Grécia 2 - 1 Costa do Marfim (Samaris 42', Samaras (pen.) 90'+3; Wilfried Bony 74')
Num Mundial em que as selecções europeias têm caído mais vezes do que o normal (veja-se Espanha, Croácia, Inglaterra, Itália, Bósnia e seria muito bom não acrescentar aqui Portugal), mesmo considerando o facto dos Mundiais em solo americano serem historicamente favoráveis às selecções da América do Sul, a Grécia conseguiu sobreviver e apurar-se pela 1.ª vez na sua História para os oitavos-de-final. A equipa de Fernando Santos foi corajosa, mereceu a vitória, teve vários contratempos mas conseguiu garantir a passagem com uma grande penalidade convertida por Samaras no último minuto do jogo.
Lamouchi, seleccionador da Costa do Marfim, apostou hoje pela 1.ª vez na titularidade de Drogba. À terceira foi de vez. Já o nosso Fernando Santos, um dos 3 seleccionadores portugueses em prova, mudou algumas coisas na sua equipa mas viu-se obrigado a mudar ainda mais no decorrer da 1.ª parte. Qual malfadada selecção portuguesa, os gregos já tinham 2 substituições feitas aos 24 minutos do jogo de hoje: Kone saiu com lesão muscular e entrou Samaris, e o guardião Karnezis também deu lugar a Glykos. Embora até tenha começado melhor a Costa do Marfim, também com a Grécia a ressentir-se um pouco dos vários contratempos físicos que teve, foi a Grécia quem ficou perto de marcar à passagem do minuto 33. Numa transição conduzida por Samaras (durante todo o jogo o destaque ofensivo dos gregos), Holebas - também conhecido agora por Cholevas - encheu o pé e rematou à barra da baliza de Barry. O lance motivou claramente a selecção helénica e o golo apareceu aos 42'. Tioté perdeu a bola em zona proibida para Samaris, este combinou com Samaras, e finalizou na cara de "Copa". A sociedade Samaris-Samaras a funcionar na perfeição, e foi com 1-0 que o jogo foi para o descanso.
Para quem acharia que os gregos se iriam fechar a sete chaves junto à sua baliza, a previsão saiu furada. A Grécia não deixou de procurar matar o jogo com um 2-0 que serenasse adeptos e jogadores, mas a Costa do Marfim melhorou também no segundo tempo. Yaya Touré e Gervinho passaram a ser os motores da equipa, mas Glykos manteve-se atento e seguro. Com a sua defesa a cumprir, coube aos gregos aventurarem-se no ataque e Christodoulopoulos, Salpingidis e Karagounis estiveram perto de marcar, no caso do ex-jogador do Benfica com a bola a bater na trave da baliza de Barry pela segunda vez no desafio. Wilfried Bony tinha entrado aos 61' para jogar ao lado de Drogba e aos 74' fez estragos. O mérito foi de Salomon Kalou a abrir o caminho da jogada, com Gervinho a assistir e Bony a rematar forte para o empate. Com tudo o que já tinham passado os jogadores gregos continuaram a manter a cabeça levantada e a lutar e Salpingidis deu o 1.º sinal que a Grécia queria fazer História - fugiu pelo flanco direito mas o remate saiu em forma de cruzamento. Chegando aos minutos finais Yaya Touré (hoje foi o seu melhor jogo na fase de grupos) quase pôs um ponto final no jogo, mas a decisão viria a acontecer do outro lado do campo. Num momento que os seus compatriotas não esquecerão, Sio cometeu grande penalidade no tempo de compensação quando Samaras se preparava para rematar e deixou a decisão do 2.º lugar do Grupo C nos pés de Georgios Samaras. O jogador do Celtic, que hoje tinha estado na origem da maioria das jogadas de perigo no ataque, teve sangue frio e rematou colocado, com alguma força, colocando a Grécia nos oitavos-de-final.
História foi feita pela Selecção que ganhou o Euro 2004 (ok, vamos continuar a recalcar isso) mas que nunca tinha ultrapassado a fase de grupos num Mundial. A Grécia foi mais equipa que a Costa do Marfim - onde Yaya Touré e Gervinho quiseram mais -, lutou contra as adversidades, acreditou até ao fim e Samaras teve sangue frio e soube lidar com a enorme pressão no último minuto do jogo. Um bom exemplo para Portugal a forma como a Grécia manteve sempre a cabeça levantada e se manteve focada no seu objectivo.
Resta acrescentar que nos oitavos-de-final acontecerá portanto um Costa Rica-Grécia, algo que talvez ninguém previsse (por causa da Costa Rica) mas que ditará claramente um outsider nos quartos. São duas selecções que defendem bem, embora a Costa Rica parta com ligeiro favoritismo depois de ficar líder num grupo com Uruguai, Itália e Inglaterra.
Barba Por Fazer do Jogo: Georgios Samaras (Grécia)