14 de maio de 2018

Prémios BPF Premier League 2017/ 18

Nunca houve um campeão assim. Com os seis crónicos candidatos ao título nas primeiras seis posições - seguidos por um Burnley que chegou à Europa (7º lugar) com um plantel que teoricamente devia lutar para não descer - a Premier League voltou a ficar pintada de azul. Mas, desta vez, não foi aquele azul profundo versão Chelsea ou Leicester. Foi o azul celeste do Manchester City de Guardiola, equipa que coleccionou recordes e encheu as medidas de qualquer adepto de bom futebol. O City passeou. No campeonato onde quase ninguém consegue sequer respirar; no campeonato onde qualquer equipa pode vencer qualquer outra.
    A liga mais competitiva e entusiasmante do futebol europeu diz adeus ao lendário Arsène Wenger (no Arsenal desde 1996!) e vê também os limitados Stoke e West Brom, e o Swansea do comediante Carvalhal, despedirem-se rumo ao segundo escalão. O italiano Antonio Conte, com uma série de erros de palmatória, complicou aquilo que deveria ser uma época simples, de maturação e crescimento na Europa, e passou de campeão para nem ir à Champions.
    Mas, numa época que tem muito do génio Guardiola, interessa sobretudo destacar os artistas das quatro linhas. De Gea desafiou os impossíveis, Sterling cresceu a olhos vistos, Sané passou pela concorrência a toda a velocidade, os maestros Silva e Eriksen deram música, Fernandinho virou Kanté, e Kane manteve a perseguição a Shearer. Em 2017/ 18 fica para a História a máquina dos citizens, com os jogadores a disfrutarem e a brindarem os fãs com espectáculos capazes de contagiar e converter neutros.

    É então chegada a altura de indicarmos as nossas escolhas do ano: o nosso 11, o Jogador do Ano e o Jovem Jogador do Ano, o Treinador do Ano, e ainda algumas categorias complementares. E, não nos enganemos, desta vez todos os caminhos vão dar a dois craques: Mohamed Salah e Kevin De Bruyne.



Guarda-Redes: Começam a faltar palavras. É sintomático o facto de entre 2013 e 2018, De Gea só não ter sido por uma vez escolhido como o guarda-redes do ano pela associação de jogadores ingleses. Melhor que nunca, o guardião espanhol voltou a revelar-se absolutamente decisivo, coleccionando defesas espectaculares e confirmando-se como o guarda-redes mais preponderante do planeta entre aqueles que jogam em equipas de topo. Se é o melhor? Há Oblak (seria bom vê-lo em Liverpool como os rumores apontam, para que as comparações fossem mais justas) e Neuer tem estado lesionado, mas De Gea é bem capaz de ser o nº 1 do mundo nesta fase. Na memória de uma temporada em que sem ele o United dificilmente ficaria no Top-4, aquela exibição histórica em casa do Arsenal com 14 defesas, várias delas do outro mundo. As luvas de ouro são dele.
    Mas se De Gea foi o melhor e mais decisivo ou influente, Ederson encaixou que nem uma luva no campeão City, possibilitando a saída de bola com que Guardiola sonhara. Na sua época de estreia em Inglaterra, o brasileiro foi um dos reforços do ano, transmitiu tranquilidade e segurança aos colegas, e soube ser o líbero que o sistema pedia, oferecendo sempre soluções a uma equipa sempre orientada para o ataque.
    Nick Pope foi um dos rostos da época sensacional do Burnley, fazendo esquecer o lesionado e capitão Tom Heaton; Fabianski e Butland desceram ao Championship mas, se não fossem eles, Swansea e Stoke teriam visto a sua descida confirmada bem mais cedo. Pelo menos em relação ao inglês, estamos certos que continuará no primeiro escalão. Pickford, Ryan ou Lössl também estiveram bem.


Lateral Direito: Certamente a posição com menos qualidade esta temporada na Premier League. Numa discussão equilibrada entre Kyle Walker e Antonio Valencia, laterais dos rivais de Manchester, acaba por levar a melhor o britânico, tornando-se um dos 3 únicos jogadores que transitam da nossa equipa do ano passado para esta. O jogador-locomotiva ex-Tottenham moldou um pouco a sua forma de jogar, perdendo em arrancadas aquilo que ganhou em capacidade de decisão, critério, posicionamento e inteligência a ler os vários momentos do jogo. O efeito Guardiola, pois bem.
    O equatoriano Valencia foi um dos 3/ 4 melhores jogadores esta época ao serviço de José Mourinho, mas depois de uma primeira volta em que foi o melhor nesta posição, perdeu algum fulgor, facilitando-nos a escolha no mais regular Walker.
    Matthew Lowton fez, aos 28 anos, a melhor época da carreira, sendo mais um representante do extraordinário sector defensivo do Burnley, e Trippier (curiosamente, um ex-Burnley) foi competente na missão de suceder a Walker nos spurs. Por fim, embora pudessem estar Moses ou Bellerín a fechar este quinteto, optámos por Trent Alexander-Arnold. O lateral dividiu a posição com Joe Gomez, mas aos 19 anos deixou bem patente o seu incrível potencial! 


Defesa Central (Lado Dto.): Não foi garantidamente por ele que o Chelsea, campeão em 2016-17, caiu tanto. Um dos defesas mais fiáveis da actualidade, uma espécie de Cannavaro dos tempos modernos, Azpilicueta foi o único jogador dos blues que manteve o seu excelente rendimento da temporada passada para esta. No entanto, juntou ainda ao seu estilo de jogo silencioso e pouco exuberante (é muito difícil ver Azpilicueta a cometer um erro ou a ser ultrapassado) melhores números: marcou mais, assistiu mais.
    Houve, no cômputo geral, melhores centrais a actuar pelo lado esquerdo, mas James Tarkowski merece todos os elogios. O central de 25 anos foi uma verdadeira revelação, mostrou qualidade para representar a selecção inglesa, e permitiu que os fãs não notassem a saída de Michael Keane para o Everton.
    De resto, e uma vez que Otamendi teve ao seu lado vários companheiros, sempre com bom rendimento, mas nenhum com muitos minutos (Kompany, Stones, Laporte), destacamos Davinson Sánchez (a lesão de Alderweireld, que deve estar de saída, abriu-lhe as portas do onze e fê-lo crescer), o patrão do Newcastle, Lascelles, e Mustafi que, num Arsenal fraquinho, conseguiu segurar o barco em algumas ocasiões.


Defesa Central (Lado Esq.): Bastante difícil escolher entre Otamendi e Vertonghen. O esquerdino e central belga realizou a sua melhor temporada de sempre em Inglaterra, foi mais regular e deu lições de como defender jogo após jogo. No entanto, nos períodos em que Otamendi esteve no seu melhor, foi um dos melhores centrais do mundo este ano. Melhor ainda do que nos seus tempos de Valência, o argentino juntou ao impacto ofensivo (4 golos) uma confiança nunca antes vista a construir: tantos passes verticais de qualidade a queimar linhas...
    Depois destes dois portentos, Ben Mee voltou a ser um dos emblemas da solidez defensiva já característica de Sean Dyche, construindo uma empatia com Tarkowski similar à que desenvolvera com Keane. O "louco" Harry Maguire provou que o Leicester tem central para os próximos anos, e van Dijk chegou em boa hora para ser aquilo que o Liverpool há muito precisava de ter: um central de topo.


Lateral Esquerdo: É certo que Marcos Alonso (nossa escolha para a posição em 16-17) até melhorou o seu registo de golos, somando 7 golos esta época. Mas o galês Ben Davies (2 golos e 7 assistências) esteve toda a época num nível mais alto. Quiçá contagiado pelo momento de Vertonghen, Davies praticamente não "deixou" Danny Rose ter minutos. Aos 25 anos, até ver, a melhor época da carreira.
    Marcos Alonso fez muitos estragos junto às balizas adversárias, mas esteve bastante aquém do que se esperava dele, sofrendo como toda a equipa sofreu com os disparates e tiros nos pés de Conte.
     O escocês Andrew Robertson, ex-pupilo de Marco Silva, agarrou o lugar e será certamente um dos mais fortes candidatos a surgir no 11 do ano de 18-19; com Stephen Ward completamos o pleno de escolher os quatro elementos do quarteto defensivo do Burnley, e Monreal revelou uma veia goleadora surpreendente (5 golos), ora como central ora como lateral.


Médio Defensivo: Há um ano atrás, escolhemos N'Golo Kanté como jogador do ano. O francês era a personificação dos campeões de 16-17: equilíbrio e energia, dando por si só a sensação que com ele o Chelsea jogava com 12 elementos. Um ano mais tarde, Fernandinho é o grande destaque entre os médios defensivos. O médio brasileiro cimentou o seu lugar entre os melhores do mundo na posição (Busquets, Matic, Casemiro, Jorginho e Kanté) e segurou toda a equipa, libertando os génios e colocando gelo quando necessário. Inteligente, maduro, clínico e com uma total compreensão do jogo a 360º.
    Depois, um colosso de jogador chamado Nemanja Matic. O sérvio reencontrou-se com Mourinho e, numa equipa com poucos destaques (De Gea, ele, Valencia e Lingard), coube ao ex-Benfica e Chelsea atirar os red devils para outro patamar em termos de competitividade. Talvez um dia consigamos perceber porque é que Antonio Conte aceitou vendê-lo a um rival, e desmanchar o duo Matic-Kanté. Esqueçam, nunca vamos perceber.
    Doucouré e Milivojevic foram agradáveis surpresas e, embora Kanté e Ndidi tenham estado bem, preferimos acrescentar às nossas menções Eric Dier.


Médio Centro: Em perfeita sintonia, até capilar, com Pep Guardiola, o mago David Silva fez-se mais jogador que nunca, liderando de braçadeira junto ao símbolo uma equipa que jogou ao seu ritmo e de Kevin De Bruyne. Não marcou tanto nem assistiu tanto como noutras épocas, também por pegar no jogo mais atrás. Na Premier League, poucos são aqueles com o seu QI futebolístico e com a sua classe. O espanhol encontra sempre soluções, esconde a bola com a mesma magia com que descobre os colegas, e só um super-Silva seria capaz de nos obrigar a deixar, com alguma mágoa, Eriksen de fora do onze do ano.
    Christian Eriksen, cada vez mais preparado para actuar numa equipa que lute pela conquista da Champions, perdeu em assistências, mas ganhou em golos. O dinamarquês é craque da cabeça aos pés, e é sempre uma delícia vê-lo jogar, de remate espontâneo, cabeça levantada e radar pronto para detectar e alimentar Kane, Alli e Son.
    A segunda metade da temporada confirmou Oxlade-Chamberlain como um excelente interior (tremenda injustiça falhar o Mundial 2018); Paul Pogba, embora longe do que seria sua obrigação, deu ares da sua graça; e para a última vaga, entre Lemina e Cork, optámos pelo médio do Burnley pela sua evolução e por ter jogado todos os minutos da época.


Médio Centro: O melhor médio do mundo em 2017-18. Ver Kevin De Bruyne jogar é ver o futebol total de Guardiola, uma identidade de jogo e filosofia representadas num jogador: a reacção à perda da bola, a dinâmica, a gestão de ritmos, o saber estar e ser cada posição a qualquer momento. Mais regular num nível de topo do que qualquer outro esta temporada, o belga, vencedor do troféu Playmaker na 1ª edição deste (16 assistências), transcendeu-se nos jogos grandes, ajudou a agigantar o rendimento de todos à sua volta e mostrou que em Inglaterra ainda há médios capazes de marcar campeonatos como no tempo de Lampard, Gerrard e Scholes.
    A concorrência de KdB para a posição passou por Dele Alli (menos exuberante e goleador do que na última época, mas o que é certo é que aos 22 anos é um médio com quase 40 golos no campeonato), Jesse Lingard (jogador com pico tardio surpreendente, um dos que mais evoluiu este ano), Pascal Groß (um dos reforços do ano) e, a fechar, um galês que com o treinador e contexto certos poderá render muito, muito mais.


Extremo Direito: Curvemo-nos perante Mo Salah. No regresso a um campeonato onde já passara despercebido (pouco utilizado), o egípcio revelou-se, por larga margem, o reforço do ano da Premier League. Com números (32 golos) acima de Suárez 13-14 e Cristiano Ronaldo 07-08, o extremo-direito do Liverpool marcou como nunca antes - o seu máximo no campeonato tinham sido 15 golos pela Roma no ano passado - e deixou tudo e todos de queixo caído, depois de ter custado 42 milhões de euros à equipa de Klopp. Para efeitos de comparação, Neymar custou 222, Coutinho 120, Dembélé 115 e mesmo Sigurdsson ou Bernardo Silva foram mais caros que o faraó. Recordar a época de Salah é relembrar defesas caídos aos seus pés, numa época em que muitas vezes conseguiu estar ao nível de Messi. O que é dizer muito.
    Num ano normal, a incrível temporada de Raheem Sterling (não esperávamos que o desconcertante e ágil extremo inglês conseguisse apresentar tamanha regularidade e ter tanto golo) chegaria para que ele figurasse no onze do ano. Mahrez voltou a destruir defesas, ficando perto q.b. do seu nível de 15-16, Arnautovic (o austríaco jogou maioritariamente a falso 9 ou vagabundo na frente, mas esta é a única slot em que o pudemos encaixar) foi a excepção numa época muito fraca do West Ham, e Willian foi Willian.


Extremo Esquerdo: É assustador, no bom sentido, imaginar o nível que Leroy Sané pode atingir nos próximos 5-6 anos. O extremo alemão (22 anos), apenas atrás de Hazard e Zaha em dribles bem sucedidos, fartou-se de desequilibrar nesta edição, passando em velocidade-cruzeiro pelos adversários. Dobrando golos e assistências em relação à sua época de estreia, Sané deixou qualquer adepto de futebol babado com a sua mescla entre dimensão física e qualidade técnica. Um diamante em bruto.
    De sorriso sempre presente, Son Heung-Min voltou a mostrar o porquê de hoje em dia ser um titular para Pochettino; Hazard esteve bem mas pede-se muito mais a um dos jogadores com teórica capacidade para lutar pela Bola de Ouro nos próximos anos; Wilfried Zaha garantiu a manutenção do Crystal Palace praticamente sozinho, evidenciando que merece outros palcos; e, por fim, Sadio Mané, que esteve melhor na Champions do que no campeonato. 


Ponta de Lança: Em 2014-15, depois de marcar 21 golos, muitos disseram que Harry Kane era um one-season-wonder. Muito bem: Kane será então, pelo quarto ano consecutivo, um one-season-wonder... Em 15-16 foram 25 golos, em 16-17 foram 29 e esta temporada ficou-se pelos 30 (se calhar foram 29, mas isso é outra história). Inquestionável a sua regularidade, o facto de ser o melhor ponta de lança da Premier League, e cada vez mais um dos melhores do mundo.
    Lukaku desiludiu-nos (16 golos é bastante pouco considerando que a equipa foi desenhada para o servir), Jamie Vardy continuou a encantar, marcando aos grandes como mais ninguém, e Agüero, com os seus típicos problemas físicos pelo meio, voltou a passar dos 20 golos.
    Mas, depois de Kane, os maiores elogios têm que ir sobretudo para Roberto Firmino. Num trio de ataque avassalador com Salah e Mané, o craque brasileiro, trabalhador incansável, solidário e altruísta, cimentou-se como peça-chave no rock'n'roll de Anfield.



    Sabemos que é mais fácil votar Salah, e que a opinião da maioria será a favor do egípcio. E, para nós, escolher De Bruyne na Premier League não invalida que o 11 do Liverpool seja, somando o rendimento nas várias competições, o único jogador que nesta fase (pré-Mundial) compete com Messi e Ronaldo pela próxima Bola de Ouro.
     Ao contrário das últimas épocas, em que Kanté, Mahrez, Hazard, Suárez e Bale foram vencedores indiscutíveis, em 2017/ 18 tínhamos vontade de dividir o prémio ao meio. Mo Salah fartou-se de marcar e bateu recordes (nunca ninguém tinha marcado em tantos jogos, e os seus números colocam-no acima de Suárez 13-14 e Cristiano Ronaldo 07-08, embora a época do uruguaio tenha sido superior a esta do egípcio). Ao longo do último ano desportivo, foi o jogador que mais nos fez lembrar Messi, juntando aos golos um entusiasmo contagiante - a facilidade com que faz tudo, deixando os adversários caídos e ficando quase com vontade de pedir desculpa no fim. Mo, o construtor de hospitais, está no pódio da Bola de Ouro, mas na PL perde 51-49 para um jogador... bastante diferente.
    De Bruyne votou Salah. O belga, que diz sentir mais prazer a fazer uma assistência do que a marcar um golo, assumiu funções bem diferentes (é sempre difícil comparar um extremo vertical, liberto e fresco para massacrar defesas, de um médio interior que algumas vezes chegou a pegar no jogo a médio defensivo) mas foi, e temos que ser justos, o jogador mais impressionante em Inglaterra. De Bruyne fez tudo bem, em todo o lado, decidindo bem em todos os momentos e nos tempos certos. Incansável e dominante com e sem bola, recuperou mais bolas que Fernandinho, foi o rei das assistências e o jogador com mais "passes para assistência". O cérebro do City deixou-nos babados com a sua visão de jogo e com passes como só os dele e de Rúben Neves nos deleitaram este ano. Tem a vantagem de ter sido durante mais tempo o melhor jogador da prova, conseguiu a proeza de por exemplo na 1ª volta ter sido eleito melhor em campo contra Chelsea, Manchester United, Liverpool, Arsenal e Tottenham; e não podemos esquecer o seu impacto no todo. Porque sem querer minorar a monumental época de Salah (compreendemos quem vote nele), enquanto que o impacto deste se fez sentir nos jogos no último terço, a partir do momento em que a bola lhe chegou ao pé e rumo à baliza, De Bruyne conseguiu jogar e fazer jogar (teve muita influência no rendimento de todos à sua volta), sendo o jogador que esta época em Inglaterra dominou ou controlou mais jogos... quase sozinho.
    Bastante abaixo desta dupla extraordinária, Harry Kane manteve o seu prolífico registo goleador, vincando o seu estatuto como um dos melhores avançados do mundo; David Silva espalhou classe pelos relvados britânicos, inspirando os colegas com os seus pés aveludados; David De Gea segurou com as suas luvas o Manchester United no Top-4, e embora a última vaga pudesse ser entregue a Sané ou Sterling, o alemão - mesmo com números inferiores - foi mais importante na manobra ofensiva dos campeões, ao desbloquear jogos em excesso de velocidade.


    O nosso critério, que nos faz considerar jogadores até 22 anos de idade nesta categoria, deixa de fora elementos como Kane, Sterling ou Ederson que surgiram entre os finalistas da PFA. O sucessor de Dele Alli só poderia ser um, o alemão Leroy Sané.
    Aos 22 anos, o diamante germânico, filho de pai senegalês e mãe alemã, impressionou jogo após jogo, destruindo defesas com uma facilidade assustadora, e partindo para cima dos adversários uma, outra e outra vez. Acompanhar a evolução de Sané é assistir ao crescimento de um dos jogadores que tem todas as condições para deixar uma marca bem vincada nesta década.
    A acompanhar o vencedor, Dele Alli volta a merecer estar entre os eleitos; Gabriel Jesus, mesmo tendo estado bastante tempo lesionado, fez o suficiente para aqui estar. Marcus Rashford merecia mais minutos, Davinson Sánchez talvez não pensasse no começo da época vir a ter tantos, e Alexander-Arnold passou de perfeito desconhecido a possível convocado para o Mundial 2018. 



Treinador do Ano: É indiscutível que Sean Dyche operou o milagre do ano na Premier League. O seu Burnley, competente, organizado, resultadista e irrepreensível do ponto de vista defensivo, garantiu a Liga Europa, terminou perto do intocável Top-6, fechando o campeonato pelo menos uns 10 lugares acima do que seria expectável dada a qualidade e (falta de) soluções ao dispor do técnico. Por tudo isto, percebemos quem considere Dyche o treinador do ano. Afinal, o Burnley foi por larga margem a equipa-sensação da prova.
    Mas há Guardiola. Depois de um ano a ambientar-se a terras de Sua Majestade, Pep identificou os reforços certos e, com uma equipa jovem e esfomeada, orquestrou verdadeiros recitais de bom futebol. Num desafio bem superior aos que tivera em Espanha e na Alemanha, Guardiola impôs a sua filosofia: futebol matemático na ocupação de espaços e oferta de soluções, dinâmica reacção à perda da bola e boa leitura e antecipação (impossível implementar o seu futebol sem jogadores inteligentes), posse e circulação com significado, soltando o talento, a irreverência e a criatividade no último terço. Testemunhar o crescimento de Sterling, Otamendi ou Fernandinho é ver o dedo de Guardiola. E depois, para uma equipa candidata a ser considerada a que melhor futebol praticou na História da Premier League, há os recordes: maior número de vitórias (32), mais pontos de sempre (100), melhor ataque de sempre (106 golos), melhor diferença de golos (+79), maior diferença pontual para o 2º classificado (19), mais vitórias consecutivas (18) e mais vitórias fora (16).
      Klopp (analisando apenas a época na Premier, sem nos deixarmos influenciar nesta equação pela incrível campanha europeia) atirou Chelsea e Arsenal para fora do Top-4, com o segundo melhor ataque da competição e dando passos no caminho certo para o seu projecto em Anfield. Embora pudessem aqui surgir Chris Hughton (Brighton), Rafa Benítez (Newcastle) ou Eddie Howe (Bournemouth), a velha raposa Roy Hodgson (julgámos que não teria sucesso no lugar) merece crédito por ter salvo um Crystal Palace que já parecia ligado às máquinas. Por fim, Mourinho. O treinador português precisa de se reinventar e recuperar a coragem, paixão e fome de outros tempos, mas é indiscutível que - embora com um super-De Gea a mascarar fragilidades que não deviam existir dado o orçamento do clube e os craques contratados - os red devils foram a segunda melhor equipa da prova, assumindo-se inclusive na segunda volta como uma verdadeira força nos jogos grandes.


Melhor Marcador: 1. Mohamed Salah (Liverpool) - 32
2. Harry Kane (Tottenham) - 30
3. Kun Agüero (Manchester City) - 21

Melhor Assistente: 1. Kevin De Bruyne (Manchester City) - 16
2. Leroy Sané (Manchester City) - 15
3. David Silva (Manchester City) - 11

Clube-Sensação: Burnley
Desilusão: Chelsea
Most Improved Player: 1. Raheem Sterling, 2. Jesse Lingard, 3. Alex Oxlade-Chamberlain
Reforço do Ano: Mohamed Salah (Liverpool)
Flop do Ano: Renato Sanches (Swansea)
Melhor Golo: Christian Eriksen (Chelsea 1 - 3 Tottenham) (Link)



0 comentários:

Enviar um comentário