Balanço Final - Liga NOS 18/ 19

A análise detalhada ao campeonato em que houve um antes e um depois de Bruno Lage. Em 2018/ 2019 houve Reconquista.

Prémios BPF Liga NOS 2018/ 19

Portugal viu um médio carregar sozinho o Sporting, assistiu ao nascer de um prodígio, ao renascer de um suiço, sagrando-se campeão quem teve um maestro e um velocista.

Balanço Final - Premier League 18/ 19

Na melhor Liga do mundo, foram 98 contra 97 pontos. Entre citizens e reds, entre Bernardo Silva e van Dijk, ninguém merecia perder.

Os Filmes mais Aguardados de 2019

Em 2019, Scorsese reúne a velha guarda toda, Brad Pitt será duplo de Leonardo DiCaprio, Greta Gerwig comanda um elenco feminino de luxo, Waititi será Hitler, e Joaquin Phoenix enlouquecerá debaixo da maquilhagem já usada por Nicholson ou Ledger.

21 Novas Séries a Não Perder em 2019

Renasce The Twilight Zone, Ryan Murphy muda-se para a Netflix, o Disney+ arranca com uma série Star Wars e há ainda projectos de topo na HBO e no FX.

2 de março de 2019

21 Novas Séries a Não Perder em 2019

No arranque deste ano publicámos os nossos destaques televisivos de 2018 (elegemos as melhores séries, novas séries, melhores episódios e novas personagens), fazendo agora sentido, sem esquecer o passado, olhar para o futuro: 2019.
    Ao falar sobre séries em 2019 é inevitável a conversa ir parar a Game of Thrones. Afinal, a série mais popular da actualidade conhecerá a partir de Abril o seu destino final. Mas não só de GoT se faz este ano; são aliás muitas - especialmente em comparação com 2018 - as séries que terão a sua última temporada este ano. À série da HBO juntam-se Mr. RobotVeepHomelandOrange is the New BlackThe Big Bang TheoryBroad CityCrazy Ex-GirlfriendThe DeuceJane the VirginTransparentThe Affair e You're the Worst. Alguns pesos pesados.
    Mas nem tudo são notícias tristes ou melancólicas. Depois de um ano em modo pausa, tal como para Game of Thrones, 2019 assinala o regresso de Stranger ThingsMindhunterThe CrownBig Little LiesDarkFleabag e, quem sabe, também Black MirrorFargo The End of the F***ing World.

    Há sensivelmente um ano atrás apresentámos as nossas apostas em relação àquelas que nos pareciam ser as novidades mais promissoras do pequeno ecrã. À data, não nos escaparam projectos como ManiacHomecoming ou Sharp Objects, mas assim como destacámos o potencial de The Ballad of Buster Scruggs (que entretanto virou filme), também relegámos Barry apenas para nota de rodapé, perfeitamente cegos perante várias séries que vieram a constar das nossas 15 novidades do ano (My Brilliant FriendKilling EveCobra Kai ou The Haunting of Hill House, por exemplo).
    Desta vez, embora apreciemos ser surpreendidos, acreditamos que os tiros serão mais certeiros. Por esta altura, 2019 já nos deu Sex EducationRussian DollThe Umbrella Academy ou Doom Patrol, mas haverá mais... Abaixo apresentamos 20 novas séries que, por diferentes motivos, nos parecem reunir os ingredientes para marcar o ano. Como sempre, muitos serão os fenómenos repentinos (essencialmente por "culpa" da Netflix) que irão surgir sem grande aviso prévio, passando ao lado deste tipo de análises a vários meses de distância, e há ainda alguns projectos (alguns deles referidos no parágrafo final) que, dependendo da produção, podem transitar para 2020. Entre as nossas vinte escolhas, aos clientes habituais Netflix, HBO e FX junta-se cada vez mais a Amazon como um player forte, marcando 2019 a entrada do Disney+ e da Apple nesta conversa.
    Sem vos tomar mais tempo, cá estão 20 novas séries a não perder em 2019:


1. Watchmen (HBO)
Criado por: Damon Lindelof
Elenco: Regina King, Tim Blake Nelson, Jeremy Irons, Don Johnson, Andrew Howard, Adelaide Clemens
10 Episódios

    Aquela que é para muitos a banda desenhada mais aclamada de todos os tempos vai originar a série que aguardamos com maior expectativa em 2019. A última vez que Damon Lindelof foi autor de uma série HBO - The Leftovers - o resultado foi uma obra-prima, surgindo o oscilante registo do criador de Lost como um razoável ponto de interrogação perante o delicado material - a obra de Alan Moore tem fãs muito exigentes e muita gente entende tratar-se de um livro impossível de adaptar ao ecrã.
    Certo é que Damon Lindelof já mostrou, numa carta aberta aos fãs, a audácia, o respeito e o conhecimento que o tom de Watchmen impõe. A série não pretenderá replicar os acontecimentos da BD apostando sim numa narrativa inspirada e com referências ao conteúdo original (um pouco à semelhança do que Noah Hawley fez em Fargo), colocando Regina King (quando foi anunciado o seu casting ainda não tinha um óscar de melhor actriz secundária), Tim Blake Nelson, Jeremy Irons ou Don Johnson como membros do elenco.

2. Devs (FX)
Criado por: Alex Garland
Elenco: Sonoya Mizuno, Nick Offerman, Karl Glusman, Stephen McKinley Henderson, Alison Pill
8 Episódios

   Ex Machina e Annihilation fazem de Alex Garland uma espécie de semi-Deus da ficção científica na actualidade (inevitável considerar Denis Villeneuve a referência máxima depois de Arrival e Blade Runner 2049, estando a trabalhar em Dune).
    Embora haja mais informação ou mesmo trailers de outras séries, o FX parece-nos o ecossistema perfeito para a criatividade de Garland. Curiosa a escolha de Sonoya Mizuno (Maniac) para rosto do projecto, uma engenheira que investigará uma empresa tecnológica que ela julga responsável pelo desaparecimento do seu namorado.

3. What We Do in the Shadows (FX)
Criado por: Taika Waititi, Jemaine Clement
Elenco: Kayvan Novak, Matt Berry, Harvey Guillen, Natasia Demetriou, Mark Proksch
10 Episódios

    What We Do in the Shadows, a comédia neo-zelandesa de Taika Waititi e Jemaine Clement de 2014, é um dos melhores filmes do género deste século.
    Depois de gerar o spin-off pouco falado Wellington Paranormal, estando ainda em vias de acontecer We're Wolves, o filme dá agora origem a uma série homónima. É muito provável que esteja aqui a melhor comédia de 2019, com Kayvan Novak, Matt Berry, Harvey Guillen, Natasia Demetriou e Mark Proksch preparados para nos desmanchar naquele estilo mockumentary.

4. Too Old to Die Young (Amazon)
Criado por: Nicolas Winding Refn, Ed Brubaker
Elenco: Miles Teller, William Baldwin, John Hawkes, Jena Malone
10 Episódios

    A Amazon está prestes a explodir, com séries como The Lord of the Rings e Utopia em desenvolvimento, sem esquecer The Boys (que também podia figurar nesta lista).
    No entanto, nenhum projecto da Amazon previsto para 2019 nos entusiasma tanto como Too Old to Die Young. Com o dinamarquês Nicolas Winding Refn (DriveBronsonThe Neon Demon) não costuma haver meias medidas, e Miles Teller tem aqui uma hipótese de reactivar a chama da sua carreira depois de um par de anos mornos.

5. The Twilight Zone (CBS)
Criado por: Jordan Peele
Elenco: Steven Yeun, John Cho, Allison Tolman, Kumail Nanjiani, Greg Kinnear, Jacob Tremblay
10 Episódios

    Entre 1959 e 1964, The Twilight Zone revolucionou o storytelling televisivo. Entretanto, o formato foi ressuscitado em 1985 e 2002, mas é agora em 2017, com Jordan Peele a substituir o lendário Rod Sterling como narrador.
    Oportunidade de ouro para o CBS ombrear com os gigantes da actualidade, esperando-se uma antologia capaz de competir com Black Mirror. O elenco dá garantias.

6. When They See Us (Netflix)
Criado por: Ava DuVernay
Elenco: Jovan Adepo, Jharrel Jerome, Chris Chalk, Freddy Miyares, Justin Cunningham, Michael K. Williams, Vera Farmiga, John Leguizamo, Felicity Huffman

    Entre 1989 e 2014, Ava DuVernay contará na Netflix a história dos Central Park Five. É impossível este não virar um dos fenómenos do ano: DuVernay a realizar, um elenco com Adepo, K. Williams ou Farmiga, Bradford Young (Arrival) na direcção de fotografia e Oprah Winfrey como produtora.

7. Undone (Amazon)
Criado por: Raphael Bob-Waksberg, Kate Purdy
Elenco: Rosa Salazar

    Depois de dar à Netflix aquela que eventualmente poderá ser a sua série mais consistente até à data, BoJack Horseman, Raphael Bob-Waksberg aventura-se em 2019 na Amazon com Undone. Esta fantasia de animação, com Rosa Salazar a dar voz à personagem principal, dota Alma (Salazar) da capacidade de navegar no tempo depois de um acidente quase fatal.

    Em co-autoria com Bob-Waksberg está Kate Purdy, a argumentista de "Time's Arrow", um dos episódios mais fortes de BoJack.

8. Catch 22 (Hulu)
Criado por: David Michôd, Luke Davies, George Clooney
Elenco: Christopher Abbott, George Clooney, Kyle Chandler, Hugh Laurie
6 Episódios

   Mini-série de humor negro, certamente carregada de intensidade e distribuída pelo Hulu e pela Sky, reuniu George Clooney (também entra e realiza), David Michôd, Grant Heslov e Steve Golin com a sua Anonymous Content em termos de produção, o que nos faz confiar no que está para vir.
    O elenco desta sátira política inclui não só Clooney mas também Hugh Laurie e Kyle Chandler, entusiasmando-nos mais do que qualquer coisa Christopher Abbott ter sido escolhido como protagonista.

9. The Eddy (Netflix)
Criado por: Damien Chazelle
8 Episódios

    São poucas as informações sobre The Eddy, a série de Damien Chazelle (WhiplashLa La Land) para a Netflix. Ainda em fase de pré-produção, o que pode significar que apenas estreará em 2020, o regresso de Chazelle à esfera musical depois de ir à Lua com First Man coloca no centro da acção um clube de jazz em Paris, acompanhando as histórias dos colaboradores do espaço e clientes.

    Mesmo sem garantias de nada, assinamos em branco o patrocínio a qualquer projecto do realizador mais jovem de sempre a ganhar um óscar.

10. The Politician (Netflix)
Criado por: Ryan Murphy
Elenco: Ben Platt, Gwyneth Paltrow, Lucy Boynton, January Jones e Dylan McDermott
10 Episódios

    Depois de muitos anos numa nutritiva colaboração com o FX, Murphy pegou nas malas e assinou pela concorrência (Netflix). O novo casamento já tem 3 projectos a caminho: além de The Politician, Murphy produzirá Ratched (Sarah Paulson será Mildred Ratched, a enfermeira interpretada por Louise Fletcher em One Flew Over the Cuckoo's Nest, num elenco que terá ainda Vincent D'Onofrio, Don Cheadle, Sharon Stone ou Cynthia Nixon) e Hollywood.
    Para 2019 está apenas prevista a estreia desta comédia que acompanhará a ascensão política de Payton (Ben Platt). Jessica Lange, Gwyneth Paltrow, Lucy Boynton, January Jones e Dylan McDermott também marcam presença.


11. Fosse/ Verdon (FX)
Criado por: Steven Levenson
Elenco: Sam Rockwell, Michelle Williams, Margaret Qualley, Norbert Leo Butz, Aya Cash
8 Episódios

    Teoricamente destinada a ser uma das mini-séries do ano, Fosse/Verdon entrega dois papéis deliciosos a Sam Rockwell e Michelle Williams. Ela como Gwen Verdon, uma inolvidável dançarina da Broadway, e ele Bob Fosse, coreógrafo de excelência.

    Já todos fomos testemunhas, em algum momento, do talento natural de Rockwell a dançar, e a sua energia entusiasma-nos perante a possibilidade de "acordar" Michelle Williams, há alguns anos com o seu talento algo adormecido. As produções do FX raramente correm mal.

12. The Morning Show (Apple)
Criado por: Jay Carson
Elenco: Reese Whiterspoon, Jennifer Aniston, Steve Carell, Gugu Mbatha-Raw, Bel Powley, Billy Crudup, Mark Duplass
10 Episódios

    A divisão de programação televisiva da Apple lança-se em força com um olhar sobre os bastidores de um programa da manhã nos EUA. Imaginem um Making Of de "O Programa da Cristina" mas com Reese Whiterspoon, Jennifer Aniston e Steve Carell. A conjugação criativa de Jay Carson e Mimi Leder pode resultar em algo especial.

13. Modern Love (Amazon)
Criado por: John Carney
Elenco: Anne Hathaway, Tina Fey, Catherine Keener, Dev Patel, Julia Garner, Shea Whigham, Andrew Scott, Andy García, Olivia Cooke, John Slattery, John Gallagher Jr., Sofia Boutella, Cristin Milioti
8 Episódios

    Um conjunto de artigos do The New York Times inspira uma das novas séries da Amazon. Neste caso, a antologia de John Carney (OnceBegin AgainSing Street) promete fazer rir e fazer derreter muita gente. O elenco é... qualquer coisa. Venham de lá essas espécies de curtas-metragens de Carney!

14. The Mandalorian (Disney +)
Criado por: Jon Favreau
Elenco: Pedro Pascal, Gina Carano, Nick Nolte, Giancarlo Esposito, Carl Weathers
10 Episódios

    Num início de uma nova Era, com a Disney a produzir na sua plataforma os seus próprios conteúdos (assim se explica o fim das séries Marvel-Netflix), The Mandalorian surge como a primeira experiência e o primeiro filho da nova plataforma de streaming.

    A alargar o universo Star Wars, e com Jon Favreau (raramente falha) como criador, The Mandalorian acontecerá depois da queda do Império e antes do emergir da Primeira Ordem. Além do forte elenco liderado por Pedro Pascal, há a destacar a banda sonora de Ludwig Göransson (acabou de ganhar um óscar com Black Panther), e o envolvimento de nomes como Taika Waititi na realização.

15. Lovecraft Country (HBO)
Criado por: Misha Green, Jordan Peele
Elenco: Jonathan Majors, Jurnee Smolett-Bell, Courtney B. Vance, Wunmi Mosaku, Michael K. Williams, Elizabeth Debicki

    Depois de Get Out, e com Us a estrear em breve, Jordan Peele promete tornar-se um dos patronos da televisão norte-americana. Além do já referido regresso de The Twilight Zone, Peele está ligado a Lovecraft Country e The Hunt.
    Yann Demange ('71) realiza o episódio-piloto desta série de terror que promete uma road-trip pelos EUA. Momento para Jonathan Majors, o protagonista, agarrar a oportunidade.

16. Years and Years (HBO. BBC One)
Criado por: Russell T Davies
Elenco: Emma Thompson, Rory Kinnear, T'Nia Miller, Russell Tovey
6 Episódios

     Então e se Emma Thompson interpretasse uma personagem com traços de Donald Trump? Pois é, vai acontecer. A série com nome da banda londrina de Olly Alexander, é uma co-produção HBO/ BBC One que acompanhará uma família ao longo de 15 anos, sem ignorar o contexto de instabilidade política, económica e os avanços tecnológicos nesse período. Além de Emma Thompson, há Rory Kinnear, um actor que merece a atenção de todos nós depois de Penny Dreadful.

17. The Loudest Voice (Showtime)
Criado por: Tom McCarthy, Jennifer Stahl, Gabriel Sherman
Elenco: Russell Crowe, Naomi Watts, Seth MacFarlane, Sienna Miller, Annabelle Wallis

   A única série do Showtime presente entre estas 20 coloca Russell Crowe num papel vilanesco. The Loudest Voice (não estamos certos se o nome da série ficará somente assim ou se repete na íntegra a biografia em que se baseia, The Loudest Voice in the Room) contará a ascensão e queda do antigo CEO da Fox News, Roger Ailes.
    Além de um elenco que dispensa apresentações, deixa-nos particularmente confiantes a presença como produtores de Tom McCarthy (Spotlight) e Jason Blum (WhiplashGet OutSharp Objects).

18. The Witcher (Netflix)
Criado por: Lauren Schmidt Hissrich
Elenco: Henry Cavill, Freya Allan, Anya Chalotra, Jodhi May
8 Episódios

   Depois de dar origem a um popular jogo, a obra do polaco Andrzej Sapkowski virará série. Uma das apostas fortes da Netflix para este ano, The Witcher  reúne um elenco na maioria composto por desconhecidos, entregando no entanto o papel principal a Henry Cavill como Geralt de Rivia. As nossas expectativas não são as maiores, mas temos alguma curiosidade.

19. The Virtues (Channel 4)
Criado por: Shane Meadows
Elenco: Stephen Graham
6 Episódios 

    Dono do seu 1,68m mas de um talento gigante, Stephen Graham arranja sempre maneira de se destacar. Boardwalk Empire (fazia de Al Capone), This Is England Taboo são apenas alguns exemplos.
    The Virtues marca o reencontro do realizador e argumentista de This Is England, Shane Meadows, com Stephen Graham. Na série, Graham será um homem problemático que regressa à Irlanda para confrontar os fantasmas do seu passado, numa infância passada em instituições de acolhimento.

20. Mrs. Fletcher (HBO)
Criado por: Tom Perrotta
Elenco: Kathryn Hahn, Jackson White, Casey Wilson, Owen Teague

    Entre I Love DickTransparent e a longa-metragem Private Life, Kathryn Hahn tem feito ultimamente todas as escolhas certas possíveis em termos de projectos sem, no entanto, conquistar o merecido reconhecimento.
    Em 2019, a comédia Mrs. Fletcher deve revelar-se uma nova oportunidade de Hahn demonstrar o seu bom momento de forma artístico. A comédia com o carimbo de qualidade HBO adapta ao pequeno ecrã um livro de Tom Perrotta (a casa de partida de uma das melhores séries HBO dos últimos anos, The Leftovers), precisamente com Perrotta a comandar a série e Nicole Holofcener (Enough Said) na realização.

21. Good Omens (Amazon, BBC One)
Criado por: Neil Gaiman
Elenco: Michael Sheen, David Tennant, Jon Hamm, Michael McKean, Frances McDormand, Benedict Cumberbatch
6 Episódios 

    Esteve para estrear em 2018 (surgiu em 18º lugar na nossa lista do ano passado), mas a produção atrasou-se atirando a nova série de Neil Gaiman para este ano. Depois de ver a sua obra American Gods desenvolvida pela Starz, pelas mãos dos autores Bryan Fuller e Michael Green, Gaiman encontrou na Amazon a casa para coordenar ele mesmo uma série.
    Good Omens entrega o protagonismo ao demónio Crowley (David Tennant) e ao anjo Aziraphale (Michael Sheen), que terão que unir esforços para evitar o fim dos tempos na Terra. Espera-se uma valente trip, com um elenco riquíssimo, e o bónus de escutar Frances McDormand como a voz de Deus e Benedict Cumberbatch como a voz de Satanás.




    Estamos em Março e já estrearam também Deadly ClassI Am the Night (protagonizada por Chris Pine, a reforçar o potencial de India Eisley e com 2 episódios realizados por Patty Jenkins), Black Monday e Miracle Workers (Daniel Radcliffe como anjo, Steve Buscemi como Deus), e acreditamos que às 21 novidades que apresentámos se acrescentarão muitos projectos, uns que nos podem estar já nesta altura a passar ao lado, outros que virarão fenómenos repentinos (com a Netflix costuma ser assim).
    Além de The Politician, a ligação de Ryan Murphy à Netflix tem agendadas duas séries muito interessantes, Ratched Hollywood, embora ambas devam estrear só em 2020. Também para o próximo ano devem passar (adaptação de uma banda desenhada no FX com Barry Keoghan, Diane Lane e Imogen Poots) e Snowpiercer (temos algumas dúvidas quanto ao seu sucesso, mas a presença de Daveed Diggs no projecto, para nós, chega).
    Ainda este ano, a HBO estreia ainda The Act (com Patricia Arquette e Joey King), a mini-série ChernobylHis Dark Materials Euphoria.
    David Makes ManSee Gangs of London estarão também no nosso radar. Por fim, num ano que arrancou logo a abrir com The Umbrella Academy e Doom Patrol, a Amazon também tem a sua dose de super-heróis guardada com a estreia de The Boys.

24 de fevereiro de 2019

Óscares Barba Por Fazer 2019

Entre as ondas do mar a preto e branco, Cleo salva as crianças. Salva-as, como não foi capaz de salvar a que não queria, e confessa-o num abraço que carrega um filme inteiro. Um pai que não é pai corre atrás de um autocarro, e de uma linha recta sai desviado rumo à floresta um veterano incapaz de se integrar e incapaz de ser o melhor para a sua filha. Um padre interpretado por Ethan Hawke coloca arame a envolver o seu corpo, com a mesma intensidade com que Joaquin Phoenix resgata quem já sofreu demasiado e Daveed Diggs consegue num rap de arma na mão um dos pontos altos do ano. E num Live Aid eterno, Malek recria Mercury.
    Uma serva massaja a Rainha, e no prolongamento do tempo interpretamo-la para sempre subjugada, condenada a ser apenas mais um de tantos coelhos, apenas mais um substituto postiço e vazio de um outro amor, esse sim, genuíno. Genuína é a química em palco e fora dele entre Jackson Maine e Ally (aka Bradley Cooper e Lady Gaga), a dor com que Mahershala Ali explode à chuva, ou o acordeão emocional que Jim Cummings revela ser, de farda vestida, e a braços com um divórcio e a morte da mãe.
    2019 são os skates a ondular estrada fora, seja em Mid90's ou em Minding the Gap, é a Sony a mostrar à Disney que o filme de super-heróis do ano (sim, no ano de Black Panther Avengers: Infinity War) é na verdade um filme de animação, e é o terror, feito e bem feito através de diferentes facetas, em HereditaryA Quiet PlaceSuspiria e Annihilation.

    A Academia já soma 91 edições, mas para nós é apenas a oitava. Bem-vindos a mais uma edição dos Óscares Barba Por Fazer. Nesta cerimónia digital anual sem hipocrisias nem preocupações com o politicamente correcto ou socialmente recomendável, as coisas são normalmente muito diferentes da realidade. Assim é nosso mundo paralelo, em que o soberano critério de votação é a qualidade e a defesa da arte.

    Bem-vindos... aos Óscares Barba Por Fazer 2019.


MELHOR FILME
Vencedor: The Favourite
Outros Nomeados: Shoplifters, Roma, Burning, First Reformed, You Were Never Really Here, Blindspotting, Annihilation, Hereditary, Leave No Trace

    Costumamos ser diferentes da Academia, mas não tão diferentes. Afinal, em 10 nomeados (connosco o número é sempre constante) surgem apenas 2 dos escolhidos na realidade. O que talvez aconteça por aqui não haver estúdios a seleccionarem o seu eleito, fazendo "campanha" por ele. Podemos contar-vos um segredo que retira (ainda mais) magia a Hollywood? A nível de distribuição, os 8 nomeados da Academia dividem-se assim: Black Panther - Disney, BlacKkKlansman - Focus Features, Bohemian Rhapsody - 20th Century Fox, Green Book - Universal, Roma - Netflix, A Star is Born - Warner Bros., The Favourite - Fox Searchlight e Vice - Annapurna. Difícil acreditar em consequências...
    Podemos dizer que nos custou deixar à porta Eighth Grade Spider-Man: Into the Spider-Verse, reconhendo a beleza de Cold WarA Star is Born e If Beale Street Could Talk, a simpatia de Green Book Paddington 2, ou a ousadia de Suspiria Sorry to Bother You.
    Num ano marcado por estreias de alto nível na realização, podemos começar o nosso raciocínio precisamente por essa vertente: Hereditary, o melhor filme de terror puro do ano (o último acto foi a única parte menos forte), deu-nos a sensação reconfortante de estar a testemunhar um clássico instantâneo; e não deixa de ser curioso que, sempre orientada para fazer de sua bandeira filmes sobre minorias, a Academia tenha ignorado o melhor do ano nesse capítulo, Blindspotting.
    A relação de pai e filha à margem da sociedade fez de Leave No Trace um dos filmes mais coesos do ano, Annihilation destacou-se de tudo o resto na ficção científica (um filme Netflix que adoraríamos ter visto em ecrã de cinema) e já era expectável que a dupla Joaquin Phoenix-Lynne Ramsay resultasse num filme duro e intenso. Assim foi You Were Never Really Here.
    Com First Reformed, Paul Schrader reencontrou a sua voz, a mesma voz que um dia deu ao mundo e a Scorsese Taxi Driver; e da Coreia do Sul chegou-nos Burning, um dos filmes mais ambíguos e ricos em camadas deste ano, e um objecto em constante metamorfose narrativa.
    Elogiamos em Roma e Shoplifters traços idênticos - o realismo e o humanismo. Aquilo que o filme da Netflix ganhou em beleza e direcção de fotografia, a obra de Hirokazu Koreeda ganhou em sensibilidade e intimidade, revelando-se nesse duelo mais eficaz.
    Mas nenhum filme nos encheu mais as medidas durante a última temporada cinematográfica do que The Favourite. O grego Yorgos Lanthimos ofereceu ao público um filme quase perfeito. Sustentado pelas surreais interpretações do trio Olivia Colman, Rachel Weisz e Emma Stone (nenhum filme se apresentou este ano tão sólido a nível de acting), teve o mérito de ser muito provavelmente ao mesmo tempo a melhor comédia e o melhor drama do ano. Kubrick teria gostado.


MELHOR REALIZADOR
Vencedor: Alfonso Cuarón (Roma)
Outros Nomeados: Yorgos Lanthimos (The Favourite), Hirokazu Koreeda (Shoplifers), Lynne Ramsay (You Were Never Really Here), Debra Granik (Leave No Trace)

    Que jamais Trump construa o muro, porque é no México que habitam os grandes realizadores. Não é à toa que a Academia se tem rendido nos últimos anos a Iñárritu, Cuarón e Del Toro (premiando pelo meio o jovem Damien Chazelle), embora o nosso voto aqui no BPF tenha fugido por vezes duante esse período para Villeneuve, Nolan e Scorsese.
    Este ano, não há como não nos rendermos perante Alfonso Cuarón. O homem que fez um filme quase sozinho (escreveu, produziu, realizou, foi o responsável pela direcção de fotografia e ainda colaborou a nível de montagem) e que "obrigou" a Academia a aceitar a Netflix, construiu mais um portento visual, levando-nos ao seu passado numa viagem a preto e branco arriscada em termos de estilo (curioso um filme tão pessoal e íntimo apostar em planos tão abertos) e forma (o peso dramático do filme está quase todo alicerçado numa só sequência, o momento de catarse na praia, que se não "bater", fará o filme parecer banal).
    Além de Cuarón, Lanthimos consegue pela primeira vez uma nomeação connosco, conjugando o seu humor vil com a audácia de saber como fazer The Favourite viver das microexpressões de Olivia Colman. Hirokazu Koreeda é um senhor, e Shoplifters é tudo aquilo a que se propõe: profundo, provocador e capaz de conquistar um lugar especial no nosso imaginário.
    Finalmente, não deixa de ser irónico que a Hollywood tenha o discurso do enpowerment feminino mas ao mesmo tempo tenha ignorado por completo o facto de 2 dos 5 melhores trabalhos de realização do ano terem pertencido a mulheres. Lynne Ramsay e Debra Granik são, cada uma com a sua identidade bem vincada, mestres na arte de contar uma história.


MELHOR ACTOR
Vencedor: Ethan Hawke (First Reformed)
Outros Nomeados: Joaquin Phoenix (You Were Never Really Here), Jim Cummings (Thunder Road), Willem Dafoe (At Eternity's Gate), Rami Malek (Bohemian Rhapsody)

    Pedimos desculpa a Bradley Cooper, Daveed Niggs e Christian Bale, um trio com papéis dignos de óscar e por isso mencionado com menção honrosa, mas o nosso quinteto começa em Rami Malek. O protagonista da série Mr. Robot, e por isso um actor que temos promovido muito nos últimos anos, quase conseguiu per si salvar Bohemian Rhapsody. Festejaremos o seu óscar na realidade pelo carinho que nutrimos por ele, mas acabou por ser vítima de um filme em que muita coisa correu mal. E não chega como argumento aquela (excelente) reprodução do Live Aid de Freddie Mercury.
    Willem Dafoe virou pintura viva como Van Gogh em At Eternity's Gate, e Jim Cummings é a nossa escolha mais "fora da caixa" - o actor, realizador e argumentista de Thunder Road, curta que virou longa, terá sido porventura o actor que mais nos emocionou esta temporada.
    Tudo somado, numa galáxia à parte estiveram Joaquin Phoenix e Ethan Hawke. Ambos comedidos mas sempre conscientes das suas personagens, extraordinariamente apresentadas e construídas. No difícil desempate optámos por Hawke naquele que será o melhor trabalho da sua carreira.


MELHOR ACTRIZ
Vencedora: Olivia Colman (The Favourite)
Outras Nomeadas: Helena Howard (Madeline's Madeline), Toni Collette (Hereditary), Maggie Gyllenhaal (The Kindergarten Teacher), Yalitza Aparicio (Roma)

    Dizemo-lo e defendemo-lo todas as vezes que forem precisas: para nós, nenhum outro intérprete, homem ou mulher, principal ou secundário, foi igual ou superior a Olivia Colman este ano.
    Há muito uma espécie de rainha da televisão britânica - curiosamente será em breve a sucessora de Claire Foy como Rainha Isabel em The Crown -, Colman teve em The Favourite o palco perfeito para ser infantil, desagradável, mimada, melancólica, apaixonada, inocente, temerária e insana. Lanthimos sabia que repousando a câmara 20 segundos no rosto de Colman, esta levaria o espectador a detectar e interpretar 50 (hipérbole) estados de alma diferentes. Do outro mundo.
    Ao lado da maioria do grande público passou o desempenho da estreante Helena Howard em Madeline's Madeline, capaz de nos arrebatar com o seu talento. Um dos crimes da Academia foi sem dúvida deixar de fora Toni Collette, levada ao limite em Hereditary, e Maggie Gyllenhaal manteve o seu estado de graça em termos interpretativos (iniciado na série The Deuce) no papel de uma professora da pré-primária. Quanto a nós, a categoria de Melhor Actriz foi a que este ano teve um nível mais alto de candidatas (é mesmo difícil deixar de fora a magnética Joanna Kulig, e as revelações Elsie Fisher, Lady Gaga e Thomasin McKenzie), mas Yalitza Aparicio, a actriz que foi ao casting de Roma com receio que se tratasse de um esquema de tráfico humano, consegue a última vaga disponível com uma espécie de interpretação-milagre. Às vezes não se aprende, está no sangue, latente.


MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO
Vencedor: Mahershala Ali (Green Book)
Outros Nomeados: Steven Yeun (Burning), Ben Foster (Leave No Trace), Richard E. Grant (Can You Ever Forgive Me?), Bryan Tyree Henry (If Beale Street Could Talk)

    Quem pára Mahershala Ali? Nós não somos de certeza. Em 2018 ganhou Sam Rockwell o óscar de melhor actor secundário, mas recuando a 2017 encontraríamos novamente Mahershala, o justíssimo vencedor por Moonlight. Estrela da terceira temporada de True Detective, é um dos actores em melhor "forma" nos últimos anos, um camaleão que sabe escolher projectos, e o principal beneficiado pelo carácter universal de Green Book, no qual construiu uma dinâmica ímpar com Viggo Mortensen.
    Das nossas restantes 4 escolhas, ficando os jovens Timothée Chalamet (há uns meses atrás julgávamos que seria ele o nosso eleito) e Alex Wolff (não pensávamos que tivesse aquilo dentro dele) à porta, destaque principalmente para Steven Yeun. Popular pelo seu envolvimento em The Walking Dead, Yeun deu-nos em Burning uma das personagens mais fascinantes do ano, transformando em absoluto o filme a partir da sua introdução.
    Ben Foster (talvez fosse mais correcto considerar que Leave No Trace tem Ben Foster e Thomasin McKenzie ambos como principais) mantém-se um dos nomes mais subvalorizados no sector, Richard E. Grant esteve soberbo e Bryan Tyree Henry mostrou em If Beale Street Could Talk, tal como Mahershala Ali fizera há dois anos, que nos filmes de Barry Jenkins são por vezes as personagens com o tempo de ecrã mais contado que carregam maior peso dramático e narrativo.


MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA
Vencedora: Rachel Weisz (The Favourite)
Outras Nomeadas: Emma Stone (The Favourite), Sakura Ando (Shoplifters), Regina King (If Beale Street Could Talk), Elizabeth Debicki (Widows)

    A sério, a direcção de casting de The Favourite merecia óscares. É tão difícil pensar em 3 actrizes que encaixassem tão bem como Weisz, Colman e Stone naquelas 3 personagens... Embora com dúvidas entre ambas, e mantendo a opinião que Emma Stone tem tudo para nos próximos anos chegar a números dourados num patamar Hepburn/ Streep, temos que nos render perante Rachel Weisz. Cada linha de diálogo da actriz britânica no filme é corrosiva e deliciosa, revelando-se Weisz um sonho tornado realidade para os argumentistas e para Lanthimos, que já trabalhara com ela em The Lobster.
    A nossa apreciação do trabalho de Sakura Ando em Shoplifters evoluiu ao longo do filme, Regina King tem em If Beale Street Could Talk uma demonstração do porquê de não perder em nada para uma actriz de elite como Viola Davis, e faz-nos alguma confusão como é que a Academia ignorou Elizabeth Debicki, um íman de atenção em Widows. Destaque ainda para Marina de Tavira (Roma) e Miranda July (Madeline's Madeline).


MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL
Vencedor: Paul Schrader (First Reformed)
Outros Nomeados: Deborah Davis e Tony McNamara (The Favourite), Bo Burnham (Eighth Grade), Hirokazu Koreeda (Shoplifters), Boots Riley (Sorry to Bother You)

    Com Blindspotting como menção honrosa, Sorry to Bother You brilhou pela criatividade, pelo carácter bizarro e pelo risco. Shoplifters desconstruiu a noção de família, emocionou com subtileza e sensibilidade, e desenhou momentos difíceis de esquecer. Eighth Grade fotografou a geração Youtube, mostrando inteligência na perspectiva assumida (é sempre mais difícil mas muitas vezes mais interessante estudar o falhanço e não o sucesso) e confirmando que Bo Burnham é uma voz especial que pode marcar os próximos anos.
    The Favourite brilhou no pingue-pongue dos seus diálogos e First Reformed mostrou que quem sabe não esquece. Não digam ao Paul Schrader, mas não conseguimos evitar pensar o que seria este argumento nas mãos de outro realizador.


MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO
Vencedor: Lee Chang-dong e Oh Jung-mi (Burning)
Outros Nomeados: Alex Garland (Annihilation), Debra Granik e Anne Rosellini (Leave No Trace), Phil Lord e Rodney Rothman (Spider-Man: Into the Spider-Verse), Spike Lee, Charlie Wachtel, David Rabinowitz e Kevin Willmott (BlacKkKlansman)

    Os irmãos Coen já fizeram melhor, mas por pouco The Ballad of Buster Scruggs não surgiu entre o nosso quinteto de argumentos adaptados. Comecemos por BlacKkKlansman, por vezes desafiante a nível de tom mas sempre ambicioso. Outro dos crimes quanto a nós da Academia foi o ignorar nesta categoria de Spider-Man: Into the Spider-Verse - afinal, estamos a falar de uma revolução na animação, da quebra de convenções e de um dos melhores filmes de super-heróis deste século.
    Leave No Trace é um argumento polido, Annihilation passou o teste ao transpor para o ecrã com mestria momentos que podiam facilmente ter corrido mal, e Burning não só se revelou capaz de passar Murakami para o ecrã como se apresentou depois como um objecto de estudo, em constante metamorfose, permitindo diferentes interpretações.



MELHOR EDIÇÃO/ MONTAGEM
Vencedor: Yorgos Mavropsaridis (The Favourite)
Outros Nomeados: Gabriel Fleming (Blindspotting), Eddie Hamilton (Mission Impossible: Fallout), Barney Pilling (Annihilation), Bing Liu e Joshua Altman (Minding the Gap)

MELHOR FOTOGRAFIA
Vencedor: Alfonso Cuarón (Roma)
Outros Nomeados: Lukasz Zal (Cold War), Robbie Ryan (The Favourite), Linus Sandgren (First Man), Thomas Townend (You Were Never Really Here)

MELHOR BANDA SONORA ORIGINAL
Vencedor: Nicholas Brittel (If Beale Street Could Talk)
Outros Nomeados: Justin Hurwitz (First Man), Jonny Greenwood (You Were Never Really Here), Alexandre Desplat (Isle of Dogs), Thom Yorke (Suspiria)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
Vencedor: "Shallow" (A Star is Born)
Outros Nomeados: "Suspirium" (Suspiria), "Revelation" (Boy Erased), "Wrapped Up" (Vox Lux), "Sunflower" (Spider-Man: Into the Spider-Verse)

    
A nível técnico, na Edição costumamos privilegiar a manutenção de ritmo, a inexistência de cenas a mais e a (sempre difícil) noção de que determinados filmes "ganharam" em pós-produção, surgindo The Favourite em vantagem relativamente a concorrentes como Mission Impossible: Fallout ou o documentário Minding the Gap.
    A direcção de Fotografia só podia ficar entregue a Roma ou Cold War, e em termos de Banda Sonora Original escolhemos 5 exemplos muitíssimo diferentes. A elegância composta por Nicholas Brittel, que já colaborara com Barry Jenkins em Moonlight, merece vencer. Finalmente, a nível de Canção, não há como fugir a "Shallow", pensando na 1ª vez que ouvimos a música e não no sentimento que a canção nos provoca 70.000 vezes depois.


MELHOR PRIMEIRO FILME
Vencedor: Ari Aster (Hereditary)
Outros Nomeados: Carlos López-Estrada (Blindspotting), Bo Burnham (Eighth Grade), Bradley Cooper (A Star is Born), Paul Dano (Wildlife)

    No próximo ano talvez acrescentemos novas categorias - quem sabe por exemplo, Melhor Elenco, Melhor Direcção de Casting ou Melhor Voice Acting - mas nesta 8ª edição a novidade é apenas o Melhor Primeiro Filme. Aqui procuraremos premiar a longa-metragem de estreia de um novo realizador, tentando mesclar a valia do filme com o potencial do seu autor no futuro.
    Boots Riley (Sorry to Bother You) e Jonah Hill (Mid90's) são as nossas menções honrosas, onde também podiam surgir projectos como Thunder Road (estaria entre os nossos 5 se não tivéssemos a sensação que se trata de uma espécie de estrela cadente de Cummings), The Rider ou Minding the Gap. O pedigree de Bradley Cooper não deixa dúvidas a ninguém da sua valia e potencial como realizador, fazendo-se acompanhar por Paul Dano neste quinteto como actor-agora-realizador
    Bo Burnham é mesmo aquilo que o sector precisa, Carlos López-Estrada o tipo de autor que gostávamos de ver associado à A24 em breve, inaugurando esta categoria como vencedor Ari Aster. Mal podemos esperar para acompanhar a carreira de um especialista na arte de fazer bom terror.



Total de Nomeações Barba Por Fazer:

8 - The Favourite;
5 - You Were Never Really Here;
4 - Roma; Shoplifters, Leave No Trace;
3 - Burning, First Reformed, Blindspotting, Annihilation, Hereditary, If Beale Street Could Talk;
2 - Eighth Grade, A Star is Born, Spider-Man: Into the Spider-Verse, First Man, Suspiria
1 - Wildlife, Thunder Road, At Eternity's Gate, Bohemian Rhapsody, Madeline's Madeline, The Kindergarten Teacher, Green Book, Can You Ever Forgive Me?, Widows, Sorry to Bother You, BlacKkKlansman, Cold War, Mission Impossible: Fallout, Minding the Gap, Isle of Dogs, Boy Erased, Vox Lux.


Tal como nos últimos anos, fechamos então a nossa cerimónia digital com mais duas categorias, uma em reconhecimento da consistência ao longo do ano ou de impacto significativo no sector, e a outra de olhos postos no futuro.


Personalidade do Ano: Alfonso Cuarón
Rookie do Ano: Helena Howard. Outros nomeados: Lady Gaga, Thomasin McKenzie, Elsie Fisher, Sunny Suljic

    Nos últimos anos temos sempre eleito um conjunto de jovens actores, verdadeiras revelações para a Sétima Arte. Jack O'Connell, Adèle Exarchopoulos, Lakeith Stanfield, Lupita Nyong'o, Jacob Tremblay, Anya Taylor-Joy, Lucas Hedges e Timothée Chalamet já passaram por aqui.
     Desta vez, com 4 caras do sexo feminino entre os 5 destaques, a distinção principal vai para Helena Howard. A actriz de 20 anos, descoberta por Josephine Decker, é uma força da natureza e, com cabeça e os projectos certos, tem tudo para se tornar um caso sério a médio-prazo.
    De resto, Elsie Fisher foi a alma de Eighth Grade e o veículo perfeito para Bo Burnham passar a sua mensagem e "captar" uma geração, Thomasin McKenzie é mais um talento identificado por Debra Granik, a realizadora que catapultou Jennifer Lawrence com Winter's Bone, e Lady Gaga... agora sim, todos podemos e devemos encará-la como actriz. Uma verdadeira e completa artista. Por fim, o elemento mais novo desta fornada é Sunny Suljic: já tinha ficado no nosso radar graças a The Killing of a Sacred Deer, mas Mid90's confirmou-o como uma criatura rara (tem apenas 13 anos).

    Em relação à nossa Personalidade do Ano, o nosso volátil critério permite-nos sempre alguma criatividade. Já destacámos no passado os anos preenchidos de McConaughey, Hardy ou Vikander, a devoção de Linklater a entregar 12 anos da sua vida a uma obra, ou a projecção de força do símbolo feminino Gal Gadot. Desta vez, Alfonso Cuarón merece uma palavra especial. Há uns tempos pensávamos que seria The Irishman de Scorsese o filme que iria abrir horizontes para a Netflix, mas foi o realizador mexicano num projecto muitíssimo pessoal o responsável pela possível mudança de paradigma no sector da distribuição cinematográfica.



Estas são as nossas opiniões. Fiquem à vontade para dar as vossas.
Para o ano há mais.


Miguel Pontares e Tiago Moreira

23 de fevereiro de 2019

Previsões Vencedores Óscares 2019

É amanhã. Madrugada fora em Portugal, a Academia revelará aqueles que irão colocar o seu nome a dourado na História do Cinema, sendo distinguidos os melhores do ano na 7ª Arte através de 24 categorias. 
    Los Angeles recebe a 91ª edição dos Óscares, uma edição em que tudo indica se fará história a vários níveis, embora igualmente demonstrativa de que Hollywood cada vez mais ignora a justiça artística e o mérito em prol do consenso de não ofender ninguém, do politicamente correcto, da mensagem social e das "campanhas" dos grandes estúdios.
    Numa edição em que quase houve muita coisa, o anfitrião esteve para ser Kevin Hart, mas o comediante acabou por renunciar ao cargo depois de terem sido denunciados comentários homofóbicos seus no Twitter entre 2009 e 2011. Conclusão: não haverá anfitirão, algo que não se verificava desde 1989. Nesta edição, também quase foram atirados para os intervalos publicitários os anúncios de algumas categorias: Fotografia, Montagem, Caracterização e Curta-metragem. Numa carta aberta, nomes de peso do sector como Scorsese, Tarantino, Nolan ou De Niro vincaram o seu desagrado e a medida deixou de ter efeito. E ainda bem. No ano do "Quase", também a 25ª categoria de Melhor Filme Popular chegou a ser anunciada; porém, a sua implementação foi adiada, podendo mesmo nunca chegar a ver a luz do dia. Em boa verdade, a acrescentar novas categorias, há prioridades (melhor coordenação de duplos, melhor 1º filme, revelação do ano, melhor voice acting, melhor director de casting e melhor elenco).

    Para compensar a ausência de um anfitrião clássico, maior importância na condução da cerimónia terão os já habituais apresentadores pontuais. Pelo palco passarão por exemplo Charlize Theron, Daniel Craig, Emilia Clarke, Whoopi Goldberg, Samuel L. Jackson, Michael Keaton, Helen Mirren, Sam Rockwell, Frances McDormand, Allison Janney e Gary Oldman.
    Quanto aos nomeados, Roma The Favourite lideram a corrida com 10 nomeações cada. Perto ficou A Star is Born e Vice (8), com Black Panther (7) e BlacKkKlansman (6) ligeiramente abaixo. O filme de Alfonso Cuarón representa por si só uma mudança de paradigma, com a Academia a abrir finalmente a porta de sua casa para a Netflix. O filme mexicano promete ser um dos vencedores da noite (pela importância das estatuetas que pode receber, não pelo número), tendo já coleccionado vários recordes: igualou O Tigre e o Dragão como filme estrangeiro com mais nomeações de sempre, tornou-se apenas o 11º filme estrangeiro a ser nomeado também para a categoria máxima, e permitiu ao canivete suiço Cuarón destacar-se por estar nomeado como realizador, produtor, director de fotografia e argumentista. Ele que é assim a primeira pessoa a receber, no mesmo ano e pelo mesmo filme, nomeações nas categorias de Melhor Realização e Melhor Fotografia. Em ambas é favorito.

    Ao contrário de outros anos, os "sinais" dados pelo circuito de prémios dos vários sindicatos baralharam bastante as contas. Green Book venceu nos PGA (Producers Guild Awards), frequentemente o sindicato que apresenta maior correlação com os vencedores do óscar de melhor filme, Black Panther festejou o prémio mais importante nos SAG, e Roma permitiu a Cuarón vencer entre os realizadores. Destaque ainda para os Writers Guild Awards que premiaram Eighth Grade (original) e Can You Ever Forgive Me? (adaptado), devendo-se atentar o pormenor do argumento de Bo Burnham não estar (injustamente, diga-se) a competir ao óscar.
    A tudo isto há ainda a acrescentar uma cerimónia dos BAFTA que entregou 7 distinções a The Favourite (o factor casa terá ajudado, também) e apenas 4 a Roma, embora uma das quatro tenha sido Melhor Filme.

    Parece-nos que a lógica será a Academia dividir o bem pelas aldeias, mas tudo indica que RomaBlack Panther Bohemian Rhapsody devem ter motivos para subir ao palco em mais do que uma ocasião, surgindo Green Book (se juntar Melhor Filme e Melhor Arg. Original ao óscar que deve ir parar às mãos do secundário Ali) ou The Favourite (se a Academia privilegiar Colman e Weisz a Close e King, rendendo-se também do ponto de vista técnico ao filme de Lanthimos no duelo com Black Panther) como os potenciais "agitadores". 

    Amanhã poderão ver os nossos Óscares Barba Por Fazer 2019, uma cerimónia digital da qual nunca abdicamos e que normalmente se afasta bastante dos nomeados e vencedores da Academia. Mas por agora, estas são as nossas previsões para a realidade:

Melhor Filme: Roma (Green Book)
Melhor Realizador: Alfonso Cuarón
Melhor Actor: Rami Malek
Melhor Actriz: Glenn Close (Olivia Colman)
Melhor Actor Secundário: Mahershala Ali
Melhor Actriz Secundária: Regina King | Rachel Weisz
Melhor Argumento Original: The Favourite (Green Book)
Melhor Argumento Adaptado: BlacKkKlansman
Melhor Design de Produção: Black Panther | The Favourite
Melhor Fotografia: Roma
Melhor Guarda-Roupa: Black Panther | The Favourite
Melhor Edição/ Montagem: Vice | Bohemian Rhapsody
Melhor Caracterização: Vice
Melhor Banda Sonora: If Beale Street Could Talk
Melhor Mixagem de Som: Bohemian Rhapsody
Melhor Edição/ Montagem de Som: Bohemian Rhapsody (First Man, A Quiet Place)
Melhores Efeitos Visuais: Avengers: Infinity War
Melhor Música: "Shallow", A Star is Born
Melhor Filme de Animação: Spider-Man: Into the Spider-Verse
Melhor Filme Estrangeiro: Roma
Melhor Documentário: Free Solo (RBG)
Melhor Curta-Metragem: Marguerite
Melhor Documentário (Curta): Period. End of Sentence | End Game
Melhor Curta de Animação: Bao (Weekends)


Conclusões finais:

    Se "Shallow" não vencer Melhor Canção, podem decapitar-nos. A música interpretada por Lady Gaga e Bradley Cooper, que entretanto já todos ouvimos 70 mil vezes, será porventura o vencedor mais certo da noite. Mas adiante.
    No subconsciente dos membros da Academia nesta fase estão três preocupações: o muro que Trump pretende construir na fronteira com o México, o empowerment feminino e a maior representatividade das minorias. Na dúvida, estes três factores podem pesar.
    Ora bem, Roma é a nossa aposta para Melhor Filme. O filme a preto e branco em que Cuarón abriu o seu coração e nos fotografou o seu passado, fazendo uma homenagem às mulheres da sua vida, parece colocar o visto em todas as caixinhas. Só Green Book (filme simpático, pode ser favorecido pelo sistema de voto) pode fazer tremer o marco histórico da Netflix, sem excluir por completo uma surpresa chamada Black Panther. Se chegou até aqui, porque não continuar a chocar?
    Nas 4 categorias de interpretação, Rami Malek e Mahershala Ali parecem-nos apostas seguras. Temos depois dúvidas entre Glenn Close e Olivia Colman (pessoalmente, achámos Colman absurdamente superior, mas o tipo de personagem e o facto de nunca ter ganho nas 6 ocasiões anteriores em que esteve nomeada deve beneficiar a actriz de The Wife). Posto isto, a nossa maior dúvida é mesmo entre Regina King e Rachel Weisz. Mas talvez a actriz britânica possa ficar prejudicada se os amantes de The Favourite dividirem os votos entre ela e Emma Stone.
    BlacKkKlansman deve atribuir a Spike Lee o 1º óscar (sem contar com o honorário) da sua carreira, podendo ainda assim Can You Ever Forgive Me? manter legítimas esperanças nesta altura, surgindo mais pontos de interrogação no argumento original: atiramos o nome de The Favourite em primeiro lugar, mas por exemplo se Green Book vencer Melhor Filme, será sinal que antes disso venceu também nesta categoria.
    Nas categorias técnicas, só Cold War pode ameaçar a Fotografia de Roma no duelo dos filmes estrangeiros a preto e branco; Black Panther e The Favourite medem forças em várias categorias, podendo esta fase da cerimónia permitir a Bohemian Rhapsody e Vice amealharem motivos para sorrir. Seria muitíssimo estranho Roma não ganhar Melhor Filme Estrangeiro, Spider-Man: Into the Spider-Verse deve "limpar" (e bem) a categoria de Melhor Filme de Animação, sendo RBG (o retrato de Ruth Bader Ginsburg, figura do sistema judicial norte-americano) a única razão para fazer palpitar de nervoso o coração dos criadores do colossal documentário Free Solo.

    A banda sonora de Nicholas Brittel para If Beale Street Could Talk é a mais elegante da amostra, mas não estamos assim tão certos da sua vitória, Avengers: Infinity War deve vencer pelos efeitos a não ser que a Academia atribua grande peso aos efeitos práticos de First Man, ou até a Ready Player One; e nas curtas, MargueriteEnd Game e Bao são os favoritos, mas temos um feeling (ou então estamos só a deixar-nos influenciar pelo gosto pessoal) que Weekends pode sorrir na curta de animação.


Boas apostas e boas pipocas.
Miguel Pontares e Tiago Moreira

15 de janeiro de 2019

As Melhores Séries de 2018

Celebrámos o novo (personagens, séries estreadas e episódios de 2018), mas esta é a categoria das categorias. Chega o momento de elevar a fasquia e colocar todas as séries em pé de igualdade. Abaixo, as melhores séries de 2018 para o Barba Por Fazer.
    Em relação às nossas vinte escolhas do ano passado, são apenas três as séries que repetem a sua presença. Este ano não tivemos Mr. RobotGame of ThronesStranger ThingsRick and MortyMaster of None ou Big Little Lies, o que também contribuiu para que no nosso Top-20 marquem presença 9 séries que tiveram este ano o seu primeiro episódio.
    Numa análise global, destaque para o facto de entregarmos um dos lugares do pódio a uma série que estreou este ano - em jeito de comparação, nas nossas melhores séries de 2017 o mais acima que uma nova série ficou foi o 9º lugar -, com a Netflix (7 das 20 séries) a ser a Casa mais representada, embora sem colocar nenhuma série no pódio. Mesmo sem Game of Thrones, a HBO ficou perto com 5 séries, dividindo-se o restante Top entre Amazon (2 séries) e com uma, FX, AMC, Hulu, Youtube Premium e a nossa RTP2. Sim, Portugal está aqui representado.
    Nunca acompanhámos até hoje The AmericansBig Mouth ou The Good Place, explicando-se através dessas falhas as ausências possivelmente injustas das três. Por fim, referir apenas que com jeitinho e se escolhêssemos mais do que 20 séries, Bodyguard ou The Deuce figurariam na lista abaixo apresentada.

1. Atlanta (FX)criado por Donald Glover

    Absurda e excêntrica, perspicaz e pertinente, descomplexada, subversiva e a transbordar de criatividade, Atlanta é o símbolo máximo das comédias que se atrevem a sentir tudo.
    Durante a sua Robbin' Season, a série de Donald Glover brilhou pela sinceridade e química dos seus intérpretes, pelo respeito pelas noções de comunidade a bairro e pela imaginação e liberdade com que nos oferece autênticos contos do século XXI.
    Atlanta é o Seinfeld dos tempos modernos, uma série simultaneamente sobre tudo e sobre nada. Tem a coragem de sair constantemente fora da caixa (nasceu assim o melhor episódio de 2018, um capítulo de terror numa comédia), ousando experimentar, colocando sempre algo novo e diferente no ecrã, sem limites impostos. É normal que Donald Glover, Bryan Tyree Henry, Lakeith Stanfield, Zazie Beetz e Hiro Murai sejam cada vez mais requisitados...

2. Better Call Saul (AMC)criado por Vince Gilligan e Peter Gould

    Pelo segundo ano consecutivo, Better Call Saul fica em segundo lugar nas melhores séries do ano para o Barba Por Fazer. A quarta temporada da série mais refinada e madura da actualidade apresentou pouca progressão narrativa mas intensa construção de personagem, representando tanto para Jimmy como para Mike um ponto sem retorno.
    Estamos seguros que nenhuma série contemporânea comunicaria tão eficazmente a sua mensagem se retirássemos a todas o som, e assim como a 3ª temporada devia ter sido sinónimo de todos os prémios possíveis para Michael McKean como Chuck, o mesmo se podia dizer desta em relação a Rhea Seehorn como Kim.
    Ao quarto capítulo, Jimmy tornou-se oficialmente Saul Goodman, Lalo Salamanca (um fulcral acrescento de imprevisibilidade) foi introduzido, e os três episódios finais ("Coushatta", "Wiedersehen" e "Winner") foram tudo o que os fãs podiam desejar. Pertenceu a Better Call Saul, com ligeira vantagem sobre Daredevil, a melhor season finale do ano.

3. My Brilliant Friend (HBO, RAI)criado por Saverio Costanzo

    Uma das últimas novidades do ano (estreou em meados de Novembro), a coprodução da HBO e da italiana RAI revelou-se um verdadeiro diamante e uma das séries com maior potencial para conquistar e apaixonar o grande público ao longo dos próximos anos e capítulos.
    Saverio Costanzo coordenou a adaptação do 1º dos quatro volumes dos contos napolitanos de Elena Ferrante, descobrindo as desconhecidas Gaia Girace e Margherita Mazzucco (sem esquecer as igualmente talentosas e genuínas actrizes que as interpretam em tenra idade) e assim criou uma bela e simples fotografia do que é ser criança, crescer e ser mulher.
    O drama, universal, bate em diversos pontos - a noção de bairro e vizinhança, as brincadeiras de crianças para as quais só existe o hoje e o agora, os problemas da adolescência, as invejas, os horizontes afunilados ou futuros destinados por via da condição social -, tudo com a amizade e metamorfose de Lenù e Lila a ditar o batimento cardíaco.
    Impossível não elogiar a banda sonora do inigualável Max Richter, tendo My Brilliant Friend ou L'amica Geniale incluído fogos-de-artifício e sapatos que significam muito mais do que são, atingido a perfeição narrativa numa ilha e afirmando-se como o derradeiro poema televisivo de 2018.

4. BoJack Horseman (Netflix), criado por Raphael Bob-Waksberg


    Uma comédia de animação sobre um cavalo antropomórfico é a série emocionalmente mais devastadora da actualidade. Quem diria?! A série que já vai mais avançada (5ª temporada) entre todas as presentes neste Top de 2018 junta-se a Mr. RobotBetter Call SaulGame of ThronesAtlanta e Black Mirror como o lote restrito de séries que temos mesmo que ver mal têm cada episódio ou temporada disponível.
    Com um anti-herói reincidente na sua autodestruição e em magoar todos à sua volta, BoJack corria o risco de se tornar cansativo ou cair numa certa reciclagem. No entanto, aquela que talvez seja a melhor série original Netflix (opinião controversa, temos noção) insiste em superar as expectativas, tendo-nos presenteado este ano por exemplo com "Free Churro" e "The Showstopper", dois dos mais fortes episódios do ano. Não sabemos bem para onde vai BoJack, mas sabemos que vamos com ele.


5. Sara (RTP2), criado por Bruno Nogueira, Marco Martins e Ricardo Adolfo

    Desde que a RTP iniciou a aposta em séries nacionais, tem havido algum material digno de destaque. Os BoysFilha da Lei (que apresentou Alba Baptista como uma das mais promissoras actrizes da nova geração) ou a websérie Subsolo representaram passos no caminho certo. E agora podemos dizer: esse caminho vai dar a Sara, o novo patamar de referência para os autores nacionais.
    A ideia de Bruno Nogueira (O Último a SairOdisseiaFugiram de Casa de Seus Pais e agora Sara confirmam-no como um mestre da meta-comunicação), desenvolvida em conjunto com Ricardo Adolfo e Marco Martins, este último a realizar os 8 episódios, é uma mais do que pertinente sátira e reflexão sobre o meio audiovisual português, brilhando através dos contrastes e dos apontamentos de quem sabe que cada plano comunica. De quem privilegia qualidade a quantidade e se atreve a pensar e a criar com bom gosto.
    No centro de tudo e melhor do que nunca, Beatriz Batarda, a navegar de acordo com tudo o que a série - sempre consciente para onde vai e onde quer tocar - lhe pede. Sara é uma série encerrada num último plano perfeito, são personagens que são realmente personagens, é um bebé que teima em escapar dos braços ao som do silêncio, é um episódio de novela dentro de um episódio de uma série, é B Fachada através de Tónan Quito. Não é serviço público, é património cultural.

6. Daredevil (Netflix)criado por Drew Goddard

    Deixa saudades. 2018 representou o fim de Daredevil, sendo Matt Murdock filho, vítima e dano colateral do divórcio entre Marvel e Netflix, em breve concorrentes.
    Num adeus dito por quem não sabia que tinha que nos acenar, a 3ª temporada foi um inteligente regresso às raízes da temporada de estreia, com todos os pontos fortes levados ao limite. Carregado pelos portentosos desempenhos de Charlie Cox e Vincent D’Onofrio (uma autêntica lição de como construir um poderoso e eficaz antagonista), Daredevil acompanhou Matt Murdock a reencontrar a sua fé e o seu foco, numa jornada à distância enquanto Wilson Fisk trocou o uniforme laranja da prisão pelo seu intocável e distinto fato branco, subjugando tudo e todos a impotentes peões do seu xadrez corrupto.
    Guardamos o épico plano-sequência de 11 minutos de “Blindsided” e um I Beat you que ecoará imortal junto a uma tela imaculada salpicada em sangue, tornando-se uma das linhas de diálogo mais marcantes do ano. Agora, está nas mãos da Disney abrir os olhos e não ficar cega perante tamanha qualidade e potencial para mais. Que seja um ponto e vírgula, e não um ponto final.

7. Maniac (Netflix), criado por Patrick Sommerville

    Vários anos depois de partilharem o ecrã em Superbad (2007), Emma Stone e Jonah Hill reencontraram-se. Com dez episódios realizados por Cary Joji Fukunaga, Maniac foi palco e parque de diversões para os dois protagonistas vincarem a sua amplitude, apresentando-se como um puzzle rico, surreal e melancólico e uma trip flutuante capaz de abordar temas pesados de forma leve.
    Aquela que foi para nós a melhor novidade do ano na Netflix, adaptação de uma ideia originalmente norueguesa que deu ares de Eternal Sunshine of the Spotless MindInception e Legion, colocou dois estranhos como voluntários numa experiência farmacológica que se propunha a eliminar qualquer trauma, dor ou sofrimento, curando a mente.
    Com tanto de profundo como de bizarro, Maniac afirmou-se como uma aventura corajosa a nível de tom e estrutura, e atingiu os seus picos de catarse emocional com a câmara apaixonada pelos grandes e hipnotizantes olhos de Emma Stone como Annie Landsberg.
    Como Dom Quixote, atribuiu às suas personagens a incapacidade de distinguir a realidade e a ficção. Mas como o autor Lloyd Alexander uma vez disse: a fantasia não é um escape da realidade, mas sim um meio de a compreender. Assim foi Maniac.

8. Homecoming (Amazon), criado por Micah Bloomberg e Eli Horowitz

    Se por acaso alguém desconfiava do futuro de Sam Esmail pós-Mr. RobotHomecoming foi a prova dos nove da genialidade do realizador-autor-produtor. A melhor série dramática da Amazon até à data nasceu a partir de um podcast de Micah Bloomberg e Eli Horowitz, tendo a dupla escrito todos os episódios também para o formato televisivo, confiando na visão de Sam Esmail.
    Imbatível a nível de Fotografia, este drama e thriller psicológico passado em dois períodos com resoluções diferentes (1:1 e 16:9) significou em muita coisa um regresso à cinematografia de outras épocas (anos 70 essencialmente, recuando ainda mais ao evidenciar traços e influências de Hitchcock e De Palma). Intrigante, inovadora e alicerçada na sintonia entre Julia Roberts (brilhante casting) e Stephan James, foi a série de longos planos que nos fez duvidar do ananás que temos à mesa, teorizar sobre o posicionamento de um garfo ou deslumbrar perante a desorganização da meticulosa Heidi, abraçada e apoiada sobre os seus pertences no escritório.

9. Barry (HBO), criado por Bill Hader e Alec Berg

    O binómio Bill Hader/ HBO fez-nos estar atentos à existência de Barry, mas não esperávamos tanto do filhote da parceria entre o lendário membro do SNL e Alec Berg. À conversa com o colega de profissão Jason Bateman, Hader revelou numa entrevista informal que até de Alec Berg encontrou relutância quando lhe vendeu a ideia ou premissa de Barry. Mas tudo mudou quando lhe explicou que pretendia ser ele próprio a interpretar o protagonista, um assassino profissional solitário e deprimido. Berg, o co-autor, pagava para ver o sempre cómico Hader num papel no mínimo improvável.
    Como resultado, Barry acertou na muche em tudo aquilo que se propôs. Magnífica realização entregue aos dois criadores e a Hiro Murai; comédia pura por parte de Henry Winkler, Anthony Carrigan, Glenn Fleshler e Stephen Root; Sarah Goldberg a "agarrar" a sua 1.ª grande oportunidade como actriz; e finalmente, Bill Hader, fechado e intenso, na melhor interpretação da sua carreira.

10. The Handmaid's Tale (Hulu), criado por Bruce Miller

    Ao longo da primeira metade de The Handmaid's Tale chegámos a suspeitar que a série que colocou o Hulu no mapa poderia estar a manifestar as dores de crescimento que Westworld e sobretudo Legion revelaram no sempre desafiante sophomore year.
    Mas no geral, esteve longe de ser o caso, com a temporada a explodir a meio nas mãos da segunda Ofglen. Ainda com arestas para limar, e sempre exigente para o público do ponto de vista emocional, tal o peso dramático colocado em vários momentos (não é bom guardar The Handmaid's Tale para bingewatch, recomendando-se alguma respiração entre episódios), a série continuou a brilhar através dos brutais desempenhos de Elisabeth Moss e Yvonne Strahovski. É um emblema do feminismo, mas esse carácter não a torna imúne a reparos nem nos retira as dúvidas sobre a capacidade de se superar ou igualar no futuro.

11. Narcos: Mexico (Netflix)criado por Carlo Bernard, Doug Miro e Chris Brancato

    Diferente país, o mesmo perfume. Mostrada a ascensão e queda de Pablo Escobar e o consequente desmantelamento do cartel de Cali, tudo em solo colombiano, Narcos mudou-se para o México e replicou a fórmula com sucesso.
    Desta vez, pudemos acompanhar em simultâneo os caminhos do narcotraficante Miguel Ángel Félix Gallardo (Diego Luna) e do agente Kiki Camarena (Michael Peña), duas performances estupendas que garantiram que a audiência estivesse interessada nos dois lados da lei. Narrada por Scoot McNairy (um dos protagonistas da próxima temporada), guardou o melhor para, sendo porém impossível esquecer aquele desvio a meio caminho, onde Félix Gallardo privou com algumas das personagens de temporadas anteriores. E que saudades tínhamos de Wagner Moura, mesmo tendo passado 50% do tempo a falar de hipopótamos...
    Quando Narcos atinge os seus melhores momentos, faz lembrar The Godfather, Puzo e Coppola. Difícil fazer elogio maior.


12. Killing Eve (BBC America)criado por Phoebe Waller-Bridge

    Uma tempestade perfeita. Depois de oferecer ao mundo uma das comédias mais subvalorizadas da última década (Fleabag), Phoebe Waller-Bridge decidiu lançar-se à série de livros de Luke Jennings, adaptando "Codename Villanelle". Em boa hora o fez.
    Aquela que rapidamente se tornou uma das séries obrigatórias de 2018, viveu da obsessão da funcionária do MI5 Eve (Sandra Oh) e da psicopata Villanelle (Jodie Comer, a construir uma das personagens do ano) uma pela outra, num jogo do gato e do rato constante que conheceu momentos brutais numa claustrofóbica discoteca e numa cama lado a lado, tudo isto sem esquecer aquele que foi provavelmente o melhor episódio-piloto do ano.

13. Cobra Kai (Youtube Premium), criador por Jon Hurwitz, Hayden Schlossberg e Josh Heald

    Se recuarmos até 2009 encontramos um episódio de How I Met Your Mother em que Barney Stinson apresentou a sua visão de Karate Kid. A teoria da carismática personagem de Neil Patrick Harris era que Johnny Lawrence (William Zabka) era o verdadeiro herói e protagonista no filme de 1984. Graças a isso, Zabka entrou em vários episódios de HIMYM como convidado, chegando mesmo a contracenar com Ralph Maccio aka Daniel LaRusso na oitava temporada da sitcom.
    34 anos depois de conhecermos o Mr. Miyagi, o Youtube Premium deu-nos um produto pleno de saudosismo. Cobra Kai tornou-se uma espécie de série de culto sem nunca se levar demasiado a sério, com episódios que se vêem a correr e a convidar/ obrigar quase tanto ao binge-watch quanto The Haunting of Hill House.
    Simultaneamente preocupada com o passado e com o futuro, a série primou pela escrita inteligente e equilibrada, e essencialmente por acordar em todos aqueles que tinham visto o filme em crianças, a capacidade de ver Johnny Lawrence como Barney.

14. Sharp Objects (HBO), criado por Marti Noxon

    Sortudos nós, espectadores, que tivemos em 2 anos consecutivos duas séries da HBO integralmente realizadas por Jean-Marc Vallée. Depois de Big Little LiesSharp Objects, com igual requinte televisivo. A adaptação do primeiro livro publicado por Gillian Flynn correspondeu às expectativas, sem ser incrível. Irrepreensível sem ser marcante. Capaz de provocar sensações idênticas à primeira temporada de True DetectiveObjects foi cativante mas sem se tornar viciante, compensando através dos episódios finais ("Falling" e "Milk") quem até aí não desistira.
    De facto, temos dúvidas se teríamos permanecido investidos na série se não fosse o "factor Amy Adams". A actriz, uma das melhores da actualidade, entregou-se de corpo e alma ao projecto, sempre bem apoiada pela veterana Patricia Clarkson e por Eliza Scanlen como Amma, uma das revelações televisivas do ano.
    E convenhamos, poucas séries este ano terão conseguido gerar o mesmo falatório ou impacto pós-episódio depois da cena de confirmação pós-créditos do último episódio. 

15. GLOW (Netflix), criado por Liz Flahive e Carly Mensch

    Às vezes parece difícil explicar porque é que GLOW é tão bom. A série inspirada num programa de wrestling feminino dos anos 80 parece reflectir a diversão que o elenco e toda a equipa devem ter ao fazê-lo. Todos os elementos batem certo: Liz Flahive e Carly Mensch sabem desenvolver as personagens que criaram, assistindo nós permanentemente à construção das personas de cada uma; a escrita e a capacidade de transmitir aquele conjunto de mulheres como uma família fazem com que a série seja porventura aquela que na actualidade mais tempo passamos a olhar para o ecrã com um sorriso estampado no rosto, nunca se esquecendo GLOW de derreter ou apertar a sua audiência (nesta temporada, com a inclusão guardada para o fim com as colegas a surpreender Ruth, e naquele final de "Work the Leg").
    Impossível não deixar uma palavra para um dos melhores episódios do ano: o episódio dentro do episódio, "The Good Twin".


16. The Marvelous Mrs. Maisel (Amazon)criado por Amy Sherman-Palladino

    Com o seu humor requintado, clássico e intemporal, sempre à velocidade de um filme de Woody Allen ou Martin Scorsese, The Marvelous Mrs. Maisel manteve o patamar qualitativo na segunda temporada. Ao seguirmoss os passos seguintes de Maisel no mundo do stand-up, sempre acompanhada por um design de produção e um guarda-roupa distintos e elegantes, a série voltou a deixar-nos a pedir mais. Não em termos de qualidade, mas sim porque os 10 episódios se vêem num ápice e deixam sede. Além de apresentar novos ambientes (aquele retiro veranil), a série de Amy Sherman-Palladino deixou-nos deliciados em "Vote for Kennedy, Vote for Kennedy" e naquele solitário número do último "All Alone", apertando o estômago como nunca quando Midge, em palco de vestido preto, colar de pérolas, tez branca como sempre e microfone na mão, viu o segredo cair ao descobrir o pai, numa descontraída camisa havaiana, entre o público em "Midnight at the Concord".

17. American Vandal (Netflix), criado por Tony Yacenda e Dan Perrault

    A Netflix cometeu dois crimes em 2018: cancelar Daredevil e cancelar American Vandal. Após uma temporada de estreia em que o mistério central consistia em perceber quem tinha desenhado 27 pénis no parque de estacionamento de uma escola, a paródia documental, tão eficaz a brincar com o formato como em nutrir correctamente o interesse genuíno do espectador na investigação, dedicou-se desta feita a uma escola onde a limonada da cantina fora contaminada com laxantes, provocando um... borranço generalizado, digamos assim.
    Partindo uma vez mais de uma premissa idiota, American Vandal conseguiu uma vez mais passar a sua mensagem sobre o uso geracional das redes sociais e os arquétipos nos tempos de liceu. Tão bom acompanhar o fruit ninja Kevin McClain como mergulhar no lado pessoal do super-atleta DeMarcus Tillman. 

18. The Haunting of Hill House (Netflix), criado por Mike Flanagan


    Simplesmente um dos melhores projectos de terror que se fez em televisão nos últimos anos. Estreada no mês do Halloween, não foi à toa que The Haunting of Hill House se estabeleceu rapidamente como uma das séries mais populares do ano.
    Mike Flanagan (se calhar vamos ter que ver Doctor Sleep) deu uma aula de como se faz bom terror, vasculhando o passado e mostrando o trauma como o maior dos fantasmas. Recorrer frequentemente a poucos cortes nas cenas, plantar assombrações pouco declaradas e trabalhar eficazmente as personagens da família Crain foram alguns dos segredos de uma série que chamou pelo medo, agarrou pelo suspense e atou toda a narrativa por via do drama familiar de uma forma, eventualmente, demasiado positiva.

19. Succession (HBO)criado por Jesse Armstrong

    Parece estranho mas a série da actualidade mais parecida com Succession é... Game of Thrones. A dramédia da HBO revelou-se uma agradável surpresa ao apresentar os jogos de poder corporativo no seio de uma família disfuncional, com os 4 filhos a detectarem uma oportunidade de assalto ao trono perante a frágil saúde do patriarca, o enigmático Logan Roy (Brian Cox).
    Produzida por Adam McKay (The Big ShortVice) e Will Ferrell, e escrita por Jesse Armstrong (responsável por ex. pelo inesquecível guião do episódio de Black Mirror, "The Entire History of You"), teve em Brian Cox e Jeremy Strong interpretações de topo, oscilando entre momentos tensos e o melhor que se fez em 2018 a nível de humor negro. Mérito particular, nesse capítulo, para o primo Greg e a sua estranha sintonia com Tom Wamsgans.


20. Westworld (HBO), criado por Jonathan Nolan e Lisa Joy

    Tendo estreado em 2016, Westworld regressou no último ano depois de em 2017 os anfitriões terem ficado em stand-by. E se na temporada de estreia o labirinto foi o conceito-chave, desta vez a porta passou a ser o farol da encruzilhada.
    Contando uma vez mais com a genial banda sonora de Ramin Djawadi, voltou a usar e abusar de enigmas, motivando semanalmente múltiplas teorias entre episódios. Com analepses e prolepses e um mar de corpos como soberano ponto de interrogação, Jonathan Nolan e Lisa Joy continuaram a não dosear a exposição (sempre melhor a forma do que o conteúdo), surgindo a melhor faceta da série na sua capacidade filosófica de questionar a ideia de consciência e o que significa ser humano.
    Além de alargar o parque de diversões a outros mundos, a segunda temporada vincou a série como uma das megaproduções mais ambiciosas da actualidade, mantendo o ADN estilístico da 1ª temporada sobretudo em episódios como “The Riddle of the Sphinx”, “Vanishing Point” e “The Passenger”. Mas, aqui entre nós, falar do melhor que Westworld nos deu este ano terá que ser falar de “Kiksuya”, o emocionante e deslocado retrato de Akecheta e da nação-fantasma.