontraída. Pontuar será realizar um bom Mundial.
Com vista a consolidar uma selecção forte, capaz de deixar orgulhosos os locais neste Verão, a Rússia chegou mesmo há alguns atrás a reduzir o número de estrangeiros por clube, de forma a vincar a aposta no jogador russo, acreditando que a pátria retiraria dividendos dessa política. Verdade seja dita, a geração actual não impressiona, mas acreditamos que as arbitragens serão simpáticas para a equipa da casa, tornando-se superlativo o desafio de Salah e companhia. Neste grupo, onde figuram craques como Luis Suárez e Cavani, é o extremo do Liverpool, Mohamed Salah, o jogador no qual cairão todos os olhares. Lesionado na final da Champions, o faraó deve mesmo estar apto a tempo de dar o seu contributo ao longo de toda a fase de grupos, e o país inteiro, aquele mesmo país que fez o bom samaritano 2.º candidato mais votado para a presidência da república sem que ele se candidatasse, estará desejoso de ver entrar em acção o jogador que esta época tem sido o principal rival de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo pela Bola de Ouro. O humano que ousou juntar-se aos extra-terrestres. Uma questão: será o rendimento dos jogadores muçulmanos afectado pelo ramadão (o jejum ritual iniciou-se a 16 de Maio e termina a 14 de Junho, dia em que começa o Mundial)?
Num grupo em que vencer a Arábia Saudita se torna obrigatório para que a classificação se discuta depois de forma directa e a três, o Uruguai parte em vantagem, mesmo tendo a Rússia o factor casa. Orientados pelo veterano Óscar Tabárez (71 anos, e no comando da selecção desde 2006), os charruas, vencedores do 1.º Mundial de sempre em 1930, têm em Luis Súarez e Edinson Cavani uma dupla temível. Convém recordar que na fase de apuramento da CONMEBOL, na qual Cavani foi o máximo goleador com 10 tentos, o Uruguai ficou classificado acima da Colômbia, Argentina e Chile. Os últimos uma das grandes ausências deste Mundial.

- Guarda-Redes: Fernando Muslera (Galatasaray), Martín Silva (Vasco), Martín Campaña (Independiente)
- Defesas: Maxi Pereira (Porto), Guillermo Varela (Peñarol), Diego Godín (Atlético Madrid), José Giménez (Atlético Madrid), Sebastián Coates (Sporting), Martin Cáceres (Lázio), Gastón Silva (Independiente), Diego Laxalt (Génova)
- Médios: Nahitan Nández (Independiente), Lucas Torreira (Sampdoria), Rodrigo Bentancur (Juventus), Matías Vecino (Inter), Giorgian De Arrascaeta (Cruzeiro)
- Extremos: Carlos Sánchez (Monterrey), Cristián Rodríguez (Peñarol), Jonathan Urreta (Monterrey)
- Avançados: Luis Suárez (Barcelona), Edinson Cavani (PSG), Maxi Gómez (Celta Vigo), Chistián Stuani (Girona)
Ausência: Nicolás Lodeiro
Equipa-Base (4-4-2): Muslera; Varela, Giménez, Godín, Cáceres (Gastón Silva); Vecino (Sánchez), Bentancur, Nández, De Arrascaeta (C. Rodríguez); Suárez, Cavani


- Guarda-Redes: Igor Akinfeev (CSKA), Vladimir Gabulov (Club Brugge), Andrei Lunev (Zenit)
- Defesas: Mário Fernandes (CSKA), Igor Smolnikov (Zenit), Vladimir Granat (Rubin Kazan), Ilya Kupetov (Spartak Moscovo), Sergey Ignashevich (CSKA), Andrey Semenov (Akhmat Grozny), Fyodor Kudryashov (Rubin Kazan), Yuri Zhirkov (Zenit)
- Médios: Yury Gazinskiy (FK Krasnodar), Daler Kuzyaev (Zenit), Aleksandr Golovin (CSKA), Roman Zobnin (Spartak Moscovo), Anton Miranchuk (Lokomotiv Moscovo), Alan Dzagoev (CSKA), Aleksandr Erokhin (Zenit)
- Extremos: Aleksandr Samedov (Spartak Moscovo), Denis Cheryshev (Villarreal), Aleksei Miranchuk (Lokomotiv Moscovo)
- Avançados: Artyom Dzyuba (Arsenal Tula), Fyodor Smolov (FK Krasnodar)


- Guarda-Redes: Essam El-Hadary (Al Taawon), Sherif Ekramy (Al Ahly), Ahmed El Shenawy (Zamalek)
- Defesas: Ahmed Elmohamady (Aston Villa), Ahmed Fathy (Al Ahly), Omar Gaber (Los Angeles FC), Ahmed Hegazi (WBA), Ali Gabr (WBA), Ayman Ashraf (Al Ahly), Mahmoud Hamdi (Zamalek), Saad Samir (Al Ahly), Moha Abdel-Shafy (Al Fateh)
- Médios: Tarek Hamed (Zamalek), Mohamed Elneny (Arsenal), Sam Morsy (Wigan), Abdallah Said (KuPS), Kahraba (Al Ittihad)
- Avançados: Mohamed Salah (Liverpool), Amr Warda (Atromitos), Trezeguet (Kasimpasa), Shikabala (Al Raed), Ramadan Sobhi (Stoke), Marwan Mohsen (Al Ahly)
Equipa-Base (4-3-3): El Hadary; Fathy, Gabr, Hegazi, Abdel-Shafy; Hamed, Elneny, Said; Salah, Trezeguet, Sobhi
Com Shikabala nos convocados (sim, esse mesmo), o Egipto entrará na competição, tal como todas as equipas com jogadores muçulmanos, acabadinho de terminar o período do ramadão. Olhando para o onze da selecção de Cúper, faz-nos alguma confusão que Elmohamady não seja teórica escolha para titular numa defesa onde Hegazi (WBA) se destaca, mesmo não tendo o seu parceiro de sector na qualificação, Ramy Rabia. Elneny, médio do Arsenal, é igualmente um nome bem conhecido dos adeptos, num meio-campo onde Trezeguet (13 golos na Liga turca ao serviço do Kasimpasa) e o craque de pés de veludo Abdallah Said prometem sobressair e tirar algum peso dos ombros de Salah. Uma vez que Hassan não foi um dos 23 escolhidos, a frente de ataque egípcia será menos linear, podendo inclusive Cúper - que tem privilegiado um estilo de jogo muitíssimo conservador - abdicar de jogar com ponta de lança.


- Guarda-Redes: Mohammed Al Owais (Al Ahly), Abdullah Al Mayouf (Al Hilal), Yasser Al Mosailem (Al Ahly)
- Defesas: Yasir Al Shahrani (Al Hilal), Mohammed Al Buraik (Al Hilal), Motaz Hawsawi (Al Ahly), Osama Hawsawi (Al Hilal), Omar Hawsami (Al Nassr), Ali Al Bulaihi (Al Hilal), Mansoor Al Harbi (Al Ahly)
- Médios: Abdullah Al Khaibari (Al Shabab), Abdul Al Khaibri (Al Hilal), Abdullah Otayf (Al Hilal), Houssain Al Mogahwi (Al Ahly), Salman Al Faraj (Al Hilal), Mohamed Kanno (Al Hilal), Hattan Babhir (Al Shabab)
- Extremos: Taiseer Al Jassim (Al Ahly), Yahya Al Shehri (Leganés), Salem Al Dawsari (Villarreal), Fahad Al Muwallad (Levante), Mohammad Al Sahlawi (Al Nassr), Muhannad Assiri (Al Ahly)
Baixa: Nawaf Al Abed
À referência ofensiva, Al Sahlawi (15 golos na fase de apuramento), juntar-se-á a vertigem e velocidade do extremo Al Muwallad (o jovem que marcou o golo que carimbou o apuramento pode também ser guardado como um jóker para saltar do banco) num dos flancos. Mas, numa equipa limitada e com poucos jogadores acima da média, é tremendo o peso da ausência de Nawaf Al Abed, um tecnicista por excelência que falha a competição por lesão.
