3 de abril de 2017

Crítica: Beauty and the Beast

Realizador: Bill Condon
Argumento: Stephen Chbosky, Evan Spiliotopoulos
Elenco: Emma Watson, Dan Stevens, Ewan McGregor, Ian McKellen, Luke Evans, Emma Thompson, Kevin Kline, Josh Gad
Classificação IMDb: 7.8 | Metascore: 65 | RottenTomatoes: 71%
Classificação Barba Por Fazer: 72


    Foi em 1991 que a Walt Disney se inspirou no conto de Jeanne-Marie Leprince de Beaumont, sem ignorar a adaptação de Jean Cocteau em 1946, e o resultado foi um dos mais marcantes e mágicos filmes da companhia do rato Mickey, um dos 3 únicos Filmes de Animação da História a ser nomeado para a categoria de Melhor Filme (só alguns anos mais tarde, com Up em 2009 e Toy Story 3 em 2010 aconteceu o mesmo).
    Seguindo a recente tendência dos live-action remakes, e depois de Alice in the WonderlandThe Jungle Book e Cinderella, o filme de Bill Condon, embora não consiga replicar as sensações de quem já sentiu tudo pela primeira vez, promete ser um marco - tremendo sucesso de bilheteira! - nesta nova prática, levando a Disney a crer que recriar Mulan, Aladdin, Dumbo ou The Lion King é o caminho a s€guir.
   Coube a Bill Condon (realizador dos últimos dois Twilight, com Dreamgirls a ser o seu filme mais premiado e Mr. Holmes provavelmente o melhor trabalho) a responsabilidade de nos fazer recuar no tempo, tendo a nostalgia como carta fácil na manga, mas ficando refém desse inigualável passado. Dito da maneira mais simples: quantos de nós não gostaríamos por vezes de apagar da nossa memória a primeira vez que vimos um filme, uma série ou que lemos um livro, e poder sentir tudo novamente?
    No seu todo, Beauty and the Beast é um trabalho competente, incapaz de competir com a versão de animação, mas apoiado num excelente trabalho de casting, com as vozes e talentos certos para as personagens. Geniais as escolhas de Ewan McGregor e Ian McKellen para Lumière e Horloge, Luke Evans demora pouco a convencer-nos que é realmente Gaston e o sotaque britânico e maternal de Emma Thompson só ajuda a acordar a criança que há em nós. E porque seria apenas ridículo alimentar as polémicas em torno de LeFou (alguém que nos explique como pode ser este filme considerado R-rated em alguns países, absurdo), interessa sim olhar para os protagonistas, a Bela e o Monstro. Emma Watson, mais aclamada como ícone do feminismo do que propriamente como actriz, tem a voz e a imagem adequadas mas, e se calhar estamos a ser picuinhas, parece faltar-lhe algo em termos de expressividade; já como Monstro, Dan Stevens demonstra bem a amplitude ou alcance que tem como actor, e depois deste filme e de Legion vamos certamente estar muito atentos aos trabalhos que o envolvam. Portas abertas não irão faltar.

    A infância ganha vida ao som de Belle, Gaston, Be Our Guest, Something There e principalmente na versão de Emma Thompson de Beauty and the Beast, e ao revisitar todos os cenários, objectos e momentos que ninguém esquece: aquela biblioteca (a gigante, não a primeira com apenas 10 livros), a rosa e o espelho, a dança ou a transformação do Monstro.
    A Bela e o Monstro não tem o impacto daquele VHS cheio de pó que podíamos ver e rever vezes sem conta. Seja como for, não é um remake infeliz, honra as suas origens e se a nostalgia é o nosso bilhete de entrada, é indiscutível que a viagem tem qualidade por si só. Mas, sem desiludir, não há mal em assumir que é apenas mais um filme deste ano, inspirado naquele que estará certamente entre os 10 ou 5 melhores filmes de animação de sempre. Nem tudo o que vemos têm que ser filmes incríveis... e ninguém diz que não a uma viagem no tempo com pipocas.


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