10 de janeiro de 2023

As Melhores Novas Séries de 2022

 Eleitos os melhores episódios do ano, prosseguimos a nossa viagem ao longo de 2022 com aquelas que foram para nós as Melhores Novas Séries.

    Em 2022, foram várias as descobertas que motivaram o passa-a-palavra entre amigos. Há um ano atrás as principais novidades tinham sido Arcane e Squid Game, sem esquecer extraordinárias mini-séries (Station Eleven, The Underground Railroad, Mare of Easttown ou It's A Sin), e foi bom assistir à evolução/ consolidação no sempre desafiante Ano 2 de Reservation Dogs, The White Lotus e Hacks.
    No último ano foram em menor número as novas séries merecedoras de destaque (por isso mesmo distinguimos 17 ao contrário de 2021 em que pudemos destacar 20), mas o nível apresentado pela nata deste Top foi muito elevado.

    Vimos The Lord of the Rings: The Rings of Power, The Patient, Obi-Wan Kenobi ou Life After Life, mas nenhum nos convenceu ao ponto de estar entre as melhores novas séries do ano. Este Top-17 premeia um ano muito positivo para a HBO (6 séries presentes, 4 delas nos sete primeiros lugares) e uma Apple TV+ cada vez mais forte (4 presenças), embora seja o FX on Hulu a roubar o primeiro posto. Invulgar, embora não surpreenda totalmente, a ausência em absoluto do carimbo Netflix.

    Justificamos assim as nossas 20 Melhores Novas Séries de 2022:



1. The Bear (FX on Hulu)
Criado por: Christopher Storer
Elenco: Jeremy Allen White, Ebon Moss-Bachrach, Ayo Edebiri, Lionel Boyce, Liza Colón-Zayas
IMDb: 8.4 | Rotten Tomatoes: 100% | Metascore: 88

    Yes, Chef! Eis a melhor série estreada em 2022 para o Barba Por Fazer. The Bear é uma panela sob pressão, é uma cozinha stressada ao som de jazz, é água bebida de um tupperware e uma constante procura por respostas, apenas disponíveis em polpa de tomate.
    The Bear é uma família de colegas de trabalho, é um irmão em luto, é Pearl Jam, Sufjan Stevens e, por fim, Radiohead. Com muita simplicidade na receita, e um incrível Jeremy Allen White como Carmy, a série de Verão de Christopher Storer preencheu-nos como nenhuma outra das novidades do ano.

2. Severance (Apple TV+)
Criado por: Dan Erickson
Elenco: Adam Scott, Britt Lower, Zach Cherry, Patricia Arquette, John Turturro, Tramell Tillman
IMDb: 8.7 | Rotten Tomatoes: 97% | Metascore: 83

    No papel, a ideia de Dan Erickson tinha tudo para resultar em algo genial: Mark (Adam Scott) e os seus colegas de trabalho desempenham funções numa empresa misteriosa, sujeitando-se a um procedimento cirúrgico capaz de separar por completo o seu "eu" privado e profissional. Quando estão no trabalho, não têm memórias da sua vida exterior; quando estão fora do trabalho, desconhecem em absoluto o que fizeram no horário de expediente.
    Na prática e no ecrã, a ideia de Dan Erickson saiu ainda melhor do que as mais confiantes previsões. Com Ben Stiller a realizar 6 dos 9 episódios, Severance (demora uns episódios a agarrar, mas compensa com a intriga progressiva, num puzzle inteligente que abre uma porta com um novo ponto de interrogação à medida que fecha outra) tornou-se a nova jóia da coroa da Apple TV+, superando For All Mankind e Ted Lasso, e acreditamos que durante as próximas temporadas, Severance se torne uma das séries mais respeitadas no mundo, quer pela crítica quer pelo grande público.
    O nono "The We We Are", impróprio para cardíacos, foi o grande episódio de 2022.

3. Andor (Disney+)
Criado por: Tony Gilroy
Elenco: Diego Luna, Stellan Skarsgard, Denise Gough, Kyle Soller, Genevieve O'Reilly, Andy Serkis
IMDb: 8.4 | Rotten Tomatoes: 96% | Metascore: 74

    Honestamente, quando Andor foi anunciado pensámos que se trataria de apenas mais uma série Star Wars. Depois do sucesso de The Mandalorian e do relativo insucesso de Obi-Wan Kenobi, Tony Gilroy edificou o novo tesouro do Disney+ e a melhor criação SW desde a trilogia original.
    O começo da jornada de Cassian Andor (Diego Luna) de ladrão e mercenário até revolucionário colocou a cereja no topo do bolo do ano televisivo de 2022, com personagens tridimensionais e bem trabalhadas, uma maturidade temática, visuais estonteantes e novas camadas de política e espionagem a acordar um universo que, sem precisar de Skywalkers, Yodas ou sabres de luz, parece agora mais vivo e relevante do que nunca.

4. House of the Dragon (HBO)
Criado por: Ryan J. Condal, George R. R. Martin
Elenco: Emma D'Arcy, Olivia Cooke, Paddy Considine, Matt Smith, Milly Alcock, Rhys Ifans, Ewan Mitchell, Tom Glynn-Carney
IMDb: 8.5 | Rotten Tomatoes: 93% | Metascore: 69

    Já sentíamos falta daquela sensação de perigo constante ao fazer scroll na Internet à segunda-feira, podendo a cada esquina espreitar um spoiler. Game of Thrones, a série mais mediática dos últimos anos, saiu pela porta pequena, e também por isso não tínhamos grandes expectativas para o herdeiro House of the Dragon.
    A prequela foi uma das belas surpresas de 2022, brilhando no mais importante (o enredo) e dando uma lição na arte de construir e apresentar um novo universo de personagens. Tivemos dificuldade em não revirar os olhos perante alguma incoerência na disparidade de envelhecimento entre as personagens, mas foi com gosto que corremos a estudar a árvore genealógica Targaryen, matando saudades de episódios pouco iluminados mas épicos, de crianças que lutam até uma perder o olho ou dos céus cruzados por um dragãozinho e um dragãozão.

5. The Rehearsal (HBO)
Criado por: Nathan Fielder
Elenco: --
IMDb: 8.6 | Rotten Tomatoes: 96% | Metascore: 86

    Nathan Fielder é um dos autores mais fora da caixa dos nossos dias. Depois do sucesso de Nathan For You, da Comedy Central, o ator e humorista canadiano convenceu a HBO a apoiar as suas ideias com uma super-produção.
    The Rehearsal teve a sua origem num conceito simples: uma comédia/ documentário em que os participantes podem ensaiar ou preparar-se para determinados momentos da sua vida, não deixando nada ao acaso num mundo imprevisível. Quando parecia que este ensaio seria uma espécie de série de procedimento repetitiva, Fielder tirou-nos o tapete com uma matriosca existencialista, uma profunda reflexão sobre parentalidade.

6. Winning Time: The Rise of the Lakers Dinasty (HBO)
Criado por: Max Borenstein, Jim Hecht
Elenco: John C. Reilly, Quincy Isaiah, Adrien Brody, Jason Clarke, Solomon Hughes, Jason Segel, Tracy Letts, Hadley Robinson
IMDb: 8.3 | Rotten Tomatoes: 85% | Metascore: 68

    Entre as novas séries inspiradas por eventos reais, Winning Time merece a medalha de ouro. Adam McKay (realizador do episódio-piloto) introduziu uma distinta impressão digital em termos de estilo, com a alternância no "grão" da imagem, e o arranque da dinastia dos anos 80 dos LA Lakers contou com uma hábil forma de filmar desporto e uma astuta capacidade de colocar no ecrã o entusiasmo gerado pela revolução táctica.
    É magnífico ver Adrien Brody a emergir em segundo plano como Pat Riley, ajudou certamente a HBO encontrar um Kareem Abdul-Jabbar 99% igual ao verdadeiro e o primeiro sinal de que a série tinha tudo para correr bem deu-se logo no primeiro sorriso e na primeira transpiração de carisma de Quincy Isaiah como Magic Johnson. 
    Uma palavra final para John C. Reilly, que já merecia encabeçar um projecto desta dimensão.

7. We Own This City (HBO)
Criado por: George Pelecanos, David Simon
Elenco: Jon Bernthal, Wunmi Mosaku, Jamie Hector, Josh Charles, Dagmara Dominczyk
IMDb: 7.6 | Rotten Tomatoes: 93% | Metascore: 83

    As séries de David Simon são, de certa forma, séries de nicho. Numa sociedade sedenta por estímulos e cliffhangers que nos façam dormir menos e devorar mais, o génio responsável por The Wire trabalha ao seu ritmo, com um realismo que nos leva para as ruas das suas histórias, mas que se recusa a recorrer a bandas sonoras influenciadoras.
    Simon e Pelecanos respeitam a audiência, são mestres do Show, don't tell e em We Own This City - 5 horas e 57 minutos dividos em seis partes - voltaram a trabalhar na mesma fasquia alta de sempre.
    A corrupção da polícia de Baltimore vacilou apenas na forma algo confusa como por vezes viajou no tempo (talvez numa segunda visualização o encadeamento seja mais intuitivo) e vincou Jon Bernthal como um dos principais nomes do meio televisivo na atualidade.

8. Pachinko (Apple TV+)
Criado por: Soo Hugh
Elenco: Minha Kim, Youn Yuh-jung, Jin Ha, Lee Min-Ho, Soji Arai
IMDb: 8.4 | Rotten Tomatoes: 97% | Metascore: 87

    Com potencial para se tornar uma das grandes séries dos próximos anos, Pachinko afirmou-se como o drama familiar do ano. Bebendo da magistral realização de Kogonada (Columbus, After Yang) a jornada de uma família coreana imigrante encantou-nos à primeira vista, e rebentou a escala ao sétimo capítulo, com o Japão e 1923 como pano de fundo.

9. Welcome to Wrexham (FX)
Criado por: Rob McElhenney e Ryan Reynolds
Elenco: --
IMDb: 8.3 | Rotten Tomatoes: 90% | Metascore: 75

    Quem gosta de futebol, gostará de Welcome to Wrexham. Quem sentiu saudades de Ted Lasso em 2022 teve neste conto de fadas do 5.ª escalão do futebol britânico o substituto perfeito.
    Além de nos dar a conhecer Paul Mullin, Ollie Palmer, Aaron Hayden ou Jordan Davies, WtW superou expectativas (e os 18 episódios vêem-se a correr, o que é bom sinal), com as vedetas Rob McElhenney e Ryan Reynolds a passarem a tratar o soccer por futebol, demonstrando total compromisso e seriedade com o projecto de comprar o pequeno mas histórico clube do País de Gales.
    Acima de tudo, Welcome to Wrexham é uma óptima fotografia do que é ser adepto e da total simbiose entre uma comunidade e um clube. Muito raramente, ainda há momentos em que o futebol não é só um negócio.

10. The Offer (Paramount+)
Criado por: Michael Tolkin
Elenco: Miles Teller, Matthew Goode, Dan Fogler, Juno Temple, Burn Gorman, Giovanni Ribisi
IMDb: 8.7 | Rotten Tomatoes: 57% | Metascore: 48

    Desprezado pela crítica, apreciado pelas massas. The Offer esteve longe de ser uma mini-série perfeita, mas não foi aborrecida em momento algum, acompanhando os bastidores da produção de The Godfather e elucidando assim o espectador com muitas curiosidades a cada página do guião.
    Miles Teller e Matthew Goode foram óptimas escolhas para dar corpo, respectivamente, ao produtor Albert S. Ruddy e ao executivo Robert Evans, Juno Temple acrescenta valor em tudo o que entra, e mesmo a missão (quase) impossível de encontrar adequados Francis Ford Coppola, Marlon Brando e Al Pacino correu bastante bem.

11. The Old Man (FX)
Criado por: Jonathan E. Steinberg, Robert Levine
Elenco: Jeff Bridges, John Lithgow, Alia Shawkat, Amy Brenneman, E. J. Bonilla
IMDb: 7.6 | Rotten Tomatoes: 97% | Metascore: 72

    Num ano com três boas séries de espionagem (sim, Andor é uma série Star Wars mas também deve ser considerada uma série de espiões), The Old Man brindou-nos com Jeff Bridges num dos desempenhos mais exigentes e desafiantes da sua carreira.
    A fuga do antigo colaborador da CIA, quase sempre acompanhado pelos seus dois Rotweilers super-disciplinados, fez de Bridges uma figura de ação aos 73 anos, impressionando a coreografia nas sequências de ação e o casting, capaz de encontrar o match perfeito para as versões jovens de Bridges e Lithgow.

12. Slow Horses (Apple TV+)
Criado por: Will Smith
Elenco: Gary Oldman, Jack Lowden, Kristin Scott Thomas, Rosalind Eleazar, Freddie Fox
IMDb: 7.9 | Rotten Tomatoes: 97% | Metascore: 78

    Will Smith (atenção, é um Will Smith diferente daquele que esbofeteia humoristas) adaptou o thriller de espiões de Mick Herron, garantindo-lhe a Apple TV+ o luxo de poder contar com Gary Oldman no papel de Jackson Lamb.
    No seu ano de estreia, Slow Horses deu-nos duas temporadas (6 episódios em Abril, 6 episódios em Dezembro), sempre num nível alto com Lamb a chefiar um conjunto de agentes do MI5 renegados para um purgatório administrativo.

13. Under the Banner of Heaven (FX on Hulu)
Criado por: Dustin Lance Black
Elenco: Andrew Garfield, Daisy Edgar-Jones, Billy Howle, Wyatt Russell, Sam Worthington, Gil Birmingham
IMDb: 7.5 | Rotten Tomatoes: 86% | Metascore: 71

    O mergulho no fundamentalismo mórmon/ da igreja LDS foi uma das séries mais difíceis de 2022. Um drama familiar pesado, que bem podia ter sido uma temporada de True Detective, e que voltou a mostrar que Andrew Garfield é um dos melhores intérpretes da sua geração.
    Daisy Edgar-Jones é cada vez mais uma certeza, e Billy Howle foi uma revelação, justificando que o chamem para papéis mais ambiciosos.

14. Our Flag Means Death (HBO Max)
Criado por: David Jenkins
Elenco: Rhys Darby, Taika Waititi, Samson Kayo, Vico Ortiz, Kristian Nairn, Rory Kinnear
IMDb: 7.8 | Rotten Tomatoes: 93% | Metascore: 70

    E se um romance entre um aristocrata a atravessar uma crise de meia idade, abandonando a sua família para abraçar uma carreira como pirata, e o famoso e temível Barba-Negra acabasse por ser uma das melhores comédias de 2022?
    Com um POV original, e o neozelandês Taika Waititi metido ao barulho, Our Flag Means Death deu-nos piratas muito educados e, honestamente, até mesmo os momentos em que a série deixou a nu os seus valores de produção modestos q.b. acabaram por colar bem com o tom da criação de David Jenkins.

15. Black Bird (Apple TV+)
Criado por: Dennis Lehane
Elenco: Taron Egerton, Paul Walter Hauser, Sepideh Moafi, Greg Kinnear, Ray Liotta
IMDb: 8.1 | Rotten Tomatoes: 97% | Metascore: 80

    Black Bird é um bom exemplo de uma série que teria saído beneficiada se tivesse disponibilizado de uma vez só para binge os seus seis episódios. Consumimo-la semanalmente e não nos encheu as medidas acompanhar a investigação levada a cabo pelas personagens de Sepideh Moafi e Greg Kinnear, mas quando Black Bird sentou frente a frente assassino (Paul Walter Hauser) e informador (Taron Egerton) fez-se magia, com desabafos sinistros e perturbadores. Como um todo não é de consumo obrigatório, mas ninguém devia perder Paul Walter Hauser como Larry Hall.

16. Pam & Tommy (Hulu)
Criado por: Robert Siegel
Elenco: Lily James, Sebastian Stan, Seth Rogen, Nick Offerman
IMDb: 7.3 | Rotten Tomatoes: 79% | Metascore: 70

    É difícil não pensar na hipocrisia de Pam & Tommy, uma série que aprofunda a exposição e violação de privacidade de Pamela Anderson e Tommy Lee, tentando gerar empatia, mas que, ao fazê-lo, volta a trazer à superfície para uma geração diferente um vídeo caseiro que o casal procurou que caísse no esquecimento.
    Ignorando essa questão, a série do Hulu mostrou-se algo desequilibrada (o subplot da personagem de Seth Rogen nem sempre cativou) mas é impossível não elogiar não só o departamento de caracterização como os desempenhos dos dois protagonistas. Sebastian Stan brilhou, ocasionalmente com uma genitália falante, mas a estrela foi sem dúvida Lily James como Pamela Anderson, merecedora das várias nomeações que obteve.

17. Peacemaker (HBO Max)
Criado por: James Gunn
Elenco: John Cena, Danielle Brooks, Freddie Stroma, Jennifer Holland, Robert Patrick
IMDb: 8.3 | Rotten Tomatoes: 94% | Metascore: 70

    Refrescante ao nunca se levar demasiado a sério, Peacemaker revelou-se o palco perfeito para John Cena, seu protagonista, colocando-o num contexto de acção e fisicalidade, mas potenciando a leveza e comédia que o astro da WWE consegue oferecer.
    O anti-herói da DC, com uma águia como ajudante e um Vigilante desesperado por ser seu melhor amigo, caiu nas boas graças dos fãs de séries de super-heróis. Continuem a dar total liberdade criativa a James Gunn, e o resultado será sempre o melhor e mais insano entretenimento.

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