19 de julho de 2016

Leicester, Arsenal, Tottenham e Man City 2016/ 17: Investimento, Manutenção e Revolução

Depois de darmos início à nossa viagem a partir de Lisboa, com uma análise detalhada ao futuro do Benfica, viramos as nossas atenções para as 9 equipas mais fortes em Inglaterra, antes de voltarmos a terras lusas para falar sobre Sporting, Porto e Braga.
    Leicester City, Arsenal, Tottenham, Manchester City, Manchester United, Southampton, West Ham, Liverpool e Chelsea. São estas as nove equipas que iremos abordar em dois artigos distintos, começando pelo Top-4 da última época, e seguindo para o restante quinteto (projectar um futuro Top-10 na Barclays Premier League deverá incluir o Everton, e não se pode dizer que iremos reproduzir a tabela da última temporada uma vez que o Stoke terminou acima do Chelsea). Mas interessa-nos olhar para os plantéis mais ricos num campeonato onde os milhões de euros circulam como se tratasse de um universo à parte.
    Como sempre, a projecção destes plantéis visa ser um ponto de equilíbrio entre o que é provável ainda acontecer neste Verão e as contratações que sugeríamos rumo aos objectivos de cada equipa. Todos os plantéis destas rubricas são ficcionais, fruto da nossa imaginação mas construídos com o conhecimento que temos das equipas e tentando ir ao encontro dos perfis de jogadores que cada equipa precisa, respeitando de certo modo a polícia de contratação/ prospecção de cada emblema no processo de tomada de decisão.
    Como irá o campeão (sim, eles foram mesmo campeões) Leicester City apetrechar o seu plantel com Champions League e tendo que colmatar uma ou duas saídas determinantes? Que reforços cirúrgicos atacará o Arsenal de Wenger? Como é que o Tottenham, um projecto a longo-prazo de Mauricio Pochettino, crescerá alicerçado na sua juventude? E, para além de todas estas questões, como será o Manchester City, com novo emblema a marcar um novo ciclo, e um homem (Guardiola) ao leme, que ousa gerar tendências e reinventar o futebol a cada desafio que abraça.
    As respostas, as especulações, estão abaixo.

Leicester City


  • Guarda-Redes: Kasper Schmeichel, Ron-Robert Zieler (Hannover 96), Ben Hamer
  • Defesas: Pavel Kaderabek (Hoffenheim), Danny Simpson; Wes Morgan, Robert Huth, Michael Keane (Burnley), Luis Hernández (Sporting Gijón); Christian Fuchs, Ben Chilwell
  • Médios: Danny Drinkwater, Andy King, Daniel Amartey, Nampalys Mendy (Nice), Birkir Bjarnason (Basel)
  • Extremos: Sofiane Boufal (Lille), Hakim Ziyech (Twente), Jeffrey Schlupp, Marc Albrighton, Robbie Brady (Norwich)
  • Avançados: Jamie Vardy, Ahmed Musa (CSKA), Shinji Okazaki, Leonardo Ulloa
   Depois do verdadeiro milagre de 2015/ 16, que ficará para sempre na memória dos adeptos do clube e dos adeptos de futebol espalhados por todo o mundo, o Leicester deve encarar a nova temporada como um momento importante da sua História - com os reforços certos, que o clube consegue atrair pela presença na Champions e pelo maior orçamento que tem, os foxes podem instalar-se entre as melhores equipas de Inglaterra de uma forma regular, dizendo adeus ao passado. Para 2016/ 17 há algo muito importante: esta equipa precisa de ter maior profundidade, um banco com soluções que acrescentem qualidade, para que o clube possa ser sinónimo de competitividade tanto em Inglaterra como nas competições europeias.
    Para a baliza, se o dinamarquês Kasper Schmeichel não sair, prevê-se uma luta muito interessante pela titularidade entre ele e o alemão Zieler, contratado ao Hannover 96. O barbudo Ben Hamer fecha as contas. A defesa, aparentemente frágil em termos de nomes e estatuto, foi um dos destaques na 2.ª metade da época passada e, como tal, parece-nos que 3 dos titulares (a dupla Morgan-Huth e o lateral Fuchs) devem manter essa condição. No entanto, é preciso fazer um upgrade do lado direito, tornando Danny Simpson o suplente da nossa sugestão, o checo Pavel Kaderabek. Do lado esquerdo, o miúdo Ben Chilwell poderá começar a dar os primeiros passos no futebol profissional, e no coração da defesa, para além do já anunciado Luis Hernández, é importante o Leicester começar a preparar o seu futuro - Michael Keane, central do Burnley, é inglês e jovem. Merece ser aposta.
    A sala das máquinas do Leicester, aquela genial dinâmica entre Drinkwater e N'Golo Kanté não poderá ser reproduzida uma vez que o francês rumou ao Chelsea, acreditando no projecto de Conte. Felizmente para o clube, Ranieri já tinha trabalhado com "outro" Makelele no passado, nos seus tempos do Mónaco - Nampalys Mendy (vindo do Nice) é o substituto ideal para Kanté, com maior qualidade de passe e meia distância, faltando verificar se lhe corre bem a adaptação ao ritmo do futebol inglês. Não é um jogador tão incisivo no desarme, mas é incrivelmente combativo, lê bem o jogo e julgamos que estará à altura do pulmão inesgotável de Kanté. De resto, Drinkwater (titular indiscutível), o mítico Andy King e Amartey continuam no clube e sugerimos a contratação do islandês Birkir Bjarnason - o jogador do Basel, mais habituado a jogar no flanco, tem o ADN certo para entrar no espírito desta equipa, e conjuga o seu carácter lutador com grande versatilidade táctica.
    Desconfiando nós que Mahrez se poderá juntar a Kanté nas saídas, e partindo desse pressuposto, só há uma maneira de colmatar a saída do craque argelino, Jogador do Ano em 15/ 16: contratar 2 jogadores que, juntos, fazem 1 Mahrez. Falamos de dois talentos marroquinos - Sofiane Boufal, extremo-esquerdo do Lille, diabólico no 1 para 1 e com aquela técnica de cabine telefónica, e Hakim Ziyech (o virtuoso jogador do Twente não tem a explosividade de Mahrez mas, jogando na direita ou no centro, coloca a bola onde quer e remata bem, marcando bem bolas paradas). Schlupp (discutível a sua permanência) e Albrighton deverão continuar, e acrescentaríamos ainda um dos destaques da Irlanda no Euro, Robbie Brady (joga a extremo e lateral, e o seu Norwich desceu ao Championship).
    No ataque, ninguém tira o electrizante Jamie Vardy de Leicester, mas imaginem o que será o avançado inglês com Ahmed Musa ao seu lado. O nigeriano, transferência-recorde vindo do CSKA, pode muito bem actuar no flanco, mas quanto a nós seria o parceiro ideal para, com Vardy, aterrorizar qualquer defesa com as suas movimentações. Okazaki está de pedra e cal no plantel, funcionando por vezes de forma "invisível" e Ulloa oferece características que mais nenhum avançado tem.


Arsenal


  • Guarda-Redes: Petr Cech, Wojciech Szczesny, Emiliano Martínez
  • Defesas: Héctor Bellerín, Calum Chambers; Gabriel Paulista, Laurent Koscielny, Ezequiel Garay (Zenit), Per Mertesacker; Nacho Monreal, Kieran Gibbs
  • Médios: Francis Coquelin, Mohamed Elneny, Jack Wilshere, Granit Xhaka (Gladbach), Aaron Ramsey, Santi Cazorla, Mesut Özil
  • Extremos: Alexis Sánchez, Theo Walcott, Alex Iwobi, Takuma Asano (Sanfrecce Hiroshima), Alex Oxlade-Chamberlain
  • Avançados: Alexandre Lacazette (Lyon), Olivier Giroud, Danny Welbeck
    Imaginamos que o defeso do Arsenal seja o habitual. Com um plantel rico, habitualmente assombrado por lesões, interessa a Wenger identificar 2/ 3 posições para serem reforçadas com craques. No entanto, muitos dos grandes jogadores olham para o Arsenal com desconfiança e acabam noutras paragens, faltando também aos gunners subir a parada na hora de investir (fica a ideia que o Arsenal está a guardar-se há anos para atacar de repente em força).
    A baliza é de Cech, Emiliano Martínez pode ser o 3.º guarda-redes, sendo que entre Ospina e Szczesny, faz-nos mais sentido o colombiano ser vendido para ser titular algures, ficando o polaco como suplente. Bellerín é um dos laterais-direitos que promete marcar a próxima década, Chambers solução na direita e ao centro, e do lado esquerdo - embora achemos que o clube devia procurar um reforço - suspeitamos que continuarão Monreal e Gibbs. No centro, Koscielny tem o nível pretendido, mas o mesmo não se pode dizer de Gabriel e Mertesacker. Assim, Ezequiel Garay poderia ser um enorme reforço. O Arsenal precisa de um central assim, e Garay merece os palcos da Premier League, estando desperdiçado na Rússia.
    O suiço Granit Xhaka, já oficializado, foi um brilhante reforço, juntando-se às muitas e boas soluções: Coquelin, Elneny, Wilshere e ainda Ramsey e Cazorla (parecerá quase um reforço, depois de ter falhado grande parte de 15/ 16), elementos que podem também actuar num corredor, e o mago Özil.
    A flanquear, posição que se víssemos no Arsenal uma equipa mais "louca" na hora de gastar também recomendaríamos a chegada de um craque, há Alexis Sánchez, Walcott, Iwobi, Oxlade-Chamberlain e o reforço nipónico Asano. Por fim, a posição de ponta de lança exige, algo que já é crónico, uma novidade que entusiasme os adeptos e corresponda às exigências e ao nível do restante ataque. Giroud e Welbeck são as opções que Wenger já tem, mas falta alguém superior - elementos como Higuaín, Morata ou o perdido Jackson Martínez podiam ser alvos interessantes, mas apostamos mais facilmente num nome como Lacazette para ser a escolha final.


Tottenham


  • Guarda-Redes: Hugo Lloris, Michel Vorm, Luke McGee
  • Defesas: Kyle Walker, Kieran Trippier; Toby Alderweireld, Kevin Wimmer, Jan Vertonghen, Ragnar Sigurdsson (Krasnodar); Ben Davies, Danny Rose
  • Médios: Eric Dier, Victor Wanyama (Southampton), Nabil Bentaleb, Moussa Dembélé, Tom Carroll, Harry Winks, Dele Alli
  • Extremos: Érik Lamela, Christian Eriksen, Son Heung-Min, Moussa Sissoko (Newcastle), Georges-Kévin N'Koudou (Marselha), Nacer Chadli
  • Avançados: Harry Kane, Vincent Janssen (AZ)
    Talvez ainda menos do que o Arsenal, quando olhamos para este Tottenham vemos uma equipa que quase só precisa de crescer. Pochettino está a iniciar uma dinastia, com muita juventude a evoluir de ano para ano, e depois daquela recta final desoladora em 15/ 16, os spurs (uma das equipas mais entusiasmantes e com futebol de "equipa grande" em Inglaterra) prometem voltar em grande.
    O vice-campeão europeu Lloris, Vorm e McGee continuam de luvas calçadas em Londres, e na defesa não há que mexer nos laterais - Walker e Trippier na direita, Davies e Rose na esquerda. Em condições normais não recomendaríamos o reforço da zona central, porque Dier pode fazer esse lugar, sobretudo agora que há Wanyama, mas a lesão prolongada de Vertonghen obriga a atacar o mercado - e o islandês Ragnar Sigurdsson parece-nos um alvo realista e adequado.
    No meio-campo, quase tudo igual. Eric Dier tem agora a concorrência do já mencionado Victor Wanyama, por nós Bentaleb continuaria no plantel mas Ryan Mason não, e Moussa Dembélé deve continuar a carregar e levar a equipa para a frente. Tom Carroll e o ainda mais jovem mas bem cotado em Londres, Harry Winks, poderão ter alguns minutos, menos certamente do que Dele Alli, que continuará a afirmar-se como uma das figuras do Tottenham e do futebol britânico.
    Daí para a frente, Lamela, Eriksen, Son e Chadli devem permanecer todos no clube, e N'Koudou, fortemente associado ao clube, pode viajar de Marselha para White Hart Lane, fazendo N'Jie a viagem inversa. Entendemos que falta ainda assim um jogador para o corredor direito e vimos no relegado Moussa Sissoko o alvo perfeito - o francês é fortíssimo fisicamente, entrava de caras como solução para a direita e para o centro do terreno, encaixando que nem uma luva nas ideias da equipa e na sua dinâmica.
    O 4-2-3-1 deve manter-se intocável, mas o Tottenham já fez o que tinha que ser feito: os spurs garantiram um avançado para competir com o melhor marcador de 2015/ 16, Harry Kane, e o holandês Vincent Janssen é tudo o que os adeptos do clube podiam desejar. Tem imenso potencial para crescer, pode funcionar bem em parelha com Kane mas também sozinho, deixando a figura do clube descansar (a equipa está na Champions, e por isso não poderá gerir como fizeram na Liga Europa na época passada).


Manchester City


  • Guarda-Redes: Marc-André Ter Stegen (Barcelona), Joe Hart, Willy Caballero
  • Defesas: Bruno Peres (Torino), Bacary Sagna; Vincent Kompany, Leonardo Bonucci (Juventus), John Stones (Everton), Nicolás Otamendi; Ricardo Rodríguez (Wolfsburgo), Gaël Clichy
  • Médios: Fernandinho, Yaya Touré, David Silva, Ilkay Gündogan (Borussia Dortmund), Fabian Delph
  • Extremos: Kevin De Bruyne, Raheem Sterling, Samir Nasri, Jesús Navas, Nolito (Celta Vigo), Leroy Sané (Schalke 04)
  • Avançados: Kun Agüero, Pierre-Emerick Aubameyang (Borussia Dortmund), Kelechi Iheanacho
    Ora bem, se Guardiola abraçou o desafio Manchester City, tornando-se este o seu 3.º clube depois de Barcelona e Bayern, é sinal que a Direcção terá dado claras garantias que o espanhol teria reforços de peso. Tendo a vantagem, algo que o atraiu certamente, de trabalhar com o trio Agüero, Silva e De Bruyne, os citizens já contrataram Nolito e Gündogan, bem como os jovens Zinchenko e Marlos Moreno (o segundo não é ainda oficial, mas tanto um como outro devem ser emprestados, representando apenas o futuro do clube).
    Com duas contratações asseguradas, prevemos que o City possa chegar a um número total de 8 ou 9 reforços para o plantel actual.
    Na baliza, há Joe Hart e Caballero mas parece-nos que Guardiola quererá um novo guardião: Marc-André Ter Stegen pode ser esse jogador, ele que vive na sombra de Claudio Bravo em Barcelona. Não afastamos a hipótese do Barcelona escolher promover Ter Stegen a titular, e libertar o veterano Bravo para terras de Guardiola; nem tão pouco de um negócio a envolver Rulli, guardião promissor da Real Sociedad.
    A defesa é, para nós, o sector onde Guardiola mexerá mais. E faz sentido, se olharmos para as performances recentes - pouca segurança e jogadores "macios". Pep surpreende muitas vezes nos jogadores em que acredita/ pretere, e apostamos que Zabaleta e Kolarov poderão ter a vida mais complicada do que Sagna e Clichy. No entanto, um jogador como Bruno Peres (ou Fabinho) pode chegar para a direita, e na esquerda apostaríamos em Ricardo Rodríguez. Com o brasileiro e o suiço, o City ganharia outra rotação e intensidade, e maior dinâmica no apoio ao ataque. No centro da defesa, o capitão Kompany é uma dúvida constante, e entre Otamendi, Mangala e Denayer, talvez só o argentino tenha o nível que Guardiola pretende. Só que a adaptação para a filosofia de Guardiola deve obrigar a algumas alterações no tipo de centrais, com maior qualidade na saída de bola, e por isso mesmo Leonardo Bonucci (difícil, mas seria um super reforço) e John Stones podem ser os escolhidos. Com Guardiola tudo pode acontecer, e se a defesa não mudar tanto como prevemos, Yaya ou até Fernandinho poderão surgir ocasionalmente nesse sector.
    No meio-campo, coração de qualquer equipa e particularmente das equipas de Guardiola, só Gündogan foi anunciado. Face às necessidades da equipa noutras posições, não nos parece que chegue mais ninguém (opção de sonho? Verratti), com Pep porventura a riscar Fernando, mas a confiar em Fernandinho e Delph. Ao contrário do que achávamos há uns meses, Yaya Touré deve continuar na equipa, enquanto que a obsessão de Guardiola com a posse poderá transformar David Silva num médio centro que pegue no jogo mais atrás.
    Para extremos/ médios ofensivos a qualidade e quantidade chega a soar a injusto: Kevin De Bruyne é o craque-mor numa constelação formada por Sterling, Nasri, Navas e Nolito. Mesmo assim, acreditamos que chegue ainda Leroy Sané, uma contratação que subscrevemos e que acrescentará muito.
    Na frente, há Agüero e Iheanacho (jogador que pode crescer muito com o novo treinador), mas Bony não nos parece um jogador do agrado de Guardiola. Visto que Agüero passa algum tempo lesionado, é possível que o City ataque ainda um novo alvo capaz de jogar ao lado de Agüero ou sozinho - Aubameyang perfila-se como a opção número 1, tornando este plantel o mais forte da Premier League e subindo alguns degraus no ranking de principais favoritos na Champions.

0 comentários:

Enviar um comentário