Holanda 2 - 0 Chile (Fer 77', Depay 90'+2)
Com Holanda e Chile ambos já qualificados com 6 pontos, tendo as duas
equipas vencido Espanha e Austrália, o jogo de hoje serviu para decidir a
arrumação final do grupo, importante para se saber mais logo quem será o
adversário dos oitavos-de-final de holandeses e chilenos. A selecção de Van
Gaal conseguiu hoje o pleno, numa fase de grupos a roçar a perfeição e, à
partida, terá México ou Croácia pelo seu caminho; caso o Brasil cumpra a sua
obrigação frente aos Camarões e vença de forma folgada, o tormento que Scolari
queria evitar acontecerá: um Brasil-Chile.
No jogo de hoje notaram-se certas preocupações em termos
físicos. Os jogadores pouparam-se em determinados períodos do encontro,
proporcionando uma primeira parte pouco espectacular. Van Gaal, deixando Bruno
Martins Indi de fora (por precaução depois da comoção que teve no jogo com a
Austrália) optou por um 4-3-3 com uma frente de ataque composta por Robben,
Lens e Kuyt. Isto porque Van Persie estava hoje suspenso e poderá voltar a todo
o gás nos oitavos. Já o Chile manteve o seu 3-5-2 com o qual vergou a Espanha,
embora com uma intensidade bem longe desse épico jogo. Sumariamente a 1.ª parte
caracterizou-se por uma Holanda com mais posse de bola, tendo o árbitro
permitido uma paragem para os jogadores beberem água e tendo-se registado mesmo
muito poucos lances de perigo. O melhor momento do 1.º tempo terá sido uma
arrancada de Robben que, depois de levar tudo à frente, rematou ligeiramente ao
lado da baliza de Claudio Bravo.
Os segundos 45 iniciaram-se com um duelo Alexis vs Robben.
O extremo do Barcelona (uma vez que o admiramos como jogador, esperamos que se
mude para um clube que o valorize como merece) procurou pegar no jogo chileno,
e de resto ele tem sido o jogador que baralha mais o esquema táctico dos
adversários quando baixa no terreno ou quando surge entre linhas, driblando,
assistindo ou procurando rematar à baliza. Robben, hoje capitão da Holanda, ia
também procurando marcar a Bravo mas a Holanda só melhorou quando Van Gaal fez
entrar Leroy Fer e Memphis Depay. Depay, cuja entrada já tinha revolucionado o
Austrália-Holanda, teve o primeiro aviso num remate de longe e os golos
chegariam logo depois. O 1.º foi marcado por Fer, médio do Norwich, 2 minutos
depois de entrar - um canto cobrado de forma curta, Janmaat a cruzar de forma
perfeita e Fer a subir ao terceiro andar para um cabeceamento indefensável para
Bravo. Nos minutos seguintes os chilenos procuraram o empate, tiveram vários
cantos e reclamaram muitas faltas, mas acabaria por ser a Holanda a dar a
machadada final no resultado. Numa transição rapidíssima, naturalmente
conduzida pela velocidade de Arjen Robben, o extremo acabou a assistir Depay
para o seu segundo golo neste Mundial. Depressa e bem, há pouco quem, mas esta
Holanda sabe-o como ninguém.
A Holanda termina a fase de grupos com 9 pontos em 9
possíveis e tem que ser naturalmente encarada como um caso sério neste Mundial
2014. Van Gaal é um trunfo bem valioso, a Holanda está bem orientada e é uma
equipa camaleónica (o seu 3-5-2 pode tramar equipas como Brasil ou Argentina, mas
tem jogadores para a qualquer altura mudar para um 4-3-3 e Depay continua a
revelar-se uma excelente carta para guardar no bolso e lançar no momento
certo). À partida nos oitavos vem aí um Holanda vs México ou Croácia, que seria
mais rico tacticamente se opusesse holandeses e mexicanos.
Relativamente ao Chile, a exibição de hoje não tira
qualquer mérito à fase de grupos neste Grupo B. Projectávamos inicialmente que
pudesse ser um grupo de 9-6-3-0 e de facto aconteceu isso embora com uma
significativa mudança: julgávamos que seria Espanha, Holanda e Chile e acabou
por ser Holanda, Chile e Espanha. Claro está que o jogo deste Chile foi o 2-0
da última jornada à Espanha, e Scolari tem razões para não desejar enfrentar
esta selecção com uma alma infinita.