Premier League - O verdadeiro futebol está de regresso. Três longos meses de espera dão hoje lugar a um convite para nova aventura com 38 jornadas. Em Inglaterra, o ritmo é outro. Em Inglaterra, só vence quem sua, quem resiste, quem se adapta. Mas quem será o campeão em 2025/ 2026? Ao contrário da temporada passada, que iniciava com um Manchester City tetracampeão e em busca do penta, nesta edição é o Liverpool quem defende o título. Na estreia de Arne Slot, os reds não deram quaisquer hipóteses à concorrência, conquistando o campeonato com grande margem (a 4 jornadas do fim) e com Mohamed Salah (29 golos e 18 assistências) a realizar uma das melhores campanhas individuais na História da competição. Os campeões, em luto pelo seu e nosso eterno Diogo Jota, viram Trent Alexander-Arnold optar por nova etapa no Real Madrid, mas reforçaram-se com soluções de luxo: à cabeça, Florian Wirtz, o jogador deste Verão cuja transferência aguardávamos com maior curiosidade, é a grande novidade da Premier League. A equipa de Anfield parte na pole position, mas Slot terá que descobrir a melhor forma de conciliar, com equilíbrio, o talento à sua disposição. E será que o Liverpool vai bater novamente o recorde de transferências com Alexander Isak?!
Neste nível, acreditamos que poderão ser os detalhes, nomeadamente a capacidade de manter as lesões longe o maior tempo possível, a determinar a diferença entre Liverpool, Arsenal e Manchester City. Os gunners ficaram em 2º lugar nos últimos 3 campeonatos, o que no mínimo quer dizer que Arteta comanda uma equipa estável e a um pequeno passo de erguer um troféu que escapa desde 2004. O estatuto de melhor defesa é uma vantagem indiscutível, e a segurança com que podemos adivinhar 9 ou 10 titulares do Arsenal pode ser vista como maior previsibilidade mas também como uma ideia ou plano mais consolidado. Tudo leva a crer que Zubimendi terá ótima sintonia com Declan Rice, a juventude (Nwaneri, Lewis-Skelly e o menino de 15 anos, Max Dowman) apaixona, faltando perceber como entra Gyökeres neste carrossel, que terá que aprender a viver com o sueco, trabalhando doutra maneira a atração dos adversários e a utilização do espaço, mais incisiva e menos mastigada.
Ao dia de hoje, o City coleciona pontos de interrogação. Pep é Pep, mas o regresso da melhor versão de Rodri continua a ser adiado e, embora o plantel - sem Kevin De Bruyne - se tenha apetrechado com Reijnders (confiamos que rapidamente se tornará um indiscutível), Cherki ou Aït-Nouri, continua por estabilizar o melhor trio no suporte a Haaland, a posição de lateral direito e mesmo a baliza.
O campeão do mundo Chelsea corre por fora (mas não muito), numa edição em que achamos que se poderá assistir a uma pequena descolagem do Top4 em relação às 5-6 equipas seguintes. O Aston Villa é sempre competitivo com Unai Emery, o Newcastle está a viver um Verão de desamores e desilusões, e o Manchester United tem margem de erro zero, ficando Ruben Amorim obrigado a subir muitos lugares na tabela depois de receber os jogadores que pediu, com destaque para Matheus Cunha e Mbeumo, já familiarizados com o campeonato e destaques evidentes em 24/ 25.
Em 20 equipas, apenas duas têm novo treinador. O Tottenham atraiu o dinamarquês Thomas Frank para o seu projeto, o que levou o Brentford a ter que o substituir com Keith Andrews (estreia como técnico principal). Southampton, Leicester e Ipswich deram a vez a Leeds United, Burnley e Sunderland, e há o risco evidente de, uma vez mais, os 3 recém-promovidos descerem logo, perpetuando este ciclo incessante de clubes iôiô e pagamentos paraquedas no Championship. O Sunderland (8 anos depois neste escalão) parece ligeiramente mais capacitado do que os companheiros de subida, podendo quem sabe lutar pela manutenção com Brentford, Wolves e West Ham.
Será uma Premier League sem De Bruyne. Sem Trent, Luis Díaz, Son, Huijsen e Zabarnyi. Mas com Wirtz, Gyökeres, Estêvão, Reijnders, Cherki, Sesko, Zubimendi, Ekitiké, Frimpong, Ndoye, Nypan, Hato, Habib Diarra, Guessand, Malick Diouf, Kostoulas, De Cuyper, Arias ou Moller Wolfe como novidades absolutas e inúmeros movimentos internos: Matheus Cunha, Mbeumo, Kerkez, João Pedro, Delap, Grealish, Aït-Nouri, Trafford, Kudus, Elanga, Madueke, Petrovic, Kelleher, Dewsbury-Hall, Dango ou Adingra.
Acompanhem-nos então nesta completa Antevisão da Premier League 2025/ 26, numa tentativa de prever a classificação final e destaques individuais, sempre falível considerando as várias transferências por oficializar, lesões e outros mil fatores:
LIVERPOOL (1)
O Manchester City venceu 4 dos últimos 5 campeonatos e no Emirates Stadium os astros parecem estar finalmente a alinhar-se, mas não conseguimos deixar de apontar o Liverpool ao bicampeonato.
Os reds passearam na última Premier League, sem reforços, e promoveram neste Verão uma mini-revolução ou início de uma nova Era. O menino da casa, Trent Alexander-Arnold, saiu para o Real Madrid, Luis Díaz e Darwin mudaram-se para Munique e para a Arábia Saudita respetivamente, e é inevitável abordar o trágico e chocante desaparecimento de Diogo Jota. O luto será fator de união deste grupo, que o quererá homenagear em campo jornada após jornada, mas também pode ser visto como uma mais do que compreensível "lesão", ficando todos os jogadores com marcas na sua saúde mental após perder o colega e amigo.
Arne Slot deu-se bem na temporada de estreia. Adaptou Gravenberch, conteve as subidas dos laterais e agradeceu a Mo Salah uma daquelas temporadas para a História. Um ano depois, Slot vai ter mais trabalho, mais dedo, parecendo-nos que uma boa base seria não desmanchar a coexistência de Gravenberch, Mac Allister e Szoboszlai no 11 titular, algo que só deve ser viável agora numa espécie de 4-4-2 losango.
Salah e van Dijk renovaram, mas a grande bandeira de 2025/ 26 é Florian Wirtz. O craque alemão acumulou 34 golos e 33 assistências nos últimos dois anos e é jogador para brilhar desde a primeira jornada, sem acusar qualquer peso pelo valor recorde da sua transferência ou pela adaptação a uma nova realidade. Já com mais de 300 milhões gastos, o Liverpool terá Ekitiké (e Isak também?) na frente, adquiriu Leoni a pensar no futuro do centro da sua defesa, e Kerkez e Frimpong são os novos laterais. O ex-Bournemouth não engana, mas o neerlandês pode levar os adversários a "escolherem" o seu lado para atacar. Bradley, mais equilibrado mas com várias lesões musculares nos últimos tempos, pode conquistar a titularidade se estiver operacional.
Com clara ambição de se sagrar bicampeão e derrotar gigantes como o PSG e o Barcelona nas competições europeias, o Liverpool está gastador, tem uma nova coqueluche (Rio Ngumoha) a despontar e quer acrescentar Isak. Temos altíssimas expetativas para Wirtz, Salah é Salah, mas não podemos negar que há algo na química e fluidez deste renovado Liverpool que nos deixa de pé atrás.
Treinador: Arne SlotOnze-Base (4-4-2): Alisson; Frimpong (Bradley), Konaté, van Dijk, Kerkez; Gravenberch, Szoboszlai, Mac Allister; Wirtz; Salah, Ekitiké (Gakpo)
Atenção a: Mohamed Salah, Florian Wirtz, Dominik Szoboszlai, Milos Kerkez, Rio Ngumoha
ARSENAL (2)
Se seguíssemos apenas o feeling, o Arsenal estaria nesta antevisão como futuro primeiro classificado. Os gunners não vencem a Premier League desde 2004 e ficaram a 10 pontos do campeão Liverpool, nunca chegando a beliscar o percurso dos reds. Mas apesar do Liverpool ter acrescentado muita qualidade às suas fileiras, sentimos que o Arsenal está mais perto de identificar a sua versão otimizada, beneficiando da estabilidade (3 vezes consecutivas 2º) e do facto de ter indiscutivelmente a melhor defesa da Premier.
2025/ 26 pode ser o tudo ou nada para Mikel Arteta, e a receita para o êxito dos londrinos terá que passar invariavelmente por algumas afinações de sistema do técnico espanhol, que tem agora jogadores para dominar menos com bola, precisando de modificar a forma de pressionar, a atração do adversário e a exploração do espaço.
Viktor Gyökeres saiu do futebol português, onde destruiu tudo e todos durante duas temporadas, e terá uma grande pressão sobre os seus ombros. Mas o sueco é um animal competitivo, com confiança suficiente para duplicar a pressão sobre si ao escolher o mítico 14 de Thierry Henry. Gyökeres não é Darwin, o impacto e peso de ambos em Portugal foi incomparável, e sendo verdade que marca pouco de cabeça (caraterística sobrevalorizada, sendo poucos os avançados de topo da atualidade com muitos golos de cabeça) e que tem mais dificuldades contra blocos baixos, cabe ao Arsenal saber adaptar-se aos seus (muitos) pontos fortes. O sueco pode parecer um corpo estranho nos primeiros jogos, mas é importante ter presente - a sua mentalidade vencedora; a dor de cabeça que será para os defesas, atraindo jogadores para si e libertando por exemplo Saka; e a capacidade invulgar que tem demonstrado de evoluir ano após ano.
Neste Arsenal, está uma das melhores duplas de centrais do futebol moderno, há rivalidade entre Timber e Ben White à direita e Lewis-Skelly e Calafiori à esquerda. E muita atenção ao que significa adicionar Zubimendi a Declan Rice e Odegaard. O médio espanhol pode ser o início de tudo, tornando o futebol dos gunners pensado de forma mais célere. Na frente, os holofotes estão sobre Saka e Gyökeres, mas será interessante ver a reação de Madueke às críticas injustas que a sua contratação gerou e principalmente a evolução dos miúdos Nwaneri (18 anos) e Max Dowman (15 anos!).
O coração diz Arsenal, mas não há como ignorar que o campeão Liverpool está mais forte e ainda pode acrescentar Isak, e se as lesões forem um fator-chave, o histórico clínico recente joga contra este Arsenal e não tanto contra o clube de Anfield.
Treinador: Mikel Arteta
Onze-Base (4-3-3): Raya; Timber (B. White), Saliba, Gabriel, Lewis-Skelly (Calafiori); Zubimendi, Rice, Odegaard (Nwaneri); Saka,
Gyökeres, G. Martinelli (Madueke)
Atenção a: Bukayo Saka, Viktor Gyokeres, Declan Rice, Martin Zubimendi, Max Dowman

MANCHESTER CITY (3)
É quase um sacrilégio futebolístico apontar uma equipa de Pep Guardiola ao terceiro lugar na antevisão de um campeonato, mas é o que sentimos. Depois de uma temporada irreconhecível em vários momentos, o City corrigiu alguns ingredientes na sua fórmula para o sucesso, mas ainda são demasiadas as variáveis aparentemente indefinidas.
Sem Kevin De Bruyne - o nosso médio favorito na Premier League pós-Steven Gerrard, que serviu magnificamente o City com a sua criatividade e visão durante 10 temporadas inolvidáveis - o City desespera pela recuperação de Rodri, o talismã e pêndulo que falhou quase toda a época passada e que já teve uma recaída, impedindo-o de realizar a pré-época desejável. Grealish e Kyle Walker também já não figuram entre as opções de Pep, Bernardo Silva foi promovido a capitão e ao longo dos diversos setores vemos muito potencial mas também muitos pontos de interrogação. Na baliza, tudo levava a crer que o resgate de James Trafford faria com que o extraordinário guardião inglês viesse a roubar a baliza a Ederson ao longo da prova. Mas de repente há a hipótese Donnarumma no horizonte, com Ederson a poder sair para a Turquia, e Trafford a desmotivar. Na defesa, Guardiola só tem que estabilizar Rúben Dias e Gvardiol como intocável dupla de centrais, e Aït-Nouri oferecerá coisas que a equipa simplesmente não tinha a partir de posições mais recuadas. À direita fica a dúvida: a adaptação de Matheus Nunes é para continuar?
Ter Rodri disponível e na plenitude das suas capacidades pode mudar e muito o caminho do City, mas Guardiola tem agora Reijnders, claríssimo candidato a Reforço do Ano e um jogador que rapidamente se deve tornar indiscutível na ficha de jogo. Haaland quer sagrar-se melhor marcador, mas falta perceber quais serão os jogadores com mais minutos no apoio ao norueguês - Marmoush e Cherki (fechem as pernas, defesas da Premier) talvez levem vantagem, mas ainda há Foden, Oscar Bobb e Doku, podendo nas próximas semanas sair Savinho e entrar, quem sabe, Rodrygo.
O nível técnico deste City é superlativo, e não julgamos que se dê nova crise. Guardiola é Guardiola mas preferimos privilegiar na luta pelo título as duas equipas que nos parecem saber melhor as respostas para as perguntas que 2025/ 26 deve colocar.
Treinador: Pep Guardiola
Onze-Base (4-3-2-1): Trafford; Matheus Nunes, Rúben Dias, Gvardiol, Aït-Nouri; Bernardo Silva, Rodri, Reijnders; Cherki (Foden, Bobb), Marmoush; Haaland
Atenção a: Erling Haaland, Tijani Reijnders, Omar Marmoush, Rayan Cherki, Rayan Aït-Nouri
CHELSEA (4)
Campeão do mundo. O Chelsea arranca 2025/ 26 com a moral em alta: os blues estão de volta à Liga dos Campeões, venceram a simpática Liga Conferência e derrotaram o favorito PSG na final do Mundial de Clubes. Na antecâmara da nova temporada, o Chelsea surge para muitos como uma ilha - poucos o incluem a na luta pelo título entre Liverpool, Arsenal e City, mas menos serão os que acham que Villa, United, Newcastle ou Tottenham têm mais argumentos do que a turma londrina.
Enzo Maresca provou ser uma boa aposta, e o calendário acessível no começo da competição pode contribuir para embalar o Chelsea, instalando-o cedo nos lugares cimeiros.
Além de arrumar a casa entre vendas (Madueke, João Félix, Dewsbury-Hall ou Petrovic) e empréstimos (Paez e Guiu, e muitos mais wonderkids se seguirão), o Chelsea acrescentou ao seu plantel dois avançados centro muitíssimo diferentes entre si, João Pedro e Liam Delap, e terá como novidades para as posições de extremos Gittens e Estêvão. O ex-Palmeiras é o jovem brasileiro que mais nos cativa desde o aparecimento de Neymar no Santos. Hato foi uma extraordinária contratação para a defesa, e é natural que até fim de Agosto ainda assinem mais elementos para as posições de apoio ao ponta de lança. O bom mundial de clubes não nos fez passar a achar que Sánchez está ao nível dos restantes membros do 11 inicial.
Equipa ambiciosa, a amadurecer e cada vez mais forte nos momentos decisivos, o Chelsea continua a ter Caicedo e Enzo para destruir e criar, e esperamos que Cole Palmer (agora com o 10 nas costas) se assuma como um dos mais fortes candidatos a MVP desta edição.
Treinador: Enzo Maresca
Onze-Base (4-2-3-1): Sánchez; Reece James (Gusto), Chalobah, Tosin, Cucurella; Caicedo, Enzo Fernández; Estêvão, Cole Palmer, Pedro Neto (Gittens); João Pedro (Delap)
Atenção a: Cole Palmer, Moisés Caicedo, Estêvão, João Pedro, Enzo Fernández
ASTON VILLA (5)
Forte candidato a vencer a Liga Europa, competição na qual Unai Emery tem mestrado e doutoramento, o Aston Villa tem-se consolidado como equipa extremamente confiável na Premier League. Sétimo, quarto e sexto nas últimas 3 edições, o clube de Birmingham tem provado continuadamente como é competitivo, discutindo os jogos com os principais candidatos ao título e fazendo-se valer sempre pelo caráter coeso, sem vedetas e com um futebol muito prático e eficiente.
Tem cabimento dizer-se que Manchester United e Newcastle têm melhores plantéis do que este Villa, mas à medida que a época avançar, o mais natural será observar um comportamento e rendimento mais estável nos villans, rapazes que venderam cara a eliminação frente ao PSG na última Liga dos Campeões.
É certo que a Liga Europa pode desviar atenções e obrigar a priorizar uma competição em relação à outra, mas 24/ 25 mostrou-nos que o plantel consegue lidar com a presença em várias frentes até Abril (o Aston Villa caiu apenas nos quartos-de-final da liga milionária).
Com o entusiasmante Morgan Rogers (surpreende-nos ninguém ter tentado retirá-lo do Villa Park) como principal figura e Tielemans a querer dar sequência às suas exibições de topo, o Aston Villa continuará a ter Emi Martínez entre os postes, meses depois de ter surgido o rumo que deixaria de contar para o treinador basco, e é bem possível que jogadores como Malen, Maatsen e Buendía possam render muito mais. Restringido pelo fair-play financeiro, o Aston Villa tem sido contido no ataque ao mercado, destacando-se o ingresso de Zépiqueno Redmond (melhor nome na Premier League?) e Guessand, craque com o perfil certo para render na Premier e combinar bem com Rogers e Watkins.
Se noutros casos nos deixámos levar pelo instinto, prever o 5º lugar para este Villa é essencialmente deixar que domine a racionalidade.
Treinador: Unai Emery
Onze-Base (4-4-1-1): E. Martínez; Cash, Konsa, Pau Torres, Maatsen (Digne); Malen, B. Kamara, Tielemans, McGinn (Buendía); Rogers; Watkins
Atenção a: Morgan Rogers, Ollie Watkins, Youri Tielemans, Boubacar Kamara, Evann Guessand
MANCHESTER UNITED (6)
O gigante tem que despertar. O Manchester United de Ruben Amorim entra em 2025/ 26 sem margem de erro. O técnico português utilizou a última época como prolongada pré-época e sôfrego casting, convicto que as suas ideias, com os jogadores certos, resultarão. E depois da tempestade há a crença que The good days are coming.
O United foi 15º (que vergonha) mas, realisticamente, tem plantel agora para ambicionar ficar 10 posições acima. Old Trafford confia no processo mas todo o adepto esgotou a paciência e quer ver resultados. Quer ganhar já. Uma obrigatoriedade interessante quando se verifica que os red devils vão defrontar Arsenal (que atmosfera vai ter esse primeiro jogo!), City, Chelsea e Liverpool nas primeiras oito jornadas.
Falando do que nos entusiasma, impõe-se sublinhar a brutal diferença de velocidade e intensidade, a pensar e executar, que se espera ver neste United 25/ 26. Amorim começou por receber 2 dos melhores jogadores da última Premier League - Bryan Mbeumo e Matheus Cunha - e viu coroada a reformulação do ataque com o esloveno Benjamin Sesko, embora Zirkzee seja um jogador a ter debaixo de olho mediante o casamento do seu futebol com as caraterísticas dos novos companheiros. Quer tudo isto dizer, em teoria, que o capitão Bruno Fernandes será mais vezes médio centro (cabe ao português ser menos apressado e tornar-se um jogador com outra respiração e batimento cardíaco com bola, podendo ser um desafio para o treinador evitar que Bruno e Matheus Cunha pisem as mesmas zonas e peçam a bola em circunstâncias idênticas) e que Amad Diallo se fixará em definitivo como ala, esperando-se bom entendimento com Mbeumo.
Continuamos a querer outro guarda-redes, e na defesa não é certo qual o melhor trio de centrais, que deverá ter sempre Yoro e que poderá passar a incluir mais vezes Mazraoui ou Dalot, anteriormente opções nos corredores. A CAN, altura em que Mbeumo e Amad (e Baleba?) estarão fora alguns jogos, também será um desafio para contornar.
O United tem que crescer muito e Ruben Amorim sabe que tem basicamente até Dezembro para provar o seu valor. O incansável e omnipresente médio defensivo Carlos Baleba seria a peça perfeita no puzzle que vem sendo construído, sem esquecer a hipótese Hjulmand caso não haja acordo com o Brighton, e a total ausência de competições europeias, contrariamente às restantes 7 equipas que apontamos ao Top8, será uma vantagem, tanto na manutenção dos melhores índices físicos como na preparação de cada embate, de cada fim de semana.
Treinador: Ruben Amorim
Onze-Base (3-4-2-1): Onana; Yoro, de Ligt (Mazraoui), Maguire (Martínez); Amad Diallo, Casemiro, Bruno Fernandes, Dorgu; Mbeumo, Matheus Cunha; Sesko (Zirkzee)
Atenção a: Bruno Fernandes, Matheus Cunha, Bryan Mbeumo, Amad Diallo, Benjamin Sesko
NEWCASTLE (7)
Entre todas as equipas da Premier, o Newcastle é certamente quem entra mais desanimado em 2025/ 26. Os magpies conquistaram um troféu (Carabao Cup, diante do Liverpool) e asseguraram o regresso à Champions através do 5º lugar. Tudo eram rosas até chegar o Verão. Depois de conseguir o veloz Elanga (ótimo reforço, sendo fácil imaginá-lo em correrias diabólicas em St. James' Park), o Newcastle perdeu Trafford para o City, perdeu Ekitiké para o Liverpool e perdeu Mbeumo e Sesko para o Manchester United. O cúmulo? A greve do craque maior da equipa, o sueco Alexander Isak, determinado em pôr fim ao seu percurso no Newcastle, querendo mudar-se para o campeão Liverpool até ao final da janela de transferências.
A moral está em baixo, Howe reconhece-o, mas o Newcastle é equipa para se restabelecer, mesmo num cenário sem Isak. O clube tem uma das melhores duplas de laterais do campeonato (Livramento e Lewis Hall), domina a zona nevrálgica do jogo graças a Tonali e Bruno Guimarães, pode edificar uma sólida dupla de centrais a partir do quarteto Schär, Thiaw, Botman e Burn, e quem tem elementos como Gordon, Elanga, Jacob Murphy e Harvey Barnes sabe que vai criar perigo. Sempre.
Aos 24 anos, Jacob Ramsey é um reforço muito interessante e nesta fase a principal incógnita é mesmo a gestão do caso Isak. Parece quase inevitável que o melhor avançado da Premier League em 24/ 25 se torne a transferência mais cara da História da competição, e talvez seja mesmo recomendável que o Newcastle ceda perante quem não quer vestir mais a camisola, sobretudo se souber como reagir a essa venda, captando em resposta 2 ou 3 craques.
Faz sentido que os nortenhos comecem a Premier desorientados, mas esta previsão de 7º lugar é um atestado de confiança e da personalidade que vemos neste balneário, mesmo achando que a saída de Isak é o cenário mais provável.
Treinador: Eddie Howe
Onze-Base (4-3-3): Pope (Ramsdale); Livramento, Schär (Thiaw), Burn (Botman), Lewis Hall; Tonali, Bruno Guimarães, Joelinton (Jacob Ramsey); Elanga (J. Murphy, H. Barnes), A. Gordon, Isak
Atenção a: Alexander Isak, Anthony Gordon, Sandro Tonali, Lewis Hall, Tino Livramento
TOTTENHAM (8)
Gera um misto de sensações este início de época dos spurs. O Tottenham foi 17º na temporada passada - um anómalo décimo sétimo com 64 golos marcados (oitavo ataque mais concretizador) - mas venceu a Liga Europa, conseguindo assim marcar presença na próxima Liga dos Campeões. No Norte de Londres, a boa exibição frente ao PSG na Supertaça Europeia serviu de bom aperitivo para o promissor trabalho de Thomas Frank, um dinamarquês com abordagem flexível estratégica e taticamente, que se tornou ao longo de 7 anos no Brentford um dos técnicos mais respeitados e consensuais em Inglaterra.
Apontar o Tottenham ao oitavo lugar (9 posições acima do seu último registo) não é prever um desempenho sensacional; é apenas confiar que Frank saberá transformar esta equipa, devolvendo-a ao patamar a que pertence (posições 5 a 8). Se nos limitássemos a projetar o mérito de Thomas Frank até poderíamos colocar o Tottenham mais acima, mas desconfiamos de alguns jogadores.
Não sabemos se o 3-5-2 da Supertaça é para manter, mas de facto quem tinha Romero (novo capitão), van de Ven, Danso e Dragusin, e acrescentou Vuskovic (enorme potencial, embora ainda possa ser emprestado) e Takai faz o seu sentido que privilegie uma defesa a três.
Sem Son Heung-Min (um adeus depois de uma década de excelência no clube) e com craques como Kulusevski (jogador perfeito para as ideias de Frank) e Maddison a falharem os primeiros tempos de competição, consideramos que 25/ 26 pode ser um salto significativo para os médios Bergvall e Pape Sarr (incumbido de fazer mais coisas em campo), seria espetacular Frank conseguir fazer do reforço Kudus um jogador com 70% do rendimento que Mbeumo tinha no Brentford, e oxalá João Palhinha se reencontre.
Em negociações por Savinho, a sonhar com Eze e depois de uma nega de Gibbs-White, os spurs têm o pensador certo para o seu projeto e é razoável definir como meta o regresso ao clássico Top6. Gostamos da defesa (Porro é um dos jogadores que melhor cruza na Premier, van de Ven é rapidíssimo, Romero pode ser um dos melhores do mundo se controlar os seus impulsos quezilentos e Djed Spence merece levar vantagem sobre Udogie) e sentimos que no seu todo a defesa pode funcionar muito melhor, sem se apresentar tão subida e suicida como era apanágio de Postecoglou, o australiano que guiou o Tottenham ao primeiro troféu em 17 anos.
Treinador: Thomas Frank
Onze-Base (4-3-3): Vicario; Pedro Porro, Romero, van de Ven, Spence (Udogie); João Palhinha (Bentancur), Bergvall, Kulusevski (Sarr, Maddison); Kudus, B. Johnson (Tel), Solanke
Atenção a: Dejan Kulusevski, Mohammed Kudus, Cristián Romero, Pape Sarr, Lucas Bergvall
BRIGHTON (9)
A máquina de descobrir talentos e trabalhá-los até serem irresistíveis para os clubes de topo da Premier continua afinada. Caicedo, Mac Allister, Cucurella, Trossard, Ben White e Bissouma são casos do passado, aos quais se juntou há escassos meses João Pedro, novo reforço do Chelsea. Tudo indica que Carlos Baleba vai mesmo para o Manchester United, proporcionando novo encaixe acima de 100 milhões aos seagulls.
Esperar uma classificação do 10º ao sexto lugar condiz com as prestações do Brighton nos últimos 4 anos. Hürzeler (32 anos) já teve o seu ano de reconhecimento e adaptação ao futebol inglês e, a par do elevar de expetativas relativamente ao jovem técnico alemão, são vários os jogadores deste plantel que dão a sensação de ainda nem terem mostrado sequer metade do seu real valor (O'Riley, Gruda, Minteh, Wieffer ou Rutter).
Kostoulas, Tzimas (impressionante a nova geração da Grécia), De Cuyper, Coppola e Boscagli foram os principais reforços neste mercado, podendo o clube vir a arrepender-se de ter deixado voar Evan Ferguson (Roma) e Adingra (Sunderland). Claro está que uma super venda de Baleba terá como natural consequência um ataque ao mercado.
Nesta edição, o "pai" Welbeck poderá atualizar o seu máximo de golos numa época, o sueco Ayari tem mostrado estar no ponto para ser homem do jogo com regularidade, e é um luxo Hürzeler poder contar com uma tremenda variedade de centrais (van Hecke, Dunk, Coppola e Boscagli).
Treinador: Fabian Hürzeler
Onze-Base (4-3-3): Verbruggen; Wieffer, van Hecke, Dunk, De Cuyper; Baleba, Ayari, O'Riley (Hinshelwood); Minteh (Gruda), Mitoma, D. Welbeck (Rutter, Kostoulas)
Atenção a: Yasin Ayari, Yankuba Minteh, Danny Welbeck, Charalampos Kostoulas, Maxim De Cuyper
BOURNEMOUTH (10) O Vitality Stadium tem sido palco de algumas das prestações mais enérgicas e entusiasmantes da Premier League. Com Iraola (um dos melhores treinadores da atualidade no futebol inglês), os cherries tornaram-se o protótipo perfeito do porquê deste campeonato atrair tantos amantes de futebol. O Bournemouth entra em qualquer jogo confiante que pode vencer, aposta nos duelos individuais ao longo de todo o retângulo de jogo e, sintoma maior do bom trabalho realizado pela equipa técnica, tem visto diversos jogadores valorizarem. Ao ponto do Bournemouth ser pequeno para a sua qualidade.
Aké (Manchester City, 45 milhões em 20/ 21) e Solanke (Tottenham, 64 milhões no Verão passado) deram o mote para o posicionamento do Bournemouth enquanto bom vendedor, mas este defeso ultrapassou tudo - o bom futebol praticado em 24/ 25 traduziu-se na venda de Huijsen ao Real Madrid (62M), de Zabarnyi ao PSG (63M), de Kerkez ao Liverpool (46M) e, num caso distinto, de Dango Ouattara ao Brentford (49M).
O Bournemouth perdeu num estalar de dedos uma das melhores duplas de centrais da Premier, e 3 dos seus 4 defesas titulares. Se acrescentarmos o fim do empréstimo de Kepa, encontrarmos um contexto de 4 em 5 elementos defensivos diferentes, sendo que a posição de lateral direito até foi a menos estável na gestão de Iraola.
Pela positiva, o clube do Sul de Inglaterra conseguiu renovar com Semenyo e manteve Justin Kluivert. Os cherries encaixaram quase 240 milhões mas gastaram apenas 77, o que nos faz acreditar que até final de Agosto Iraola ainda receberá 3 ou 4 jogadores que nos farão olhar para o onze inicial doutra forma.
As derrotas na Summer Series (1-4 frente ao Manchester United e 0-2 frente ao West Ham) deixaram claro que reconstruir a defesa será um processo, e por isso não se surpreendam se a segunda volta for bastante melhor do que o arranque. Além dos poucos craques que sobreviveram em Kings Park, estamos confiantes numa grande temporada de Petrovic (realizou uma Ligue 1 forte pelo Estrasburgo) na baliza, é sabido que Diakité é um central goleador, Truffert terá a pesada herança de carregar jogo e exibir um dinamismo aproximado do húngaro Kerkez, e veremos se o promissor Junior Kroupi (tem 19 anos e foi o melhor marcador da Ligue 2, no Lorient, apontando 22 golos) faz o suficiente para ter oportunidades a sério na primeira equipa.
Treinador: Andoni Iraola
Onze-Base (4-2-3-1): Petrovic; L. Cook, Diakité, Senesi, Truffert; T. Adams (Christie), Alex Scott; Semenyo, Kluivert, Tavernier; Evanilson (Junior Kroupi)
Atenção a: Antoine Semenyo, Djordje Petrovic, Justin Kluivert, Bafodé Diakité, Adrien Truffert
NOTTINGHAM FOREST (11)
Entre as vinte equipas da Premier League, o Nottingham Forest será certamente uma das que inspira maior curiosidade estatística. A equipa de Nuno Espírito Santo foi a sensação da última edição, terminando num fantástico sétimo lugar a apenas 1 ponto da Liga dos Campeões.
O Forest foi inequivocamente um overperformer em diversas métricas, e recomenda a lógica que esse sobre rendimento é insustentável com o tempo.
Muitos são os que preveem significativa queda do Forest na tabela, mas a prudência faz-nos crer que os comandados de NES caindo, não cairão assim tanto. Chris Wood (Igor Jesus e Kalimuendo serão alternativas) pode até não ser tão eficaz, e os adversários já não serão tão facilmente apanhados de surpresa com as nuances táticas (ora 4-2-3-1, ora três centrais) nem menosprezarão este Forest, mas uma equipa que defende tão bem e que não perdeu ninguém na sua defesa, deverá continuar a defender minimamente bem.
Sels, Aina, Milenkovic e Murillo querem provar que 24/ 25 não foi um acaso, e Morgan Gibbs-White deu o exemplo para o grupo ao rejeitar o Tottenham, acabando por renovar. Apostamos que o médio ofensivo, tal como Elliot Anderson, melhorará os seus números esta temporada.
Elanga (transferido para o Newcastle por 63 milhões) foi a única venda de peso, surgindo o suíço Ndoye como ótimo substituto. E os brasileiros Igor Jesus e Jair Cunha, ambos ex-Botafogo, aumentam o contingente canarinho.
É expectável uma ligeira descida à Terra, e veremos como a presença na Liga Europa interfere com o rendimento interno da equipa, estando o Forest nesta fase a ampliar soluções (McAtee, Hutchinson) e ganhar banco e capacidade de rodar. Quem defende tão bem não pode cair a pique.
Treinador: Nuno Espírito Santo
Onze-Base (4-2-3-1): Sels; Aina, Milenkovic, Murillo, Neco Williams; Sangaré, E. Anderson; Ndoye, Gibbs-White, Hudson-Odoi; Chris Wood
Atenção a: Morgan Gibbs-White, Murillo, Chris Wood, Dan Ndoye, Elliot Anderson
CRYSTAL PALACE (12)
Na temporada passada, o Crystal Palace arrecadou o primeiro troféu da sua História, ao derrotar o Manchester City em Wembley (FA Cup). O êxtase foi substituído por alguma desilusão quando a UEFA se pronunciou sobre a presença europeia dos eagles (culpados apenas de terem aberto a porta de casa ao manhoso John Textor), que acabaram relegados da Liga Europa para a Liga Conferência. Mas o arranque de 2025/ 26 trouxe novo sorriso. Na Community Shield, o Palace fez a festa nas grandes penalidades diante do favorito Liverpool.
Com Oliver Glasner, a equipa respira confiança e sabe o que está a fazer em campo. É realista considerar o Crystal Palace um dos favoritos na Conference, o que pode custar alguns lugares na tabela da Premier League.
De resto, o 3-4-2-1 mantém-se intocado, Sosa e Benítez foram reforços económicos para o banco, e todos os craques da equipa continuam pelo Selhurst Park. Este 12º lugar está influenciado por prevermos duradoura campanha europeia e pela antecipação de algumas saídas e entradas em resposta: Guéhi é o mais forte candidato a sair, mas Muñoz, Wharton, Sarr e Mateta devem continuar. O caso mais incerto é o de Eberechi Eze, deixando-nos bastante curiosos como gastará o Palace o dinheiro de uma eventual venda do seu camisola 10.
Treinador: Oliver Glasner
Onze-Base (3-4-2-1): D. Henderson; Richards, Lacroix, Guéhi; D. Muñoz, Wharton, Doucouré (Kamada, Hughes), Mitchell; I. Sarr, Eze; Mateta
Atenção a: Eberechi Eze, Jean-Philippe Mateta, Daniel Muñoz, Adam Wharton, Ismaila Sarr
EVERTON (13)
Adeus Goodison Park, olá Hill Dickinson Stadium. Os toffees tiveram a mesma morada 132 anos (desde 1892) mas 2025/ 26 será sinónimo de novo lar. A nova casa tem mais lugares (52,769 contra 39,414) e só o tempo dirá se esta novidade será um condimento extra nos desempenhos da equipa de Liverpool ou um elemento desestabilizador e causador de estranheza.
Depois de sentir bem perto a linha de água entre 2022 e 2024, a chegada de David Moyes no decorrer da última temporada foi um reencontro feliz, terminando o Everton neste 13º que colocamos como hipotética repetição. O escocês é definitivamente o homem certo no lugar e no tempo certos, e a ambição do clube - personificada no novo estádio - tem-se refletido também nesta janela de transferências. A defesa já tinha qualidade, com Pickford, Tarkowski, Branthwaite, O'Brien e Mykolenko, e já havia rasgos de genialidade com Iliman Ndiaye (o 10 tem obrigação de arrancar esta temporada determinado em afirmar-se de vez), mas Dewsbury-Hall, Grealish e Thierno Barry são verdadeiros reforços, capazes de tornar a equipa perigosa numa variabilidade de elementos e paulatinamente redefinir a identidade desta equipa. O avançado francês de 1,95m é melhor do que Beto e tem uma enorme margem de progressão, Dewsbury-Hall será com facilidade uma das figuras da equipa, sendo o tipo de jogador que cresce muito quando sente que a equipa vive dele, e Grealish ainda pode ser aos 29 anos um reforço de luxo, tenha ele fome para atuar com a autoridade, liberdade e imprevisibilidade que o caraterizavam no Aston Villa. Será complicado não sairem boas jogadas das interações entre Ndiaye, Grealish e KDH, o trio das meias curtas.
Treinador: David Moyes
Onze-Base (4-2-3-1): Pickford; O'Brien, Tarkowski, Branthwaite, Mykolenko (Aznou); Gueye, Garner (Alcaraz); Dewsbury-Hall, Ndiaye, Grealish; Barry
Atenção a: Iliman Ndiaye, Kiernan Dewsburry-Hall, Jack Grealish, Thierno Barry, James Tarkowski
FULHAM (14)
Marco Silva orienta, pela quinta temporada consecutiva (só Guardiola e Arteta estão há mais tempo nos seus projetos), o clube mais imune a transferências e oscilações de forma. Os cottagers são um caso à parte, conseguindo MS manter a equipa entre o 10º e o 13º com um investimento incomparavelmente inferior ao dos concorrentes diretos. Enquanto o extremo Kevin (Shakhtar) não se torna oficial, a fatura dos londrinos neste mercado está em 500 mil euros - Lecomte foi contratado para suplente de Leno. Incapaz de chegar sequer aos 100 milhões em reforços em qualquer um dos últimos seis Verões, quando outros gastam 200 e 300 por ano, o Fulham tem-se sabido manter competitivo e coeso, batendo frequentemente o pé nos jogos grandes e perdendo, regra geral, um jogador relevante por época. Aconteceu com Mitrovic em 23/ 24, com João Palhinha em 24/ 25 e tudo levava a crer que aconteceria nesta janela com Antonee Robinson, mas a idade (28 anos) terá sido entrave ao merecido salto de um dos melhores laterais esquerdos da competição. Agradece Marco Silva.
O Fulham mantém todo o 11, tendo acrescentado a promoção em definitivo de Joshua King (médio inglês, não confundir com o avançado norueguês trintão, ex-Bournemouth), um talento com 18 aninhos para acompanhar. Iwobi entra nesta temporada com outro estatuto, e tanto Sessegnon como Harry Wilson quererão aproveitar as oportunidades que o reforço tardio dos corredores lhes está a proporcionar.
Achamos o Fulham perfeitamente capaz de ser 11º. Forest e Palace terão competições europeias e o Everton terá a adaptação a uma nova casa, o que pode servir como motivação ou desorientação. Ser 14º na Premier com este plantel, sem reforços, seria uma missão bem-sucedida, e é meramente pela letargia e timidez em acrescentar qualidade, e pela comparação qualitativa dos plantéis que, ao dia de hoje, atribuímos ao Fulham o último lugar entre os emblemas que pensamos que andarão pelo meio da tabela.
Treinador: Marco Silva
Onze-Base (4-2-3-1): Leno; Tete, J. Andersen, C. Bassey, A. Robinson; Berge, Lukic; Harry Wilson (Sessegnon), Joshua King (Smith-Rowe), Iwobi; Raúl Jiménez (Rodrigo Muniz)
Atenção a: Alex Iwobi, Antonee Robinson, Raúl Jiménez, Joshua King, Harry Wilson
WEST HAM (15)
Duas vezes 14º nos últimos três anos, o West Ham começa a acostumar-se aos lugares menos desejados da tabela na Premier League, e ao contrário das equipas que apontamos aos lugares 11-14 (campeonato tranquilo), os hammers podem muito bem ver-se envolvidos numa acesa luta pela manutenção com Brentford, Wolves e as 3 equipas oriundas do Championship.
Graham Potter estava em altas quando saiu do Brighton para o Chelsea, mas hoje a perceção é outra. O britânico de 50 anos substituiu Moyes no estádio olímpico de Londres mas os resultados não foram famosos: 5 vitórias em 19 jogos, sendo conveniente contextualizar que duas surgiram nas 3 jornadas finais, o que significa que Potter chegou a estar com apenas 3 vitórias num espaço de 16 partidas. A continuidade do treinador com apelido de feiticeiro estava em causa, mas foi-lhe dado tempo e um voto de confiança neste Verão.
Sem Kudus, vendido para o Tottenham, é expectável que o West Ham se apresente maioritariamente num 3-5-2, com Bowen (jogador mais iluminado e consistente deste ataque) cada vez a assumir mais terrenos centrais. Hermansen não deve ter dificuldades em roubar a baliza a Aréola, e é-nos difícil imaginar que uma equipa que tem centrais como Kilman e Todibo e médios como Lucas Paquetá (livre de acusações no caso de apostas desportivas) e Ward-Prowse possa descer.
Para não equacionarmos um cenário em que a equipa orbite um desfecho dantesco precisávamos de ver os hammers a "sacarem" um ponta de lança de qualidade nestes últimos dias (Fullkrug e Callum Wilson são opções válidas mas há margem para melhoria) e vemos como ponto forte a possibilidade de ter Wan-Bissaka e Malick Diouf nas faixas - o inglês defende como poucos e o reforço senegalês, ex-Slavia Praga, pode dar sequência à sua ascensão meteórica (em 2022 jogava no seu país), ele que apontou 7 golos na temporada passada.
Treinador: Graham Potter
Onze-Base (3-5-2): Hermansen; Todibo, Aguerd, Kilman; Wan-Bissaka, Ward-Prowse, Soucek (Potts), Lucas Paquetá, Malick Diouf; Bowen, Fullkrug
Atenção a: Jarrod Bowen, Malick Diouf, Aaron Wan-Bissaka, Callum Wilson, Mads Hermansen
SUNDERLAND (16)
Talvez o mais lógico fosse mesmo prever que as 3 equipas promovidas descerão juntas, consolidando o hábito recente. Mas tem mais graça por vezes guiarmo-nos pelo instinto e acreditarmos que algum dos emblemas novos será capaz de sobreviver.
Passaram-se oito anos desde que o histórico rival do Newcastle mergulhou numa espiral de desaires, entre falências e documentários (Sunderland 'Til I Die) na Netflix. Os black cats fizeram menos 24 pontos do que Leeds e Burnley, mas o investimento neste mercado foi astuto e a equipa está globalmente mais forte, com ótimas soluções sobretudo a meio-campo.
Jobe Bellingham saiu para o Borussia Dortmund, mas o outro miúdo maravilha (Chris Rigg, 18 anos) continua no Stadium of Light. Ainda assim, nem Rigg nem Le Fée têm a titularidade garantida no setor intermédio, podendo qualquer um acrescentar mais como interior a partir de uma posição de falso extremo, uma vez que Xhaka, Sadiki e Habib Diarra têm tudo para casar bem. O suíço foi um dos jogadores mais subvalorizados nos anos civis de 2023 e 2024, Sadiki é um incansável recuperador e Diarra, que era capitão no sensacional Estrasburgo, é um médio de Premier League da cabeça aos pés.
Uma época como titular no NEC Nijmegen, da Eredivisie, foi suficiente para o Sunderland apostar no guarda-redes Roefs, e na defesa destacamos a supremacia no jogo aéreo do reforço Alderete (ex-Getafe) e o extraordinário jogador que é o irlandês Trai Hume, um daqueles defesas que sabe realmente defender. Adingra e Talbi serão agitadores, esperando-se acesa disputa entre Mayenda, Guiu e Isidor pela posição nove.
O sorteio ditou um calendário com arranque relativamente positivo, e cabe ao Sunderland aproveitar algum embalo inicial, carregado pelo seu público apaixonante, deliciado com a sensação de "regressámos aonde pertencemos". Será um dos fortes candidatos à descida, embora projetemos grande equilíbrio entre as posições 15 e 18.
Treinador: Régis Le Bris
Onze-Base (4-3-3): Roefs; Hume, Ballard (O'Nien), Alderete, Cirkin (Reinildo); Xhaka, Sadiki, H. Diarra; Talbi (Rigg), Mayenda (Guiu, Isidor), Adingra
Atenção a: Habib Diarra, Simon Adingra, Trai Hume, Noah Sadiki, Chris Rigg
BRENTFORD (17)
Será muito estranho ver o Brentford esta época e não ver Thomas Frank. O dinamarquês fechou o seu ciclo no clube, iniciando nova aventura no Tottenham, e os bees optaram por promover o seu adjunto, Keith Andrews, que se estreará como treinador principal.
Avaliar Andrews é naturalmente um exercício puramente especulativo e infundado, interessando-nos mais olhar para o que mudou no plantel e, com isso, prever a vida difícil que o Brentford pode experimentar esta época. Além do pensador, simplificador e aglutinador Frank, o clube londrino perdeu Mbeumo para o Manchester United, Flekken (recordista de defesas na Premier League 24/ 25) para o Leverkusen e o líder Norgaard para o Arsenal. Se assumirmos que Wissa também acabará por sair, só no pacote Mbeumo + Wissa o Brentford perde num ápice 39 golos.
Jordan Henderson será renovada voz de comando no balneário, Milambo é reforço e na transição de Flekken para Kelleher não se pode dizer que os bees estejam mais fracos entre os postes. Mas por mais que acreditemos que Damsgaard vai pegar ainda mais na batuta, que Schade e Dango conseguem compensar os números perdidos de Mbeumo e que Igor Thiago é, um ano mais tarde, o herdeiro de Toney, o todo deixa-nos muito reticentes.
Basicamente, aquilo que nos leva a dar vantagem ao Brentford sobre o Wolves é a melhor defesa que encontramos neste elenco, não se podendo ignorar a maneira matemática e pragmática como o Brentford sempre projetou o seu futebol e definiu o seu scouting. Andrews é uma incógnita, mas o Gtech terá uma cadeira apetecível caso a direção opte por seguir outro caminho, com um nome mais fidedigno.
Treinador: Keith Andrews
Onze-Base (4-3-3): Kelleher; Kayode, Collins, van der Berg, Lewis-Potter; J. Henderson, Jensen, Damsgaard; Dango Ouattara, Schade (Milambo), Wissa (Igor Thiago)
Atenção a: Mikkel Damsgaard, Michael Kayode, Dango Ouattara, Kevin Schade, Caoimhin Kelleher
WOLVES (18)
Entre os 4 técnicos portugueses na Premier League, Vítor Pereira parece-nos aquele que corre mais riscos de descer. O ex-Porto conseguiu ter impacto imediato nos lobos, mas foi um preocupante sintoma o somatório de apenas 1 ponto nos últimos 12 em disputa em 24/ 25, conjugando esse "desligar" coletivo com a perda de dois craques que faziam verdadeiramente a diferença, jogo após jogo, neste Wolves.
Impossível de segurar, o epicentro criativo Matheus Cunha despiu o 10 no Molineux e vestiu nova camisola 10 em Old Trafford, contratado por mais de 70 milhões de euros pelo Manchester United; Aït-Nouri, fundamental a transpor linhas e desequilibrar através do seu reportório técnico e de combinações, incorporando-se vezes sem conta no ataque, deu o salto para o Manchester City.
VP perdeu magia e fantasia, perdeu também os portugueses Nelson Semedo e Gonçalo Guedes, e até ver não recebeu substitutos da mesma craveira. O norueguês Moller Wolfe será uma locomotiva no corredor esquerdo, compensando a menor valia técnica com um pulmão e uma aceleração que impressionam, e o colombiano Jhon Arias viu premiado o seu excelente mundial de clubes com uma merecida mudança para a Premier, podendo muito bem tornar-se o principal rosto ofensivo destes wolves. Agbadou lidera bem a defesa embora pareça desacompanhado, André e João Gomes são dupla de confiança e Strand Larsen apontou 14 golos na temporada passada. Para evitar a descida - qualquer posto entre 15º e 18º parece-nos razoável para este Wolves - Fer López terá que entrar bem no futebol inglês, precisando a equipa da sua criatividade, e veremos quem se superioriza entre Hoever, Rodrigo Gomes e Pedro Lima no concurso pela vaga deixada por Nelson Semedo.
Treinador: Vítor Pereira
Onze-Base (3-4-2-1): José Sá; Doherty, Agbadou, Toti; Hoever (Rodrigo Gomes, Pedro Lima), André, João Gomes, Moller Wolfe; Arias, Fer López (Munetsi, Bellegarde), Strand Larsen
Atenção a: João Gomes, Jhon Arias, Strand Larsen, David Moller Wolfe, Fer López
LEEDS UNITED (19)
É preciso recuar no tempo até ao Fulham de Marco Silva em 2021/ 22, vencedor do Championship com Mitrovic a apontar 43 golos, para identificar um campeão da segunda liga inglesa que não desceu imediatamente após subir. Com Burnley (22/23) e Leicester City (23/24) aconteceu isso, e o cenário mais provável é este Leeds United honrar a história recente.
Histórico emblema do futebol inglês, o Leeds vacilou em Wembley há um ano atrás frente ao Southampton, significando esse timing da subida fracassada a perda de elementos como Summerville, Rutter e Archie Gray. À segunda tentativa, o alemão Daniel Farke (o seu Norwich também era dominador no Championship e dominado na Premier) sagrou-se campeão, nem precisando para tal de muitos reforços: o israelita Solomon foi emprestado pelo Tottenham, Bogle custou 6 milhões e Ao Tanaka, uma espécie de Aursnes nipónico tal a maneira irrepreensível e discreta como faz tudo, foi um "achado" por 4 milhões.
Com um leque de reforços superior ao Burnley e inferior ao Sunderland, os whites têm em Lucas Perri um claro upgrade em relação ao inseguro Meslier, e dada a boa parceria de Joe Rodon e Struijk (homem de golos decisivos ao cair do pano) o reforço Bijol pode ditar uma mutação para 3-4-3. Gudmundsson não é Júnior Firpo (deixa saudades, tendo somado 4 golos e 10 assistências) e no meio-campo Tanaka pertence a este patamar competitivo, podendo agora ter a companhia de Stach e Longstaff. O norte-americano Brenden Aaronson, jogador que muito apreciamos, é o verdadeiro jóker deste plantel.
Na frente, o pequeno e endiabrado Gnonto tarda em explodir, embora ainda tenha 21 anos, e temos dúvidas que Daniel James e Piroe consigam carregar a equipa rumo à manutenção, numa medida aproximada do que fizeram rumo ao título. Ainda assim, salvo super reforços de última hora, serão os 2 jogadores a quem os adeptos vão exigir mais em zonas de definição e finalização.
Treinador: Daniel Farke
Onze-Base (4-3-3): Perri; Bogle, Rodon, Struijk (Bijol), Gudmundsson; Ampadu (Longstaff), Tanaka, Stach; Daniel James, Gnonto (Ramazani), Piroe
Atenção a: Ao Tanaka, Daniel James, Joel Piroe, Jayden Bogle, Lucas Perri
BURNLEY (20)
Desde que abandonou a Premier League em 2022, após 6 temporadas consecutivas no principal escalão inglês (que incluíram um 7º e um 10º lugares), o Burnley caiu no irritante limbo ao qual também pertencem nesta fase Leeds, Leicester e Southampton - equipas boa demais para o Championship mas incapazes de dar boa réplica quando o nível sobe.
Com Scott Parker no comando, os clarets realizaram um Championship histórico a nível defensivo. Totalizando os mesmos 100 pontos do campeão Leeds, o Burnley destacou-se ao sofrer apenas 16 (!) golos em 46 jogos. Além destes 0,35 golos sofridos por jogo, o Burnley pôde ainda gabar-se de só ter perdido em duas ocasiões (ficou invicto em casa) e de ter somado 30 clean sheets.
Todos estes indicadores seriam promissores, mas infelizmente para os adeptos 2 dos 3 grandes responsáveis por este feito já não estão no clube. O guardião James Trafford (melhor jogador deste último Championship) foi contratado pelo Manchester City e o central CJ Egan-Riley mudou-se, a custo zero, para o Marselha de De Zerbi. A única boa notícia é a permanência do centralão canhoto e francês Maxime Estève, um jogador com uma regularidade impressionante que esperamos que apague muitos fogos e acabe a ser o ativo mais valorizado nesta passagem pela Premier.
Sem o amuleto Brownhill (clube e jogador não chegaram a acordo) e com poucos reforços que permitam sonhar acordado, o Burnley terá Kyle Walker como jogador com maior notoriedade, precisará que o emprestado Ugochukwu (Chelsea) cubra muito terreno e há que depositar esperanças na qualidade técnica do tunisino Mejbri e na veia goleadora de Zian Flemming, neerlandês que atuou muitas vezes a falso 9 na segunda divisão mas que pode ter mais impacto como médio ofensivo (a sua posição mais natural) nesta Premier. Nos corredores há Koleosho e há o nosso bem conhecido Marcus Edwards, mas até confiamos mais em Jaidon Anthony, que terminou bem a temporada passada.
A superlativa qualidade da concorrência deve impedir o Burnley de dar sequência à sua postura e estratégia, esperando-se poucos 1-0 e 0-0, resultados super frequentes em 24/ 25. A equipa teve sucesso com uma linha de 4, mas o reconhecer do enfraquecimento do setor mais recuado pode convidar Parker a iniciar a temporada com três centrais e uma linha de 5, com bloco bastante baixo.
Treinador: Scott Parker
Onze-Base (5-4-1): Dubravka; C. Roberts (Koleosho), Kyle Walker, Ekdal, Estève, Hartman; Mejbri, Ugochukwu, Cullen, J. Anthony; L. Foster (Broja, Flemming)
Atenção a: Maxime Estève, Jaidon Anthony, Zian Flemming, Hannibal Mejbri, Luca Koleosho