9 de dezembro de 2012

A Caminho dos Óscares: Argo | Wreck-it Ralph


Começamos hoje, e daremos sequência nos próximos tempos, a rubrica "A Caminho dos Óscares". Ainda é uma incógnita quem ganhará em cada categoria, mas já há alguns nomeados que não fugirão do que já se suspeita. Preparem as vossas mentes para nomes como Argo, Lincoln, Zero Dark Thirty, Les Miserábles, Life of Pi e Silver Linings Playbook e para verem algumas caras bem conhecidas nomeadas como Daniel Day-Lewis, Joaquin Phoenix, Jennifer Lawrence, Jessica Chastain, Philip Seymour Hoffman ou Anne Hathaway. Será que Bradley Cooper, Marion Cotillard, Denzel Washington, Robert DeNiro e a pequena Quvenzhane Wallis também conseguirão nomeações? Passo a passo vamos construindo a moldura dos óscares. Para já, começamos com Argo - um filme sobre um filme -, e um filme em que um "mau" se farta de ser quem é. Oxalá inspirasse o senhor Pinto da Costa.

Argo

Realizador: Ben Affleck
Argumento: Chris Terrio, Joshuah Bearman
Elenco: Ben Affleck, Alan Arkin, John Goodman, Scoot McNairy, Bryan Cranston, Victor Garber, Kerry Bishé, Rory Cochrane, Clea DuVall
Classificação IMDb: 8.2

Até Fevereiro ainda muita coisa pode mudar (por exemplo, Zero Dark Thirty, de Kathryn Bigelow, com Jessica Chastain, sobre a procura e captura de Osama-Bin Laden só nos últimos dias apareceu cogitado enquanto provável nomeado), mas Argo supostamente deverá ser um dos nomeados para melhor filme em 2013. Uma coisa para mim é certa – Ben Affleck é melhor realizador do que actor – não é que ele seja mau actor, mas como realizador destaca-se da maioria. Depois de escrever O Bom Rebelde e realizar Gone Baby Gone e The Town, Argo é claramente o filme mais maduro de Affleck.
         Co-produzido com George Clooney, Argo mostra-nos a história verídica de como a CIA, conjuntamente com a embaixada do Canadá, conseguiu resgatar 6 diplomatas norte-americanos do Irão num período conturbado. Em suma, após a tomada da embaixada norte-americana do Irão por parte do povo local, 6 americanos conseguem fugir e refugiar-se durante algum tempo em casa do responsável pela embaixada canadiana. Tony Mendez (Ben Affleck), perito em resgatar reféns, tem a ideia de simular a criação de um filme chamado Argo. Mendez reúne uma equipa de produção (Alan Arkin e John Goodman compõem-na) e o objectivo passa por resgatar os 6 reféns e fazê-los passar pelos restantes membros de staff – argumentista, realizador, entre outros. O filme (o verdadeiro Argo, de 2013) foi inclusive publicitado com o slogan “The movie was fake, the mission was real”.
         O filme é interessante, um dos bons filmes do ano, mas acaba por ser bastante linear. Politicamente é conveniente para os EUA porque mostra como eles deixaram o Canadá receber os louros por um salvamento que se manteve na penumbra durante anos. O timing de lançamento do filme talvez não seja o melhor, pelas actuais relações entre EUA e Irão e, de resto, há várias coisas que se diferenciam da realidade, como em qualquer um destes filmes. A personagem de Alan Arkin (uma das grandes personagens do filme, que talvez valha uma nomeação para melhor actor secundário) é ficcional; a perseguição final no aeroporto – o climax – foi inventada para aumentar o carácter dramático; o momento entre os seguranças e a equipa (Mendez + reféns) junto da porta de embarque supostamente também nunca aconteceu.
         Quando tiver visto mais filmes poderei opinar se faz ou não sentido Argo aparecer como nomeado para melhor filme. Para já, parece bem posicionado para reunir 6 nomeações para: Melhor Filme, Melhor Realizador (Ben Affleck), Melhor Actor Secundário (Alan Arkin), Melhor Argumento Adaptado, Melhor Montagem e talvez Melhor Banda Sonora. Vale a pena ver, mas vão aparecer melhores, espero. E Affleck, vê lá se continuas atrás da câmara, que tens jeito para a coisa.


Wreck-it Ralph

Realizador: Rich Moore
Argumento: Rich Moore, Phil Johnston, Jim Reardon
Elenco: John C. Reilly, Sarah Silverman, Jack McBrayer, Jane Lynch
Classificação IMDb: 8.2

Ia eu ao cinema com a minha namorada ver o Argo, ela olha para o cartaz do Wreck-it Ralph (Força Ralph em português), vê lá o Sonic e entusiasmada diz “Ah! Vamos antes ver aquele!”. Sim, ela é assim, querida. Porém, foi vítima de publicidade enganosa – o Sonic quase não entra no filme, ou melhor, entra 2 segundos. No entanto, Wreck-it Ralph é um dos 2 grandes filmes de animação do ano. Rich Moore decidiu explorar o universo dos videojogos e fê-lo da melhor maneira, criando um filme que agradará tanto a geeks como a pessoas. Peço desculpa geeks, não ponham um vírus neste blog, eu peço-vos educamente, clemência, geeks, clemência.
         O conceito é engraçado: Ralph é o vilão do seu jogo. Todos os dias tenta destruir montes de coisas, aparece o reparador Felix (o bom do seu jogo) e, controlado pelos jogadores, salva tudo e todos e o Ralph é atirado do prédio abaixo para a lama. Sempre assim. Até que o Ralph se farta e, numa reunião de “Maus” dos videojogos (onde aparece o Doctor Eggman [Sonic], um dinossauro do Super Mario, entre outros), coordenada pelo fantasma Clyde, do Pacman, Ralph revela que quer passar a ser um herói. Todo o filme baseia-se então na cruzada de Ralph para se tornar um herói e sobretudo na amizade que trava com Vanellope (uma criança dum jogo de corridas feminino, que é tida como uma glitch – falha).
         O filme tem um fim bastante emocional e na qual o lema da reunião dos “maus” ganha novo sentido: I’m bad, and that’s good. I will never be good, and that’s not bad. There’s no one I’d rather be then me.
         É um filme com um conceito criativo e inovador, que se bate bem com Brave, e que é composto por muitos pequenos momentos cómicos, que nem sempre acontecem na personagem ou área do ecrã para onde é “normal” o público olhar.
         Com referências a Sonic, Super Mario, Pacman, Street Fighter, entre outros e a participação em filme de Skrillex (animado), Wreck-it Ralph é talvez o maior candidato ao óscar de melhor filme de animação, procedido de Brave. Todos nós queremos ser heróis, mas às vezes apercebemo-nos de que sacrifícios têm que ser feitos em prol de um todo, de uma sociedade. MP



1 comentários:

  1. Força Ralph: 4*

    Adorei conhecer o mundo dentro dos videojogos e gostei muito de alguns cameos de personagens de jogos, sem dúvida um filme que recomendo.

    Cumprimentos, Frederico.

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