Balanço Final - Liga NOS 18/ 19

A análise detalhada ao campeonato em que houve um antes e um depois de Bruno Lage. Em 2018/ 2019 houve Reconquista.

Prémios BPF Liga NOS 2018/ 19

Portugal viu um médio carregar sozinho o Sporting, assistiu ao nascer de um prodígio, ao renascer de um suiço, sagrando-se campeão quem teve um maestro e um velocista.

Balanço Final - Premier League 18/ 19

Na melhor Liga do mundo, foram 98 contra 97 pontos. Entre citizens e reds, entre Bernardo Silva e van Dijk, ninguém merecia perder.

Os Filmes mais Aguardados de 2019

Em 2019, Scorsese reúne a velha guarda toda, Brad Pitt será duplo de Leonardo DiCaprio, Greta Gerwig comanda um elenco feminino de luxo, Waititi será Hitler, e Joaquin Phoenix enlouquecerá debaixo da maquilhagem já usada por Nicholson ou Ledger.

21 Novas Séries a Não Perder em 2019

Renasce The Twilight Zone, Ryan Murphy muda-se para a Netflix, o Disney+ arranca com uma série Star Wars e há ainda projectos de topo na HBO e no FX.

17 de junho de 2025

Balanço Final - Premier League 24/ 25

  Premier League - Canta-se nas bancadas de Anfield You'll Never Walk Alone, mas foi praticamente sozinho que o campeão Liverpool caminhou neste campeonato, ficando desde cedo clara a sua supremacia e a sua recusa em deslizar ou baixar a fasquia. Depois de 9 anos de Klopp, os reds viram o mais low profile Arne Slot estrear-se logo a ganhar: o neerlandês espremeu o plantel, sem reforços, e compôs uma equipa que soube colocar o espaço e o tempo sistematicamente a seu favor. O sistema permitiu que Mohamed Salah (época individual histórica do melhor extremo direito da Premier) não tivesse quase que defender, Trent Alexander-Arnold (vamos ter saudades de o ver no seu clube do coração) viu-se muito menos exposto e Ryan Gravenberch tornou-se um jogador diferente ao operar numa função nova.
    O Liverpool sagrou-se campeão a 27 de Abril, e o Arsenal foi segundo mas nunca esteve perto de ser mais do que isso. Apesar da fantástica eliminatória europeia contra o Real Madrid, os gunners vêem-se numa fase em que a paciência dos adeptos, para com Arteta e a falta de troféus, começa a fazer-se ouvir. Com imensos empates (14) e imensas lesões, a equipa do Norte de Londres percebeu que ainda está a um ou dois craques - reforços para o trio de ataque - de poder realmente sonhar. 
    Claro está que a desilusão da época, se excluirmos os 17º e 15º lugares dos finalistas da Liga Europa, Tottenham e Manchester United, foi o até então tetracampeão Manchester City. Num ano difícil a nível pessoal para Pep Guardiola, o técnico espanhol mostrou que também ele é humano. Pep não conseguiu dar a volta ao texto, com o (oficialmente) melhor do mundo e quase imbatível Rodri a desfalcar a equipa durante grande percentagem da campanha, e o plantel a acusar por fim o desgaste, físico e mental, acumulado. Foden passou de MVP para uma sombra sem chama, e não surpreende a renovação dos quadros com Marmoush, Khusanov, Ait-Nouri, Reijnders e Cherki a reforçarem uma equipa que perdeu Kevin De Bruyne, talvez o melhor médio da História da Premier League e um dos nossos jogadores favoritos desta geração.

    Chelsea e Newcastle foram as restantes equipas a garantir bilhete de acesso à próxima Liga dos Campeões, sem esquecer o improvável Tottenham (vencedor da Liga Europa mas primeiro emblema na tabela acima dos 3 despromovidos), e também à Europa irão o Aston Villa (favorito na praia de Unai Emery, a Liga Europa?) e o Nottingham Forest (Liga Conferência), a equipa-sensação, brilhantemente orientada pelo português Nuno Espírito Santo.
    O Crystal Palace venceu a FA Cup, o Newcastle conquistou a Taça da Liga, o Bournemouth apresentou uma das propostas de jogo mais entusiasmantes, e o Brentford de Thomas Frank teve na dupla inseparável Mbeumo e Wissa uma grande fatia do seu sucesso.
    Southampton, Leicester e Ipswich regressam ao Championship, confirmando que está cada vez mais difícil uma equipa do 2º escalão sobreviver neste patamar, e na próxima edição teremos Leeds United e Burnley, equipas a que já estamos habituados, mas também o Sunderland, regressado oito anos depois.

    O difícil primeiro ano de Ruben Amorim em Inglaterra teve, no geral, impressionante estabilidade a nível de treinadores - 13 equipas mantiveram o mesmo técnico toda a época, acabando doze delas nos 12 primeiros lugares, juntando-se Postecoglou, que só foi despedido depois de rematar o seu capítulo em Londres com um troféu, coisa rara para os lados dos spurs.

    Acompanhem-nos então numa análise à época das 20 equipas da Premier League, sistematizando ideias-chave, o que correu bem, o que correu mal, quem brilhou e quem desiludiu:



 LIVERPOOL (1)

    Campeões. Num ano em a generalidade dos analistas previam luta a dois entre City e Arsenal, o Liverpool não deu quaisquer hipóteses à concorrência e instalou-se no topo da Premier League, sem se preocupar em olhar pelo retrovisor.
    Após 9 anos de Klopp, o impacto de Arne Slot foi instantâneo, com o neerlandês a ter o gigantesco mérito de aproveitar princípios assimilados, não contrariando a natureza da turma de Anfield, afinando apenas alguns detalhes - os laterais expuseram-se menos, o meio-campo controlou melhor os ritmos (Mac Allister fá-lo como poucos) e um super-craque como Mo Salah foi basicamente dispensado de tarefas defensivas, ficando liberto para marcar e assistir mais do que todos os outros.
    Sem reforços (ok, houve Chiesa emprestado), Slot "inventou" Gravenberch como médio defensivo e, apesar do clube ter perdido Trent Alexander-Arnold (no clube desde os 6 aninhos de idade) para o Real Madrid, as renovações de contrato dos figurões Salah e van Dijk devem ser celebradas. Afinal, em 25/ 26 há um título para defender.
    Campeão em finais de Abril, o Liverpool conseguiu estar entre as jornadas 5 e 30 sem qualquer derrota, não conseguindo bater apenas Arsenal, Fulham e Forest.
    Podíamos falar nos compatriotas do treinador, o capitão van Dijk e o Most Improved Gravenberch, podíamos falar da alternância entre Díaz e Gakpo, podíamos falar do acerto de Mac Allister e da perfeição que é Szoboszlai, mas temos mesmo que falar de Mohamed Salah: o extremo marcou 29 golos e fez 18 assistências, com uma regularidade brutal em nível alto, encantando a sua mutação para jogador mais criador para os colegas. Egoísta em certos momentos como sempre, mas cada vez mais a levantar a cabeça e a descobrir companheiros com trivelas de levantar Anfield. O melhor extremo direito da História da Premier é um craque, e este campeonato é dele.

Destaques: Mohamed Salah, Virgil van Dijk, Ryan Gravenberch, Alexis Mac Allister, Luis Díaz

 ARSENAL (2)

   Parece estranho que os adeptos do Arsenal encarem uma temporada em que ficaram em 2º e em que eliminaram o Real Madrid da Liga dos Campeões como frustrante, mas talvez seja um sintoma ou reflexo da evolução do grau de exigência autoimposto.
    Mikel Arteta leva 6 temporadas completas como técnico dos gunners e, sem conquistar qualquer troféu, coisa que Tottenham, Newcastle ou Crystal Palace conseguiram este ano, a paciência com o espanhol começa a esgotar-se. O espanhol não merece que se instale essa dúvida, mas é importante que não escolha viver numa realidade paralela (defendeu que o Arsenal foi a melhor equipa na eliminatória europeia com o PSG quando definitivamente aconteceu o contrário), toldado pelo seu característico mau perder, e que de uma vez por todas o clube contrate um ou dois jogadores que sejam garantias de golos, seja um verdadeiro ponta de lança (Gyökeres ou Sesko?) e/ ou um extremo goleador.
    Num ano que teve como auge aqueles 2 livres diretos de Declan Rice, os londrinos ficarão a lamentar as lesões de Saka e Gabriel Magalhães, e podem-se gabar da reputação de especialistas na cobrança de cantos, uma marca com o contributo do francês Nicolas Jover.
    Raya defendeu mais, Odegaard contribuiu menos do que se exige, Merino mascarou-se de avançado e os miúdos Nwaneri e Lewis-Skelly (segue-se o juvenil Max Dowman?) mostraram que o futuro é promissor.
    O Arsenal não aproveitou o impensável deslize do City, deixando-se ultrapassar pelo Liverpool. Mas podem contar com os gunners na luta pelo título em 2025/ 26, depois de nesta edição - terminaram a 10 pontos de distância - nunca terem conseguido fazer os reds duvidarem de si próprios.

Destaques: Gabriel, Declan Rice, Bukayo Saka, David Raya, Jurriën Timber

 MANCHESTER CITY (3)

   
Afinal, Pep Guardiola é mortal. Tetracampeão e com 12 primeiros lugares até então nas suas 15 temporadas como treinador, o melhor técnico da atualidade viveu nesta edição a primeira verdadeira crise da sua carreira: o City, acostumado a testar os impossíveis através de longas sequências de vitórias, chegou a registar 5 derrotas consecutivas e 7 jogos sem conseguir vencer.
    Até fechar o campeonato com números que fogem ao enraizado ADN vencedor dos cityzens - 44 golos sofridos, 9 derrotas e apenas 72 golos marcados - o clube azul celeste esgotou os super-poderes e o plantel, diminuído fisicamente e incapaz de reconhecer a tempo que um novo ciclo era necessário, foi ao tapete.
    O quase divórcio de Guardiola (aplicável à sua vida pessoal e à sua relação com o clube) e as vendas ao longo de anos de alguns jovens da academia (Cole Palmer, Morgan Rogers, Romeo Lavia, Liam Delap ou James Trafford) que hoje dariam muito jeito foram detalhes numa temporada profundamente ligada ao dia 22 de Setembro de 2024. No 2-2 diante do Arsenal (a rivalidade com os gunners está a "aquecer" de ano para ano), Haaland pediu humildade a Arteta, mas o mais importante tinha acontecido ao minuto 21, quando o praticamente imbatível Rodri (Bola de Ouro) sofreu uma rutura do ligamento cruzado.
    Logicamente, a ausência de Rodri não explica tudo (a pior versão do City aconteceu quando nem sequer houve Kovacic para o colmatar) importando abordar a abismal quebra de rendimento de Phil Foden, o défice físico de Kyle Walker e Bernardo, e quão complicado foi muitas vezes ter Gündogan em campo - um grande treinador em potência cujas pernas já não operam ao mesmo ritmo do cérebro.
    Incapaz de marcar golos ao campeão Liverpool ou de vencer o rival United, o City guarda desta edição a consistência de Gvardiol e o excelente reforço de Janeiro, Omar Marmoush, que mal chegou à Premier continuou a exibir-se com a qualidade que o fez brilhar em Frankfurt, na Bundesliga.
    Guardiola terá aprendido algumas lições - deve inventar menos, Ruben e Gvardiol podem estabilizar como dupla de centrais no futuro, vender Álvarez e não ter no plantel "outro Rodri" teve dispendiosa fatura, e além de Marmoush, a revolução está já em marcha com Cherki, Reijnders ou Aït-Nouri oficializados.
    Como nota de rodapé, a emocionante despedida de Kevin De Bruyne. O belga de 33 anos viu o seu trajeto em Manchester chegar ao fim de 10 anos. Já visto por aqueles lados como um membro da família, KDB deixa Inglaterra com 119 assistências, apenas atrás de Ryan Giggs (162). Mas De Bruyne disputou 288 partidas (0,41 assistências por jogo), enquanto que Giggs teve direito a 632 (0,26). A Premier League fica mais pobre, mas o Hall of Fame espera-o. Se o melhor médio criativo da História da competição não tivesse lugar nesse panteão, ninguém da sua geração teria...

Destaques: Josko Gvardiol, Omar Marmoush, Erling Haaland, Mateo Kovacic

 CHELSEA (4)

    O vício de contratar jovens jogadores (principalmente, extremos e guarda-redes) e a amargura de constatar a desvalorização de Pochettino ou Conor Gallagher afastaram-nos deste Chelsea de Todd Boehly, mas foi impossível não voltarmos a colocar os olhos em Stamford Bridge sendo esse o relvado onde é mais fácil ver Cole Palmer espalhar magia hoje em dia.
    Num ano de aprendizagem para o jovem e errático Chelsea - positivo trabalho de Enzo Maresca, fechadas as contas -, coroado com a conquista da Liga Conferência (4-1 diante do Bétis), os blues consolidaram ideias, amadureceram dinâmicas e revelaram fibra na reta final, vencendo jogos difíceis contra Liverpool, Fulham e Forest, essenciais para dar o salto para a Liga dos Campeões, a competição com que todos os jovens jogadores do clube sonham quando assinam contratos de 7 ou 8 temporadas.
    Moisés Caicedo foi o jogador do ano dos blues e Cole Palmer (o seu póker ao Brighton foi eleito a melhor prestação individual nesta Premier League) foi o único jogador capaz de ombrear com Salah na primeira volta, caindo bastante de rendimento a partir de Janeiro. Mas as posições de guarda-redes e ponta de lança continuam, ano após ano, a não ficar resolvidas.
    Resolvendo a posição nº 1 (Petrovic, que esteve emprestado ao Estrasburgo, merecia uma oportunidade) e o 9 (Liam Delap foi contratado, mas não afastamos a hipótese de ainda ser contratado um ponta de lança mais sonante), o Chelsea parece reunir os ingredientes para continuar a crescer - mal podemos esperar para ver Cole Palmer e Estêvão na mesma equipa - e tentar a curto-prazo intrometer-se, a sério, na luta pelo título.

Destaques: Cole Palmer, Moisés Caicedo, Marc Cucurella, Enzo Fernández, Levi Colwill

 NEWCASTLE (5)

    70 anos depois, o Newcastle venceu finalmente um grande troféu. Na 4ª temporada de Eddie Howe como treinador dos magpies, a equipa do Norte de Inglaterra ganhou em toda a linha: bateu na final da Taça da Liga o favorito Liverpool (2-1, com golos de Dan Burn e Isak) e garantiu o regresso à Liga dos Campeões, onde tinha marcado presença em 23/ 24, vendo-se esta época ausente de qualquer competição europeia.
    A possibilidade de poder descansar a meio da semana - um fator que Liverpool, Arsenal, City, Chelsea e Villa não tiveram - contribuiu para manter a equipa mais intensa e com maior disponibilidade física, e com muito menos lesões do que na temporada transata. Além disso, importa precisar uma decisão de Howe que mudou todo o percurso dos magpies: Tonali e Bruno Guimarães trocaram de posição/ função, e o rendimento do Newcastle veio por ali acima.
    Alérgico a empates (apenas 6, sendo que só o Tottenham empatou menos vezes) e com um número de derrotas (12) algo elevado para um 5º classificado, o St. James' Park deliciou-se com a evolução dos laterais Livramento e Lewis Hall, viu Jacob Murphy atingir um patamar de rendimento impensável e vénias merecem ser feitas ao sueco Alexander Isak (21 golos), o Avançado do Ano no futebol inglês.
    Para o futuro acreditamos que estejam reservados bons momentos, sendo difícil os grandes tubarões "roubarem" Isak tendo o Newcastle bilhete para a Liga dos Campeões, e entusiasmando ver nomes como João Pedro e Elanga na lista de desejos de Howe.

Destaques: Alexander Isak, Sandro Tonali, Bruno Guimarães, Jacob Murphy, Dan Burn

 ASTON VILLA (6)


    Sexto lugar soa a pouco se tivermos em consideração que o Aston Villa vinha de um Top-4, mas os adeptos do clube de Birmingham podem estar contentes com a competitividade apresentada esta temporada: os villans chegaram aos quartos-de-final da Liga dos Campeões (assustaram o PSG na segunda mão), resistiram até às meias-finais da FA Cup (perderam com o Palace, que viria a erguer o troféu) e só falharam o 5
º lugar, que daria Champions de novo, porque na última jornada, em Old Trafford, tiveram que jogar 45 minutos com 10 depois da expulsão de Emi Martínez, num jogo que contou ainda com uma decisão polémica da equipa de arbitragem.
    Porventura destinado a vencer a próxima Liga Europa, a competição favorita de Unai Emery, o Aston Villa só perdeu pontos (6) nas duas idas a Manchester entre as 10 jornadas finais, cativando sobretudo através das deambulações a quebrar linhas de Morgan Rogers e do controlo exercido por Tielemans no centro do campo. Lamentamos que o colombiano Jhon Durán tenha abandonado o barco rumo ao Al-Nassr a meio da viagem; e tudo indica que esta terá sido a despedida de Emiliano Martínez, e quem sabe de Ollie Watkins.
    Entre os emprestados de luxo (Asensio e Rashford) a ficar algum em definitivo, será apenas o espanhol. Mas podem esperar renovada capacidade de atrair ótimos jogadores. Com Unai Emery, o Aston Villa tem tudo para continuar instalado, e convicto, nos lugares cimeiros.

Destaques: Youri Tielemans, Morgan Rogers, Ollie Watkins, Boubacar Kamara, Jhon Durán

 NOTTINGHAM FOREST (7)


    A equipa-sensação desta Premier League.
    Talvez o mal estivesse em nós ao acharmos que o Nottingham Forest iria lutar pela manutenção esta época, mas garantidamente nem os próprios adeptos acreditavam que o Forest fecharia esta campanha em 7
º (dá qualificação para a Liga Conferência, que esta época foi ganha pelo representante inglês) com esse sétimo lugar a parecer no fim uma espécie de desilusão, dado o tempo significativo que a equipa esteve em "lugar de Champions".
    O sempre controverso e algo infantil Marinakis chegou a protestar em pleno relvado com Nuno Espírito Santo, um dos 2 grandes treinadores desta temporada, mas apesar da overperformance de esmagadora maioria dos jogadores, não é descabido pensar que muitos continuarão no clube. Sels (GR do ano), Aina, Milenkovic (reforço do ano) e Chris Wood (20 golos) são jogadores fundamentais e que muito dificilmente sairão, o mesmo não podendo dizer-se de Gibbs-White, Elanga, Murillo e quem sabe Elliot Anderson.
    Equipa sólida e unida, com gosto em defender bem e em contra-atacar em poucos toques, o Forest ganhou várias vezes por 1-0, e chegou a estar numa sequência de 9 jogos sem derrotas em casa.
    É difícil prever como vai o balneário reagir à sobrecarga de ter um jogo europeu (à quinta-feira) a meio da semana, algo que obrigará a ter um plantel com mais soluções, mas cá estaremos para seguir atentos o próximo trabalho de NES.

Destaques: Chris Wood, Morgan Gibbs-White, Matz Sels, Nikola Milenkovic, Murillo

 BRIGHTON (8)

    Na primeira temporada em Inglaterra, o benjamim Fabian Hürzeler (32 anos) fez pior do que De Zerbi na sua estreia (6º lugar) mas melhor do que De Zerbi 2.0 (11º posto). A época do Albion terminou em altas mas foi uma constante flutuação de momentos de forma, demorando a consolidar um onze, consequência natural e orgânica das muitas caras novas no plantel.
    Os seagulls venceram o Liverpool, o Manchester City, o Newcastle e o Chelsea, provando ser capazes de discutir o jogo com qualquer adversário, mas também levaram 7 (!) do Forest e 4 de Cole Palmer.
    Embora tenha 77 golos na Premier League ao longo da sua carreira, esta foi a primeira vez que Danny Welbeck chegou à dezena de golos numa edição. João Pedro (próxima paragem Newcastle?) e Mitoma brilharam mas sem consistência, jogadores como O'Riley, Gruda e Wieffer demoraram a entrar no ritmo inglês, destacando-se pois o omnipresente Baleba e o amadurecer dos neerlandeses van Hecke e Verbruggen.
    Falhadas as competições europeias por uma posição, o Brighton continuará focado na Premier. E com Hürzeler com um ano de estudos e vários jogadores devidamente adaptados, aos quais se acrescentarão mais umas quantas jovens promessas (Kostoulas já está) que o Brighton desencanta sempre, espera-se tão bom ou melhor em 2025/ 26. 

Destaques: Carlos Baleba, Jan Paul van Hecke, Danny Welbeck, João Pedro, Bart Verbruggen

 BOURNEMOUTH (9)
    Entre todas as equipas desta Premier League 24/ 25, é bem possível que o Bournemouth tenha sido a equipa que mais nos entusiasmou. Brilhantemente orientados por Andoni Iraola (treinador destinado a chegar ao topo), os cherries não exerceram o controlo dos ritmos como o Liverpool nem superaram as expectativas ao nível do Forest, mas temos dificuldade em eleger uma equipa que tenha colocado em campo doses maiores de energia a pressionar e velocidade a castigar os adversários.
    Tal como aconteceu com o Nottingham Forest, um ótimo sintoma do bom trabalho desenvolvido em todos os parâmetros é a super-valorização de quase todos (ou mesmo todos, quiçá) os elementos do 11 inicial. O sereno gigante Huijsen foi um "achado" e já se tornou reforço do Real Madrid, o incansável lateral Kerkez está em vias de se tornar jogador do Liverpool, o PSG está interessado no discreto mas irrepreensível patrão Zabarnyi, e não será de admirar que surjam também propostas por craques como Semenyo e Kluivert.
    Apenas menos rematador do que Liverpool, City e Chelsea, o Bournemouth guardará desta época, pela positiva, um atropelo (3 golos sem resposta) em Old Trafford, um vendaval ofensivo (4-1) no sempre difícil reduto do Newcastle, um 5-0 ao sensacional Forest e vitórias pela margem mínima contra City (em casa) e Arsenal (fora). Pela negativa, é natural que os adeptos fiquem órfãos de 5 ou 6 elementos do 11 inicial, perspetivando-se assim um quase partir do zero em 25/ 26, importando pois que Iraola se mantenha como o pensador do projeto.

Destaques: Milos Kerkez, Antoine Semenyo, Justin Kluivert, Dean Huijsen, Illia Zabarnyi

 BRENTFORD (10)

    Naquela que agora sabemos que foi a última temporada do dinamarquês Thomas Frank (no clube desde 2016 e como técnico principal desde 2018), o Brentford reergueu-se após um perigoso 16º lugar no campeonato anterior. A transferência para a Arábia Saudita de Ivan Toney, peça-chave na dinâmica de jogo dos bees - cujo desmame já se tinha iniciado em 23/ 24 durante o período de vários meses em que Toney esteve suspenso - gerava grande expectativa para o futebol praticado pelos londrinos. O brasileiro Igor Thiago foi o alvo identificado no mercado para "fazer de Toney" mas uma lesão no menisco deixou-o KO praticamente para toda a época.
    Sem Toney e sem o seu projetado sucessor, a equipa confiou na dupla maravilha de sempre - Bryan Mbeumo e Yoane Wissa. O extremo direito camaronês chegou aos 20 golos, foi um dos melhores jogadores desta Premier e teve apenas o "azar" do MVP do campeonato atuar na sua posição, e Wissa (é possível um avançado com menos de 1,80m causar o pânico na Premier) teve igualmente a época mais produtiva da sua carreira chegando aos 19 golos.
    Com os seus 66 golos a distribuírem-se equitativamente (33 vezes 2) entre as duas voltas, é de notar a forma como o Brentford, a turma mais forte no jogo aéreo entre estas 20, evoluiu de equipa que sofria muito mas marcava ainda mais em casa (Brentford 5-3 Wolves, Brentford 4-3 Ipswich, Brentford 3-2 Bournemouth) para uma equipa mais coesa e capaz de conquistar pontos fora de portas. Flekken fartou-se de defender, Damsgaard foi o criativo e jogadores como Schade e Kayode deixaram sinais de que podem aparecer em bom plano na próxima época. Mas sem Frank, sem Flekken e certamente sem Mbeumo também, muita coisa vai mudar neste clube.

Destaques: Bryan Mbeumo, Yoan Wissa, Mark Flekken, Mikkel Damsgaard, Kevin Schade

 FULHAM (11)
    

    Uma vez mais, Marco Silva e o Fulham fizeram muito com pouco. A 11ª posição não faz justiça a uma temporada em que os cottagers podiam até ter sido Top-8.
    Depois de perder Mitrovic e João Palhinha em anos consecutivos, o Fulham mostrou em campo que um coletivo forte e bem trabalhado é capaz de suprir toda e qualquer carência. O Craven Cottage pode gabar-se das exibições dos seus jogadores diante do campeão Liverpool - 2-2 em Anfield e vitória por 3-2 em casa - e a diferença de golos nula (54 marcados, 54 sofridos) acaba por espelhar bem o percurso.
    No seu 4º ano no clube, contrariando o outrora lugar comum que saltava do barco à primeira chance, Marco Silva estará grato aos golos de Raúl Jiménez e ao jogador total em se tornou o sempre talentoso Alex Iwobi, agora muito mais influente e sempre "ligado". Em todo o caso, se houve jogador do Fulham que nos impressionou em 2024/ 25 foi Antonee Robinson. O lateral esquerdo norte-americano, capitão de equipa, revelou-se intransponível para os melhores extremos do campeonato, somou 10 assistências e só mesmo os seus quase 28 anos podem evitar que dê o salto para um grande clube europeu.

Destaques: Antonee Robinson, Alex Iwobi, Raúl Jiménez, Bernd Leno

 CRYSTAL PALACE (12)

    Histórico! O Crystal Palace conquistou esta temporada o primeiro (!) troféu em toda a sua História, batendo o Manchester City na final da FA Cup.
    Com uma taça no museu e qualificação europeia (Liga Europa) no bolso, o Palace foi feliz no capítulo II de Oliver Glasner no clube. E o desfecho em gáudio não surpreendeu quem acompanhou o evoluir dos eagles ao longo da época. Capaz de empatar ao longo das 38 jornadas com equipas como o Liverpool, o Arsenal e o Manchester City, o Palace subiu um degrau nas suas prestações a partir do momento em que contou com Adam Wharton a 100%, deliciando-se os adeptos com a locomotiva colombiana Daniel Muñoz e festejando os golos do possante Mateta, a verticalidade de Sarr e a magia e futebol puro de Eberechi Eze.
    O clube que há pouco tempo vendeu Olise ao Bayern deve continuar vendedor no mercado que se aproxima. Mas o austríaco Glasner é o homem certo no lugar certo e a ideia de jogo clara (3-4-3 com muita energia nos corredores e um ponta de lança a trabalhar os apoios para os criativos que orbitam em torno dele) leva a crer que a prospeção permitirá ao clube de Londres substituir quem perder com elementos de perfil aproximado e de impacto imediato.

Destaques: Daniel Muñoz, Eberechi Eze, Jean-Philippe Mateta, Ismaila Sarr, Dean Henderson

 EVERTON (13)

   O termo a meio caminho da terceira época de Sean Dyche no Everton significou o reatar feliz de um amor antigo e de longa data. À jornada 20, o escocês David Moyes (treinador dos toffees entre 2002 e 2013) aceitou regressar a "casa" e, com mérito próprio e demérito alheio, a equipa de Liverpool passou de 16º a 3 pontos da zona vermelha para um mais tranquilo 13º a 23 pontos do Leicester.
    Com 44 golos sofridos (registo igual ao Manchester City, e apenas batido por Arsenal, Liverpool e Chelsea), Goodison Park voltou a confiar na fiabilidade de elementos como Pickford e Tarkowski e foi abaixo quando, na jornada 15, precisamente Tarkowski evitou a derrota caseira frente ao eterno rival e futuro campeão Liverpool com um golo aos 90+8 no sempre emocionante derby de Merseyside.
    O plantel foi muitíssimo bem "espremido" e a falta de golos (4º ataque menos concretizador, apenas acima dos 3 que desceram) será um fator a corrigir num futuro próximo. O nosso bem conhecido Beto (ex-Portimonense) apontou 8, e o jogador mais entusiasmante da equipa, o irrequieto driblador Iliman Ndiaye, marcou 9.

Destaques: Jordan Pickford, James Tarkowski, Iliman Ndiaye, Vitaliy Myolenko

 WEST HAM (14)

    Quando no Verão passado os hammers anunciaram vários reforços (Kilman, Todibo, Summerville e Fullkrug, entre outros) as expectativas ficaram elevadas, mas antecipava-se desde logo um desafio - esculpir e encontrar uma equipa com uma série de jogadores novos a chegarem ao mesmo tempo.
    Lopetegui falhou (durou 8 meses) e Graham Potter não fez muito melhor. Objetivamente, até fez pior: dos 43 pontos somados, 23 deles foram sob o comando do espanhol.
    Os londrinos saíram semi-ilesos mediante o foco total da crítica especializada nas épocas horrorosas de Manchester United e Tottenham, e mediante o nível baixíssimo das 3 equipas promovidas e novamente despromovidas, mas é ajustado considerar este West Ham a equipa mais aborrecida desta edição. Com Summerville (tinha sido o MVP do Championship pelo Leeds) a ser um flop, Paquetá atormentado pelo suposto castigo eternamente adiado e Kudus a render (5 golos e 3 assistências) muito abaixo do que a sua qualidade permite, safou-se o capitão Jarrod Bowen. Na sua sexta época, o inglês de 28 anos marcou 13 golos e fez 8 assistências, acabando em grande e saindo incólume, algo que também se poderá dizer de Wan-Bissaka.
    Graham Potter deve continuar, mas muita coisa tem que mudar para os lados do Estádio Olímpico de Londres...

Destaques: Jarrod Bowen, Aaron Wan-Bissaka, Tomás Soucek

 MANCHESTER UNITED (15)

    Jamais pensámos há um ano atrás, quando descrevemos o 8º lugar como vergonhoso, que um ano mais tarde aqui estaríamos a falar de um 15º lugar. O Manchester United bateu no fundo mas depois da tempestade e do desastre completo, The good days are coming. Ruben Amorim acredita e nós acreditamos.
    Para aqui chegarmos, e quase houve estranhíssima qualificação para a Champions (bastava o United ter batido o Tottenham na final da Liga Europa), tivemos um par de detalhes idênticos às realidades de Benfica e Porto respetivamente. Tal como o Benfica com Schmidt, o United cometeu um erro de julgamento ao permitir que Erik ten Hag iniciasse esta época. A saída do neerlandês era uma questão de tempo e o seu sucessor (Ruben Amorim), de ideias convictas e filosofia teimosa, tal como Anselmi no Porto, acabou por ver-se obrigado a utilizar esta época como uma prolongada pré-época, um sôfrego casting.
    Confortáveis nos jogos em que o adversário tinha a iniciativa e o favoritismo (vitória em casa do rival City com golo aos 88' e 90', empate a 2 golos em Anfield, 1-1 na receção ao Arsenal e 0-0 na receção ao City), os red devils tiveram sempre em Bruno Fernandes o seu jogador mais esclarecido e preponderante e em Amad Diallo o seu virtuoso desequilibrador nos instantes finais (ponto alto da época do jovem costa-marfinense aquele hat-trick ao Southampton com golos aos 82', 90' e 90+4').
    Além de constatar que precisa de mudar de guarda-redes (Onana "mata" a moral da equipa em demasiados momentos) e de avançado (Hojlund, que em teoria encaixa na perfeição na ideia de Amorim, desperdiçou todas as oportunidades e não cresceu, e não compreendemos a razão de Chido Obi-Martin não ter tido mais minutos), Amorim deu guia de marcha a Garnacho, já cativou Matheus Cunha, deseja Mbeumo, e deve fixar Bruno Fernandes como um dos dois médios centro e Amad como ala e não extremo. Zirkzee, sem grandes números mas com um manancial técnico ímpar, tem que permanecer no plantel.
    Na próxima época, Old Trafford vai avaliar sem desculpas Ruben Amorim, espera-se com um plantel bem mais à sua imagem. Depois da tempestade virá, oxalá, a bonança, e não o Championship.

Destaques: Bruno Fernandes, Amad Diallo, Noussair Mazraoui, Leny Yoro

 WOLVES (16)

    No Molineux, os lobos tiveram uma época bastante recheada: Gary O'Neil foi despedido quando os wolves estavam efetivamente em perigo de descer, Vítor Pereira emergiu como salvador assim que algum clube inglês lhe deu a oportunidade que há tanto aguardava, 2 jogadores apresentaram-se num patamar qualitativo tão alto... que Manchester United e Manchester City não perderam tempo em recrutá-los.
    Sinal de que, em Inglaterra, quem embala consegue embalar para o bem e para o mal, o Wolves, sem significativas alterações no plantel, não venceu qualquer jogo nas primeiras 10 jornadas (Agosto, Setembro e Outubro), mas deu por si, de cara lavada e confiança renovada, a vencer em 6 jornadas consecutivas, algures entre Março e Abril.
    Com um 3-4-2-1 bem assimilado, o Wolves teve quase sempre em Matheus Cunha o seu jogador mais iluminado. O craque brasileiro foi um portento de qualidade técnica (talvez fosse preciso recuar a Luis Suárez para encontrar na Premier um jogador capaz de marcar os 2 golos com que Cunha derrotou, fora, o Fulham), contribuindo com 15 golos e assumindo sempre as rédeas do jogo, com o esférico a ser-lhe passado inúmeras vezes ao longo do desenvolvimento de cada jogada. Lamentavelmente, a excelente época do anunciado reforço do Manchester United ficou manchada por 2 casos de indisciplina, não podendo dar o seu contributo em dois períodos distintos, suspenso.
    Além do génio temperamental, também Aït-Nouri (pode evoluir muito com Pep Guardiola no City) marcou pontos.
    Será interessante ver o comportamento dos wolves na próxima temporada, com Vítor Pereira ao comando desde o Dia 1. E aguardamos com curiosidade os investimentos que serão feitos ao canalizar os mais de 100 milhões recebidos com Cunha e Aït-Nouri.

Destaques: Matheus Cunha, Rayan Aït-Nouri, Jorgen Strand Larsen, Nélson Semedo, João Gomes

 TOTTENHAM (17)

    Vencedor da Liga Europa 2024/ 25. O Tottenham conquistou um troféu depois de 17 anos em branco, mas a absolutamente bizarra campanha dos spurs fê-los acabar num horrendo 17º lugar (de 08-09 para cá tinha estado sempre no Top-8, estabilizando-se mesmo no Top-4 entre 2016 e 2019).
    Daniel Levy conseguiu de forma indireta um bilhete para a próxima Liga dos Campeões, mas não hesitou na hora de despedir Ange Postecoglou (0 vitórias nas últimas 7 jornadas), o australiano que ao longo da época foi perdendo a paciência e o sentido de humor, mas cumpriu a sua continuada promessa ("ganho sempre um título no meu segundo ano nos clubes"). Segue-se Thomas Frank, fantástico treinador que procurará fazer diferente de Postecoglou, Pochettino 2.0, Mourinho ou Conte.
    É difícil compreender como é que uma equipa com 64 golos marcados (oitavo melhor ataque) termina um lugar acima da zona de descida. Brennan Johnson foi o melhor marcador da equipa, sem ser brilhante, Solanke não correspondeu ao brutal investimento (64 milhões de euros) e Son Heung-Min esteve irreconhecível. A lesão de Vicario fez com que mais 3 guarda-redes calçassem as luvas (Forster, Austin e Kinsky), van de Ven e Romero voltaram a mostrar que são dos melhores centrais no campeonato, mas infelizmente o clube poucas vezes contou com a dupla apta fisicamente, e os miúdos Bergvall e Archie Gray deixaram claro que o futuro é deles.
    A adaptação de Kulusevski a terrenos mais centrais, com mais responsabilidade e maior carga de trabalhos, foi uma das mais entusiasmantes novidades da primeira volta. O sueco foi mesmo, nos primeiros meses, um dos melhores jogadores da Premier, mas caiu a pique em 2025.
    Fazer pior na próxima edição é quase impossível. Thomas Frank recebe uma equipa capaz de vencer fora os clubes de Manchester por 4-0 e 3-0, mas também herda uma equipa que deixou o Brighton virar um 0-2 para 3-2, e que sofreu autênticos "banhos de bola" de Liverpool (6-3 e 5-1) e Chelsea (a derrota caseira de 3-4 foi simpática face às incidências do jogo).

Destaques: Dejan Kulusevski, Cristián Romero, Micky van de Ven, Lucas Bergvall, Brennan Johnson

 LEICESTER CITY (18)

    No começo da época, a ameaça de penalização de pontos por incumprimento do fair-play financeiro pairava sobre o King Power Stadium. Os foxes acabaram por evitar a punição, mas nem essa benesse fez escapar o campeão inglês de 2015/ 16 ao mesmo destino de há duas temporadas atrás, a despromoção.
    Último dos 3 clubes relegados a confirmar a sua sentença, o Leicester esteve toda a época num nível fraco, e nas proximidades de Southampton e Ispwich, nunca chegando a equacionar-se um cenário de verdadeiro perigo para o Wolves (na segunda volta) ou mesmo para as desilusões Tottenham, Manchester United e West Ham.
    Na última vez que o lendário Jamie Vardy (500 jogos pelo clube) vestiu a camisola dos foxes, o adeus do elétrico e sempre provocador avançado inglês fez-se com o seu golo 200 e com um estádio inteiro a aplaudi-lo de pé.
    Duas vitórias nas últimas 4 jornadas, diante precisamente dos companheiros de viagem Southampton e Ispwich, ajudaram a superar a barreira dos 20 pontos, numa temporada em que o dinamarquês Mads Hermansen demonstrou qualidade entre os postes, e em que aqui e ali houve bons apontamentos dos criativos El Khannouss e Buonanotte.

Destaques: Jamie Vardy, Mads Hermansen, Bilal El Khannouss

 IPSWICH TOWN (19)

    Pela segunda época consecutiva, as 3 equipas promovidas descem imediatamente, vincando o diferencial de qualidade entre Premier e Championship. Previmos sempre que Southampton e Leicester cairiam, mas pensámos que o Ipswich seria capaz de lutar muito mais.
    Os tractor boys chegaram a temer perder o técnico Kieran McKenna para Chelsea ou Manchester United no Verão passado, e o recrutamento (reuniram alguns dos melhores talentos do Championship como Delap, Jack Clarke ou Philogene) levava-nos a crer no projeto. Estávamos errados.
    Capaz de vencer em casa o Chelsea e fora Tottenham ou Bournemouth, o Ipswich nunca foi capaz de estabilizar e, com uma defesa bastante mais fraca do que o seu ataque, deixou escapar pontos nos últimos minutos em vários jogos.
    A baliza foi sempre um problema, atenuado ligeiramente com a contratação de Alex Palmer, Leif Davis passou de 18 assistências no Championship para apenas duas neste nível, Enciso deu alguma alegria ao futebol apresentado desde Janeiro, e McKenna viu a sua cotação como treinador regredir substancialmente. No meio de tudo isto, Liam Delap foi a boa notícia. O poderoso avançado de 22 anos carregou como pôde a equipa, apontou 12 golos (curioso uma vez que no Championship, ao serviço do Hull, marcara apenas 8) e despertou o interesse de vários emblemas, com o Chelsea a convencê-lo em definitivo.
    A época foi má mas, se McKenna e os melhores ativos continuarem, há razões para confiar num bom rendimento no Championship 25-26. 

Destaques: Liam Delap, Omari Hutchinson, Julio Enciso

 SOUTHAMPTON (20)

    Na época do Southampton, o maior feito foi mesmo escapar ao rótulo e registo de pior equipa da História da Premier League. Os 11 pontos do Derby County (2007/ 08) estiveram durante muito tempo em risco, mas os saints acabaram por conseguir chegar aos 12 pts, curiosamente com o ponto final obtido num surpreendente 0-0 na receção ao Manchester City.
    Depois de ficar em 4º e subir ao escalão máximo do futebol inglês por via do Play-Off, o Southampton voltou a demonstrar que é, nesta fase, um clube ioiô, porventura condenado a conviver algumas épocas, à imagem do que aconteceu recentemente com Leicester, Burnley, Norwich ou Leeds, com a realidade de que é demasiado forte para a concorrência no Championship e demasiado fraco para os oponentes consolidados na Premier.
    O futebol de posse de Russell Martin não vingou, o croata Ivan Juric foi uma aposta estranha, numa época com apenas duas vitórias em 38 jogos, uma vergonha imposta a Everton e Ipswich. Evitando tornar-se vítima de goleadas humilhantes (apenas em 3 jogos os saints sofreram mais do que 4 golos), o Southampton guardou pouquíssimas boas memórias desta edição - na sua primeira experiência no estrangeiro, o português Mateus Fernandes pareceu estar sempre acima dos colegas; Aaron Ramsdale somou 188 defesas e merece que algum clube o resgate; e o jovem esquerdino Tyler Dibling (19 anos), de meia curta e diagonais plenas de intenção, deve proporcionar leilão entre ingleses para garantir os seus serviços.

Destaques: Mateus Fernandes, Tyler Dibling, Aaron Ramsdale


8 de junho de 2025

Prémios BPF Premier League 2024/ 25

Desta vez, não deu Manchester City. Após 4 anos de domínio azul celeste da turma de Guardiola, a Premier League tem um novo campeão. E se a ordem natural das coisas poderia levar a crer que seria o Arsenal de Arteta, Saka e Odegaard a dar o passo que faltava... quem acabou por sorrir foi o Liverpool, na estreia do neerlandês Arne Slot a substituir Klopp, e com um Deus egípcio a carregar os reds. Este foi, mais do que qualquer coisa, o campeonato de Mohamed Salah.
    Anfield comemorou o 20º título inglês no já distante dia 27 de Abril (jornada 34), coroando uma temporada sem concorrência numa goleada por 5-1 diante do Tottenham.
    Em crise, o Manchester City disse adeus a um dos melhores médios da História da Premier League (Kevin De Bruyne) após bizarra campanha: o Bola de Ouro Rodri falhou quase toda a época com uma grave lesão, mas surpreendeu a raríssima incapacidade de Pep em reinventar uma fórmula e acender a chama num grupo de jogadores que, finalmente, quebrou física e animicamente.
    Arsenal, Chelsea e Newcastle vão à Champions, tendo o Aston Villa ficado a 1 ponto da prova milionária, e caindo o Nottingham Forest (equipa sensação, com extraordinário trabalho do português Nuno Espírito Santo) para a Conference League (7º lugar), quando passou muito tempo nos lugares cimeiros.

    Manchester United (15º) e Tottenham (17º) disputaram não só a final da Liga Europa como o estatuto de equipa que mais defraudou as expectativas; e, em sentido inverso, além do Forest (emblema que esperávamos que lutasse para não descer) brilharam o enérgico Bournemouth, o jovem Brighton e o Brentford dos amigos Mbeumo e Wissa. O Fulham de Marco Silva bateu o pé aos grandes, o Everton encontrou-se ao confiar num amor antigo (David Moyes) e o Crystal Palace festejou em Wembley a FA Cup, primeiro troféu da História dos eagles.

    Individualmente, Mohamed Salah deixou-nos sem palavras. Aos 32 anos, o melhor extremo direito da História da competição foi rei nos golos (29), foi rei nas assistências (18), bateu recordes no Fantasy (344 pontos) e fez mais do que suficiente para ser pensado para o Top-3 da próxima Bola de Ouro. A regularidade a alto nível e fome do camisola 11 do Liverpool fez desta sua temporada de 24/ 25 uma das melhores de que há memória na Premier, capaz de rivalizar com Henry ou Suárez.
    De resto, o Liverpool voltou a contar com um central (van Dijk) sem igual, e no custoso adeus ou até já a Trent Alexander-Arnold foi um oito transformado em seis o ponto de partida tático para o cunho de Slot nesta equipa: quem viu Gravenberch, e quem o vê...
    De forma resumida, Isak afirmou-se como melhor avançado da Liga, Mbeumo, Chris Wood, Delap, Kluivert, Semenyo e Elliot Anderson evoluíram a olhos vistos, Matheus Cunha e Cole Palmer espalharam técnica, Bruno Fernandes e Amad Diallo deram cor à tenebrosa campanha do United de Ruben Amorim, e Huijsen e Milenkovic revelaram-se autênticos "achados". Tudo isto sem esquecer as arrancadas de Morgan Rogers, o pulmão e capacidade de recuperação de Caicedo, as pilhas Duracell de Kerkez, Muñoz e Robinson, e o controlo dos ritmos de Mac Allister, Tielemans e Tonali.

    Como todos os anos, é chegada a altura de indicarmos aqueles que foram para nós os melhores do ano: o nosso 11, o Jogador do Ano e o Jovem Jogador do Ano, o Treinador do Ano, e ainda algumas categorias complementares.



Guarda-Redes: Entre os homens que calçam luvas, os solitários heróis sem direito a errar, o melhor do ano em Inglaterra foi um veterano de 33 anos que na época passada fora suplente de Matt Turner e até mesmo de Odysseas Vlachodimos. O belga Matz Sels, com um percurso essencialmente feito entre o campeonato do seu país e a Ligue 1 (Estrasburgo), agigantou-se e foi peça-chave num Nottingham Forest que se esperava que lutasse para não descer mas que acabou quase nos lugares de Champions. Bem escudado por uma defesa coordenada, com Milenkovic e Murilo a formarem soberba parceria, Sels foi mesmo assim chamado à ação e, qual guarda-redes de equipa grande, não vacilou em momentos em que os jogos podiam virar. Foram 119 defesas, aproximadamente 74% de remates defendidos e 13 jogos sem golos sofridos, partilhando assim as Luvas de Ouro com... David Raya. O guarda-redes do Arsenal foi testado bastantes mais vezes do que na época anterior, consequência do pior comportamento coletivo dos gunners, mas tranquilizou os colegas com estiradas plenas de elasticidade e um já reconhecido jogo de pés bem acima da média.
    Na baliza do Brentford, Mark Flekken foi bombardeado. O guardião neerlandês chegou às 150 defesas (mais 30 do que o GR seguinte) e comprou assim o seu bilhete de regresso à Bundesliga, onde irá agora representar o Leverkusen.
    Alisson (em condições normais, o melhor guarda-redes a atuar em Inglaterra, como bem demonstrou em casa do PSG) voltou a ser Alisson, embora sem a "aura" de outros tempos, tendo visto Kelleher (já adquirido pelo Brentford para o lugar de Flekken) a substituí-lo, sem se notar muito, durante 10 jornadas.
    Por fim, Jordan Pickford voltou a segurar o Everton. O inglês conseguiu somar 12 clean sheets no 13º classificado e pode-se gabar de ter defendido 100% das grandes penalidades (2 em 2) que enfrentou.


Lateral Direito: À direita, qualquer uma de 3 opções é válida e reúne sólidos argumentos esta época. O colombiano Daniel Muñoz (4 golos e 5 assistências) pareceu quase sempre ter 3 pulmões, num vaivém constante, e Trent Alexander-Arnold colecionou cruzamentos açucarados e passes capazes de rasgar defesas, dizendo Adeus ao futebol inglês, e gerando com isso um misto de sentimentos em Anfield, rumo ao desafio Real Madrid. A nossa escolha é Ola Aina. O lateral nigeriano da equipa de Nuno Espírito Santo perdeu algum fulgor na reta final, mas isso não apagou muitos meses em que deu masterclass atrás de masterclass de como defender.
    Há que juntar ainda Amad Diallo, cuja presença aqui é um pouco forçada para podermos apresentar os 5 que queremos nos extremos direitos, embora tudo leve a crer que em 2025/ 26 Amorim quer fixá-lo a ala direito e muito menos vezes a extremo. O entusiasmante craque do Manchester United deixou a sua impressão digital nesta Premier principalmente ao cair do pano, servindo de exemplos o seu golo em casa do City e o seu hat-trick express diante do Southampton.
    Livramento e Timber podiam ocupar a última vaga, mas optámos por valorizar Aaron Wan-Bissaka, um dos únicos 2 jogadores do West Ham a sair com avaliação positiva, ora à direita ora adaptado ao flanco oposto. 


Defesa Central: Escolher o central justo para figurar ao lado de VVD não foi fácil. O colega Ibrahima Konaté fez claramente um upgrade ao seu jogo, apresentando-se muito mais concentrado e com solução simples para todo, em comparação com outras épocas, e William Saliba é sempre uma opção válida, embora tenha cometido mais erros do que o normal, não sendo inclusive o melhor central do Arsenal em 24/ 25.
    Nikola Milenkovic mudou-se para a Premier League, oriundo da Fiorentina e a troco de pouco mais de 12 milhões. A transferência, à data, soou a achado: o Forest conseguira um jogador acima da sua realidade e por um valor abaixo do preço de mercado. Mas não pensámos que estariam a contratar um futuro elemento do nosso 11 do Ano. Ao lado de Murillo, o central sérvio foi o complemento perfeito: imparável nas alturas (5 golos, todos na sequência de bolas paradas), discreto no estilo e determinante a comandar a defesa, permitindo a Murillo aventurar-se mais.
    Entre os centrais de pé direito ou que atuaram preferencialmente do lado direito das suas defesas, Ilya Zabarnyi voltou a evidenciar que tem tudo para ser um dos melhores centrais do mundo (não surpreende a sua associação ao PSG) e James Tarkowski cimentou o seu estatuto como destaque recorrente dos toffees, levando o Goodison Park à loucura com o seu golo ao rival Liverpool aos 90+8.


Defesa Central: Os atacantes das décadas anteriores continuam a enaltecer John Terry como o defesa mais complicado de enfrentar, Rio Ferdinand foi sempre diferenciado pela elegância com que fazia tudo, e pessoalmente achamos que Nemanja Vidic (Jogador do ano em 08-09 e 10-11, embora não com o mais prestigiante prémio PFA) tem que estar nestas discussões. Mas cada vez mais há razões para argumentar que Virgil van Dijk pode ser o melhor defesa central da História da Premier League.
    Em vias de completar 34 anos, o centralão neerlandês foi esta época o 2º melhor jogador do campeão Liverpool, festejando o seu segundo campeonato em Inglaterra, o primeiro como capitão de equipa. Foi a voz de comando dos reds, com impacto positivo em vários jogadores à sua volta.
    Gabriel Magalhães conseguiu a proeza de ser melhor do que Saliba, sendo ainda o jogador alvo dos sempre bem trabalhados cantos dos gunners, e o seu compatriota Murillo (ninguém diria que mede 1,80m) mostrou o brutal potencial que tem, "secou" adversários e brilhou na capacidade de distribuir a partir de trás, saindo em progressão com confiança.
    O alto (1,97m) e esguio Dean Huijsen foi um dos reforços do ano em Inglaterra. O atento Bournemouth pagou menos de 20 milhões por um jogador que só não vai marcar a próxima década se não quiser, e que entretanto já se estreou pela seleção espanhola e fez as malas para o Real Madrid (60 milhões). Por fim, com mais minutos teríamos incluído o velocista van de Ven, mas Dan Burn merece estar neste leque. De resto, é sintomático que, entre 10 centrais que escolhemos, estejam as duplas de Liverpool, Nottingham Forest, Arsenal e Bournemouth.


Lateral Esquerdo: O nível exibicional dos laterais esquerdos subiu definitivamente esta temporada, e qualquer um de três (sobretudo dois) jogadores seria uma opção justa para esta posição. Comecemos, por isso, pelos outros: Marc Cucurella deu sequência ao seu excelente Euro 2024 e foi sempre osso duro de roer e um indiscutível no esquema de Maresca. Lewis Hall (acreditamos que 25/ 26 será a sua explosão) provavelmente estaria aqui se não se tivesse lesionado, mas sai beneficiado Rayan Aït-Nouri, o DE com mais qualidade técnica no campeonato que, após somar 4 golos e 7 assistências, estará bem encaminhado para reforçar o Manchester City.
    Por falar em Man City, Josko Gvardiol foi certamente o melhor jogador da equipa nesta bizarra edição. O croata apontou 5 golos (foi o defesa mais goleador, juntamente com Milenkovic e Cucurella), terminou como central, posição em que se deve fixar em 25/ 26 ao lado de Rúben Dias, mas o facto de ter sido o melhor jogador do City não faz com que tenha sido superior aos nossos dois laterais esquerdos favoritos deste ano em Inglaterra.
    Milos Kerkez, outrora alvo do Benfica, deixou-nos cansados só de o ver a correr. Um dínamo constante, o húngaro foi jogo após jogo um dos jogadores mais importantes na sempre enérgica, descomplexada e destemida identidade dos cherries. Faz todo o sentido que o Liverpool o veja como o sucessor de Robertson. Mas quando pomos tudo na balança, é Antonee Robinson que merece este reconhecimento: o norte-americano de 27 anos está no pico das suas faculdades, foi sempre uma parede até para craques como Salah e Mbeumo, completou 10 assistências e juntou a tudo isso uma regularidade superlativa em estatísticas defensivas como duelos ganhos ou interceções. Num Verão de novas aventuras para Kerkez e Aït-Nouri, será que também o jogador de Marco Silva vai fazer as malas?


Médio Defensivo: Ninguém mudou tanto. Quando Arne Slot chegou ao Liverpool, ficou claro que seria comedido na abordagem ao mercado, preferindo valorizar quem já estava em Anfield. Foi público, porém, que Zubimendi foi alvo para a posição de médio mais recuado dos reds, mas o médio da Real Sociedad deu nega aos ingleses. Sem reforços, Slot olhou para Ryan Gravenberch e fez do promissor box-to-box um "seis" do melhor que o futebol europeu viu este ano. O que impressionou mais na metamorfose do nosso Most Improved Player do ano foi a forma quase instantânea com que Gravenberch assimilou os bons vícios fundamentais para operar naquela posição, ao mais alto nível e numa liga com um ritmo tão próprio como a Premier League - o pescoço sempre ativo a "mapear" as redondezas e aquele jogo de anca a iludir a fuga de um lado para escapar pelo outro, ao receber de costas, parecem agora ter nascido com o 38.
    A acompanhar Gravenberch, um autêntico luxo. Moisés Caicedo foi o melhor jogador do Chelsea, Youri Tielemans tornou-se ainda mais completo, Elliot Anderson mostrou no Forest que tem qualidade para representar qualquer clube em Inglaterra, e Sandro Tonali mudou completamente a época do Newcastle, a partir do momento em que assumiu ele uma função mais de retaguarda, por troca posicional com Bruno Guimarães.


Médio Centro: Alexis Mac Allister foi muito provavelmente o jogador mais underrated nesta edição. Num Liverpool que teve em Salah e Van Dijk os seus porta-estandartes, assistiu-se no meio-campo de Slot ao rebranding de Gravenberch, brilhando o campeão inglês sempre que Szoboszlai apareceu em grande. Apesar de tudo isso, foi Mac Allister quem fez a bola feliz mais tempo, adaptando o ritmo de muitos jogos ao que era favorável aos seus colegas. Um craque silencioso, sobre o qual tínhamos que fazer algum barulho.
    Como dissemos, Dominik Szoboszlai foi sempre destaque nas melhores exibições coletivas do Liverpool este ano (por exemplo, os dois jogos com o Tottenham e a vitória sem espinhas em casa do City), Morgan Gibbs-White manteve a sua média de contribuições para golo mas fê-lo a contribuir para objetivos muito mais ambiciosos e com outra pressão, Declan Rice cresceu com a época, embora o seu pico tenha ocorrido na Liga dos Campeões, e Bruno Guimarães continuou a dar passos largos para ser uma Lenda contemporânea do Newcastle.


Médio Ofensivo: Entre criativos, Justin Kluivert disparou para a melhor época da sua carreira. Chegou a ser jogador do mês em Janeiro e marcou não um mas dois hat-tricks, com uns golaços pelo meio. Eberechi Eze esteve à margem do nosso Top 5 de médios ofensivos durante grande parte da temporada, mas a sua reta final tornou impossível não o incluir, fatura paga por outros excelentes candidatos como Iwobi e Damsgaard.
    Depois de ser simultaneamente o Jovem do Ano, o Reforço do Ano e o Most Improved Player do ano passado, Cole Palmer tornou-se o jogador mais complicado de avaliar nesta campanha. O frio tecnicista do Chelsea foi o único jogador da Premier capaz de ficar próximo do rendimento de Salah na primeira volta, mas dos 15 golos e 8 assistências que somou, apenas 3 golos e duas assistências aconteceram na segunda metade da prova.
    Morgan Rogers disse presente em todos os jogos grandes, afirmando-se como o mais entusiasmante jogador da Premier a progredir em arrancadas, num misto de força e drible, mas a nossa escolha acabou por ser Bruno Fernandes, um craque desacompanhado, um maestro com a lição bem estudada mas rodeado de colegas sem instrumentos.
    É certo que o brilhantismo do português não contribuiu para nada (os red devils ficaram num humilhante 15º lugar) mas BF criou mais oportunidades de golo do que Salah e Palmer e "sofreu" com o facto do seu QI futebolístico lhe permitir cumprir mais do que apenas a sua função na ideia de Ruben Amorim, oscilando por isso entre as duas posições atrás do avançado e um papel como médio centro, que acreditamos que será onde vai jogar mais vezes em 25/ 26.


Extremo Direito: O Deus egípcio. Impedido de competir pela Bola de Ouro devido à sua eliminação precoce na Liga dos Campeões (oitavos-de-final, diante de um PSG que viria a conquistar o troféu), Mohamed Salah realizou uma época, analisando apenas o rendimento interno e excluindo as competições europeias, superior a qualquer outro jogador no futebol europeu. O 11 do Liverpool, que renovou entretanto contrato até 2027, somou recordes e distinções, manteve o nível altíssimo (29 golos e 18 assistências), fez semanalmente feliz quem o escolheu como capitão no Fantasy e, basicamente, teve uma daquelas épocas realmente especiais, num patamar digno de Henry (02/03) e Suárez (13/14).
    Também à direita, o barbudo Bryan Mbeumo, amigo inseparável de Wissa, atingiu a sempre respeitável marca de 20 golos quando nunca antes tinha chegado sequer aos 30. E por isso mesmo como verão abaixo figura no nosso 11 otimizado, sacrificando aquele que seria em teoria o extremo esquerdo titular. Bukayo Saka foi um dos mais iluminados jogadores desta edição até se lesionar, Jacob Murphy teve numa só época a produção que tivera no total das suas 3 épocas anteriores, e Jarrod Bowen foi o farol recorrente no desinspirado e desconectado ataque do West Ham.


Extremo Esquerdo: Ruben Amorim recebeu um craque de todo o tamanho. Atleta de feitio ocasionalmente indomável, o brasileiro Matheus Cunha foi sem dúvida um dos jogadores que mais prazer nos deu acompanhar nesta Premier League 2024/ 25. Prejudicado apenas e só pelo seu temperamento (foi suspenso depois de uma altercação com um funcionário do Ipswich, e voltou a descontrolar-se na FA Cup ao "passar-se" com Kerkez), o craque do Wolves, já oficializado como reforço do Manchester United, espalhou técnica, marcou 3 ou 4 dos melhores golos deste ano e deixou clara a sua praia tática, no apoio ao ponta de lança e não como avançado centro.
    Também maioritariamente nas faixas, Luis Díaz e Cody Gakpo foram alternando quem estava em melhor momento de forma, relegando Darwin e Jota para o banco, Anthony Elanga (mais vezes à direita do que à esquerda, nós sabemos) andou em excesso de velocidade e tão cedo não esqueceremos o seu jogão (3 assistências) no 7-0 ao Brighton, e Antoine Semenyo amadureceu, como quase todos os jogadores do Bournemouth de Iraola, conservando-se como seta e ameaça vertical, sempre apontado às balizas adversárias.


Ponta de Lança: Ninguém tem dúvidas que Alexander Isak foi o melhor avançado desta Premier League, e é aos dias de hoje um dos principais rostos do campeonato inglês. O sueco, camisola 14, passou dos 21 golos da época anterior para 23 nesta, ficando sobretudo na memória a sua sequência de 8 jogos consecutivos sempre a marcar.
    Um degrau abaixo de Isak, Chris Wood foi juntamente com Mbeumo e Matheus Cunha um dos overperformers da temporada (20 golos a partir de um xG de 13.66). O neozelandês de 33 anos rendeu como nunca antes tinha sido capaz no primeiro escalão inglês.
    Yoane Wissa (19 golos), em telepatia permanente com Mbeumo, exemplificou como um avançado de 1,76m pode fazer estragos em Inglaterra, Erling Haaland arrancou a todo o gás mas a vida não lhe correu tão bem assim depois de sugerir uma dose de humildade a Arteta, e Liam Delap marcou mais no fraquito Ipswich do que marcara no Championship ao serviço do Hull City. É reforço do Chelsea.
    Mateta e Raúl Jiménez tiveram que ficar de fora. 




    Inglaterra não via uma época individual deste calibre desde que outro jogador do Liverpool, Luis Suárez, semeou o terror em 2013/ 14. Mohamed Salah colocou-se a anos-luz de toda a concorrência, e não deu qualquer hipótese aos rivais. Esta foi a Premier League do egípcio, que banalizou a forma como passámos a ver a presença crónica de 1 golo e 1 assistência sua na ficha de cada jogo. 
    O craque de 32 anos igualou recordes (em Dezembro marcou 7 golos e fez 7 assistências, repetindo as 14 contribuições para golo que Suárez conseguira também num mês de Dezembro; os seus 47 contributos finais chegaram para repetir o que Shearer e Yorke tinham feito, embora num campeonato de 42 jornadas e não de 38) e impôs uma fasquia só sua. Pessoalmente, o que mais nos fascinou foi o altruísmo renovado, com uma visão de jogo ímpar, assistências de trivela e aquele recorde de 20 assistências (Henry e De Bruyne como detentores) tão, tão perto. Se tivesse marcado e assistido mais nas últimas 9 jornadas, em que só marcou 2 golos e fez uma assistência, estaríamos aí sim perante a melhor temporada individual de todos os tempos na Premier League.
    Virgil van Dijk foi um portento de segurança, Alexander Isak apontou 23 golos, e o trio Bryan Mbeumo, Matheus Cunha e Chris Wood rendeu o impensável. Não esquecemos o trabalho minucioso de Mac Allister e Gravenberch, a primeira volta de Cole Palmer, o incansável Caicedo e o sobrecarregado Bruno Fernandes.



    Será regra, desta edição em diante, não repetirmos nestas contas um jogador que já venceu numa edição anterior. Cole Palmer, Erling Haaland, Phil Foden, Trent Alexander-Arnold e Harry Kane foram alguns dos jogadores que elegemos no passado, e esta é a vez de Morgan Rogers.
    Num ano com muita juventude com elevado rendimento - elementos como Elliot Anderson, Carlos Baleba, Myles Lewis-Skelly e os 2 laterais do Newcastle (Tino Livramento e Lewis Hall) também foram equacionados - o driblador do Aston Villa cativou-nos como mais nenhum wonderkid em Inglaterra. Com um gostinho especial por aparecer nos jogos grandes, o craque imprescindível para Unai Emery levantou os adeptos das cadeiras com as suas arrancadas. Uma força da natureza, e um jogador muito invulgar.
    No Bournemouth, esta ficará seguramente como a temporada em que Dean Huijsen se deu a conhecer ao mundo antes de viajar para Madrid, e Milos Kerkez ainda deve estar a correr no Vitality Stadium, a todo o gás para a frente e a todo o gás para trás. Amad Diallo foi a boa notícia da vigência de Ruben Amorim, Murillo mostrou a Ancelotti que tem que contar com ele nos próximos anos na Canarinha, e Liam Delap deixou o seu pai, Rory Delap o homem dos lançamentos laterais, certamente orgulhoso.



Treinador do Ano: Decidir entre Nuno Espírito Santo e Arne Slot não foi fácil. O neerlandês ex-Feyenoord chegou a Inglaterra e, na sua primeira época e sem reforços, conseguiu o que Klopp só conseguira por uma vez em 9 temporadas. Slot teve múltiplos méritos: o impacto instantâneo levou a que nunca fosse lembrada a pesada herança de Klopp, a adaptação de Gravenberch a seis foi uma das melhores "criações" táticas do ano, e foi ele o ponto de partida deste Liverpool menos exposto e menos partido, mas sempre preparado para acelerar em bloco e aproveitar o erro adversário e as transições. Salah teve que defender menos, e foi mais difícil os adversários apanharem Trent em situações de desconforto. 
    Mas ainda assim não há como fugir ao milagre do português NES. O Nottingham Forest superou (e de que maneira!) as expetativas, escapando aos vaticínios de que ficaria perto de descer, acabando num extraordinário 7º com qualificação europeia (Conference League) e "custando" apenas o rendimento na reta final. O Forest esteve durante muito tempo em lugar de Champions, mas o sonho perdeu-se ao obter apenas 1 vitória nos últimos 5 jogos. Pela positiva, a habilidade de NES na abordagem individualizada aos jogos (quase sempre que escolheu uma linha de 5 em vez do habitual quarteto, o jogo mostrou que tinha razão) e o salto de rendimento em praticamente todos os jogadores do plantel.
    Além deste duelo de titãs, num ano horrendo para Guardiola e internamente frustrante para Arteta, há que referir o incrível trabalho de Thomas Frank, o intenso carrossel de bom futebol de Andoni Iraola e mais uma nota positiva para Eddie Howe, com Champions (5º lugar), um troféu (Taça da Liga, pondo fim a 56 anos dos magpies sem nada para colocar no museu) e afinações suas na equipa a alterarem o curso dos acontecimentos. Oliver Glasner, David Moyes, Fabian Hürzeler, Vitor Pereira e Marco Silva também foram ponderados.



Melhor Marcador: 1. Mohamed Salah (Liverpool) - 29
2. Alexander Isak (Chelsea) - 23
3. Erling Haaland (Manchester City) - 22

Melhor Assistente: 1. Mohamed Salah (Liverpool) - 18
2. Jacob Murphy (Newcastle) - 12
3. Anthony Elanga (Nottingham Forest) - 11

Clube-Sensação: Nottingham Forest
Desilusão: Manchester United
Most Improved Player: 1. Ryan Gravenberch, 2. Chris Wood, 3. Bryan Mbeumo
Reforço do Ano: Nikola Milenkovic (Nottingham Forest)
Flop do Ano: Dominic Solanke (Tottenham)
Melhor Golo: Omar Marmoush (Manchester City 3 - 1 Bournemouth) (Link)