Equador 0 - 0 França
No Maracanã assistimos hoje à despedida do Equador deste Mundial 2014. A
Selecção sul-americana vai deixar saudades, e sobretudo o seu marcador Enner
Valencia. O Equador sabia, na antevisão deste jogo, que teria que fazer um
resultado igual à Suiça caso quisesse manter o seu 2.º lugar. No entanto,
confirmou-se a difícil missão uma vez que os equatorianos tiveram pela frente a
França, enquanto que Shaqiri e a sua trupe tinham tarefa mais fácil ao
defrontar as Honduras.
Deschamps encarou o jogo com alguma descontracção e
colocou em campo um 11 com várias alterações: Digne, Sagna, Schneiderlin e
Griezmann foram algumas das caras que começaram titulares, numa equipa que hoje
voltou a demonstrar ter um plantel coeso e muitas opções. A primeira parte
traduziu-se num jogo muito morno. Sakho viu-se envolvido num lance polémico em
que deu uma cotovelada a um equatoriano que o agarrava na área (o árbitro não
viu, e toda a gente já sabe como são as guerras de marcação nas bolas paradas),
e qualquer adepto do Equador deverá ter apanhado um enorme susto quando Enner
Valencia ficou caído no relvado aos 16', aparentemente lesionado. Felizmente
para os adeptos e para o espectáculo, o avançado do Pachuca regressou logo de
seguida. A França foi tendo mais bola, mas com Erazo e Guagua a funcionarem
muito bem no centro da defesa sul-americana, e as melhores oportunidades de
golo ficaram guardadas para o fim da 1.ª parte. Pogba - um dos melhores franceses
hoje - obrigou Domínguez a uma defesa apertada, e na outra baliza Enner
Valencia subiu ao sétimo andar e cabeceou para uma boa defesa de Lloris.
Impressionante a impulsão de Enner e os décimos de segundo que esteve no ar
após o seu salto antes de cabecear para defesa do guarda-redes do Tottenham.
A França começou a 2.ª parte logo a criar muito perigo, e
valeu Domínguez e os seus reflexos a negarem um bom golo a Griezmann, com um
desvio oportuno após cruzamento de Sagna. Aos 50' tudo ficou bem mais complicado
para o Equador, com Antonio Valencia a ser expulso. O extremo velocista do
Manchester United, capitão do Equador, teve uma entrada relativamente parecida
à de Marchisio frente ao Uruguai e o árbitro entendeu (talvez também
influenciado pelas enormes queixas de Digne) que a punição adequada seria o
vermelho directo. Mais um lance de interpretação ambígua e dependente do
critério do árbitro, com Valencia a disputar a bola mas a deixar de forma
imprudente o pé levantado e a atingir a perna do lateral francês com os pitons.
Em todo o caso, o Equador nunca baixou os braços e mesmo
com 10 procurou chegar à vitória. Foram vários os contra-ataques de perigo, um
primeiro com Enner Valencia a entusiasmar com uma arrancada, antes de colocar a
bola em Noboa (exibição guerreira) a quem faltou melhor capacidade de
finalização. Reinaldo Rueda, no nosso entender, não terá tomado a melhor opção
ao retirar Jefferson Montero de campo - quando podia tirar Arroyo, mantendo as
suas intenções - uma vez que a capacidade de aceleração de Montero, cruzada com
o facto de decidir bem, podia ser útil a contra-atacar com Enner Valencia. A
verdade é que os minutos foram passando, o guarda-redes Alexander Domínguez foi
somando defesas (perfez um total de 9) e manteve o Equador no jogo. Na frente,
os equatorianos nunca conseguiram ser matadores, com Arroyo a ser perdulário, e
o jogo terminou com Domínguez activo e o Equador a mostrar a coragem de sempre,
embora sem sucesso.
É fácil agora fazer a leitura de que terá sido o Equador-Suiça
a decidir este grupo. Nesse jogo, em que o Equador foi mais equipa e procurou
mais o golo, a Suiça acabou por conseguir um 2-1 no último minuto com a equipa
equatoriana balançada para a frente. O Mundial termina hoje para o Equador mas
a vida de Enner Valencia vai começar em breve no futebol europeu. O avançado do
Pachuca foi um dos maiores destaques da fase de grupos e quem o conseguir
contratar ficará magnificamente bem servido.
A França segue para os oitavos onde irá defrontar a Nigéria, eliminatória em que a selecção gaulesa é favorita, e terá possivelmente em perspectiva um França-Alemanha nos quartos, num exercício de futurologia. Um total de 7 pontos para a França, algo que o Brasil, México e Costa Rica também conseguiram, e abaixo do pleno de Holanda, Colômbia e Argentina.
Barba Por Fazer do Jogo: Alexander Domínguez (Equador)