Balanço Final - Liga NOS 18/ 19

A análise detalhada ao campeonato em que houve um antes e um depois de Bruno Lage. Em 2018/ 2019 houve Reconquista.

Prémios BPF Liga NOS 2018/ 19

Portugal viu um médio carregar sozinho o Sporting, assistiu ao nascer de um prodígio, ao renascer de um suiço, sagrando-se campeão quem teve um maestro e um velocista.

Balanço Final - Premier League 18/ 19

Na melhor Liga do mundo, foram 98 contra 97 pontos. Entre citizens e reds, entre Bernardo Silva e van Dijk, ninguém merecia perder.

Os Filmes mais Aguardados de 2019

Em 2019, Scorsese reúne a velha guarda toda, Brad Pitt será duplo de Leonardo DiCaprio, Greta Gerwig comanda um elenco feminino de luxo, Waititi será Hitler, e Joaquin Phoenix enlouquecerá debaixo da maquilhagem já usada por Nicholson ou Ledger.

21 Novas Séries a Não Perder em 2019

Renasce The Twilight Zone, Ryan Murphy muda-se para a Netflix, o Disney+ arranca com uma série Star Wars e há ainda projectos de topo na HBO e no FX.

9 de junho de 2018

Mundial 2018: Previsão Grupo A

Em contagem decrescente para o Mundial 2018, iniciamos hoje oito artigos de análise detalhada a cada um dos grupos da competição, identificando que jogadores se podem destacar na Rússia e até que fase deve cada selecção chegar.
    Também há quatro anos antecipámos o certame brasileiro, mas foi em 2016 (na altura acertámos 3 dos 4 semi-finalistas e previmos a final França-Portugal, embora apontando a selecção da casa como vencedora e Portugal qualificando-se em 1.º no grupo e não em 3.º) que assumimos o actual formato que hoje vos apresentamos.
    Comecemos no grupo A, onde mora o anfitrião. O grupo que irá emparelhar com o nosso nos oitavos-de-final é composto por Rússia, Uruguai, Egipto e Arábia Saudita. À cabeça, os sauditas (qualificaram-se directamente atirando a Austrália para o play-off e ficando a apenas 1 ponto do líder do grupo Japão) são a equipa mais frágil do grupo e aquela que das 4 entra em prova mais descontraída. Pontuar será realizar um bom Mundial.
     Com vista a consolidar uma selecção forte, capaz de deixar orgulhosos os locais neste Verão, a Rússia chegou mesmo há alguns atrás a reduzir o número de estrangeiros por clube, de forma a vincar a aposta no jogador russo, acreditando que a pátria retiraria dividendos dessa política. Verdade seja dita, a geração actual não impressiona, mas acreditamos que as arbitragens serão simpáticas para a equipa da casa, tornando-se superlativo o desafio de Salah e companhia. Neste grupo, onde figuram craques como Luis Suárez e Cavani, é o extremo do Liverpool, Mohamed Salah, o jogador no qual cairão todos os olhares. Lesionado na final da Champions, o faraó deve mesmo estar apto a tempo de dar o seu contributo ao longo de toda a fase de grupos, e o país inteiro, aquele mesmo país que fez o bom samaritano 2.º candidato mais votado para a presidência da república sem que ele se candidatasse, estará desejoso de ver entrar em acção o jogador que esta época tem sido o principal rival de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo pela Bola de Ouro. O humano que ousou juntar-se aos extra-terrestres. Uma questão: será o rendimento dos jogadores muçulmanos afectado pelo ramadão (o jejum ritual iniciou-se a 16 de Maio e termina a 14 de Junho, dia em que começa o Mundial)?
    Num grupo em que vencer a Arábia Saudita se torna obrigatório para que a classificação se discuta depois de forma directa e a três, o Uruguai parte em vantagem, mesmo tendo a Rússia o factor casa. Orientados pelo veterano Óscar Tabárez (71 anos, e no comando da selecção desde 2006), os charruas, vencedores do 1.º Mundial de sempre em 1930, têm em Luis Súarez e Edinson Cavani uma dupla temível. Convém recordar que na fase de apuramento da CONMEBOL, na qual Cavani foi o máximo goleador com 10 tentos, o Uruguai ficou classificado acima da Colômbia, Argentina e Chile. Os últimos uma das grandes ausências deste Mundial.
    Fiquem então com a análise mais aprofundada do Grupo A:


1. URUGUAI  
(Previsão: Oitavos-de-Final)

  • Guarda-Redes: Fernando Muslera (Galatasaray), Martín Silva (Vasco), Martín Campaña (Independiente)
  • Defesas: Maxi Pereira (Porto), Guillermo Varela (Peñarol), Diego Godín (Atlético Madrid), José Giménez (Atlético Madrid), Sebastián Coates (Sporting), Martin Cáceres (Lázio), Gastón Silva (Independiente), Diego Laxalt (Génova)
  • Médios: Nahitan Nández (Independiente), Lucas Torreira (Sampdoria), Rodrigo Bentancur (Juventus), Matías Vecino (Inter), Giorgian De Arrascaeta (Cruzeiro)
  • Extremos: Carlos Sánchez (Monterrey), Cristián Rodríguez (Peñarol), Jonathan Urreta (Monterrey)
  • Avançados: Luis Suárez (Barcelona), Edinson Cavani (PSG), Maxi Gómez (Celta Vigo), Chistián Stuani (Girona)
Seleccionador: Óscar Tabárez;
Ausência: Nicolás Lodeiro

Equipa-Base (4-4-2): Muslera; Varela, Giménez, Godín, Cáceres (Gastón Silva); Vecino (Sánchez), Bentancur, Nández, De Arrascaeta (C. Rodríguez); Suárez, Cavani
    Recordam-se daquele característico Uruguai, de meio-campo musculado, com jogadores como Arévalo Rios, Diego Pérez ou Gargano? Pois bem, Tabárez soube actualizar a proposta de jogo da selecção, onde a raça (ADN do país) continua titular indiscutível, abraçando a geração de centro-campistas com maior qualidade técnica e classe, embora sem perder intensidade. Rodrigo Bentancur, médio da Juventus, simboliza na perfeição esta mudança de paradigma. E como falamos dele, podíamos falar de Vecino, Torreira (gostávamos de o ver a titular) ou Carlos Sánchez.
    Com Muslera na baliza e uma fortíssima dupla de centrais (Godín e Giménez, pupilos de Simeone no Atlético Madrid), o onze do Uruguai levanta algumas dúvidas a nível da ocupação das laterais. O meio-campo é interessante e mais rico a nível de recursos técnicos do que o habitual nesta selecção, importando apenas perceber que peso Tabárez dará ao craque De Arrascaeta. A titularidade do médio ofensivo do Cruzeiro convida a uma espécie de losango ou 4-3-1-2. Tabárez pode preferir no entanto um 4-4-2 mais clássico e sem o perfume do seu 10, abrindo espaço para Sánchez e/ ou Cristian Rodríguez no onze. Seja como for, as defesas adversárias que se preparem, porque anular a dupla Suárez-Cavani (principal argumento desta equipa) parece missão impossível.

Destaques Individuais (Previsão):
    Luis Suárez e Edinson Cavani. Embora sejam várias as selecções desta competição (Espanha, Alemanha, França, Argentina, Bélgica, Portugal, etc.) com dinâmicas ofensivas e uma pluralidade de opções para os lugares dianteiros, nenhuma outra selecção conjuga dois avançados deste nível. Em 2017-18, Suárez (oxalá não morda ninguém) e Cavani, ambos com 31 anos, marcaram respectivamente 31 e 40 golos. O poder de fogo do Uruguai faz sonhar o país, e no nosso entender este Mundial pode vincar a importância e a qualidade de Matías Vecino.
    Determinante no caminho dos favoritos ao 1.º lugar do Grupo A, e potenciais adversários de Portugal nos oitavos, será o patrão da defesa Diego Godín. Central à antiga e voz de comando em campo, o capitão comandará a armada, tendo ainda tradição de surgir bem nas bolas paradas ofensivas nos momentos decisivos. Aos 24 anos, Giorgian De Arrascaeta será o jóker desta selecção, podendo tanto passar ao lado da competição como elevar este colectivo para outro patamar, e o jovem Rodrigo Bentancur (20 anos, Juventus) é menino para se fazer gigante neste contexto.


2. RÚSSIA  
(Previsão: Oitavos-de-Final)

  • Guarda-Redes: Igor Akinfeev (CSKA), Vladimir Gabulov (Club Brugge), Andrei Lunev (Zenit)
  • Defesas: Mário Fernandes (CSKA), Igor Smolnikov (Zenit), Vladimir Granat (Rubin Kazan), Ilya Kupetov (Spartak Moscovo), Sergey Ignashevich (CSKA), Andrey Semenov (Akhmat Grozny), Fyodor Kudryashov (Rubin Kazan), Yuri Zhirkov (Zenit)
  • Médios: Yury Gazinskiy (FK Krasnodar), Daler Kuzyaev (Zenit), Aleksandr Golovin (CSKA), Roman Zobnin (Spartak Moscovo), Anton Miranchuk (Lokomotiv Moscovo), Alan Dzagoev (CSKA), Aleksandr Erokhin (Zenit)
  • Extremos: Aleksandr Samedov (Spartak Moscovo), Denis Cheryshev (Villarreal), Aleksei Miranchuk (Lokomotiv Moscovo)
  • Avançados: Artyom Dzyuba (Arsenal Tula), Fyodor Smolov (FK Krasnodar)
Seleccionador: Stanislav Cherchesov;
Ausência: Georgi Schennikov, Oleg Shatov, Baixa: Aleksandr Kokorin

Equipa-Base (3-5-2): Akinfeev; Granat, Kupetov (Ignashevich), Kudryashov; M. Fernandes, Zobnin, Golovin, Dzagoev, Zhirkov; Aleksei Miranchuk, Smolov
    Os anfitriões. Com o muito pouco consensual e bastante polémico Cherchesov ao leme, a Rússia é hoje uma selecção muito distante da sua última grande geração (aquela que no Euro-2008 só caiu nas meias-finais, eliminada pela vencedora Espanha), deixando saudades o perfume de jogadores como Arshavin ou Shirokov.
   Com o experiente Akinfeev (um daqueles guardiões que nunca veio a ser tão bom como se esperava) entre os postes, veremos se o facto de Ignashevich ter voltado à selecção depois de ter renunciado atira borda fora algum dos três centrais: Granat, Kupetov ou Kudryashov.
     A realização de um bom Mundial está intimamente ligada com o rendimento do trio Golovin, Zobnin e Dzagoev, beneficiando Cherchesov do bom ano dos gémeos Miranchuk no Lokomotiv. Na frente, e face à lesão de Kokorin (seria titular e uma das figuras), as esperanças estão depositadas em Smolov. O seleccionador está longe de adorar o portentoso Dzyuba, e Smolov (nas últimas 3 épocas marcou um total de 63 golos pelo Krasnodar) só ficou atrás de Quincy Promes na lista de melhores marcadores do campeonato russo. 

Destaques Individuais (Previsão):
    Não fiques chateado Putin, mas confessamos que estaremos a torcer pela passagem do Egipto neste Grupo A. O factor Salah conjugado com o facto de se tratar da selecção africana que mais edições da CAN venceu (7) mas que não marcava presença num Mundial desde 1990 não permite outra coisa. No entanto, caso não acuse a pressão de actuar diante do seu exigente público e beneficiando de teoricamente arrancar o grupo com 3 pontos, enquanto Uruguai e Egipto medem forças, achamos que pode ser a Rússia a seguir em frente.
    Perante a ausência de Kokorin e mediante uma certa animosidade que Cherchesov tem em relação a Dzyuba, uma boa fase de grupos (não vemos de forma alguma a anfitriã Rússia a ir mais longe do que os oitavos-de-final) estará ligada ao instinto goleador de Fyodor Smolov. No centro do terreno de jogo, estão reunidas as condições para Aleksandr Golovin (jogador frágil mas cheio de classe) mostrar que o CSKA é pequeno demais para ele, brilhando na ligação de sectores. Numa equipa onde saltam à vista alguns nomes com mais créditos no futebol europeu como Dzagoev (voltará ao nível de 2012?), Samedov ou Cheryshev, acreditamos que possam destacar-se Roman Zobnin como pêndulo do meio-campo e os gémeos Anton Miranchuk e Aleksei Miranchuk, colegas de Manuel Fernandes e Éder no campeão Lokomotiv.


3. EGIPTO  

  • Guarda-Redes: Essam El-Hadary (Al Taawon), Sherif Ekramy (Al Ahly), Ahmed El Shenawy (Zamalek)
  • Defesas: Ahmed Elmohamady (Aston Villa), Ahmed Fathy (Al Ahly), Omar Gaber (Los Angeles FC), Ahmed Hegazi (WBA), Ali Gabr (WBA), Ayman Ashraf (Al Ahly), Mahmoud Hamdi (Zamalek), Saad Samir (Al Ahly), Moha Abdel-Shafy (Al Fateh)
  • Médios: Tarek Hamed (Zamalek), Mohamed Elneny (Arsenal), Sam Morsy (Wigan), Abdallah Said (KuPS), Kahraba (Al Ittihad)
  • Avançados: Mohamed Salah (Liverpool), Amr Warda (Atromitos), Trezeguet (Kasimpasa), Shikabala (Al Raed), Ramadan Sobhi (Stoke), Marwan Mohsen (Al Ahly)
Seleccionador: Héctor Cúper;
Ausência: Ahmed Hassan, Baixa: Ramy Rabia

Equipa-Base (4-3-3): El Hadary; Fathy, Gabr, Hegazi, Abdel-Shafy; Hamed, Elneny, Said; Salah, Trezeguet, Sobhi
    Salah e mais dez. Não é exagero afirmar que o destino do Egipto em solo russo está absolutamente dependente de um dos principais craques de 2017-18. O extremo do Liverpool é visto como uma espécie de Deus no país, carregou o país africano até esta fase e promete continuar a assumir a equipa esteja ele em plenas condições físicas.
    Com Shikabala nos convocados (sim, esse mesmo), o Egipto entrará na competição, tal como todas as equipas com jogadores muçulmanos, acabadinho de terminar o período do ramadão. Olhando para o onze da selecção de Cúper, faz-nos alguma confusão que Elmohamady não seja teórica escolha para titular numa defesa onde Hegazi (WBA) se destaca, mesmo não tendo o seu parceiro de sector na qualificação, Ramy Rabia. Elneny, médio do Arsenal, é igualmente um nome bem conhecido dos adeptos, num meio-campo onde Trezeguet (13 golos na Liga turca ao serviço do Kasimpasa) e o craque de pés de veludo Abdallah Said prometem sobressair e tirar algum peso dos ombros de Salah. Uma vez que Hassan não foi um dos 23 escolhidos, a frente de ataque egípcia será menos linear, podendo inclusive Cúper - que tem privilegiado um estilo de jogo muitíssimo conservador - abdicar de jogar com ponta de lança.

Destaques Individuais (Previsão):
    Faz parte da natureza do ser humano torcer pelo underdog. E o histórico recente de grandes competições leva a crer que o iluminado Mohamed Salah poderá ser para este Egipto o que Gareth Bale foi para o País de Gales no Euro-2016 ou James Rodríguez foi para a Colômbia no Mundial-2014. Mas, claro está, nesta lógica de one-man-team esta selecção egípcia não rodeia Salah com o mesmo talento que Bale ou James tinham ao seu lado.
    Com o país aos ombros (um deles combalido graças a Sergio Ramos), pode-se considerar que Salah não tem grande pressão. Num grupo que conta com a selecção da casa e no qual o Uruguai é favorito, tudo o que Mo acrescentar será valioso. Acreditamos que o craque do Liverpool irá corresponder (enormes expectativas para o Rússia-Egipto a 19 de Junho).
    Prontos para ajudar Salah a mumificar os adversários estarão jogadores em fases bem diferentes das suas carreiras. Aos 23 anos, Trezeguet está pronto para brilhar depois de uma excelente época na Turquia, enquanto que Abdallah Said (hoje a actuar em solo finlandês depois de várias temporadas a dominar África com o Al-Ahly) pode surpreender meio mundo aos 32 anos.


4. ARÁBIA SAUDITA  

  • Guarda-Redes: Mohammed Al Owais (Al Ahly), Abdullah Al Mayouf (Al Hilal), Yasser Al Mosailem (Al Ahly)
  • Defesas: Yasir Al Shahrani (Al Hilal), Mohammed Al Buraik (Al Hilal), Motaz Hawsawi (Al Ahly), Osama Hawsawi (Al Hilal), Omar Hawsami (Al Nassr), Ali Al Bulaihi (Al Hilal), Mansoor Al Harbi (Al Ahly)
  • Médios: Abdullah Al Khaibari (Al Shabab), Abdul Al Khaibri (Al Hilal), Abdullah Otayf (Al Hilal), Houssain Al Mogahwi (Al Ahly), Salman Al Faraj (Al Hilal), Mohamed Kanno (Al Hilal), Hattan Babhir (Al Shabab)
  • Extremos: Taiseer Al Jassim (Al Ahly), Yahya Al Shehri (Leganés), Salem Al Dawsari (Villarreal), Fahad Al Muwallad (Levante), Mohammad Al Sahlawi (Al Nassr), Muhannad Assiri (Al Ahly)
Seleccionador: Juan Antonio Pizzi;
Baixa: Nawaf Al Abed

Equipa-Base (4-2-3-1): Al Mosailem; Al Buraik, Osama Hawsawi, Omar Hawsawi, Al Shahrani; Otayf, Al Jassim; Al Muwallad, Al Shehri, Al Dawsari; Al Sahlawi
    Qualquer coisa que não seja a Arábia Saudita terminar em 4.º lugar este grupo significará duas coisas em simultâneo: uma prova acima das expectativas por parte da selecção asiática e uma valente desilusão noutro continente. Sob a tutela de Pizzi, outrora seleccionador chileno e sucessor de Van Marwijk e Bauza, espera-se que a Arábia Saudita - na qualificação bateu-se bem contra Japão e Austrália - se apresente nos jogos num 4-2-3-1 compacto e com ordem de sair rápido em transição.
    À referência ofensiva, Al Sahlawi (15 golos na fase de apuramento), juntar-se-á a vertigem e velocidade do extremo Al Muwallad (o jovem que marcou o golo que carimbou o apuramento pode também ser guardado como um jóker para saltar do banco) num dos flancos. Mas, numa equipa limitada e com poucos jogadores acima da média, é tremendo o peso da ausência de Nawaf Al Abed, um tecnicista por excelência que falha a competição por lesão. 

Destaques Individuais (Previsão):
    Numa selecção formada com vários futuros jogadores de Jorge Jesus e que estará preparada para sofrer, será garantidamente importante o centralão e capitão Osama Hawsawi. No entanto, fazendo mesmo muita falta a distinta qualidade técnica de Nawaf Al Abed, preferimos identificar aqueles que são os 2 potenciais destaques ofensivos da Arábia Saudita. O goleador Mohammad Al Sahlawi (15 golos em 13 jogos na qualificação asiática) é o mais forte candidato a deixar a marca saudita nas balizas adversárias. Pronto para ganhar mercado, Fahad Al Muwallad deve colocar o seu nome nas bocas dos adeptos do desporto-rei fruto da sua velocidade e verticalidade.



Posters ESPN - MUNDIAL 2018 - Grupo A
por Paul Lacolley

7 de junho de 2018

Barba no Mundial: Os Nossos 23 (Argentina)

Num patamar abaixo de favoritos lógicos e sustentados como o trio formado por Espanha, Alemanha e Brasil, e até da França, a Argentina só pode ser vista como potencial aspirante a ganhar o Mundial 2018 por um motivo: Lionel Messi.
    País de futebol apaixonante, dos dribles imparáveis e de vendavais ofensivos, a Argentina será das selecções presentes na Rússia a mais traumatizada. Afinal, Messi e companhia perderam não só a final do último Mundial como as duas últimas Copas Américas contra o Chile.
    Daí resultaram coisas boas e coisas más: o craque do Barcelona tem correspondido e carregado a equipa  e Sampaoli (excelente trabalho no Chile, sem desiludir em Sevilha) será um dos melhores treinadores presentes na competição. Por outro lado, há uma Messidependência atroz - o peso nos ombros do 10 argentino será gigante neste certame, e não havia necessidade disso face às opções ao dispor do seleccionador -, juntando-se a isso algumas escolhas incompreensíveis por parte do técnico, que deixou por exemplo Icardi e Garay de fora dos 23.

    Convém lembrar que a Argentina se apurou tangencialmente, acabando por atirar para fora do Mundial o Chile (juntamente com a Itália, sem esquecer a Holanda, um dos grandes ausentes), mas em 18 jogos da fase de qualificação a selecção das pampas marcou apenas 19 golos, sofrendo 16. Em jeito de comparação, o Brasil de Tite - equipa que passeou autenticamente na qualificação sul-americana, marcou 41 golos, e apresentou uma diferença de golos 10 vezes superior à da Argentina. Até selecções como o Equador ou o Perú marcaram mais do que a Argentina.
      Com uma equipa profundamente desequilibrada, só mesmo o factor Messi (acreditamos que o argentino vá estar num nível estratosférico, mas que mesmo assim deverá ser insuficiente quando lhe surgir uma equipa a sério pela frente) pode manter a esperança argentina viva, desafiando as probabilidades e as casas de apostas. Mas atenção, o grupo com Croácia, Islândia e Nigéria é um dos dois mais interessantes e imprevisíveis do torneio!

    Respeitamos Jorge Sampaoli mas, aqui entre nós, a Argentina ficava bastante melhor servida com estes vinte e três:


A Convocatória

  • Guarda-Redes: Gerónimo Rulli (Real Sociedad), Franco Armari (River Plate), Nahuel Guzmán (Tigres)
  • Defesas: Gabriel Mercado (Sevilha), Eduardo Salvio (Benfica), Ezequiel Garay (Valência), Nicolás Otamendi (Manchester City), Federico Fazio (Roma), Nicolás Tagliafico (Ajax), Marcos Acuña (Sporting)
  • Médios: Javier Mascherano (Hebei China Fortune), Lucas Biglia (AC Milan), Leandro Paredes (Zenit), Éver Banega (Sevilha), Giovani Lo Celso (PSG), Manuel Lanzini (West Ham)
  • Extremos: Lionel Messi (Barcelona), Alejandro Gómez (Atalanta), Ángel Di María (PSG)
  • Avançados: Mauro Icardi (Inter), Kun Agüero (Manchester City), Paulo Dybala (Juventus), Lautaro Martínez (Racing)
Lista de Contenção: Agustín Marchesín (América MX), Mateo Musacchio (AC Milan), Marcos Rojo (Manchester United), Enzo Pérez (River Plate), Diego Perotti (Roma), Ángel Correa (Atlético Madrid), Gonzalo Higuaín (Juventus)

Actualização: Depois da publicação deste nosso artigo, ficou-se a saber que Lanzini falhará o Mundial depois de ter sofrido uma rotura do ligamento cruzado anterior do joelho direito. Perante isto, seria Ángel Correa o nosso escolhido. 

    A lesão de Sergio Romero, suplente no Manchester United, afastou aquele que seria muito provavemente o titular da Argentina na prova. Nas nossas contas, não nos baralhou tanto na medida em que já pensávamos já entregar a baliza a Gerónimo Rulli. O guarda-redes da Real Sociedad de 26 anos é o melhor guardião argentino hoje em dia, e roça o escândalo Sampaoli não o ter colocado nem sequer na pré-convocatória.
    Franco Armani (meia Argentina pede a titularidade do guarda-redes do River Plate) e Nahuel Guzmán completam as nossas escolhas, onde não nos parece fazer sentido existir espaço para Caballero, um dos três que Sampaoli leva à Rússia.

    Na defesa, e no meio de tantas indefinições - é muito mais difícil prever o onze com que a Argentina irá jogar no 1.º jogo do que o dos favoritos bem preparados como a Espanha, o Brasil ou a Alemanha - salta à vista uma ausência criminosa, Ezequiel Garay. O central do Valência, um dos destaques do Mundial 2014, seria titular de caras e poderia formar uma dupla de excelência com Nicolás Otamendi. Connosco, o antigo jogador do Benfica seria inclusive um dos primeiros nomes da lista. Às opções para o centro da defesa juntamos Federico Fazio, ele que chegou às meias-finais da Champions esta época, preferindo depois beneficiar do facto do capitão sem braçadeira desta equipa poder jogar também a central. Ligeiramente abaixo falaremos dele.
    Num sector em que as opções são incomparavelmente inferiores às que existem alguns metros à frente, para laterais o quarteto composto por Gabriel Mercado, Eduardo Salvio, Nicolás Tagliafico e Marcos Acuña (quatro jogadores que Sampaoli também escolheu) mostra bem a diferença da Argentina para outras equipas: basta pensar em jogadores como Marcelo, Kimmich ou Jordi Alba... Não é certo se Sampaoli irá jogar com uma linha de 4 (Mercado, Fazio, Otamendi e Rojo) ou se optará por colocar três centrais. Nesse cenário, Salvio e Acuña fazem mais sentido como alas.

    No miolo, em comum com Sampaoli também escolhemos Javier Mascherano (jogador exemplar e uma inspiração para os colegas, que confiamos que irá surgir uns anos mais novo e com a entrega e pulmão de sempre, agigantando-se perante o contexto; em 2014, Messi foi o melhor da equipa na fase de grupos, mas à medida que a final se foi aproximando foi dando sempre mais Mascherano), Éver Banega, Lucas Biglia, Manuel Lanzini e Giovani Lo Celso. Banega e Biglia já são clientes habituais destas andanças, Lanzini permitia ao seleccionador usá-lo um pouco como uma espécie de Coutinho em termos tácticos, e Lo Celso tem evoluído de forma interessante na Europa, podendo servir de alternativa a Di Maria (facilmente pode ser um dos extremos ou 3.º médio, ligando jogo). Leandro Paredes, do Zenit, também merece a nossa confiança; Sampaoli riscou-o embora tenha estado presente na pré-convocatória.

    Lionel Messi é o 10 deste Mundial em que o número nas costas faz mais sentido (supostamente é extremo, pega no jogo a médio, marca como um avançado, brilhando como mais ninguém na chamada zona 14 do futebol) e Ángel Di María continua a ser um dos jogadores mais importantes na Albiceleste. Depois, Alejandro "Papu" Gómez - sem exageros, é um dos 20 jogadores com mais técnica pura da actualidade - é outra das baixas graves deste certame, sendo inclusive para nós um jogador que na nossa versão desta Argentina estaria facilmente no lote de 14 jogadores mais utilizados.
    À frente, Kun Agüero e Paulo Dybala (não sejam teimosos, é compatível sim com Messi!) são inquestionáveis, e aquele para nós seria o ponta de lança nº 1 desta equipa não vai à Rússia: Mauro Icardi. Aos 25 anos, o avançado do Inter soma apenas 4 internacionalizações por supostos atritos com alguns compatriotas, mas nem Agüero nem Higuaín (sim, a nossa consciência diz-nos para deixarmos de fora o dianteiro da Juventus, porque já sabemos o que aconteceria se tiver uma oportunidade de golo feita numa eventual final) têm hoje a qualidade e frieza de Icardi. Ainda aceitávamos se Icardi não surgisse na pré-convocatória inicial, porque reforçaria à imagem de Benzema na França que não conta para o seleccionador; a sua inclusão para depois ser riscado roça o ridículo e o gozo.
    A nossa convocatória fecha com Lautaro Martínez, um craque que Sampaoli também riscou da pré-convocatória e que se diz que se irá juntar a Icardi no Inter.



O Onze

    A nossa Argentina (a de Sampaoli também, embora com soluções diferentes) permite-nos algumas formas de jogar, mas o 4-3-3 parece-nos o esqueleto que melhor potencia as principais estrelas desta constelação.
    Como já dissemos, na nossa baliza estaria Rulli. No Mundial, nem como 2.º ou 3.º guarda-redes estará.
    A nossa defesa não difere muito da que o seleccionador irá apresentar: Mercado à direita permite soltar mais o lateral do lado oposto (Tagliafico), e no coração a possibilidade de conciliar Garay e Otamendi era tremenda. Com franqueza, passar de Garay para Fazio é um downgrade. E é bastante provável que Sampaoli vá jogar com Marcos Rojo na esquerda e não o lateral do Ajax, Tagliafico.
 
     No meio-campo, tudo começa em Mascherano. Meio perdido no futebol chinês, onde joga e amealha dinheiro com Lavezzi, Gervinho e Hernanes, o combativo médio defensivo de 33 anos é uma pequena incógnita. Mas acreditamos que se transfigure neste contexto, a Argentina bem vai precisar dele. Um meio-campo mais musculado colocaria ao seu lado Banega e Biglia, mas nós preferimos uma alternativa que coloque Di María na linha de três do sector intermédio. Basta recordar o que o médio/ extremo do PSG fazia no esquema do Real Madrid de Ancelotti nessas funções... Existia naturalmente a alternativa de apostar em Lo Celso (tem a intensidade que Lanzini não tem) para este papel, deixando Di María em exclusivo numa das alas mais à frente.
    À frente, embora adoremos Agüero e uma vez que já explicámos que Higuaín (na Rússia é bem possível que seja ele o titular) connosco ficava no sofá, Icardi seria a nossa primeira opção para 9. A seu favor, o facto de ser o mais completo, jogando bem tanto em posse como em transição a explorar as costas da defesa. Um daqueles avançados que marca golos de todas as maneiras e feitios.
    Messi é, até certo ponto, um 10 puro. O último do futebol, alguns dirão. Embora neste Verão, James Rodríguez possa ser algo similar para a Colômbia se replicar o que fez em 2014. Faz todo o sentido preservar os comportamentos que o craque do Barça tem no clube: origem no flanco direito, com liberdade para assumir o esférico bem atrás, gerindo quando põe gelo e quando acelera, caindo em cima dos defesas, combinando com os colegas e expondo a sua brutal qualidade de passe ao ver o jogo mais recuado. Problema: na Argentina não há Suárez, Iniesta ou até Coutinho, jogadores com quem tem assinalável química e empatia futebolística.
    Por fim, e contra a corrente do que os teóricos dizem (é comum ouvir-se que Messi e Dybala são incompatíveis), confiaríamos a última vaga do 11 ao astro da Juventus. Não resultando, havia Papu Gómez, o craque da Atalanta que Sampaoli ignorou.





Barba no Mundial: Os Nossos 23 (Espanha)

O melhor onze que estará na Alemanha. Depois de ser inclusive alvo de chacota em Portugal, Lopetegui "corre o risco" de se sagrar campeão do mundo. E esta?
    Os campeões europeus de 2008 e 2012 e campeões mundiais em 2010, num período inesquecível para os espanhóis e difícil de repetir na História do futebol, estão recompostos e têm ganas depois de em 2014 nem terem passado da fase de grupos. Em 2016, convém recordar, ficaram-se pelos oitavos do Euro caindo perante uma super-Itália (golos de Chiellini e Pellè).
    O ADN ou identidade construída, desenvolvida e respeitada que a selecção espanhola - tal como a alemã - tem, colocam La Roja sempre no lote de favoritos. Senão mesmo o principal favorito.
    A qualificação foi um passeio. Num grupo que contribuiu para o afastamento da Itália da fase final (os italianos ficaram atrás da Espanha, perdendo com a Suécia no play-off), Espanha fez 28 pontos em 30. Com 36 golos marcados em 10 jogos (3,6 golos por jogo portanto) e apenas 3 sofridos, a aventura até à Rússia teve em David Silva a principal estrela. O craque do Manchester City marcou 5 golos, tantos como Morata e Diego Costa. Curiosamente, um destes não marca presença nos 23 de Lopetegui.

    Daqui por alguns dias, Portugal é o primeiro adversário desta Espanha no seu percurso ao longo do Mundial 2018. Jogo importante, para ambas as equipas, que terão depois pela frente Marrocos e Irão, equipas matreiras que, ainda assim, terão teoricamente menos hipóteses de roubar pontos à Espanha do que à nossa selecção. A única questão com esta Espanha é uma questão de fome: estarão nuestros hermanos novamente esfomeados, depois do jejum de 2014 e 2016? E atenção, o balneário quererá fazer tudo para oferecer a Iniesta a melhor das despedidas.

    Com algumas pequenas afinações em relação aos 23 de Lopetegui, estes seriam os nossos convocados para a selecção espanhola:


A Convocatória


  • Guarda-Redes: David De Gea (Manchester United), Sergio Asenjo (Villarreal), Kepa (Athletic Bilbao)
  • Defesas: Dani Carvajal (Real Madrid), Nacho Hernández (Real Madrid), Gerard Piqué (Barcelona), Sergio Ramos (Real Madrid), César Azpilicueta (Chelsea), Jordi Alba (Barcelona), Marcos Alonso (Chelsea)
  • Médios: Sergio Busquets (Barcelona), Javi Martínez (Bayern), Thiago Alcântara (Bayern), Andrés Iniesta (Barcelona), Saúl Ñíguez (Atlético Madrid), David Silva (Manchester City), Isco (Real Madrid)
  • Extremos: Marco Asensio (Real Madrid), Lucas Vázquez (Real Madrid), Koke (Atlético Madrid)
  • Avançados: Álvaro Morata (Chelsea), Rodrigo (Valência), Iago Aspas (Celta Vigo)
Lista de Contenção: Pep Reina (Nápoles), Sergi Roberto (Barcelona), Iñigo Martínez (Athletic Bilbao), Rodri (Villarreal), Mikel Oyarzabal (Real Sociedad), Iñaki Williams (Athletic Bilbao), Diego Costa (Atlético Madrid)

    Depois de muitos anos sob o reinado de Iker Casillas, Espanha não demorou a encontrar um guardião que, tal como o guarda-redes do Porto, é um dos melhores do mundo da sua geração. David De Gea chega à Rússia muito confiante, e contra selecções como Portugal, Espanha, Alemanha, Brasil ou França, ter De Gea pode fazer toda a diferença. Lopetegui chamou Kepa e Reina (uma espécie de Beto, que dá sempre bom grupo e deve ser o homem que lasca o preseunto para os colegas), nós preferimos Kepa e Asenjo.
    Na defesa Dani Carvajal (saiu lesionado da final da Champions) poderá não dar o seu contributo nos primeiros jogos do Mundial, mas tratando-se de um dos melhores do mundo na sua posição, faz sentido mantê-lo nos 23, até porque César Azpilicueta (hoje em dia um dos melhores defesas da Premier League, embora jogando a central) dá bem conta do recado, interpretando a posição de forma diferente claro. O ex-técnico do Porto "gastou" uma vaga com Odriozola, jogador que gostamos bastante mas que até colocávamos atrás do polivalente Sergi Roberto, que também não levávamos.
    Passando para o corredor oposto, não há ninguém como Jordi Alba. Mas enquanto Lop preferiu chamar Monreal, nós optámos por Marcos Alonso. Fomos mais justos, julgamos.
    No centro, Gerard Piqué e Sergio Ramos já se conhecem bem (tal como a França, a Espanha tem um central do Barcelona e um do Real Madrid), havendo depois Nacho Hernández (tem o bónus de fazer qualquer posição na defesa, e sempre bem). A polivalência de Azpilicueta e de Javi Martínez, que também contaria como alternativa a Sergio Busquets garante a cobertura da posição.

    O meio-campo espanhol é de deixar qualquer adepto sem palavras. O farol Busquets, jogador de uma inteligência ímpar e processos simples capaz de pensar à frente de quase todos os restantes jogadores do campo, terá junto a si craques como Andrés Iniesta, David Silva e Isco. Só isto chegava, mas há ainda - qual show off - Thiago Alcântara, Koke e Saúl Ñíguez.
    Para esticar jogo, refrescando o ataque e dotando a equipa de maior verticalidade, dois extremos do Real Madrid - o sempre certinho Lucas Vázquez (tem hoje o papel que outrora foi de Pedro) e o diamante Marco Asensio, jogador que nasceu para palcos destes.

    Na frente, também temos a nossa teimosia. Lopetegui chamou Diego Costa, Rodrigo e Iago Aspas; já nós trocamos o aguerrido avançado do Atlético Madrid, conscientes que a sua raça, electricidade e indisciplina até pode fazer falta nos jogos de uma fase avançada da competição, por Álvaro Morata. O ponta de lança do Chelsea desiludiu, culpa de Antonio Conte também, mas mostrou na qualificação tratar-se do avançado que melhor incorpora a dinâmica hispânica, entendendo-se às mil maravilhas (eles facilitam a vida a qualquer um, verdade seja dita) com Iniesta, Silva e Isco.
    Um luxo uma selecção deixar de fora Oyarzabal, Iñaki Williams, Diego Costa, Rodri, Fabián Ruiz, Pedro ou Fàbregas...
    

O Onze

    Há onzes que se fazem quase sozinhos. Espanha é um desses casos.
    A baliza é de De Gea, e a defesa será em condições normais formada por Carvajal, Piqué, Ramos e Alba. Dois do Real Madrid, dois do Barcelona, alternados. Como já dissemos, a lesão do lateral-direito promoverá Azpilicueta durante parte da competição ao onze inicial.

    O meio-campo, composto por cinco craques quaisquer que sejam os escolhidos por Lopetegui, começa em tudo o que Busquets antecipa. O pivô do Barcelona solta depois os mais cerebrais Iniesta e Thiago, médios de requinte a gerir ritmos (preparem-se para .gifs e vídeos a mostrarem o funcionamento da Espanha em torno do seu capitão Iniesta), com David Silva e Isco a acrescentarem a magia, sendo os dois jogadores que, caso a Espanha surja em grande, poderão no final ser candidatos a MVP do torneio.
    Na realidade, deve ser Diego Costa a referência ofensiva. Connosco, seria Morata. Escusado será dizer que Marco Asensio no banco seria (e será) a arma desta equipa, onde Koke e Saúl partem como alternativas ao lugar de Thiago, menos indiscutível do que Busquets, Iniesta, Isco e Silva.





Barba no Mundial: Os Nossos 23 (Brasil)

Como cresceu este Brasil... Depois de há quatro anos a selecção canarinha ter caído com estrondo nas meias-finais (derrota gravada na História dos mundiais, com a Alemanha a atropelar a equipa de Scolari por 7-1 em Belo Horizonte), o Brasil reergueu-se e surge neste Mundial 2018 como um dos três principais candidatos ao título.
    Recordista de mundiais (5), o Brasil tem hoje um elenco bastante superior ao de 2014 e, sobretudo, um melhor comandante. Depois de vários anos entregue à velha guarda do futebol brasileiro (Scolari, Dunga, etc.), o escrete encontrou em Tite o treinador mais europeu do Brasil. O ex-Corinthians dotou a equipa de um equilíbrio que há muito não se via; e é aos 57 anos um treinador sábio e o homem certo no lugar certo.
    A qualificação arrasadora, no sempre difícil grupo partilhado com selecções como a Argentina, o Uruguai, o Chile e a Colômbia, impressionou. Afinal de contas, foram 41 pontos e 41 golos em dezoito jogos. Doze vitórias, cinco empates e apenas uma derrota (ocorrida em 2015 ainda sob a tutela de Dunga), deixando o 2.º classificado Uruguai a 10 pontos de distância e conseguindo uma diferença de golos (+30) dez vezes superior à rival Argentina.
    Na Rússia, o Brasil terá pela frente Suiça, Sérvia e Costa Rica, reunindo todas as condições para ficar em primeiro lugar. Mais importante: se a equipa de Tite ficar em primeiro, e as selecções da Alemanha e da Espanha também garantirem a pole position nos seus grupos, um potencial encontro do Brasil com um destes dois colossos só aconteceria... na final.

    Tite escolheu bem o seu elenco, e são poucas as alterações que fazemos em relação à fórmula de 23 jogadores que o Brasil apresentará em solo russo. Ainda assim, teríamos escolhido:


A Convocatória


  • Guarda-Redes: Alisson (Roma), Ederson (Manchester City), Neto (Valência)
  • Defesas: Fabinho (Liverpool), Fágner (Corinthians), Thiago Silva (PSG), Miranda (Inter Milan), Marquinhos (PSG), David Luiz (Chelsea), Marcelo (Real Madrid), Alex Sandro (Juventus)
  • Médios: Casemiro (Real Madrid), Fernandinho (Manchester City), Paulinho (Barcelona), Fred (Shakhtar Donetsk), Anderson Talisca (Besiktas), Coutinho (Barcelona)
  • Extremos: Neymar (PSG), Willian (Chelsea), Douglas Costa (Juventus)
  • Avançados: Roberto Firmino (Liverpool), Gabriel Jesus (Manchester City), Jonas (Benfica)
Lista de Contenção: Vanderlei (Santos), Danilo (Manchester City), Geromel (Grémio), Arthur (Grémio), Taison (Shakhtar Donetsk), Malcom (Bordéus), Luan (Grémio)

    Um luxo. Há 4 anos o Brasil jogava diante dos seus adeptos e tinha como opções para a baliza Júlio César, Jefferson e Victor. Hoje, a baliza será disputada por dois dos melhores guarda-redes do futebol europeu - Ederson (Manchester City) e Alisson (Roma). E o mais provável é mesmo ser o guardião da equipa romana o titular. Tite leva Cássio, experiente atleta do Corinthians, nós optávamos por Neto. E até colocávamos Vanderlei à frente de Cássio.

    Na defesa, Dani Alves é a grande baixa. Na estrutura escolhida por Tite, aumentam as despesas de Marcelo em termos de provocação de desequilíbrios e de Danilo (não o escolhemos), mais provável substituto do jogador do PSG, que falha aquela que iria ser a sua última grande competição.
    Para a direita, considerámos Fágner, embora entregássemos a titularidade a um jogador ao qual Tite não confiou um lugar no avião: Fabinho. Recentemente contratado pelo Liverpool, o médio do Mónaco é um jogador muito inteligente, um perfeccionista táctico que já jogou em diversas ocasiões a lateral-direito, e seria quanto a nós a melhor alternativa a Dani Alves rumo a um Brasil equilibrado.
    No centro da defesa, é absolutamente indiscutível a convocatória de Thiago Silva, Miranda e Marquinhos. A dúvida presta-se apenas com a escolha da melhor dupla a partir deste trio. Tite chamou Geromel (actualmente um dos melhores defesas do campeonato brasileiro), mas nós preferíamos David Luiz. O central do Chelsea jogou pouco esta época, é certo, mas apenas por teimosia de Antonio Conte; basta recordar o extraordinário nível que apresentou na Premier League 2016/ 17...
    À esquerda, Marcelo - provavelmente o melhor do mundo na sua posição - ganha a toda a concorrência. Deixando inclusive fora da contenção sequer um super-jogador como Alex Telles, Filipe Luís foi o escolhido pelo seleccionador, embora connosco a escolha recaísse em Alex Sandro.

    No meio-campo é muito bom sinal quando pensamos que o Brasil poderá, em jogos mais taco-a-taco, apresentar um meio-campo com 1 médio do Real Madrid, 1 do Barcelona e 1 do Manchester City. Tratando-se inclusive de três titulares nos seus clubes. Casemiro, Paulinho e Fernandinho são garantia da versão mais europeia deste Brasil, permitindo ao país dos 207 milhões de habitantes maior controlo dos jogos. No entanto, há ainda Fred. À Russia vai também Renato Augusto, uma vaga que connosco estaria garantida graças à polivalência de Fabinho. Depois, há Coutinho. O craque do Barcelona é uma das principais diferenças para a equipa de 2014 - nessa altura já havia Neymar, com 22 anos, mas nem Hulk nem Óscar (à época os principais apoios ofensivos do camisola 10) tinham a qualidade e capacidade de decidir dos jogos que tem o ex-Liverpool. A rematar, e precisamente graças à sua capacidade de remate, incluiríamos também Anderson Talisca. O médio do Besiktas, prestes a embarcar numa equipa de nomeada, não é um jogador muito "fácil" por só encaixar em determinados contextos, e devendo ser cada vez mais encarado quase como um avançado e não como um médio, tratando-se sim dum híbrido, era um nome que fazia sentido na lista face às suas características.

    Para a frente, há pouco a dizer. Quem tem Neymar tem um dos melhores do mundo, e quem tem Douglas Costa e Willian tem garantida a capacidade de "partir" adversários, podendo potenciar transições e tendo craques para mudarem jogos a partir do banco. Ao Mundial vai também Taison, uma chamada tal como seria a de Malcom, que faz sentido.
    Por fim, Tite chamou Roberto Firmino e Gabriel Jesus, fechando logo aí o sector mais avançado do terreno. A nós parece-nos mais do que justo incluir também o goleador máximo da Liga NOS, Jonas (34 anos e 34 golos), uma possibilidade que fica aberta graças à polivalência de Fabinho e à não-convocatória de Renato Augusto.
    Tudo somado, apenas cinco alterações face às escolhas do seleccionador brasileiro: escolhemos Neto, Fabinho, David Luiz, Talisca e Jonas para os lugares de Cássio, Danilo, Geromel, Renato Augusto e Taison.


O Onze

    Com um "23" de luxo, Tite tem duas hipóteses a nível de abordagem. Mudando um jogador do onze-base, poderá oscilar entre um 4-3-3 mais clássico, com um miolo operário pronto para batalhar contra as maiores equipas, ou jogar mais solto, em jogos em que tenha o estatuto de claro favorito, num 4-2-3-1 de quem quer imprimir maior dinâmica e sabe que pode correr mais riscos.
    Alisson será, com 90% de certezas, o titular na competição vindoura. Não nos choca, mas connosco o titular seria Ederson.
    Na defesa, apenas uma diferença face ao que Tite irá eleger como seu quarteto defensivo. Se houvesse Dani Alves seria natural primeira escolha, mas a sua lesão faz-nos optar por Fabinho (não convocado na realidade), quando a posição deverá ficar entregue a Danilo (não convocado por nós). A esquerda é toda de Marcelo, e a nossa dupla de centrais seria formada por Thiago Silva e Miranda. Nas contas de Tite, não é de excluir a coexistência de Marquinhos com um destes dois, embora Silva-Miranda seja a dupla mais lógica também.

    Avançando no terreno, o nosso Brasil guarda Casemiro para os jogos mais complicados, optando por entregar o sector mais suado a Fernandinho e Paulinho. Esta opção, facilitada pela nuance táctica de Coutinho estar habituado a baixar em diversos momentos para ser o 3.º elemento do meio-campo, permite estruturar uma linha de 3 com brutal criatividade e técnica. Willian à direita, Coutinho ao centro, Neymar à esquerda... Porquê Willian e porque não Douglas Costa? Apenas e só porque acreditamos que o extremo da Juventus seja um jóker mais valioso ao ser introduzido no decorrer das partidas.
    À frente, diríamos que Gabriel Jesus parte na frente para ser titular na Rússia face à sua excelente qualificação e ao facto de ser visto por muitos como o legítimo herdeiro de Ronaldo "Fenómeno". A nossa primeira opção seria Roberto Firmino, pelo carácter solidário para com os colegas, ajudando a crescer o futebol de todos à sua volta, e pela extraordinária que realizou. Mas, claro está, gostaríamos de ver, neste nosso cenário hipotético, não-titulares como Gabriel Jesus, Douglas Costa (sobretudo estes dois) e Fred com bastantes minutos.




6 de junho de 2018

Barba no Mundial: Os Nossos 23 (Alemanha)

Campeões do mundo. Depois de tirar a Lionel Messi o título mundial em 2014, a Alemanha voltou a mostrar na Taça das Confederações, com uma espécie de equipa B que permitiu experiências, não ter perdido a vontade de ganhar. Já em 2016, só mesmo uma super-exibição de Griezmann impediu a máquina germânica de chegar à final.
    Com fartura de jogadores - o segundo onze da Alemanha seria igualmente candidato à conquista do troféu -, Löw conseguiu implementar numa selecção processos de jogo que muitos clubes não assimilam.
    No caminho para a Rússia, o detentor do troféu e um dos principais favoritos à conquista desta edição, não fez a coisa por menos conseguindo o que mais ninguém foi capaz na qualificação via UEFA - 100% de vitórias, 30 pontos. Nas dez vitórias, a Alemanha totalizou 43 golos marcados e 4 sofridos.

    Há um ano atrás, e numa equipa que não contava por exemplo com Kroos, Müller, Khedira, Neuer, Hummels, Boateng e Özil, a Alemanha venceu as Confederações, "ganhando" jogadores como Goretzka e Werner.
    O grupo F em que está inserida conta com Suécia, México e Coreia do Sul. Atrevemo-nos a arriscar que vem aí mais uma fase de grupos 100% vitoriosa.

    Nos 23 convocados de Löw, saltou à vista aquele que é muito provavelmente o maior crime deste Mundial - a não-convocatória de Leroy Sané. O extremo do Manchester City foi o melhor jogador alemão esta época, o melhor jogador jovem e melhor extremo-esquerdo da Premier League, e surgia como um dos favoritos (juntamente com Mbappé, Dembélé, Asensio, Gabriel Jesus e Werner) à distinção de melhor jovem deste Mundial. Naturalmente, faria parte das nossas escolhas:


A Convocatória

  • Guarda-Redes: Manuel Neuer (Bayern), Marc-André Ter Stegen (Barcelona), Bernd Leno (Bayer Leverkusen
  • Defesas: Joshua Kimmich (Bayern), Jérôme Boateng (Bayern), Mats Hummels (Bayern), Niklas Süle (Bayern), Shkodran Mustafi (Arsenal), Jonas Hector (Colónia), Philipp Max (Augsburgo)
  • Médios: Sami Khedira (Juventus), Sebastian Rudy (Bayern), Julian Weigl (Borussia Dortmund), Leon Goretzka (Schalke 04), Toni Kroos (Real Madrid), Ilkay Gündogan (Manchester City), Mesut Özil (Arsenal)
  • Extremos: Leroy Sané (Manchester City), Marco Reus (Borussia Dortmund), Julian Draxler (PSG), Kevin Volland (Bayer Leverkusen)
  • Avançados: Timo Werner (RB Leipzig), Thomas Müller (Bayern)
Lista de Contenção: Loris Karius (Liverpool), Marvin Plattenhardt (Hertha), Jonathan Tah (Bayer Leverkusen), Karim Demirbay (Hoffenheim), Kai Havertz (Bayer Leverkusen), Lars Stindl (Gladbach), Sandro Wagner (Bayern)

    Nenhum país tem tantos guarda-redes com nível de selecção como a Alemanha. Assim de cabeça: Neuer, Ter Stegen, Leno, Trapp, Horn, Fährmann, Baumann, Karius e Zieler.
    Destes, Manuel Neuer destaca-se naturalmente. O guardião do Bayern, numa fase em que vê De Gea e Oblak quererem retirar-lhe o estatuto de nº 1 do mundo, tem acumulado lesões, mas estando bem, a Alemanha não tem nenhum como ele. No entanto, caso Neuer não esteja a 100%, só uma selecção como esta se dá ao luxo de ter Marc-André Ter Stegen como suplente. Afinal de contas, estamos a falar do titular do Barcelona e, no mínimo, Top-7 do mundo. Löw chamou Trapp, nós preferimos Leno.

    No sector defensivo, não há que enganar. Joshua Kimmich é um jogador fascinante, que nasceu no momento certo para se fazer herdeiro do lendário Lahm. Os nossos quatro centrais seriam três do Bayern - Jérôme Boateng, Mats Hummels e Niklas Süle - com a companhia de Shkodran Mustafi. O central do Arsenal não impressiona tanto como Rüdiger ou Tah, mas realizou uma época melhor (num Arsenal onde poucos foram destaques) e tem a vantagem de preencher mais posições.
    Do lado esquerdo, fiel ao Colónia, Jonas Hector é um daqueles jogadores que praticamente não comete erros, discreto mas eficiente, e embora Joachim Löw tenha optado por Plattenhardt, é-nos impossível ficarmos indiferentes à super-época de Philipp Max, um dos melhores laterais esquerdos do futebol europeu em 2017-18.

    No centro de jogo, Sami Khedira é um porto seguro para o futebol germânico e para a criatividade dos homens da frente. Ao médio da Juventus, e outrora do Real Madrid, juntamos depois o polivalente Sebastian Rudy (um dos melhores nas Confederações, podendo também jogar a lateral-direito) e o talentoso Julian Weigl. Se todos estes são elementos para surgir numa posição mais recuada do meio-campo, oferecendo coisas diferentes, os 3 seguintes são mestres no critério, na progressão e na chegada à área - Toni Kroos (actualmente, o melhor jogador desta Alemanha e uma das razões para o Real Madrid ter 3 Champions consecutivas), Leon Goretzka (reforço do Bayern a custo zero) e Ilkay Gündogan. Claro está que a coisa não fica por aqui: Mesut Özil mantém-se o príncipe do futebol germânica, com uma classe sem igual, "irritando-nos" sentirmo-lo tantas vezes a dar apenas 50% do que tem. O criativo do Arsenal, um dos melhores assistentes desta Era e exímio no último passe, pode ser a diferença entre a Alemanha ser ou não ser imparável.

    Mais perto da baliza, abdicamos de levar um "pinheiro" como Mario Gómez. Timo Werner e Thomas Müller chegam e sobram. No suporte e com os flancos como destino, Löw optou por incluir nos seus 23 Julian Draxler, Marco Reus e Brandt. Connosco, aos dois primeiros juntar-se-iam Kevin Volland (tangencial vantagem sobre Brandt) e, obviamente, Leroy Sané. Um justo titular de uma das selecções favoritas à conquista do Mundial que fica inexplicavelmente de fora da competição.


O Onze

    Se Manuel Neuer provar estar no seu melhor fisicamente, a baliza é do guarda-redes do Bayern todos os dias. Mas certamente deixará Löw tranquilo o facto de contar com Ter-Stegen como 2ª opção. Sim, nenhum país da actualidade tem tantos guarda-redes com nível de selecção.

    A defesa faz-se sozinha - e normalmente é bom sinal quando assim é, porque significa que o sector já se conhece bem e apresenta estabilidade - com o novo Lahm, Joshua Kimmich, de um lado e Jonas Hector do outro. A dupla do Bayern, Boateng e Hummels, ao centro.
    No meio-campo surge uma das nossas dúvidas: será possível fazer coexistir Kroos e Goretzka num duplo pivôt de um 4-2-3-1? Ou teria que ser Khedira em vez do médio que o Bayern resgatou do Schalke 04? Pessoalmente, gostamos de acreditar que Goretkza-Kroos é possível, perante a forma de jogar desta Alemanha, e dada a capacidade que ambos têm de segurar o esférico, pautar jogo e distribuir com critério.

    Mais à frente, e embora nos deixe mesmo satisfeitos ver finalmente Marco Reus numa fase final, não colocaríamos o extremo do Dortmund no nosso onze. Apostando em Timo Werner na frente, faz sentido remeter Müller para aquela posição de falso extremo direito como só ele sabe ser. À esquerda, a incrível época de Leroy Sané no Manchester City fá-lo ganhar connosco a pole position (com Löw talvez não seja assim), entregando ao maestro Özil o lugar 10.
    As alternativas a este Plano A são várias: por exemplo, com Müller na frente, abrir-se-ia uma vaga para Draxler ou Reus. Não é uma má equipa esta Alemanha...






Barba no Mundial: Os Nossos 23 (França)

Parece batota. Entre todas as selecções presentes no Mundial - e atenção, porque Espanha ou Alemanha apresentam onzes iniciais mais fortes - nada se compara à dor de cabeça de escolher os elementos para compor as opções ofensivas desta França.
    Os finalistas vencidos do Euro 2016 têm uma geração incrível, e prometem surgir entre os favoritos nos próximos anos largos nas grandes competições. Veja-se: Mbappé (19 anos) e Ousmane Dembélé (21 anos), potenciais futuros bolas de ouro, são foras de série e têm tudo para carregar um país durante anos.
    Antes de partirmos para as nossas escolhas e de elogiarmos Deschamps (nunca consegue fazer tudo bem, mas dentro do possível não escolheu mal os seus 23; difícil também "borrar a pintura" com uma base de recrutamento como esta), convém recordar a qualificação e situar os gauleses no contexto deste Mundial.
    Num grupo muito competitivo, com Holanda e Suécia, a França garantiu o 1.º lugar com 23 pontos. Sete vitórias, dois empates (Bielorrúsia fora e Luxemburgo em casa) e uma derrota (Suécia fora). O percurso, embora suficiente para inclusive contribuir para atirar a "Laranja Mecânica" (3.º lugar no Mundial 2014) para fora, não impressionou. Sintoma disso mesmo os 18 golos marcados, quando a Suécia marcou 26 e a Holanda 21.
    Passada a qualificação, a França teve mais um simpático sorteio, medindo forças na Rússia com Austrália, Perú e Dinamarca. A coisa não fica por aqui: coincidência ou não, se todos os principais favoritos cumprirem a sua obrigação e ficarem em 1.º, as meias-finais podem ter França, Brasil, Espanha/ Argentina e Alemanha...

    Com duas baixas por lesão (Payet e Koscielny), Deschamps estava sempre condenado a cometer algumas injustiças perante o fortíssimo leque de craques desta França. Ainda assim, e tendo levado para o certame a generalidade dos melhores jogadores e aqueles que mais merecia, o seleccionador não deixou de cometer um ou outro disparate. Embora nada se compare à Alemanha não levar Sané e a Bélgica não levar Nainggolan.

    Apenas com quatro diferenças comparativamente com o elenco que a França apresentará daqui a alguns dias, estes seriam os nossos 23 gauleses:


A Convocatória


  • Guarda-Redes: Hugo Lloris (Tottenham), Stéphane Ruffier (Saint-Étienne), Alphonse Aréola (PSG)
  • Defesas: Djibril Sidibé (Mónaco), Raphaël Varane (Real Madrid), Samuel Umtiti (Barcelona), Aymeric Laporte (Manchester City), Presnel Kimpembe (PSG), Benjamin Mendy (Manchester City), Lucas Hernández (Atlético Madrid)
  • Médios: N'Golo Kanté (Chelsea), Steven N'Zonzi (Sevilha), Blaise Matuidi (Juventus), Adrien Rabiot (PSG), Paul Pogba (Manchester United), Nabil Fekir (Lyon)
  • Extremos: Ousmane Dembélé (Barcelona), Thomas Lemar (Mónaco), Florian Thauvin (Marselha), Anthony Martial (Manchester United)
  • Avançados: Antoine Griezmann (Atlético Madrid), Kylian Mbappé (PSG), Olivier Giroud (Chelsea)
Lista de Contenção: Steven Mandanda (Marselha), Mathieu Debuchy (Saint-Étienne), Layvin Kurzawa (PSG), Benjamin Pavard (Estugarda), Corentin Tolisso (Bayern), Kingsley Coman (Bayern), Alexandre Lacazette (Arsenal)

    Vinte e três que impressionam, ou não? Tudo começa em Hugo Lloris, um guarda-redes de qualidade inquestionável embora teime em não se aproximar do patamar onde estão hoje Neuer, De Gea ou Neuer. Como alternativas, Stéphane Ruffier (excelente época na Ligue 1) e Alphonse Aréola. Didier optou por Mandanda ao invés do rufia.
    Na defesa, a lesão de Koscielny não tem o peso que teria outrora. Afinal, a dupla de centrais desta França seria e será Raphaël Varane - Samuel Umtiti. Um luxo, e um dueto equilibrado, que tal como a selecção espanhola vai buscar um central titular do Real Madrid e outro do Barcelona. A surpreendente época de Presnel Kimpembe torna a sua escolha fácil, e a fechar as 4 opções para o coração do sector para nós era imediata a escolha de Aymeric Laporte. Um crime o central do Manchester City não marcar presença no Mundial 2014, ele que aos 24 anos ainda não tem qualquer internacionalização (podia jogar por Espanha, mas jogou pelas camadas de jovens de França e comprometeu-se a representar esse país).
    A nível de laterais, escolheríamos apenas três, uma cartada que nos permite mais à frente não cometer uma injustiça ofensiva. Djibril Sidibé é dono e senhor do lado direito (Debuchy ressuscitou em França, e custa-nos deixar um central-lateral como Pavard de fora), enquanto que no flanco oposto há Benjamin Mendy e Lucas Hernández. Deschamps também os escolheu, tratando-se de jogadores bem diferentes. Mendy muito mais lateral-esquerdo, Lucas muito mais defesa-esquerdo, valendo o lateral do City o risco depois de quase uma época inteira lesionado.

    No meio-campo, que tanto poderá ser - como verão à frente na constituição do onze - a três ou a dois, o homem dos 3 pulmões e que nos ilude parecendo ter um gémeo em campo tal a sua omnipresença, N'Golo Kanté, é o primeiro nome a inscrever na lista. Paul Pogba é um virtuoso à beira de explodir e Blaise Matuidi um jogador impossível de não incluir, tal a sua fiabilidade e maturidade táctica.
    Entre Steven N'Zonzi, Adrien Rabiot e Corentin Tolisso, connosco ficaria de fora o médio do Bayern. Rabiot esteve fantástico no PSG, sendo mesmo um dos melhores na sua posição esta temporada na Europa, e as características de N'Zonzi beneficiam o imponente médio do Sevilha, um elemento importante a ter para matar alguns encontros.

    Depois, é a festa. Respeitando a questão de Benzema não contar, o ataque começa no melhor jogador do último europeu, Antoine Griezmann. E, perante as diferentes identidades culturais e técnico-tácticas que todas as selecções terão pela frente, recomenda-se contar com um jogador como Olivier Giroud, mais posicional e que oferece o que mais nenhum avançado francês acrescenta (excluído Benzema).
    Mas é nos apoios mais móvies que a dor de cabeça se adensa, uma vez que a fraca época de Lacazette no Arsenal facilita a sua ausência a ponta. A lesão de Payet acabou por "resolver" um trinta e um, no qual Coman tem que ficar à porta. Portanto, há Ousmane Dembélé, Thomas Lemar, Kylian Mbappé, Florian Thauvin, Anthony Martial e Nabil Fékir. Até dói. À vertigem de Dembélé e Lemar, acrescenta-se um dos franceses que realizou melhor época (Thauvin, com 26 golos e 18 assistências), dois híbridos - Mbappé, que arranca para a prova como um dos favoritos a par de Dembélé, Asensio, Sané, Gabriel Jesus e Werner ao troféu de melhor jovem; e Fekir, possível reforço do Liverpool - um capaz de actuar como avançado ou num flanco, e o outro capaz de jogar como médio ofensivo ou a extremo. A fechar as nossas escolhas, Martial, que Deschamps não escolheu (menos grave que Rabiot e Laporte) essencialmente porque a concorrência é melhor. Pessoalmente, preferíamos ter Martial no banco do que Debuchy, Tolisso ou Pavard, e foi isso que pesou. 


O Onze

    Tal como o Brasil, também esta França pode apresentar duas caras. Um esqueleto mais conservador e resguardado, e outro mais destruidor.
    Seja como for, Lloris será sempre o guarda-redes e o nosso quarteto defensivo é similar àquele que Deschamps irá escalar: Sidibé, Varane, Umtiti, Mendy. Com Lucas Hernández à espreita de um lugar no onze se a condição física de Benjamin Mendy não se provar a melhor.

    No meio-campo também é simples escolher Kanté e Pogba. A questão é: faz sentido ter Matuidi ou Rabiot (nos 23 reais, Tolisso) a acompanhá-los? Pode fazer, em alguns jogos. No entanto, se há algo que N'Golo Kanté já nos mostrou é que quanto mais for colocado sobre os seus ombros a nível de raio de acção e cobertura de espaços, mais ele corresponde; parecendo inclusive pior ou rendendo menos quando tem a sua área habitual mais invadida. Nesse sentido, escolher apenas Kanté-Pogba pode retirar o melhor do médio do Chelsea, exigindo sempre muita empatia e constante comunicação com o elegante médio do Manchester United.
    Jogar apenas com dois médios permite entregar os flancos a dois "cavalos", sendo um mais abre-latas que o outro. Connosco, os flancos seriam de Ousmane Dembélé e Thomas Lemar. Essencialmente dada a brutal técnica pura e incrível capacidade de drible do jovem do Barça, e confiando que Lemar tem maior capacidade para equilibrar o tabuleiro de jogo do que Thauvin, por exemplo.
    Na frente, embora Giroud faça sentido ocasionalmente, é impossível dizer não a Griezmann e Mbappé. A elevada dose de mobilidade pode ser prejudicial a um comportamento mais orgânico da França na sua forma de atacar, mas ao mesmo tempo, correndo bem, pode ser um pesadelo para qualquer defesa contrária. A coexistência de Mbappé e Griezmann pode - e não nos incomoda a alternativa - atirar Lemar para fora do onze, "pedindo" o tal 3.º médio (connosco Rabiot) ou até Fekir, um jogador de complexa definição posicional, e que pode oferecer muito nesta nossa versão como uma espécie de 12.º jogador.





4 de junho de 2018

Barba no Mundial: Os Nossos 23 (Inglaterra)

Tantos anos consecutivos a ser desilusão sugere que, desta vez, a selecção dos três leões não iluda o país e o planeta futebol.
    Com menos peso nos ombros do que as gerações anteriores (já não há sobreviventes da geração de ouro de Rooney, Gerrard, Lampard, Scholes ou Beckham), Inglaterra tem actualmente em jogadores de 24, 23 e 22 anos (Kane, Sterling e Alli) as suas principais figuras. Quer isto dizer que o Mundial 2018 será um palco para crescer. Com expectativas baixas, qualquer surpresa a acontecer será pela positiva.
    Sob o comando de Sam Allardyce e depois Gareth Southate (actual seleccionador), a Inglaterra fez uma qualificação irrepreensível - como, de resto, é seu apanágio - conquistando 26 pontos em 30 possíveis, marcando 18 golos (marca pouco impressionante) e sofrendo apenas três. No seu grupo, Eslováquia, Escócia e Eslovénia eram os principais adversários.
    Na Rússia, Harry Kane e companhia terão pela frente Bélgica, Tunísia e Panamá. Um grupo francamente acessível, cujo embate da última jornada com a Bélgica (favorita a vencer o grupo) pode surgir numa fase em que as duas selecções já estejam apuradas, discutindo o 1.º lugar.
    Nos convocados anunciados por Southgate, surpreenderam as ausências de Wilshere (tantas vezes convocado sem merecer, e agora que merecia não é) e Hart (é justo que o anterior nº 1 fique de fora, mas não esperávamos tamanha "coragem" do seleccionador), às quais se juntou naturalmente Oxlade-Chamberlain. O jogador do Liverpool, que falha a competição por lesão, poderia ter um papel importante a cumprir.

    Os 23 de Southgate, uma convocatória cheia de laterais (Walker, Trippier, Alexander-Arnold, Rose, Young e Delph podem fazer a posição), deixam antever um 3-4-1-2. Preparem-se para ver Walker como central pelo lado direito, com Trippier no corredor, numa estrutura que deixará Dele Alli no apoio a Kane e Sterling na frente. Lingard e Rashford serão os wildcards da equipa. Comparativamente com o elenco que vai ao Mundial, nos nossos 23 para Inglaterra surgem 6 diferenças.

    Com muita malta jovem (depois do experiente Cahill, Henderson é o mais internacional e só soma 38 internacionalizações), estes seriam os nossos 23 para Inglaterra:


A Convocatória


  • Guarda-Redes: Jack Butland (Stoke), Nick Pope (Burnley), Jordan Pickford (Everton)
  • Defesas: Kyle Walker (Manchester City), Trent Alexander-Arnold (Liverpool), John Stones (Manchester City), Gary Cahill (Chelsea), Michael Keane (Everton), Harry Maguire (Leicester City), Ryan Bertrand (Southampton), Ryan Sessegnon (Fulham)
  • Médios: Eric Dier (Tottenham), Jordan Henderson (Liverpool), Jack Wilshere (Arsenal), Fabian Delph (Manchester City), Phil Foden (Manchester City), James Maddison (Norwich), Dele Alli (Tottenham)
  • Extremos: Raheem Sterling (Manchester City), Marcus Rashford (Manchester United), Jesse Lingard (Manchester United)
  • Avançados: Harry Kane (Tottenham), Jamie Vardy (Leicester City)
Lista de Contenção: Joe Hart (West Ham), Kieran Trippier (Tottenham), Danny Rose (Tottenham), Chris Smalling (Manchester United), Ruben Loftus-Cheek (Crystal Palace), Adam Lallana (Liverpool), Danny Welbeck (Arsenal)

    Quando debatemos que 3 guarda-redes levaríamos ao Mundial, chegámos facilmente ao trio escolhido. No entanto, nunca pensámos que na realidade Southgate faria o mesmo, deixando Joe Hart (jogou 9 dos 10 jogos da fase de qualificação) de fora. Para nós, Jack Butland seria o titular indiscutível sendo com alguma margem o melhor inglês da actualidade na sua posição. Temos dúvidas sobre qual será o eleito pelo seleccionador, num duelo entre o guardião do Stoke (neste Verão deverão ser muitos os clubes da Premier League dispostos a ir a leilão por ele) e Jordan Pickford.
    Premiar a excelente época de Nick Pope no sensacional Burnley faz todo o sentido. Sem acusar o peso de substituir Heaton, analisando o rendimento dos guarda-redes ao longo da época na Premier League, Pope foi apenas inferior a De Gea e Ederson.
    Southgate assumiu uma posição extrema, preferindo ter na lista de reserva Heaton (quase toda a temporada lesionado) do que levar Hart. Nós, a esse ponto também não chegamos.

    Na defesa, os nossos convocados têm por base uma disposição táctica numa linha de 4 atrás. Southgate tem naturalmente essa hipótese, mas o mais provável será privilegiar um sistema com três centrais. À direita, e com alguma pena de Trippier (Tottenham), Kyle Walker e Trent Alexander-Arnold são os nossos escolhidos. O lateral do Manchester City evoluiu bastante com Guardiola, amadurecendo e percebendo hoje melhor o jogo, enquanto que Alexander-Arnold (há muito tempo não se via um teenager a alinhar a titular numa defesa numa final da Champions) foi uma revelação esta época.
    Do lado contrário, Inglaterra tem várias opções - Baines, Bertrand, Danny Rose, Ashley Young e Cresswell, por exemplo. Com base num sistema de meritocracia, sentimo-nos obrigados a deixar Rose (perdeu o lugar para Ben Davies) de fora, optando por Ryan Bertrand. O lateral do Southampton não é tão exuberante como Rose quando se lança pelo corredor, mas é mais competente defensivamente. Depois, fé no miúdo: Ryan Sessegnon, nascido em 2000 e com 18 anos, merecia ir à Rússia. O jogador do recém-promovido Fulham, eleito Jogador do Ano no Championship, jogou a maior parte da época a extremo (assim se explicam os 15 golos no campeonato), mas começou a lateral. Se Ashley Young foi chamado pela polivalência, Sessegnon preenchia esse requisito e muitos mais.
    Finalmente, no centro da defesa partilhamos da opinião de Southate em 75%. Numa lógica de chamar dois centrais confortáveis na saída de bola e dois mais posicionais e fortes no jogo aéreo, permitindo construir uma dupla equilibrada, defendemos John Stones, Harry Maguire, Gary Cahill e Michael Keane como as melhores opções. Southgate leva Phil Jones em vez de Keane; e, se Tarkowski não se tivesse lesionado nos últimos dias, seria o central do Burnley que levávamos em vez do jogador do Everton.

    Chegando ao meio-campo, Eric Dier é titularíssimo. O antigo jogador do Sporting pode fazer várias posições, e caso combine bem com Jordan Henderson, aumentarão as hipóteses da Inglaterra neste Mundial. É uma pena Milner já se ter retirado da Selecção, uma vez que teria perfeitamente espaço nesta convocatória. À Rússia irão Loftus-Cheek e Fabian Delph; concordamos com a chamada do médio do Manchester City, até porque a forma de jogar do City o fez ocupar o terreno como uma espécie de interior (sua posição de origem), mesmo jogando a lateral-esquerdo, em vários momentos dos jogos. A três jogadores mais certinhos, acrescentamos depois três talentos, jogadores ingleses com ADN brasileiro dos quais Southgate só leva o mais cotado. Dele Alli é um indiscutível, e um craque que temos bastante curiosidade de ver num palco como um Mundial; depois, Phil Foden (sabemos que é uma pequena loucura defendermos a inclusão de um rapaz com 18 anos acabadinhos de fazer, mas estamos perante um talento muito especial) e James Maddison (com Lallana sem qualquer ritmo, o criativo do Norwich cumpriria bem o papel de acrescentar irreverência, aceleração e capacidade de progredir com bola no corredor central).

    Raheem Sterling (aos 23 anos já vai para a sua terceira competição internacional, depois de ter estado presente no Mundial 2014 e Euro 2016) pode finalmente explodir, e Marcus Rashford nasceu para este tipo de competições e jogos, em que a fasquia está bem alta. Neste campo, faz todo o sentido "imitar" a convocatória original, e premiar também Jesse Lingard, um dos jogadores que mais cresceu esta época e que, caso Alli não corresponda, estará logo à espreita de uma oportunidade.
    À frente, Harry Kane (12 golos em 23 jogos não é uma marca má, mas convém lembrar que no Euro 2016 ficou em branco, querendo por certo redimir-se) é a referência da equipa, indo inclusive envergar a braçadeira de capitão, e Jamie Vardy uma arma de luxo para agitar jogos com a sua electricidade. 


O Onze

    Na Rússia deveremos ver a Inglaterra jogar com Butland ou Pickford na baliza, uma defesa com Walker, Stones e Cahill, Trippier e Rose bem abertos, Dier e Henderson a segurarem o meio-campo, e Dele Alli a servir Kane e Sterling na frente. Na teoria, este 3-4-1-2, onde Lingard se pode intrometer, tem potencial, mas se as equipas adversárias forem capazes de anular Sterling e Alli, a selecção dos 3 leões pode ter que se reinventar ao longo do jogo para criar outros problemas aos oponentes.

    Na nossa Inglaterra, como acima dissemos, Butland seria titular de caras. Pickford é um guarda-redes competente, mas ainda não mostrou o que o guardião do Stoke já apresentou na Premier League. À sua frente, e optando nós por uma defesa mais tradicional de 4 elementos, torna-se fácil eleger Kyle Walker para o lado direito, com a dupla Stones/ Cahill a garantir uma parceria equilibrada, que permita ao central do Manchester City contribuir mais na 1.ª fase de construção, salvaguardado pelo experiente defesa do Chelsea. À esquerda, o único jogador que surge no nosso 11 e que Gareth Southgate não leva à Rússia: Ryan Sessegnon. O miúdo realizou uma época fantástica e, uma vez que Walker é hoje um lateral mais conhecedor dos momentos do jogo e que sabe quando deve ou não aventurar-se, o primo de Stéphane Sessegnon poderia dar mais golo à equipa, sempre em "modo locomotiva".

    Neste tabuleiro, Dier e Henderson constituem o duplo pivô. O médio do Tottenham é um dos melhores 6 da Premier League, podendo ocasionalmente baixar para junto dos centrais, enquanto que o capitão do Liverpool está habituado a que o jogo passe muito por ele, sabe lançar jogo (daí também preferirmos extremos abertos e um 4-2-3-1), exibindo sempre elevada intensidade.
    No apoio ao matador Kane, três talentos puros - Sterling à direita, Rashford à esquerda, Dele Alli ao centro. A proposta de Southgate de colocar Sterling mais solto em terrenos centrais pode até correr bem, libertando o jogador que tanto evoluiu esta temporada de tarefas defensivas, mas honestamente preferíamos vê-lo onde jogou toda a temporada. Partindo da direita, extremamente vertical, um verdadeiro diabo à solta.
    Conscientes que este 4-2-3-1 pode à partida parecer mais desequilibrado do que o comportamento que a Inglaterra irá apresentar na Rússia, Rashford merece o risco. No entanto, contra adversários de maior nomeada faria sentido guardar o jovem do Manchester United para castigar defesas cansados nas segundas partes, apostando nós nesse cenário num médio como Wilshere (de fora da convocatória real) a fazer companhia a Dier e Henderson.