Uruguai 1 - 3 Costa Rica (Cavani (pen.) 23'; Campbell 54', Duarte 58', Ureña 84)
Vamos ser realistas.. Esta ninguém previa. Depois da Holanda golear a Espanha por 5-1, voltámos hoje a ter uma surpresa gigantesca (talvez maior que a tareia da Laranja Mecânica, considerando a diferença de qualidade e histórico entre Uruguai e Costa Rica). Sem Luis Suárez - que fez imensa falta e que demonstrou que de facto ainda não está recuperado da lesão no menisco - o Uruguai foi batido pela Costa Rica com toda a justiça, com Joel Campbell endiabrado e graças a uma monumental exibição que vai directamente para a História do país da América Central.
A 1.ª parte foi de fraca qualidade. Houve mais Uruguai, disposto num 4-4-2 onde Forlán nunca conseguiu aparecer e com um futebol sempre muito previsível, e aos 23' parecia que teríamos o começo da vitória do 4.º classificado do último Mundial. Junior Díaz agarrou Lugano, Brych (sim, o nosso "amigo" do Sevilha-Benfica) marcou penalty e Cavani converteu. Pouco mais houve na primeira parte, exceptuando um espectacular tiro de Joel Campbell - tacticamente a referência mas com inteligentes movimentações sistemáticas para a direita - e um remate de Forlán ao qual Keylor Navas correspondeu com uma excelente estirada depois de um desvio.
O que viria a acontecer depois foi a pura imprevisibilidade que faz do futebol e do desporto algo tão apaixonante. Bolaños começou a abrir o livro nos livres indirectos, e num primeiro lance faltou Óscar Duarte ter melhores pés. Entre os 54' e os 58' aconteceu então o impensável. Joel Campbell conseguiu empatar o jogo num disparo de pé esquerdo depois de um cruzamento (precedido de uma correria convicta e crente de um colega) no flanco direito, e aos 58 a reviravolta ficou consumada com Óscar Duarte (minimamente adiantado) a marcar de cabeça após mais um livre venenoso de Bolaños. O Uruguai teve dificuldade em recuperar, Campbell voltou a ficar perto de um golão de bem longe, Navas manteve-se intransponível e aos 84' o Uruguai tombou em definitivo. Joel Campbell, quem mais podia ser, fez um passe brilhante explorando as costas da defesa e Michael Ureña, recém-entrado, finalizou à ponta de lança.
Pode-se considerar um escândalo mas é bom que este Mundial se mantenha com este futebol. Já duas grandes surpresas e as equipas na sua generalidade a jogarem um futebol positivo, a quererem marcar golos. Hoje a Costa Rica mereceu plenamente os 3 pontos que conquistou (quanto muito antevíamos que conseguisse 1 ponto, baralhando as contas entre os 3 "tubarões" do grupo) e o Grupo da Morte ficou assim ainda mais.. mortífero. Entre todos os destaques deste jogo, passando por Keylor Navas, Bolaños, Duarte e Giancarlo González, não houve estrela maior do que Joel Campbell. Prevíamos que o futebol irreverente do extremo que jogou esta temporada no Olympiacos poderia fazer estragos e é certo que hoje foi um terror para a defesa uruguaia, ainda mais considerando que Bryan Ruiz esteve apagadíssimo. Velocidade, um forte remate de longe e muita inteligência a interpretar o jogo. Hoje foi para ele um jogo que pode ter mudado a sua carreira e seria um desperdício o Arsenal não o aproveitar desta vez.
E ainda mais interessante acabou de ficar o Inglaterra-Itália..
Barba Por Fazer do Jogo: Joel Campbell (Costa Rica)
Outros Destaques: Cavani; K. Navas, Duarte, G. González, Bolaños